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II SÉRIE-A— NÚMERO 32

É servida pelo itinerário principal n.9 4 (IP4), pelas estradas nacionais n,os 106-3 e 592, pela estação de Cete, que lhe fica a meio quilómetro, e por um apeadeiro da linha férrea do Douro localizado numa faixa de terra com uma extensão de uns 3000 m situada na margem direita do rio Sousa, desde a Ponte do Vau até aos Moinhos de Barco.

Tem por limítrofes as freguesias de Galegos, Irivo, Fonte Arcada e Lagares, do concelho de Penafiel, e, além-rio Sousa, Parada de Todcia e Cete, do concelho de Paredes.

Os afluentes principais do rio Sousa, que atravessam a freguesia, são o ribeiro de Gamuz, com nascente nos montes Calvos e um cumprimento de 3,8 km, e o ribeiro de Salgueiros. Nos montes Calvos existe um marco geodésico à altitude de 431 m.

A toponímia regista cerca de uma centena de lugares. Ultimamente, a algumas artérias foram atribuídas denominações de figuras ilustres da história local.

A área abrangida pela localidade é ocupada por rochas graníticas e constituída por solos do tipo cambissolos.

O clima caracteriza-se genericamente nos seguintes lermos: húmido, mesotérmico, com deficiência moderada a grande de água no Verão, e marítimo.

Remontam à época romana os primeiros indícios conhecidos de ocupação do território da actual freguesia. No monte de Crestelo, à altitude de 209 m, existem vestígios de um castro: alinhamentos à superfície e socalcos denunciam as muralhas concêntricas. Num campo da Quinta do Covelo descobriram-se sepulturas com espólio romano, sendo oferecida ao Museu de Penafiel uma tijela em pasta bege alaranjada, com superfícies bem alisadas do mesmo tom.

D. Truitesindo Galindiz foi um ascendente de Egas Moniz. Seria oriundo das Gálias e neto de D. Arnaldo de Baião, segundo os linhagistas.

O paço dos fundadores do acistério de Paço de Sousa e apensa Torre de Egas Moniz, que serviu dc hospedaria e se encontrava em ruínas em 1579, ficavam contíguos ao cenóbio, a sul, na margem direita do ribeiro de Gamuz.

O cenóbio primitivo foi fundado em meados do século x, talvez em 956. Sabe-sc, porém, que em 962 já era habitado e estava contíguo à igreja monástica, a sul.

OI.9 abade do mosteiro, D. Randulfo, foi convidado pelos fundadores para presidir à nova instituição monástica, fundada num lugar que se chamava Palacioli. O mais antigo documento existente de Paço de Sousa é justamente o seu testamento, datado de 994 e inserido no Livro dos Testamentos do Mosteiro de Paço de Sousa (Braga, 1972).

Quando se fundou o mosteiro, a área da actual freguesia encontrava-se repartida em três freguesias, a saber: São Martinho de Velhas, São Lourenço e Santa Ovaia de Esmegilde.

Para sua jazida c de seus descendentes, os fundadores do mosteiro mandaram construir um templo que se chamou Igreja do Corporal, por ser panteão dos padroeiros. Sabe--se que era um edifício nobre e dc trabalho delicado. Corria esta igreja dc nascente a poente, contígua e paralela à igreja actual, lado norte, e com ela comunicava pelo transepto. Serviu também de igreja paroquial e foi demolida cm 1605. Ocupava parte do espaço do actual cemitério da freguesia. A fundação do mosteiro deu origem a outra freguesia, com a invocação de Santa Maria do Corporal.

A velha moradia senhorial dc D. Truitesindo pode bem ler sido o lugar de nascimento de Egas Moniz, embora se ignore onde nasceu.

Egas Moniz (falecido em 1146) foi o aio do l.9 rei de Portugal, D. Afonso Henriques, teve um grande papel na fundação da nacionalidade c conquistou o título de símbolo da lealdade portuguesa:

Vendo Egas que ficava fementido, O que dele Castela não cuidava, Determina de dar a doce vida A troco da palavra mal cumprida.

(Luís de Camões, Os Lusíadas, canto m. estrofe 27.)

À munificência de Egas Moniz e dos seus ascendentes c descendentes deve o mosteiro a sua origem, a sua história, a sua existência milenária e a freguesia a veneração e renome de que goza em Portugal. Foi dos mais ricos nobres de Entre Douro e Minho.

O seu nome anda ligado à Torre de Egas Moniz, ao terreiro, ao carvalho, ao ribeiro, à ponte, à presa e à fonte dc Gamuz (Egas Moniz) e a uma avenida, mais recentemente.

O ínclito varão Egas Moniz e seu filho Mendo Viegas (falecido em 1137) foram sepultados na Igreja do Corporal e nela jazeram os seus restos mortais até 1605, cm mausoléus alevantados. Nesse ano, o abade frei Maninho Golias trasladou os túmulos, com as ossadas respectivas, para a antiga capela-mor da igreja monástica. Actualmente, as pedras adornadas de relevos e legenda encontram-se escalavradas, à direita da porta principal da igreja paroquial.

O cenotáfio de Egas Moniz (século xn) é o único documento autêntico que a Nação possui, asseverando-nos a verdade da tradição da ida à Corte de Leão resgatar a sua palavra perante Afonso vn, com sua mulher e filhos, descalço, corda ao pescoço. Orgulha-se Paço de Sousa de possuir as cinzas venerandas de tão preclaro herói no célebre mosteiro.

A instâncias de D. Egas Ermiges, o altar-mor da igreja monástica (antigo) foi sagrado a 29 de Setembro de 1088 pelo arcebispo de Braga D. Pedro, que precedeu São Geraldo, por estar então vaga a Sé do Porto.

Na igreja monástica (século xm), privativa da Ordem, os monges exerciam os actos de culto segundo a Regra dc São Bento. Chamou-se Basílica do Salvador, pela sua imponência, e é a actual igreja paroquial, majestosa, com três naves e transepto, rica de arte e simbolismo. O seu estilo é da transição do românico para o gótico c está classificada como monumento nacional.

A lápide sepulcral do abade perpétuo D. Mónio Ermiges (falecido em 1202) está incrustada na parede exterior do lado do claustro. Uma estátua dc São Pedro (século xn) c uma figura jacente de um abade século xrn) encontram-se no interior da igreja paroquial.

A freguesia de Santa Maria do Corporal cresceu em importância estimativa e o bispo do Porto D. Julião, por escambo de 12 de Setembro do ano de 1259, incorporou as três freguesias na do mosteiro, sob o título dc Santa Maria do Corporal de Paço de Sousa, com capelão próprio do clero secular apresentado pelo D. Abade do mosteiro, e com este Ululo e nessa qualidade veio até 1596. Assim, a freguesia mais nova absorveu a população das três e tornou-se o epónimo da extensa freguesia de Paço dc Sousa.

A D. Martim Gil, prelado perpétuo (1382-1385), depois bispo do Algarve, deve a monarquia portuguesa um relevante serviço. Persuadiu o conde D. Gonçalo, irmüo da rainha D. Leonor e alcaide de Coimbra, a entregar ao Mestre de Avis esta cidade.