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I SÉRIE — NÚMERO 42

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Portanto, é preciso criar, do ponto de vista económico, a sustentabilidade da atividade, de modo a que os

produtores tenham capacidade de se tornarem independentes da importação de vime, e é preciso criar a

possibilidade de produzir o vime em Gonçalo e na região da Guarda, cerrando uma verdadeira fileira que termina

nos cestos, mas que vem a montante, desde a produção de vime. Este é o projeto do PCP.

Valorizamos, evidentemente, os outros projetos apresentados a debate, porque concorrem, no essencial,

para a valorização da cestaria de Gonçalo e para a sua promoção enquanto produto, mas, neste caso, mais do

que publicidade, precisamos é de criar uma atividade económica com cabeça, tronco e membros, que alimente

as pessoas que dela pretendam viver e que estimule a criação e a formação de novos artesãos.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: — Para apresentar o projeto de resolução do Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr.

Deputado Jorge Campos.

O Sr. Jorge Campos (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Entre nós pouco se tem falado da

cultura tradicional portuguesa, da cultura popular, e, contudo, reside nela uma forte marca identitária, uma lógica

diferenciadora cuja valorização certamente não deixaria de constituir uma poderosa alavanca de conhecimento

de nós mesmos e de promoção de quem somos por esse mundo fora.

A cultura popular genuína não faz capas de jornais, não chega ao horário nobre das televisões, não frequenta

as redes sociais, mas tem raízes profundas, raízes nas quais reconhecemos uma matriz comum.

A cestaria, por exemplo, cuja origem remonta à civilização castreja, é testemunho do quotidiano de

sucessivas gerações.

Em Gonçalo, pequena vila do concelho da Guarda, com pouco mais de 1000 habitantes, ainda hoje se diz:

«Até quem não é cesteiro sabe aqui fazer cestos».

Ainda há memória do tempo em que os artesãos trabalhavam sentados no chão — e chegaram a ser

centenas —, produziam peças de vime com utilidade na casa, no comércio, na lavoura e até na pesca, mas

também produziam com intuitos decorativos e artísticos. Eram peças vendidas um pouco por todo o País, de

norte a sul.

Durante muito tempo, este artesanato foi a base da economia de Gonçalo. Hoje, com o esvaziamento do

mundo rural, a desertificação do interior e novas condições de mercado, restam poucos cesteiros e os que

sobram têm enorme dificuldade em colocar os seus produtos no mercado, bem como em adaptá-los às

exigências de consumidores urbanos e cosmopolitas, atentos à tradição, mas desconhecedores do sentido desta

arte.

Quer isto dizer que os saberes seculares de um artesanato único, certamente com valor utilitário, mas

também com relevância artística, estão em risco.

Ora, o projeto de resolução do Bloco de Esquerda vai, justamente, no sentido da salvaguarda e valorização

da cestaria de Gonçalo, a qual, ao contrário do que acontece com outras produções artesanais, nunca foi objeto

de certificação. É necessário que o seja para que possa ter futuro, mas são necessárias também outras medidas,

visando a sustentabilidade económica desta atividade.

Neste sentido, o Bloco de Esquerda propõe que a Assembleia da República recomende ao Governo que, em

colaboração com o poder local, tome medidas com vista à transmissão dos saberes e à formação de novos

artesãos, ao estudo, à promoção e à divulgação da arte de trabalhar o vime, com vista à consagração da cestaria

de Gonçalo enquanto arte e cultura popular.

Aplausos do BE.

Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Jorge Lacão.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral, do CDS-PP.

O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Queria começar por, em nome do

CDS, cumprimentar os Deputados que apresentaram as iniciativas em debate, uma vez que, mais importante

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