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17 DE OUTUBRO DE 1990

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A manutenção do ritmo de crescimento relativamente elevado nos países da OCDE deveria permitir absorver no emprego o aumento da população activa, pelo que a taxa de desemprego da OCDE não se deveria agravar em 1990, mantendo-se na ordem de 6,4%. Nas CE a taxa de desemprego deverá ser de cerca de 8,5% em termos médios.

A pressão da procura, que se mantém a um nível relativamente elevado em alguns dos maiores países da OCDE, sobre uma capacidade produtiva virtualmente em plena utilização, não faria prever uma desaceleração da inflação relativamente ao valor médio de 1989. Em particular parecem existir índices da presença de tensões inflacionistas na economia dos EUA.

As trocas internacionais continuam a manter um apreciável dinamismo, embora se preveja uma desaceleração do comércio mundial, de 7,4% em 1989 para 6,3% em 1990. Os principais desequilíbrios comerciais não estão, porém, a registar progressos significativos: o défice corrente dos EUA mantém-se bastante elevado, sensivelmente ao mesmo nível de 1989 e com tendência para se agravar no 2.° semestre do ano, e o excedente da RFA deveria aumentar. Apenas o Japão contribuirá para a redução dos desequilíbrios com uma pequena contracção do seu excedente.

Os elementos quantitativos precedentes basearam-se na ausência — em 1990 — de qualquer perturbação nos mercados petrolíferos mundiais. No entanto, dados os recentes acontecimentos no Golfo Pérsico é claro que as perspectivas para 1991 estão fortemente condicionadas pelos desenvolvimentos nesta área.

Até agora os organismos internacionais (Banco Mundial, Comissão das CE, FMI, OCDE) têm apresentado previsões para o preço do petróleo em 1991 relativamente moderadas. Mesmo assim, tais previsões implicariam uma subida do preço do crude não inferior a 25% relativamente ao preço médio estimado para 1990, o que representa uma alteração substancial relativamente às projecções divulgadas antes da eclosão da crise. No entanto, para os países europeus este aumento do preço do barril de petróleo tem sido parcialmente compensado pela depreciação entretanto verificada no dólar norte-americano.

O aumento dos preços entretanto verificado no mercado petrolífero reflecte não uma carência global do produto — através de uma diminuição estrutural da oferta — mas sim a tomada de posições dos compradores de forma a diminuir a sua vulnerabilidade às possíveis realizações adversas da situação de instabilidade existente. Esse comportamento tem igualmente repercussões nos mercados internacionais de activos como traduzidos na recente instabilidade que os tem caracterizado.

O crescimento de 3 % do PIB/PNB em média para os países da OCDE em 1991, previsto antes do choque petrolífero, poderá sofrer uma revisão para baixo, que não será muito significativa se se mantiverem aquelas previsões para a evolução do preço do petróleo. Do mesmo modo, o mercado de trabalho não seria muito afectado, podendo a taxa de desemprego apenas subir marginalmente em relação ao valor de 1990.

A inflação média na OCDE, que se previa igual à de 1990 (4,5%), poderá sofrer um pequeno agravamento se se concretizarem as projecções mencionadas

anteriormente para o preço do crude. As incertezas nesta matéria são naturalmente maiores do que é habitual.

Estes efeitos são menores do que as perturbações impostas por choques anteriores desta natureza. Esta conclusão baseia-se, essencialmente, em duas observações: (/) a dependência das economias industrializadas importadoras de petróleo diminuiu consideravelmente durante a década de 80; 00 a experiência acumulada com a gestão dos choques anteriores permite a fundamentação de respostas de política económica mais adaptadas aos condicionalismos relevantes.

No entanto, a crise na região do Golfo Pérsico cria um grau de incerteza significativo sobre a actividade económica mundial nos últimos meses do ano em curso, que não pode ser quantificado no momento de redacção deste documento. A subida do preço do petróleo que se seguiu ao despoletar do conflito naquela região é suficiente para fazer desacelerar, ainda que ligeiramente em termos médios anuais, o crescimento das economias dos países industrializados.

Não obstante as tensões internacionais que ora se vivem, a economia das CE deverá manter em 1991 uma razoável dinâmica que é já fruto do processo de construção europeia, que criou um clima de confiança nos agentes económicos propício ao investimento e ao crescimento económico sustentato. Pode dizer-se que a criação do mercado único europeu não é apenas uma questão de alargamento espacial mas sobretudo um aumento da segurança e solidez num espaço económico alargado. Assim como a construção da união económica e monetária significará uma redução profunda da instabilidade dos mercados cambiais, monetários e financeiros, a Europa ganha uma nova dimensão, ficando, por assim dizer, menos vulnerável aos choques externos. A percepção desta realidade tem contribuído e continuará a contribuir para o elevado crescimento do investimento, que não deixará de proporcionar um correlativo aumento de bem-estar para todos os europeus.

A crise do golfo e a questão do petróleo

Na envolvente externa o maior factor de incerteza e preocupação é sem dúvida a crise do golfo e o seu impacte nos preços do petróleo. É, todavia, opinião generalizada entre os especialistas que a actual situação é menos gravosa que as anteriores que se seguiram aos choques petrolíferos de 1973-1974 (gráfico 1.1.1 e 1.1.2), com aumentos dos preços na ordem dos 300 %, e o de 1979-1980, que implicou uma subida de preços próxima de 150 %.

A maior parte dos países industrializados diminuiu a sua dependência em relação ao petróleo como fonte energética. Entre 1970 e 1989, na zona da OCDE, o consumo de petróleo por unidade do PIB diminuiu cerca de 40 %; nos países das CE, entre 1980 e 1989, aquela redução foi estimada em 30 %. O valor das importações de petróleo nas CE passou, por seu turno, de 2,8 % do PIB em 1979 para apenas 0,9 % em 1989.

Por outro lado, os stocks no início da crise encontravam-se bastante acima dos níveis observados aquando do choque de 1979: no início de Julho do ano corrente, os stocks seriam suficientes para satisfazer