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17 DE OUTUBRO DE 1990

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cenários traçados por organismos internacionais, podem considerar-se três cenários possíveis:

0 O regresso rápido à normalidade;

ii) O prolongamento da situação actual de incerteza; e

iii) A guerra.

O primeiro cenário parece pouco provável atendendo à dimensão que a crise já atingiu na cena internacional, mas se viesse a verificar-se implicaria uma regressão ao preço do petróleo às cotações do 1.° de 1990. Na hipótese do segundo cenário, o preço do barril de petróleo poderia fixar-se à volta de 25/30 dólares em 1991-1992. A inflação externa subiria, estimando-se que os aumentos dos preços em dólares dos produtos manufacturados poderiam atingir cerca de 9,5 % e 3,3 e respectivamente em 1991 e 1992. O crescimento da procura mundial acusaria uma pequena desaceleração, fixando-se em sensivelmente 6 %. Em caso de guerra, os preços do petróleo poderiam subir para níveis imprevisíveis, com consequências muito graves para o crescimento da economia mundial. Poderia ver interromper-se aqui o ciclo de expansão dos últimos oito anos.

Portugal é das economias comunitárias a mais dependente do petróleo. As importações líquidas em 1989 representaram 2,9 % do PIB contra 0,9 % para as CE (gráfico 1.1.3). O impacte dos aumentos do preço do petróleo sobre a economia portuguesa é diversificado. Por um lado, têm-se os efeitos directos das subidas dos preços dos combustíveis no consumidor e do agravamento do défice da balança comercial. Estima-se que um aumento de 10 dólares no barril de petróleo importado acresceria cerca de 1/2 ponto percentual ao deflator do consumo privado e agravaria o défice da balança comercial em cerca de 600 milhões de dólares. Por outro lado, há que considerar os efeitos nos custos de produção assimiláveis a quebras de produtividade. A perda de rendimento real provocada pela deterioração de razões de troca na sequência de um acréscimo de 10 dólares no preço de barril de petróleo é estimada ceteris paribus em cerca de 1 %. Este último efeito reduziria as remunerações reais de equilíbrio, implicando um ajustamento na taxa de salário real e na remuneração real do capital, se fosse mantido o anterior equilíbrio em termos de remuneração dos factores de produção na economia nacional.

Em face destas implicações, a resposta de política económica deve ser rápida e firme. As respostas adequadas de política económica passam pelos seguintes elementos fundamentais:

i) Os aumentos nos preços do petróleo bruto devem reflectir-se nos preços dos seus derivados no utilizador final;

ii) Os outros preços não devem acompanhar a subida nos preços dos derivados do petróleo;

iii) As políticas orçamentais e monetárias não devem acomodar o choque petrolífero. Antes pelo contrário, exige-se-lhes um rigor acrescido.

Deste modo, os ajustamentos necessários não porão em causa a continuação do crescimento sustentado da economia portuguesa.

Importações portuguesas de petróleo (em percentagem do PIB)

"VER DIÁRIO ORIGINAL"

GRAFICO 1.1.3.

1.2 — Evolução recente da economia portuguesa

A economia portuguesa continuou a crescer, em 1990, a um ritmo elevado, estimando-se que o PIB apresente uma taxa de crescimento, em volume, próxima dos 4 °7o. (gráfico 1.1.4). Este crescimento será superior ao da média comunitária, como, aliás, tem sempre acontecido desde 1985, o que tem contribuído fortemente para a aproximação dos níveis de bem--estar dos vigentes nos países da Comunidade e outros países desenvolvidos (gráfico 1.1.5). Em média anual a economia portuguesa cresceu à taxa de 4,3 <7o no último quinquénio, enquanto no seu conjunto os países das Comunidades Europeias não foram além dos 3 %. Esta evolução nos últimos cinco anos representa um notável progresso na convergência real da economia nacional com a economia comunitária.

A expansão da actividade económica reflectiu-se no mercado de trabalho, tendo a taxa de desemprego registado no 2.° trimestre de 1990 o valor mais baixo dos últimos anos: 4,1 %, na definição compatível com a da OCDE. A economia portuguesa encontra-se virtualmente numa situação de pleno emprego (gráfico 1.1.6). Este aspecto, conjugado com um quase perfeito alinhamento dos salários reais com o nível tendencial da produtividade, indicia uma situação de equilíbrio estrutural nos nossos mercados laborais.

Em 1990 todas as componentes da procura interna registaram uma aceleração em relação ao ano anterior. Este facto é particularmente relevante no caso do investimento, atendendo que a parcela desta variável no PIB se situa actualmente em cerca de 30 % (contra 17,8 %, em 1985). Este notável esforço de investimento, auxiliado por volumosas entradas de capitais externos e apoiado por transferências de fundos estruturais comunitários e fundamentado nas perspectivas abertas por uma crescente integração da economia portuguesa na economia comunitária, permitiu uma considerável expansão e modernização da estrutura produtiva do País, com reflexos notáveis no elevado crescimento das exportações.