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1 DE FEVEREIRO DE 1992

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Enfim, o Seixal transformou-se rapidamente num dos principais cais da Outra Banda, garantindo a ligação entre Lisboa e o Sul do País. Numa dessas passagens por este cais, em meados do século xvn, Afonso VI, vindo de Azeitão, embarcou no Seixal, mandando aí erguer o letreiro: «Vila Nova do Seixal». Por este cais saíam os principais produtos, quer das povoações e quintas dos arredores quer da área da península de Setúbal.

No início do século xvi o Seixal possuía cerca de três dezenas de habitantes; os restantes moradores distribuíam-se pelas quintas agrícolas, que exploravam, sobretudo, vinho, fruta e lenha.

O intenso movimento de tráfego fluvial e de actividade marítima — a construção e reparação naval e a pesca — elevou o Seixal a grande centro de actividade económica, de modo que, no início do século xvra, frei Agostinho de Santa Maria afirmava, a respeito da população, que «quase todos aqueles moradores são marítimos e pescadores» e que era o maior e mais populoso lugar da freguesia de Arrcntela, possuindo então cerca de 400 habitantes.

O crescimento do Seixal reflectiu-se na construção de novos edifícios, designadamente da igreja. Em 1726 o primeiro patriarca de Lisboa, D. Tomás de Almeida, concedeu licença para a edificação da igreja matriz do Seixal, tendo-se realizado a escritura para a sua construção no dia 29 de Dezembro. Nesta data o número de habitantes rondava os 1200. A inauguração do novo templo setecentista, que foi edificado junto da antiga capela do século xvi, efecluou-se no dia 25 de Dezembro de 1728.

Em 23 de Junho de 1734, por permissão do cardeal patriarca, foi criada a freguesia do Seixal, tomando-se independente da de Arrentela.

Em 1744 fundou-se a Irmandade do Senhor Jesus dos Mareantes do lugar do Seixal da freguesia de Nossa Senhora da Conceição. Deste modo, cada vez mais se ia consagrando a vocação do «Seixal marítimo», notabilizando-se não só com os operários da construção naval, que construíram originais obras de arte de navegação, como as muletas, as fragatas, os varinos, os botes do Seixal, as bateiras, os barcos dos moinhos, as faluas, os catraios, as enviadas, entre muitas outras embarcações do Tejo, como também com os pescadores que sabiamente utilizaram a muleta, estandarte do Seixal e do estuário do Tejo.

Em terra ergueram-se famosas quintas, nomeadamente a Quinta da Fidalga, situada entre o Seixal e Arrcntela, que pertenceu a Sebastião da Gama Lobo, fidalgo da casa de Sua Majestade e escrivão da Fazenda.

Em 1755, com o terramoto de 1 de Novembro, a vila do Seixal viu quase todos os seus edifícios destruídos. A igreja foi restaurada em 1726, tendo sofrido diversos enxertos em 1858 e 1904 — a frontaria, de estilo barroco, é revestida de azulejos azuis e brancos.

A torre sineira, com três sinos e um relógio, data de 1776 e está igualmente revestida de azulejos do mesmo tipo; o interior é de uma só nave, coberta por um tecto de madeira com pinturas de Pereira Cão (1904).

A partir da segunda metade do século xvin, o progresso e o desenvolvimento económico iam-se acentuando cada vez mais na área do «rio do Seixal». Novas alterações se foram registando a nível quer económico, quer social, quer administrativo.

Em 6 de Novembro de 1836, no reinado de D. Maria ii, com a reforma administrativa do Liberalismo, foi criado o concelho do Seixal, com a sede no principal núcleo urbano histórico, ficando constituído pelas freguesias da Amora, Arrentela, Paio Pires e Seixal, que se desanexaram do Termo de Almada.

Com a criação do concelho do Seixal inaugurou-se uma nova etapa na vida das gentes da baía do Seixal. Para além de se fortalecerem as actividades económicas tradicionais, no século xix, surgiram os efeitos da revolução industrial com a instalação de novos estabelecimentos fabris, nomeadamente de sabão, produtos químicos e curtumes, no Seixal, e de lanifícios, na Arrcntela.

Ao mesmo tempo, o movimento associativo lançou os primeiros alicerces com a fundação, em 1848, da Sociedade Timbre Seixalcnse, cuja filarmónica era constituída por operários da construção naval. Depressa se constituíram outras associações de carácter recreativo e cultural, como a União Seixalense.

Entre 1895 e 1898 o concelho esteve extinto, tendo ficado a freguesia da Amora anexada a Almada e as freguesias do Seixal, Arrentela e Paio Pires integradas no concelho do Barreiro.

Na transição do século xix para o século XX, no Seixal, com 2258 habitantes, verificaram-se profundas mudanças nos diferentes sectores: económico, associativo, cultural e urbano.

Em 1896 foi fundada a Associação dos Pescadores do Seixal do Alto Mar; o Seixal foi elevado à categoria de

comarca.

Em 1901 iniciou-se a publicação do jornal O Sul do Tejo; fundou-se o grupo dramático Instrução e Recreio Timbre Seixalense e a Câmara Municipal autorizou a construção do coreto no Largo da Igreja.

Em 1902 um novo semanário começou a ser publicado, O Seixalense, e inaugurou-se a sede da Associação dos Pescadores.

Em 1906 instalou-se a firma MundeL

O Seixal esteve sempre aberto a iniciativas de vanguarda e progresso: no dia 27 de Maio de 1907 celebrou-se a festa escolar da árvore, a primeira no género que se realizou em Portugal, participando crianças e professores das escolas da vila, bem como o reitor do Liceu de Lisboa e Borges Grainha.

Todas estas actividades mostram que o Seixal, no início deste século, inaugurou uma nova etapa com transformações, sem perder a sua identidade. As fábricas, os cais, os estaleiros navais continuam a integrar-se na paisagem tradicional de pinhais e de praias que forneciam riqueza, uma paisagem atraente ao visitante e qualidade de vida ao residente.

Ao transporte fluvial e terrestre, em 1923, associou-se o caminho de ferro, com a inauguração da linha férrea entre o Barreiro e o Seixal. A vila expandiu-se para sul

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