11 DE JANEIRO DE 2019
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Não obstante, o Estado assegurou que a concessão não é prolongada nem diminui a partilha de receitas
com o erário público, mas asseguramos também que não será devida qualquer indemnização à concessionária
resultante deste acordo ou das habituais condicionantes ambientais que, obviamente, terão de ser integralmente
cumpridas, caso contrário nem sequer haverá qualquer aeroporto.
Nesta matéria a realidade é cristalina, como venho afirmando há vários dias. Todos os requisitos legais —
repito, todos os requisitos legais — estão a ser e serão cumpridos em matéria ambiental, em matéria de
segurança ou em qualquer outra matéria. De outro modo nem sequer haverá qualquer construção aeroportuária.
Não nos estamos a precipitar nem a incumprir quaisquer normas ou requisitos ambientais, estamos a fazer
o que pode ser feito desde já até à aprovação, que esperamos, da declaração de impacte ambiental, pois é da
maior simplicidade, da maior evidência que, em qualquer construção, há sempre muito trabalho a realizar,
mesmo antes de as obras irem para o terreno.
Com esta decisão, estamos a poupar meses que o País não pode perder, tempo necessário para avançar
investimentos no Aeroporto Humberto Delgado, cuja capacidade, em 2019, crescerá por via das slots ainda
disponíveis e da capacidade das próprias aeronaves, mas que, sem obras a curto prazo, não teremos
crescimento de capacidade do turismo por via do tráfego aéreo logo a partir do ano de 2020. É também essa a
razão da urgência.
Ganhamos tampo também para realizar estudos, projetos de engenharia e tratar das necessárias
autorizações ambientais de segurança e outras para avançar com as obras, sempre no cumprimento da
legislação existente.
Este é, portanto, um bom acordo para o Estado e para os portugueses, que permitirá trazer desenvolvimento
à península de Setúbal, onde serão criados mais de 10 000 postos de trabalho por via da implementação desta
infraestrutura, mas que trará mais desenvolvimento à região de Lisboa e mais desenvolvimento ao País.
Aplausos do PS.
É, por isso, tempo de parar de hesitar, é tempo de avançar. É isso que esperam de nós os portugueses e as
portuguesas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Inscreveram-se quatro Srs. Deputados para pedidos de esclarecimento: a Sr.ª Deputada
Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, o Sr. Deputado Hélder Amaral, do CDS-PP, a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia, de Os Verdes, e o Sr. Deputado André Silva, do PAN.
Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Joana Mortágua.
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, o Governo
fechou um acordo para um remendo na estratégia aeroportuária que só defende os interesses de uma empresa
francesa, a Vinci, e para proteger esse negócio o Governo está disposto a atropelar o estudo de impacte
ambiental e a fazer chantagem sobre a Agência Portuguesa do Ambiente.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — É isto que significa o acordo sobre a Portela mais Montijo!
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Exatamente!
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — É um negócio à medida da Vinci. Porquê? Porque é a escolha mais barata
que protege a Vinci perante as obrigações do contrato de concessão da ANA. É o único negócio que sustenta o
interesse da Vinci de gastar muito pouco para lucrar muito e é o negócio que permite à Vinci ganhar em dois
carrinhos: no novo aeroporto, onde gasta pouco para lucrar muito, e na Lusoponte, onde é acionista maioritária
e passa a ganhar com a travessia rodoviária na Ponte Vasco da Gama.