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12 DE DEZEMBRO DE 2019

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Se queremos extrair menos recursos, se queremos extrair menos lítio, se queremos reduzir o lixo perigoso e

o lixo tóxico, se queremos combater a obsolescência programada e que, deliberadamente, os equipamentos

durem pouco, se queremos um modelo de trabalho mais respeitoso, se queremos que a tecnologia avance para

que os equipamentos durem mais, se queremos combater a crise climática e ter menos emissões, então, temos

de responsabilizar os produtores e tem de ser a sociedade a colocar regras claras à economia. Não é a economia

que manda nas pessoas, é a sociedade que deve mandar na economia.

Esta é a proposta que trazemos: responsabilizar os produtores e garantir o alargamento do prazo mínimo de

garantia.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para apresentar a iniciativa legislativa do Grupo

Parlamentar do Partido Ecologista «Os Verdes», o Sr. Deputado José Luís Ferreira.

O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Vivemos num mercado competitivo

e irracional onde as empresas não olham a meios para a obtenção de lucros imediatos e desmedidos,

fomentando o consumismo fácil e descartável. Nesta perspetiva, os produtos são frequentemente desenvolvidos

com materiais de má qualidade, à base de plásticos e colagens, com componentes extremamente

personalizados, reduzindo a sua durabilidade e impedindo a sua substituição ou reparação.

Por outro lado, constata-se também que há cada vez mais empresas a praticarem a obsolescência

programada, a qual consiste, propositadamente, em desenvolver, fabricar e distribuir um determinado produto

de modo a que ele se torne obsoleto ou não funcional em pouco tempo, obrigando os consumidores a adquirirem

uma nova geração desse mesmo produto dentro de um prazo menor. É o caso dos telemóveis ou dos

computadores e outros aparelhos, que, ao fim de dois anos, se tornam muito lentos e pouco funcionais com o

propósito único e claro de obrigar o consumidor a comprar outros.

Aliás, a gravidade do problema é tão acentuada que a obsolescência programada é proibida em vários

países, tais como em França e em Itália, onde têm sido aplicadas multas elevadas, sobretudo a empresas

multinacionais na área das tecnologias, por insistirem nesse verdadeiro truque.

Também sabemos que para além de custos económicos, em particular para os consumidores, a

descartabilidade dos produtos tem grandes impactos na pressão exercida sobre os recursos naturais e minerais,

como é o caso do lítio, na emissão de gases com efeito de estufa e na produção insustentável de resíduos,

como é o caso dos plásticos.

Os números são assustadores. Estamos a falar de 47 milhões de toneladas de lixo eletrónico produzido em

2017 a nível mundial — portanto, só durante um ano! —, o que contribuiu claramente para acentuar as alterações

climáticas, para além dos recursos que são consumidos desnecessariamente.

Mas mais: o aumento da vida útil dos telemóveis e de outros dispositivos eletrónicos em apenas um ano na

União Europeia reduziria as emissões de carbono no equivalente a retirar dois milhões de carros das estradas,

ao passo que se se estendesse a sua vida útil em mais cinco anos, em termos de emissões, isso equivaleria a

retirar de circulação todos os carros do nosso País.

De facto, algo tem de estar errado quando percebemos que, no caso dos telemóveis, 75% dos gases com

efeito de estufa associados correspondem a todo o processo de transporte e distribuição comercial, ou seja,

antes de o utilizador os retirar da embalagem.

É também por isso que Os Verdes defendem que o combate às alterações climáticas e à delapidação dos

recursos naturais e minerais como o lítio tem de passar por uma alteração deste paradigma de «usa e deita

fora», atuando desde logo a montante na produção e na conceção dos produtos.

Os Verdes consideram que uma forma de influenciar a melhoria da qualidade dos bens móveis e imóveis, de

salvaguardar os direitos dos consumidores e dos cidadãos, de aumentar a reparação dos produtos e de reduzir

os impactos no ambiente, diminuindo a nossa pegada ecológica, passa pelo aumento do prazo de garantia dos

bens para um período superior ao que está estabelecido no Decreto-Lei n.º 67/2003, pelo combate à prática da

obsolescência programada e por medidas para fomentar a longevidade dos produtos. São medidas que levarão

a que as empresas desenvolvam os seus produtos com processos de fabrico e materiais que melhorem a

qualidade dos bens, permitindo não só a sua durabilidade como também a possibilidade de reparação dos

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