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15 DE FEVEREIRO DE 2020

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insistência que levou o Presidente da Assembleia de República a instituir a prática de convidar os Deputados

únicos a ter assento na Conferência de Líderes em que se decidem os agendamentos. E foi, também, por nossa

iniciativa que o tema dos votos foi trazido a discussão e foi a Iniciativa Liberal que, mais uma vez, apresentou o

primeiro projeto concreto de solução para o problema da proliferação e banalização dos votos.

Não podem acusar a Iniciativa Liberal de falta de empenho, seriedade ou espírito construtivo. Nós, ao invés,

podemos acusar os grandes partidos do sistema — PS sobretudo, mas também PSD e PCP — de

obstaculização sistemática e de terem vistas curtas em todo este processo.

Desde o início que o PS, com o seu misto de aversão à mudança e tiques hegemónicos e prepotentes,

resistiu a qualquer mudança. Não fora o clamor público e a intervenção sensata do Presidente da Assembleia

da República a determinado momento e nada teria mudado no regimento, até hoje.

Esta resistência à mudança e espírito antidemocrático atingiu o seu auge na discussão derradeira sobre os

votos apresentados pelos partidos. Para resolver um problema, criou-se outro pior.

Se anteriormente qualquer voto, de qualquer partido, sobre qualquer tema ia a votação em Plenário, com a

solução aprovada pelo PS, pelo PSD e pelo PCP só irão a Plenário (com exceções politicamente pouco

relevantes) os votos que a maioria aprovar em comissão. O sistema volta a controlar a mensagem política dos

demais.

Pior que a solução encontrada, só mesmo a argumentação descabida. Diz o PS que a discussão em

comissão é mais profunda do que em plenário. Ninguém acredita, pelo menos até o PS desistir de levar qualquer

voto seu a Plenário. Também se refugiam no direito comparado com Regimentos de outros parlamentos para

dizer que a solução encontrada é muito generosa para as forças políticas mais pequenas. Triste Parlamento que

não pensa pela sua cabeça e se resigna a unicamente importar soluções.

Foi pior a emenda que o soneto. A solução encontrada limita fortemente a utilização da figura do voto

parlamentar como forma de sinalizar, na Casa da Democracia, as posições políticas dos partidos que não

alcancem maiorias nas comissões. E dão razão aos que acusam os partidos do sistema de quererem silenciar

os novos partidos, forçando-os a recorrer aos mecanismos de comunicação extraparlamentar, menos

democráticos e menos escrutinados, para veicularem as suas posições. Assim se promovem as posições mais

extremadas e mais populistas que todos dizem desdenhar, mas que os partidos de sempre, com o PS à cabeça,

irresponsavelmente promovem.

Terminamos como começámos: a Iniciativa Liberal quer pautar a sua atividade parlamentar pela

assertividade política e ideológica. O nosso papel não é andar a discutir regras e regimentos. Fizemo-lo por

sentido de responsabilidade perante os nossos eleitores e por respeito aos interesses de todos. Mas é evidente

que o PS e os partidos do sistema não entendem o que já mudou e, ainda menos, o que têm de mudar. Porque,

no fundo, o PS não quer mudar nada.

Não contem com a Iniciativa liberal para dar mais para este peditório, não alinharemos neste faz-de-conta. A

nossa função não é ser figurantes neste filme de terror prepotente dos socialistas. A nossa função é afirmar o

liberalismo no Parlamento, e fora dele, e esse é o nosso foco.

Palácio de São Bento, 17 de fevereiro de 2020

O Deputado do IL, João Cotrim de Figueiredo.

——

Sendo um dos elementos do Grupo de Trabalho de Alteração do Regimento, votei sempre contra qualquer

decisão de restrição de direitos das Deputadas e dos Deputados, nomeadamente dos DURP e não inscritos.

No que diz respeito à regulamentação da emissão de votos, estou em completo acordo com a ideia de que,

face ao perigo da banalização e instrumentalização dos votos para fins populistas e de indução a erro ao

eleitorado, era necessária a regulamentação dos referidos votos. Contudo, o desenvolvimento dos trabalhos

trouxe-nos uma grande surpresa da parte da maioria dos grupos parlamentares, que foi a da tentação de inibição

da atividade dos Deputados e que apenas favorece grupos parlamentares. Ora, a inibição da atividade de um

Deputado é a inibição da própria democracia. Esta regulamentação da emissão de votos é, pois, nefasta para

com a iniciativa individual dos Deputados únicos representantes de partido e/ou não inscritos. Estando certa de

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