12 DE ABRIL DE 2019
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Os Verdes apresentam o presente projeto de lei com uma convicção que importa deixar clara: não é possível
alterar um modelo de produção e de consumo sem que o mercado seja chamado a dar um contributo significativo
para o efeito.
Não é possível deixar tudo nas mãos dos consumidores e nem é justo penalizar os consumidores quando,
ainda por cima, estes não fazem opções mais sustentáveis muitas vezes porque, pura e simplesmente, não têm
forma de fazer outras opções. A oferta em mercado, aquilo que encontramos nas bancas de venda ou nas
prateleiras das superfícies comerciais é um pilar determinante para que se possam gerar escolhas mais
sustentáveis.
Dito isto, Sr.as e Srs. Deputados, é preciso ter consciência de que os estabelecimentos comerciais impingem
— é talvez a forma mais explícita de o dizer — plástico aos consumidores de uma forma desmesurada. Por falta
de alternativas, os consumidores são, muitas vezes, obrigados a trazer consigo um conjunto significativo de
plásticos, dos quais não têm necessidade e que nem sequer reutilizarão para qualquer outro efeito.
Assim acontece, por exemplo, com o agrupamento ou acondicionamento de frutas e legumes numa base de
esferovite, revestidos depois da película aderente plástica convencional. Estas embalagens têm a mera função
de agrupamento dos produtos alimentares e não são minimamente imprescindíveis à preservação da qualidade
dos produtos, que são, de resto, muitas vezes, vendidos a granel no expositor ou na banca ao lado da prateleira
onde se encontram essas cuvetes.
Entretanto, para a venda a granel de frutas e legumes, são maioritariamente disponibilizados sacos de
plástico ultraleves como embalagem primária para o acondicionamento e transporte do produto alimentar. Ou
seja, o consumidor, de uma forma ou de outra, traz sempre uma embalagem ou um saco de plástico que,
normalmente, deita fora assim que chega a casa.
Estes são exemplos da utilização de plástico a uma dimensão estrondosa, da qual se pode prescindir
perfeitamente, numa lógica de sustentabilidade.
Encontrar alternativas para o acondicionamento e o transporte de certos produtos alimentares nos locais de
venda, que não colidam com a alteração da qualidade dos mesmos, é o desafio que está colocado.
Assim, Os Verdes propõem que os estabelecimentos comerciais fiquem impedidos de disponibilizar sacos
de plástico ultraleves para embalamento primário ou transporte de pão, frutas e legumes e de vender frutas e
legumes acondicionados em cuvetes descartáveis que contenham plástico ou esferovite. Desta forma, devem
os agentes distribuidores disponibilizar ao consumidor alternativas de embalagem primária ou sacos, para pão,
frutas e legumes vendidos a granel, nos pontos de venda, compostos por outros materiais mais sustentáveis.
Simultaneamente, Os Verdes propõem que os estabelecimentos comerciais possam também adaptar-se ao
facto de os consumidores poderem levar os seus sacos próprios, reutilizáveis, para acondicionar as frutas e
legumes vendidos a granel ou o pão que compram.
De acordo com o projeto de lei que aqui apresentamos, estabelecemos o prazo de cerca de um ano para
que esta transição, a substituição destas embalagens e sacos de plástico ultraleves por outras soluções mais
sustentáveis, se concretize.
Com a aprovação desta proposta de Os Verdes, criam-se condições para se dar um passo muito significativo
na redução do uso do plástico, no encontro de soluções alternativas mais sustentáveis e, consequentemente,
na garantia de maior preservação dos ecossistemas, do ambiente em geral e da saúde.
O desafio que Os Verdes hoje colocam à Assembleia da República é que não aceitemos a passividade
perante um problema que precisa de soluções rápidas e eficazes e que sejamos, antes, proativos, arrojados e
pioneiros, adotando medidas que gerem uma progressiva redução de resíduos de embalagens e do plástico em
particular.
Aplausos de Os Verdes.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, inscreveram-se três Deputados, do PS, do PSD e do CDS-PP, para
formularem pedidos de esclarecimento. Como pretende responder?
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, responderei em conjunto.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Renato Sampaio.