I SÉRIE — NÚMERO 19
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Propõe-se, igualmente, o fim da coleta mínima do IRC (imposto sobre o rendimento de pessoas coletivas)
simplificado.
Além disso, o Governo quer criar condições para colmatar um grande constrangimento ao crescimento futuro
da nossa economia, que é a carência de recursos humanos em algumas regiões do País e em alguns setores
de atividade. É necessário continuar a apostar não apenas na qualificação dos portugueses mas também no
regresso daqueles que tiveram de partir noutras circunstâncias.
Assim, o Programa Regressar inclui, entre outras medidas, uma exclusão da tributação de 50% dos
rendimentos auferidos por aqueles que regressem a Portugal nos próximos dois anos. Trata-se, é certo, de uma
medida de apoio aos nossos compatriotas que tiveram de emigrar, mas é também uma medida de apoio à
captação de recursos humanos para as nossas empresas.
Grande importância na gestão de recursos humanos tem também a criação de uma taxa autónoma para a
retenção na fonte de remuneração por horas extraordinárias, deixando de penalizar, no final do mês, os
trabalhadores que fizeram trabalho suplementar.
Eis um Orçamento que prossegue, assim, o apoio ao investimento empresarial e à gestão dos recursos
humanos.
Mas este é um Orçamento que, igualmente, reconhece que o investimento público e privado é uma
componente decisiva do desenvolvimento do interior do País. O interior de Portugal confronta-se, desde há
décadas, com um movimento de migração dos seus residentes para o litoral e para o estrangeiro. Atrair
investimento que crie emprego e retenha população é, por isso, um desígnio nacional.
Aplausos do PS.
Por forma a atrair o emprego, o Orçamento preconiza a dedução à coleta do IRC de 20% da massa salarial
dos postos de trabalho criados no interior. Trata-se de uma medida que, no limite, pode levar a uma coleta de
IRC de zero.
Aliada à majoração das componentes regionais do regime fiscal contratual, esta medida pode representar
uma poderosa ferramenta para o sucesso do programa de captação do investimento no interior que o Governo
fez recentemente aprovar.
Além de atrair investimento empresarial, uma política de apoio ao interior do País necessita de criar incentivos
à fixação de pessoas no interior. O Orçamento contém importantes propostas de incentivos à mobilidade
geográfica dos funcionários públicos, desde a majoração dos dias de férias ao pagamento de um suplemento
remuneratório.
A boa experiência que foi possível efetuar no programa de fixação de médicos em zonas carenciadas, que
permitiu atrair 150 médicos para zonas de baixa densidade populacional, é uma lição que deve, e pode,
generalizar-se.
O Orçamento cria, igualmente, incentivos para a fixação de residência no interior e, crucialmente, incentivos
aos estudantes deslocados em estabelecimentos de ensino no interior, que passam a poder deduzir até 1000 €
por ano das suas despesas com educação, incluindo aquelas em que incorram com o alojamento, para poderem
frequentar estabelecimentos de ensino no interior.
Aplausos do PS.
Finalmente, este Orçamento procura criar condições para a valorização do património natural do País e para
o aproveitamento dos recursos endógenos do interior, particularmente das nossas florestas.
O Orçamento cria, deste modo, um enquadramento fiscal favorável ao associativismo florestal e ao
investimento e gestão florestais ativos e lança, finalmente, as bases para a criação de recursos para a
remuneração de serviços de ecossistema e de apoio aos produtores florestais.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, um Orçamento é, por definição, um exercício limitado no tempo: estabelece
as despesas que o Parlamento autoriza o Executivo a realizar e as receitas que este fica habilitado a cobrar no
ano seguinte.
Esta proposta de lei do Orçamento do Estado tem uma história e uma trajetória.