24 DE JANEIRO DE 2019
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aplicados dentro do Serviço Nacional de Saúde, fixe profissionais no Serviço Nacional de Saúde e proteja o
direito à saúde.
Uma nova lei de bases faz-se com a separação entre o setor público e o setor privado e faz-se, também, com
clareza na proposta. E é sobre clareza que gostaria de questioná-la, Sr.ª Ministra.
A Sr.ª Ministra já disse, publicamente, que privilegia a gestão pública. No entanto, a proposta do Governo
tem uma frincha aberta às parcerias público-privadas, para que possam continuar e para que possam existir
mais. Ouvimos dirigentes do Partido Socialista dizer — como Manuel Pizarro, há três dias atrás — que as
parcerias público-privadas até deveriam ser ampliadas.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Bem lembrado!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Vimos o Governo a preparar a renovação das parcerias público-privadas em
Cascais e em Braga, e, por isso, é preciso clarificação. Vai privilegiar a gestão pública ou manter tudo como
está?
A Sr.ª Ministra diz que é preciso clarificar, e bem, a relação entre o público e o privado. Então, consideramos
que deve estar, de forma muito clara, em qualquer proposta que venha a ser apresentada e aprovada que o
privado e o social é meramente complementar do público. Não é uma relação de cooperação, é uma relação de
complementaridade.
A Sr.ª Ministra já disse que as taxas moderadoras não servem para financiar o SNS, que não são um
copagamento, mas a verdade é que, tal como existem atualmente, são um copagamento!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Exatamente!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Por isso, é clareza que se exige e é clareza que queremos ter neste debate.
Sr.ª Ministra, o Governo tem uma proposta. A proposta que o Governo tem, nestes aspetos essenciais, é
dúbia. Está o Governo preparado para negociar a proposta, para alterar a proposta? Se sim, saiba que, da parte
do Bloco de Esquerda, não faltaremos à chamada do Serviço Nacional de Saúde e, por nós, o Serviço Nacional
de Saúde terá um futuro longo e será muito melhor do que foi nos últimos 28 anos.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, a senhora tomou posse há precisamente
100 dias. E, nestes 100 dias, tivemos: uma greve de enfermeiros, com milhares de cirurgias adiadas; demissões
na direção de serviços de vários hospitais, por falta de segurança clínica; cuidados continuados em risco;
farmácias hospitalares a encerrar; acesso a consultas e tratamentos prejudicado, com aumentos expressivos
dos tempos de espera. E poderia continuar…
Mas, hoje, ao centésimo dia, a Sr.ª Ministra vem ao Parlamento para apresentar a sua lei de bases da saúde.
E a sua lei de bases merece-nos três grandes críticas. A primeira é quanto ao timing. A Sr.ª Ministra deixa a sua
marca na pasta da saúde não pelo pragmatismo da solução para os problemas que enunciei, mas por uma
proposta de lei de bases que a nada a vincula e nada resolve.
A segunda crítica é quanto ao processo. A Sr.ª Ministra deita fora a proposta amplamente desparticipada do
seu antecessor e apresenta outra, que não colhe à direita, mas também não agrada à esquerda, e que até a
deixa isolada de grande parte do seu próprio partido, do Partido Socialista.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — A terceira crítica é quanto à substância, pois a Sr.ª Ministra propõe uma
lei que é omissa e estatizante, um retrocesso de décadas, em vez de dar respostas para o futuro, uma lei que
parece nem ter força para ser levada a votação.