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1 DE FEVEREIRO DE 2018

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Falar de Gonçalo e da cestaria de Gonçalo implicará sempre lembrar a Cooperativa como o capítulo quase

final da arte dos cesteiros, cultura popular e trabalho de muita gente. Quase final, sim, porque ainda vamos a

tempo de a recuperar, se todos quisermos, a nível local, a nível municipal, a nível governamental. Ainda há

cesteiros em Gonçalo.

O País mudou muito nos últimos anos. Essa mudança é uma oportunidade, um desafio para Gonçalo e para

as novas gerações de gonçalenses.

Os cesteiros precisam de diversificar a produção e a oferta, repensar novas formas de escoamento e

comercialização, preservar a marca autêntica da sua obra. Em suma, precisamos inovar. Mas, para isso,

precisam de ajuda, de apoio institucional, de formação, de abrir portas cá dentro e lá fora.

A valorização do interior tem de ter uma componente prática, a começar pela valorização das potencialidades,

dos recursos do próprio interior. A cestaria de Gonçalo, por exemplo.

O gonçalense António Amaral profetizou um dia: «Os cestos nunca podem morrer, a nossa arte é a nossa

identidade».

Gonçalo, cestos e cesteiros, arte e cultura, trabalho e emprego. Renovar a esperança neste berço da cestaria

fina portuguesa é dar conteúdo real às causas, à valorização de uma terra, de uma região e do País.

A Sr.ª Susana Amador (PS): — Muito bem!

O Sr. Santinho Pacheco (PS): — Google em Oeiras e Amazon no Porto? Por que não? É ótimo para

Portugal. Mas o interior não pode continuar adiado e esquecido. Há tantos gonçalos por esse interior fora à

espera de um empurrão decisivo.

É isto que esperam da Casa da democracia.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Para apresentar o projeto de resolução do PCP, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel

Tiago.

O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar do PCP não só se

associa à necessidade de valorizar esta tradição, este ofício antigo da cestaria de Gonçalo, como apresenta

uma iniciativa própria que, no nosso entendimento, dá resposta a questões mais fundas e mais difíceis de

resolver do que as que se podem resolver com a mera certificação e divulgação.

A cestaria, em Gonçalo — como, aliás, já foi referido —, já empregou centenas de pessoas, centenas de

artesãos, de operários e que, inclusivamente, também alimentou um vasto conjunto de pequenos agricultores

que produziam o vime. E é talvez aí que tenha começado o problema, tendo em conta a criação da dependência

de vime importado, que tornou impraticável o cultivo do vime na região, e, por sua vez, também dificultou a

continuidade da produção. Este fator associa-se, evidentemente, aos outros problemas de empobrecimento do

interior, particularmente do interior, e de desmantelamento do aparelho produtivo nacional, processo que atinge

todo o País, mas de que o interior é duplamente vítima, com a ampliação das dificuldades que se conhecem nos

distritos e nos concelhos do interior.

Evidentemente que é útil divulgar, promover, certificar, bem como é absolutamente determinante garantir a

formação de novos artesãos para que uma arte, um ofício não se perca nem desapareça, tendo em conta as

dificuldades em que se encontra.

Mas mais do que certificar, valorizar e garantir a formação, que, enfim, são aspetos absolutamente

determinantes para garantir a continuidade da arte e a sua promoção enquanto atividade económica e não

apenas como ofício de artesanato, é também preciso ir às raízes do problema. Não podemos continuar a fingir

que é possível promover uma política de desbaste, de empobrecimento, de desmantelamento do aparelho

produtivo, de empobrecimento do interior e depois, com pequenas medidas, tentar remendar ou valorizar este

ou aquele ofício.

Portanto, essa medalhinha na lapela, que serve apenas de adorno para fingir que se está preocupado com

o interior, não resolverá nenhum dos problemas que se propõe resolver.

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