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16 DE MARÇO DE 1991

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Calvário: é o Senhor da Saúde a despertar e a atrair a piedade e a fé das redondezas, com esperanças radiosas de cura e de milagre.

Faz companhia ao Senhor da Saúde uma Senhora das Dores, também vestida de roxo, de olhar baixo, esmagada pela dor, mas inteiramente solidária com o martírio voluntário do Filho.

A Capela do Senhor da Saúde, propriedade da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Freguesia de Caldelas, foi edificada em 1819 e reconstruída cm 1906.

Durante muito tempo, por se situar perto da Igreja Paroquial, a Capela do Senhor da Saúde esteve habitualmente fechada e semiesquecida do culto, abrindo-sc apenas por ocasião de cerimónias especiais ou da visita de romeiros.

Em 1958, a Capela do Senhor da Saúde foi remodelada e, a partir de então, começou a ser carinhosamente tratada, mantendo-se aberta ao longo do ano c todos os dias. Assim, reavivou-se a devoção ao Senhor da Saúde, retomou-se a tradição da sua festa anual e solene no l.9 domingo de Setembro e cresceu a afluência de romeiros, que, de perto e de longe, trazem ao Senhor da Saúde os tradicionais cantos de oração c as suas promessas, convertidas cm cera, dinheiro c ouro.

c) A Capela de Santo Ovídio

No topo do pitoresco lugar de Semadela e numa plataforma natural da encosta situa-se a Capela de Santo Ovídio. Trata-se de uma jóia simples e preciosa de estilo joanino.

É uma capela traçada cm cruz de braços iguais e abobadada, com um belíssimo retábulo onde se enquadra a imagem do titular, Santo Ovídio, terceiro arcebispo de Braga, de mitra e báculo, em posição de abençoar.

Numa lápide frontal está gravada a seguinte inscrição, que identifica o fundador e assinala a data da construção: «Jose Alves de Azevedo, sargento-mor na Comarca das Minas Gerais do Rio das Mortes, cavaleiro professo da Ordem de Cristo, natural da cidade de Braga, mandou fazer esta capela no ano de 1739» (versão actualizada).

Com a construção da actual capela desapareceu de todo a ermida primitiva que esteve na origem da devoção a Santo Ovídio no local c que não deixou qualquer vestígio.

Na evolução fonética do povo o nome erudito de Santo Ovídio deu o nome popular de Sant'Ouvido.

É muito provável que a fonética popular de SanfOuvido tenha influído, de algum modo, na origem da tradição que piedosamente confia à intercessão sobrenatural de Santo Ovídio todas as doenças dos ouvidos.

Ao longo do ano são frequentes os romeiros que sobem, cm grupos, até à Capela de Santo Ovídio para cumprirem promessas, oferecendo a «SanfOuvidinho» (invocação carinhosa e grata na piedade popular) dinheiro, velas e ouvidos de cera. O calendário bracarense celebra a festa de Santo Ovídio no dia 3 de Junho e, quando o dia 3 recai em dia de semana, o povo festeja-o no domingo seguinte.

A partir da Capela de Santo Ovídio, o traçado da estrada contorna a encosta para atenuar o declive até alcançar a lomba que avança suavemente para o cume.

d) Ermida de São Pedro Fins

No alto do monte há dois miradouros, sobre largos e fascinantes horizontes, que se completam harmoniosamente: o primeiro, mais elevado, com vista para nordeste e sul, localiza-se na calota onde assenta a Ermida de São Pedro

Fins; o segundo, em plano um pouco mais baixo, situa-se na muralha de rochas que limita a encosta do lado de Caldelas.

A Ermida de São Pedro Fins foi reedificada em 1869 c é meeira, constituindo um marco divisório entre as freguesias de Caldelas e Caires.

Devido à sua posição desabrigada no cume do monte, a Ermida sofria grandes estragos com o rigor dos ventos e das invernias, que lhe arrancavam as telhas, deterioravam as paredes e despedaçavam as portas, expondo-a à profanação dos pastores, que a transformavam, por vezes, em abrigo dos rebanhos. Foi por isso que, em 1950, os párocos de Caldelas e de Caires tomaram a iniciativa de cobrir a Ermida com uma placa de cimento e de a fechar com portas revestidas de chapa de ferro. Estas obras tormaram a Ermida mais pesada e fria, mas defendem-na eficazmente contra o ímpeto dos vendavais e contra o atropelo dos pastores.

A festa popular de São Pedro Fins celebra-se no 1.° domingo de Agosto.

D) Razões de ordem demográfica

É assim que, neste anfiteatro natural, o desenvolvimento de Caldelas .se relaciona estreitamente com o sítio, a arquitectura e a história.

Porém, as Termas de Caldelas têm-se desenvolvido extraordinariamente no tempo e no espaço: no tempo, sublinha-se o período desde 1882 até aos nossos dias, principalmente a partir de 1920; no espaço, assinala-se sobretudo o sucessivo melhoramento das instalações balneares até à sua modernização do presente com a especialização e o aumento multiforme da indústria hoteleira.

Todo aquele desenvolvimento que entrou num ritmo mais acelerado com a construção do novo balneário de 1923 define um período distinto e importante na história das Termas de Caldelas, a que fica bem o nome da Época Moderna.

Sem esquecer nem minimizar a iniciativa, a inteligência, a vontade e (por que não?) a audácia e o legítimo interesse dos homens (incluindo nestes expressamente a Empresa das Águas Minero-Medicinais de Caldelas e todos os que se dedicam à exploração da indústria hoteleira), convém sublinhar dois factores fundamentais, decisivos e concomitantes, um principal e outro derivado.

Factor principal: as próprias águas mineromedicinais com que a Natureza privilegiou Caldelas e que sempre têm operado prodígios sucessivamente confirmados.

Factor derivado: a afluência de aquistas, atraídos pelo nome, qualidade e eficácia das mesmas águas. A importância decisiva deste factor salta aos olhos de um modo evidente na estatística das inscrições anuais. Por se tratar de elementos muito elucidativos e talvez insuficientemente conhecidos, transcrevem-se alguns números (com a devida vénia), os mais antigos do opúsculo Seis Anos em Caldelas, do Dr. Ortigão de Oliveira, ex-director clínico das termas, e dos relatórios do Dr. Fernando Ferreira.

Senão vejamos:

1892 — 638 inscrições; 1902 — 704 inscrições; 1912 — 1175 inscrições; 1922 — 2214 inscrições; 1932 —1472 inscrições;