O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 42

8

e que com toda a certeza não vão merecer a discordância de ninguém, tanto mais que foram aprovadas há cinco

anos, podiam ter sido aplicadas pelo Governo.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!

O Sr. Bruno Dias (PCP): — E, Sr. Deputado António Costa Silva, não é verdade que tenha sido o PSD o

primeiro a colocar esta questão,…

O Sr. António Costa Silva (PSD): — A apresentar um projeto de lei!

O Sr. Bruno Dias (PCP): — … porque já neste mandato, durante o processo orçamental, o debate foi

suscitado pelo PCP confrontando o Governo com as suas responsabilidades.

Também nesse sentido, de certa forma, contribuímos para que houvesse avanços concretos,

designadamente em matéria de IVA, em matéria de política fiscal.

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Da parte do PCP, reiteramos, reafirmamos a nossa disponibilidade

para apoiar, para viabilizar, digamos assim, para criar condições a uma atividade que faz falta nas vilas, nas

aldeias e nas cidades, que faz falta às pessoas, que faz parte da sua própria identidade, da sua cultura, as

pessoas notam que, de facto, esta atividade faz falta nas feiras, nas romarias, enfim, nos momentos importantes

das suas vidas, como aqui já foi referido.

Sr.as e Srs. Deputados, quer em relação às decisões aprovadas, quer em relação àquilo que falta levar por

diante no plano executivo esperamos que desta vez as reivindicações sejam atendidas.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: — Vamos passar ao segundo ponto da ordem do dia de hoje, que consiste na discussão

conjunta dos projetos de resolução n.os 1079/XIII (3.ª) — Promoção e valorização da cestaria de Gonçalo

(Guarda) (PS), 1276/XIII (3.ª) — Propõe medidas para a valorização e promoção da cestaria de Gonçalo (PCP)

e 1278/XIII (3.ª) — Valorização da cestaria de Gonçalo, no distrito e concelho da Guarda (BE).

Para abrir o debate e apresentar o projeto de resolução do PS, tem a palavra o Sr. Deputado Santinho

Pacheco.

O Sr. Santinho Pacheco (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Há mais interior para lá dos

incêndios.

Venho falar-vos de Gonçalo, de cestos e de cesteiros, de arte e criatividade, de saberes antigos.

Gonçalo é a maior freguesia rural do concelho da Guarda e situa-se numa encosta, virada a Belmonte, ali

onde a serra dá lugar à Cova da Beira. É uma vila singular e diferente. É a terra dos cesteiros. Esta singularidade

nota-se bem no seu tecido social, nas tradições das suas gentes. Sempre foi uma terra de camponeses-

operários, ou de operários-camponeses, de artistas e artesãos de mãos hábeis no jeito de erguer os cestos.

Esta arte tão antiga entrou em decadência aos poucos com a morte do mundo rural, com a emigração a salto

dos anos 60. A cestaria tinha a ver com a nossa ruralidade, com as feiras, as festas e romarias, com os canastros

para o queijo, os cestos para as vindimas, as cestas da fruta e da merenda, os açafates dos requeijões, e os

clientes eram gente da lavoura, que a miséria e uma vida sem esperança empurravam à força para fora do torrão

natal.

Todo o interior ficou sem homens primeiro e sem famílias inteiras depois. O despovoamento nunca mais

parou.

O 25 de Abril chegava, com a cestaria de Gonçalo em absoluta decadência. A melhoria das condições sociais

e laborais para os trabalhadores levam os patrões a encerrar as oficinas e a despedimentos coletivos.

Mas as dificuldades só reforçaram a unidade e a solidariedade.

Em 10 de outubro de 1974, constitui-se a Cooperativa Operária de Gonçalo, que chegou a ter mais de 150

operários cooperantes, o que demonstra bem a capacidade de resiliência dos gonçalenses e o seu amor à terra

e à profissão.

Páginas Relacionadas
Página 0009:
1 DE FEVEREIRO DE 2018 9 Falar de Gonçalo e da cestaria de Gonçalo implicará sempre
Pág.Página 9