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19 DE OUTUBRO DE 2017

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À Assembleia da República e ao Governo impõe-se reverter as opções de décadas de política de direita, que

acumularam na floresta portuguesa os problemas que estão na origem de uma tragédia desta dimensão.

Impõe-se concretizar as medidas que, há muito, estão identificadas como necessárias ao ordenamento da

floresta e à prevenção dos fogos florestais, não com a aprovação de mais leis, mas com a dotação dos meios

orçamentais necessários ao cumprimento daquelas que já existem.

Impõe-se reforçar o Estado onde ele foi desmantelado ou reduzido a mínimos, impõe-se reforçar os serviços

públicos e o apoio aos setores produtivos para garantir a fixação das populações e a ocupação do interior,

contrariando as lógicas de desertificação e abandono do território e de isolamento das populações.

Impõe-se defender o povo e o desenvolvimento do País perante os critérios mercantilistas e financeiros que,

designadamente a partir da União Europeia, nos impõem a liquidação da agricultura e da pecuária, ou reduções

de défice, em completa desconsideração pelas nossas necessidades.

Nenhuma destas questões pode ser deixada em aberto e o PCP cá estará para as medidas que é preciso

concretizar, no momento em que esse debate tem de ser feito.

Lamentamos que PSD e CDS não tenham permitido o respeito pelo luto nacional, nos mesmos termos em

que isso aconteceu em relação ao incêndio de Pedrógão.

Essa é a opção do PSD e do CDS, não é a opção do PCP.

Vozes do PCP: — Muito bem!

O Sr. Presidente: — Tem a palavra, em nome do Grupo Parlamentar do CDS-PP, o Sr. Deputado Telmo

Correia.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro e demais Membros do Governo,

Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Este é o momento da consternação, do luto e do pesar.

Quatro meses apenas após a tragédia e os 64 mortos de Pedrógão Grande, o País foi, mais uma vez,

confrontado com o horror, com um inferno de chamas e de morte. Apenas quatro meses depois! E esse facto

não é indiferente.

Agora, e desta vez, morreram 42 pessoas e existem 71 feridos, feridos esses cuja recuperação obviamente

só podemos desejar e alguns dos quais, infelizmente, em situação de gravidade.

O que assistimos no distrito de Coimbra, em Oliveira do Hospital, em Arganil, em Pampilhosa da Serra ou

em Penacova, em Santa Comba Dão, em Nelas, em Carregal do Sal, em Tondela, em Oliveira de Frades ou em

Vouzela, no distrito de Viseu, na Guarda ou em Seia, somado com o acontecido em Pedrógão, o que dá 107

mortes num único ano civil, foi, num País habituado a dramas de fogos rurais e a incêndios todos os anos, uma

tragédia nunca vista e sem precedentes.

Impressionam-nos muito — e, estou certo, nunca, nenhum de nós, nem nenhum daqueles que nos ouvem

neste momento, esquecerá — as imagens dos portugueses e das portuguesas a fazerem face a uma tragédia

desta dimensão. Concidadãos nossos de mangueira na mão, muitas vezes com não mais do que uma enxada,

a percorrerem estradas onde o fogo estava de um lado e do outro, fogo que, desta vez, chegou a zonas urbanas

ou à periferia de zonas urbanas e que destruiu zonas industriais, são imagens que nunca esqueceremos. E

pensemos que, quatro meses depois de Pedrógão Grande, desta vez, Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs.

Deputados, todo o País foi Pedrógão Grande. Todo o Portugal, desta vez, foi Pedrógão Grande.

A palavra hoje, obviamente, é de pesar, de consternação. De pesar pelas vítimas, de pesar e solidariedade

com as famílias que as estão a chorar neste momento, solidariedade com os bombeiros, com os agentes da

proteção civil, com os autarcas deste País, com aqueles que, no terreno, tentaram minorar esta enorme tragédia.

Como dissemos aqui, quando falámos de Pedrógão, mais uma vez, o País, os portugueses, as populações

vão chorar, mas vão levantar-se. Resiliência, no nosso País, é uma forma de vida. Mais uma vez, estas

populações irão levantar-se.

O que aconteceu foi fruto de fatores extremos, mas também foi fruto de um falhanço completo do Estado. As

populações vão levantar-se, não é necessário sequer recomendar-lhes resiliência, pois o que assistimos foi a

uma enorme valentia e a uma enorme bravura, designadamente dos bombeiros.

O Sr. Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.