I SÉRIE — NÚMERO 20
6
Srs. Deputados, Minhas Senhoras, Meus Senhores: Portugal representa, para nós, um parceiro importante,
com quem mantemos uma relação sólida e duradoura, que, como em qualquer outra relação, necessita de ser
permanentemente alimentada e reiterada com gestos e atitudes de ambas as partes envolvidas.
O nosso compromisso é manter a nossa relação à altura dos profundos laços de amizade entre os nossos
povos.
Angola está aberta a uma maior presença de empresários e homens de negócios portugueses na nossa
economia, para que possamos edificar, na prática, uma base de cooperação mutuamente vantajosa para os
nossos povos e países.
Gostaríamos, no entanto, que as nossas relações não se reduzissem à mera partilha de interesses
económicos e empresariais mas que se alargassem e reforçassem ao nível das consultas políticas, diplomáticas
e parlamentares permanentes e a trocas de informação e experiências nos domínios da educação, ciência,
tecnologias, cultura e desporto. Só deste modo será possível o reforço do conhecimento mútuo em todas as
vertentes, base sobre a qual devem assentar as relações de dois povos que se estimam, respeitam e partilham
vivências comuns.
É para nós gratificante constatar que as posições dos nossos países nos areópagos internacionais
convergem sempre na defesa da paz e da democracia e na condenação do racismo, da xenofobia ou qualquer
outro tipo de discriminação do ser humano.
A persistência de conflitos em várias regiões do planeta, a ingerência externa nos assuntos internos de outros
Estados e a adoção em muitos países de formas de governo autoritárias e extremistas, que julgávamos
ultrapassadas, obriga-nos a manter posições claras sobre a defesa dos direitos inalienáveis dos cidadãos.
Vamos unir os nossos esforços na salvaguarda da vida no nosso planeta, ameaçada por rápidas e crescentes
alterações climáticas, e no combate contra o crime organizado e transfronteiriço, o terrorismo, a imigração ilegal,
o tráfico de seres humanos e de drogas e outras práticas condenáveis.
Defendemos a resolução pacífica dos conflitos entre Estados, o multilateralismo nas relações internacionais,
o fim do conflito no Iémen e na Síria, que causaram uma das maiores catástrofes humanitárias de todos os
tempos.
No Médio Oriente, com relação a um dos mais velhos conflitos que o mundo conhece, o israelo-palestiniano,
defendemos o direito de o povo palestino criar o seu próprio Estado, convivendo em paz e harmoniosamente
com o Estado de Israel.
Esta é a posição clara contida nas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, refletindo a
vontade da esmagadora maioria de seus membros e dos povos israelita e palestino, que tudo quanto querem é
a paz e a concórdia.
Saudamos efusivamente os esforços desenvolvidos pelas duas Coreias, pelos Estados Unidos da América
e pela China pela redução da tensão e o fim definitivo do conflito na Península Coreana, pela sua
desnuclearização e possível unificação.
É, no entanto, com alguma apreensão que o mundo vem constatando o surgimento de preocupantes sinais
que apontam para o possível retorno à Guerra Fria, caso as duas principais superpotências não primem pela
contenção e o bom senso na forma como abordam as questões de ordem estratégica, onde nem sempre
convergem os interesses que defendem.
Finalmente, é importante não descurar as relações que mantemos no âmbito da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa, vulgo CPLP, fundada na língua, na cultura e numa história comum com raízes em África,
nas Américas, na Ásia e na Europa.
Essa singularidade confere à CPLP um caráter único e original, que devia ser mais valorizado e explorado
pelos governos e cidadãos dos nossos países, pois é na diversidade e na troca de culturas e tradições diversas
que a humanidade se enriquece e pode prosperar.
Partirei de Portugal com a convicção de que esta minha visita em muito poderá contribuir para redinamizar a
nossa parceria estratégica e privilegiada, na certeza de que podemos ter pela frente um futuro comum, promissor
e bastante radioso.
Muito obrigado.