I SÉRIE — NÚMERO 79
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É urgente reduzir e repensar os nossos padrões de consumo e fazer a transição para um modelo económico
circular, que exige mudanças profundas no setor energético, na indústria, na mobilidade de pessoas e bens, na
construção civil e no setor agroalimentar.
Sim, trata-se de transformar a forma como vivemos neste planeta. E trata-se — não tenhamos dúvidas — de
uma questão de sobrevivência da nossa espécie que exige uma alteração consistente e consciente do
comportamento individual e social, sempre acompanhada de medidas políticas eficientes.
O prazo para salvar a Terra tem uma data: 2030. E hoje, a partir deste momento, faltam 10 anos, 8 meses,
5 dias e 13 horas para o ponto de não retorno.
Se todos e todas quisermos, se todas e todos nos unirmos, tal como fizemos há 45 anos, ainda vamos a
tempo. Temos de ser corajosos e competentes para que em 2030 a temperatura média do planeta não suba um
grau e meio, o limite a partir do qual os fenómenos meteorológicos extremos são imprevisíveis e a nossa vida
neste planeta se tornará mais difícil de suportar.
Devemos também ao 25 de Abril o fim do ciclo de isolamento internacional. O sonho de cumprir Portugal e
de cumprir o planeta faz-se também na Europa.
A União dos povos irmãos europeus faz-nos mais fortes e capazes de liderar o grande combate das nossas
vidas: o das alterações climáticas. O ambiente pede revolução. Ao PAN, seja na rua, em São Bento ou em
Bruxelas, não faltará a voz, a determinação, ou a coragem para enfrentar a crise ambiental.
Obrigado, Capitães! Viva o 25 de Abril!
Aplausos do PS e de Deputados do PSD.
O Sr. Presidente da Assembleia da República: — Tem a palavra, para uma intervenção, pelo Partido
Ecologista «Os Verdes», a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente da República, Sr. Presidente da Assembleia da
República, Sr. Primeiro-Ministro e demais Membros do Governo, Sr. Presidente do Tribunal Constitucional, Sr.
Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Sr.as e Srs. Deputados, Estimadas Convidadas e Estimados
Convidados, Minhas Senhoras e Meus Senhores: A gratidão pela proeza de libertar um País encarcerado e um
povo humilhado pelo fascismo é sempre devida ao Movimento das Forças Armadas, aos Capitães de Abril, a
quem dirigimos uma sentida saudação,…
Aplausos de Os Verdes, do PS, do PCP e de Deputados do PSD.
… mas também aos muitos homens e mulheres que nunca permitiram que o fascismo lhes amarrasse os
sonhos, aos que fizeram dos sonhos a força da resistência, aos que resistiram, na convicção de um dia se
conseguir sentir o sabor da liberdade. Esses foram sementes de coragem que haveriam de florescer em cada
cravo erguido.
Liberdade! Vitória! O povo unido jamais será vencido! Foram as aclamações mais ouvidas, em uníssono,
para saudar a Revolução que pôs fim ao fascismo.
Ouvir, atualmente, jovens dizer que adorariam ter vivido o dia 25 de Abril de 1974 é de um inegável
reconhecimento da grandeza desse dia tocante, em que o povo saiu à rua, numa explosão de alegria, de
esperança coletiva, de cor, de festa, de música, de cultura, e se encheu de força e confiança para construir
coletivamente um País renascido.
Aos jovens de hoje digam-lhes, os jovens de Abril, que a Revolução dos Cravos foi apenas o início, o princípio
de uma caminhada coletiva e que, 45 anos depois, ainda está tanto por cumprir. E, em bom rigor, o muito que
falta fazer não abafa a certeza de que as conquistas feitas precisam de ser cuidadas e preservadas, porque
nada está eterna e intocavelmente conquistado.
Quando, por esse mundo e por essa Europa fora, a intolerância rasga solidariedades necessárias, gerando
desumanidades inconcebíveis, quando se exalta o medo e os rancores onde a extrema-direita e o reacionarismo
ganham espaço, a responsabilidade de agir pela solidariedade e pela democracia, solidificando-as, torna-se
mais e mais emergente. É um sentido pleno de se afirmar «25 de Abril sempre, fascismo nunca mais!»