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II SÉRIE-A— NÚMERO 32

No entanto, foi frei Cristóvão dos Reis (1779), carmelita descalço, administrador da Kmíc;i do Convento do Carmo (em Braga), quem, no sen curioso livro Reflexões Experimentais, Methodico-BotânU.'is e Vntícia de Águas Minerais, «recuperou» as termas, puis ^fere:

[...] Nas margens do rio Albito que corre entre dois montes, à parte oriental da povoação chyamada Caldelas há duas nascentes de água [...]

Palpável fica, por consequência, que se deve a frei Cristóvão dos Reis, que o insinuou no povo, à época, o uso terapêutico das Caldas de Caldelas, sendo, portanto, só depois de 1779 que estas águas minerais começaram a ter nos aquilézios os nomes dc Caldas de Rcndufc c Caldas de Caldelas.

Assim, foi no século xvm que tomou conta destas termas o Mosteiro Beneditino dc Rendufc, que fica a 4 km c lhes deu o nome, com que figuraram nos aquilézios, de Caldelas de Rendufe.

Depois da extinção das ordens religiosas, encarregou-se da administração das termas o pároco dc Caldelas.

A pretexto de melhoramentos, passaram a ser propriedade da Câmara dc Amares, que cm 1889 as arrendou ao visconde de Semelhe, a quem mais tarde foram dadas de concessão.

Pela Lei de 30 de Setembro dc 1892, o Governo Português declarou que todas as nascentes termais eram propriedade do Estado e estabeleceu as condições necessárias para a concessão.

Em virtude desta lei, foram concedidas cm 1893 ao visconde de Semelhe por um período ilimitado.

Em 1922 passou a concessão a uma companhia.

Constam dos seguintes edifícios: «bebedouro» da Bica de Fora c da Bica Barbosa, moderno baldeário (concluído em 1229) e Hotel da Bela Vista.

A concluir, uma nota importante: o reconhecimento oficial de Caldelas como zona dc turismo data de 1818.

VII — O foral

Tem foral, que D. Manuel I deu conjuntamente a Amares, Caldelas, Figueiredo, Dornclas e Pcrozclo em 8 de Abril de 1514, que dinamizou a Região dc Entre Homem e Cávado.

VIII — Os monumentos a) A Igreja Paroquial

À entrada da avenida, do lado esquerdo e ao cimo da Rua do P.c João Martins de Freitas, avista-sc a torre da Igreja Paroquial.

O actual edifício foi reedificado em 1749, graças à magnanimidade de D. João V, que lhe deu uma provisão de 600 000 réis, e à generosidade dc dois beneméritos locais, António Sebastião Marinho Falcão, da Casa dc Lamoso, c António Simões Santiago, do lugar dc Cimo de Vila, que lhe ofereceram, respectivamente, 30 000 c 60 000 réis.

Foi, decerto, para agradecer e perpetuar a magnanimidade real que a reedificação se integrou perfeitamente no estilo joanino.

Na capela-mor evidencia-se a tribuna majestosa c atraente, onde avulta uma grande cruz, sustcntanio a imagem de Cristo morto, em tamanho natural c talhada com uma perfeição invulgar, que esmiuça a anatomia humana

até ao mais pequeno pormenor e espelha o reflexo da divindade, inspirando toda a pureza sentimental da fé cristã e dignificando a escultura r.-lieiovt do século xvn.

Na parte da esquerda, apoiadas, em mísulas estilizadas, vêem-se duas imagens marianas, ambas primorosas: uma de Nossa Senhora do Rosário com o Menino ao colo, do século xvm, e outra do Sagrado Coração de Maria, do começo do século xrx.

A seguir ao arco cruzeiro, de cada lado da nave, há dois altares com evidentes características joaninas: magnificência ornamental que resulta das formas curvilíneas, dos medalhões e do uso da concha.

No primeiro altar da esquerda sobressai a imagem do Sagrado Coração de Jesus, obra feliz do escultor Vieira Bracarense (século xrx), e no segundo da direita pode contemplar-se a belíssima imagem dc Nossa Senhora da Piedade, obra do século xvm.

Quer dos lados do altar-mor, quer nos altares da nave, em mísulas e nichos bem distribuídos, encontram-se muitas, imagens de talhe moderno que respondem às invocações tradicionais e predilectas da piedade cristã da população.

Debaixo do coro e no canto esquerdo assenta a pia baptismal de granito cor-dc-rosa e forma oitavada, sob um arco decorado com um painel dc azulejos que evoca o episódio solene do baptismo de Jesus no rio Jordão.

No frontispício joanino da igreja, sobre a porta principal, voltada para o ocidente, em nicho altaneiro, de pé c exposto ao sol, à chuva e a todas as intempéries, enquadra-se um SantTago de pedra, a definir e a proclamar o seu u'tulo patronal.

Encostada ao lado direito da igreja e a substituir o campanário primitivo, ergue-se uma torre construída cm 1857, com uma cúpula em forma de bolbo c três sinos, entre os quais o chamado «sino grande», cujas badaladas se repercutem nas encostas e enchem o vale com efusões de alegria quando tocam a festa e com suspiros de angústia quando dobram a finados.

Constituem o tesouro da Igreja Paroquial quatro peças preciosas: um vistoso c rico ostensorio do século xvm, duas cruzes de prata, que abrem as procissões e fazem a visita pascal (compasso), e uma relíquia do Santo Lenho, encastoada numa cruz gótica, também dc prata, oferecida â Igreja Paroquial de Sant'Iago da Caldelas pelo P.e João Martins de Freitas.

Em meados do século xvm, quando foi reedificada, a Igreja Paroquial era muito grande para a população da freguesia; mas hoje acontece o contrário: é demasiado pequena. Por isso, nos últimos anos surgiu e gencralizou-sc a ideia de alargar a igreja. As obras dc ampliação estão cm curso e, dentro de pouco tempo, a largura da capcla-mor ficará sensivelmente igual ao comprimento da nave.

b) A Capela do Senhor da Saúde

Descendo a Rua do P.e João Martins de Freitas, ao chegar à avenida, depara-se com a Capela do Senhor da Saúde à direita. É uma capela revestida exteriormente dc azulejos.

No retábulo, por detrás do altar, uma linda imagem de Jesus, dc tamanho natural, com uma túnica de veludo roxo, cingida à cintura com uma corda, vergada sob o peso de uma enorme cruz de madeira, com o rosto sulcado pela tortura do sofrimento e olhar compassivo de imolação voluntária, a evocar a subida dolorosa e redentora do