I SÉRIE — NÚMERO 34
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O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem, agora, a palavra a Sr.ª Deputada Susana Amador, do
Grupo Parlamentar do Partido Socialista.
A Sr.ª Susana Amador (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, desejo a todos um excelente ano de
2019.
Começo por saudar o Partido Comunista Português, por trazer à colação e à discussão, logo no início do
ano, esta matéria, de grande importância, que se reporta à proteção na infância e que requer um debate
aprofundado e de largo espetro.
Os direitos das crianças são, acima de tudo, um combate fundamental do nosso tempo e, como sabemos, e
como diz José Jorge Letria, «o tempo nunca espera por nós».
Com efeito, as crianças são sempre as primeiras e as mais indefesas vítimas das catástrofes, das tragédias,
como a guerra, a fome, o êxodo ou a violência, mas também são as vítimas dessa outra tragédia quotidiana e
menos visível, que é a falta de condições de vida, que, no plano material e no plano afetivo, continua a afetar
tantas crianças e que gera sempre negligências e abusos vários que temos de combater e inverter.
É nesse quotidiano que o Partido Socialista está concentrado, desenvolvendo políticas públicas competentes,
que robustecem o Estado social, aumentando todas as prestações sociais, designadamente o abono de família,
que tem sido atualizado em todos os Orçamentos deste Governo, um processo iniciado em fevereiro de 2016,
com o aumento da sua majoração para as famílias monoparentais, o aumento dos montantes atribuídos a
crianças com idade entre os 12 e os 36 meses e a reposição do quarto escalão de rendimentos até aos 36
meses.
Em 2019, será dada continuidade à abordagem da articulação de diversas medidas setoriais
complementares, apostando em medidas de proximidade com foco no combate à pobreza das crianças e jovens,
dirigidas, em particular, à primeira infância, garantindo mais proteção e mais inclusão social.
O projeto do Partido Comunista Português é meritório no seu propósito de querer salvaguardar de eventuais
conflitos de interesses a decisão de aplicação da medida de colocação das crianças e jovens em perigo. A
separação entre quem decide os percursos das crianças e jovens em risco e quem pertence a órgãos sociais
de instituições que acolhem crianças é também um dos propósitos desta iniciativa.
Entendemos que a decisão de institucionalização tem sempre de ser isenta de outros interesses, devendo o
princípio do superior interesse da criança ser o alfa e o ómega de qualquer decisão, o que decorre, aliás, da
Convenção sobre os Direitos da Criança, da nossa Constituição e da legislação aplicável nesta matéria, como
assim o entende também, no seu parecer, a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das
Crianças e Jovens.
Esta Lei prevê, aliás, como medidas de promoção dos direitos de proteção das crianças, o apoio junto dos
pais, o apoio junto de outro familiar, a confiança a pessoa idónea, o apoio para a autonomia de vida, o
acolhimento familiar, o acolhimento residencial e a confiança a pessoa selecionada para adoção. Estas medidas
são executadas ou no meio natural de vida ou em regime de colocação, sendo um dos princípios orientadores
da intervenção o de dar prevalência a medidas que integrem as crianças na sua família. Mas qualquer das
medidas do artigo 35.º da Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo visa satisfazer o interesse superior
do menor, devendo sempre ser-lhe proporcionados segurança, saúde, formação, educação, bem-estar e
desenvolvimento integral.
Aquela prevalência, contudo, deixará de se justificar com base em factos conhecidos que levem à
impossibilidade de alcançar esse fim com recurso a medida em que o menor continue integrado no seio da
família, tal como decorre da nossa jurisprudência e de um acórdão do Tribunal da Relação de 2014.
Acreditamos que nunca se decide de ânimo leve pela institucionalização e confiamos no funcionamento das
instituições, que são cometidas com este dever garantístico e de proteção. Estamos, contudo, sempre
disponíveis para tornar o sistema o mais cristalino possível…
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr.ª Deputada, tem de terminar.
A Sr.ª Susana Amador (PS): — Terminarei, com a sua tolerância, dentro de momentos, Sr. Presidente.
Como estava a dizer, estamos sempre disponíveis para tornar o sistema o mais cristalino possível e por isso
viabilizaremos esta iniciativa, que requer um debate aprofundado e alargado, tendo em conta os dados