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27 DE NOVEMBRO DE 1993

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Rosendo nasceu aqui perto, onde parece era sua vivenda na vila de salas que destruiu o tempo, e este sítio cai agora na freguesia, seguinte, que desta se erigio.

Foi este Mosteiro sujeito muitos anos depois e priorado de Galiza, que punha ali um Frade, e o convento comia a renda que de cá lhe ia, por consentimento dos Bispos do Porto, querendo o que São Rosendo quis, que vivessem seus religiosos nele. Não sabemos o tempo em que se variou esta Ordem, mas que poucos anos há, se mudou esta Igreja para outra parte da freguesia, em que ficou acomodando melhor os fregueses, que são 340 vizinhos. E comenda de Cristo e reitoeia da Mitra, que rende ao todo 150 000 réis, e para o comendador com a anexa seguinte, 500 000 réis.

São Miguel do Couto curado anexo de São Salvador de Monte Córdova, com quem se arrenda, foi feita pelos pais de São Rosendo, por Deus lhes dar este filho que nela servido, se baptizasse; um dos Altares do Cruzeiro está fundado sobre a pia com que o santo recebeo este sacramento, da qual se conta, que querendo trazê-la para Santo Tirso um abade, levando para isso muitos homens e bois, nunca a poderão mover, e voltando para seu lugar, umas fracas vacas, a levarão, tem o cura 60 000 réis de renda e o apresenta o reitor de São Salvador de Monte Córdova: tem 36 vizinhos.

Santa Cristina do Couto, vigararía que apresenta o Dom Abade de Santo Tirso, rende ao todo 50 000 réis, e para os frades 130000 réis, tem 80 vizinhos.»

Esta freguesia é índice de prestígio militar, gozou antigamente o nobre título de «Cavalaria» que andou unido aos seus privilégios e foi dado aos ricos homens e cavaleiros de alta estirpe.

Distinguem-se três espécies de cavalarias:

«Havia as cavalarias de honra; cavalarias que davam como honra; Cavalarias de Mesnada.»

As primeiras davam-se unicamente ao ricos homens que delas consignavam alguns frutos ou réditos aos seus «militares» ou cavaleiros fidalgos e de linhagem e aos filhos destes: estas eram perpétuas, e uma vez conseguidas não se revogavam.

Destas ainda restam no Minho, a Honra de Frazão, em Trás-os-Montes, a de Galegos, e na Beira, a de Salim.

Administrativamente, a antiga freguesia em 1258 estava incluída no concelho de «Refoyois» de Riba de Ave.

Em 1762 — era honra na vigararia do Porto.

Em 1811 —honra no Minho com juiz ordinário na comarca provedoria e diocese do Porto. Donatária a coroa.

Em 1821 — concelho no Minho, comarca do Porto e divisão eleitoral de Penafiel com duas freguesias.

Em 1826 — concelho na mesma província e comarca.

Em 1832 — concelho na comarca do Porto—já província do Douro.

Em 1836 — foi extinto o concelho de Frazão, como .muitos outros.

Em 1842 — figura Frazão como freguesia do concelho de Paços de Ferreira.

Em 1852 — na de Santo Tirso.

Em 1878 — na de Lousada.

Frazão tem como orago São Martinho. No censual da Sé do Porto, que mostra ter sido escrito nos fins do século xjv ou princípio do século xv, aparece a Igreja de São Martinho de «Farezam», pagando os direitos à diocese Portucalense.

Digo «Portucalense», para frisar que foi do nome desta diocese, também chamada Portugal, que derivou o da nacionalidade portuguesa — território diocesano que o

conde D. Henrique veio governar como comes civita te portucalense como governador desta província eclesiástica Civitas.

A casa da Praça é uma reminiscência das fidalgas tradições de Frazão. Pertenceu à família dos Barbosas.

O rei D. José concedeu a Gaspar Barbosa Carneiro em 1764 o hábito de Cristo.

Em 1766 o reverendo Dr. Agostinho Alves Barbosa é nomeado desembargador da mesa eclesiástica do bispado do Porto.

Em 1787, a rainha D. Maria, tendo em consideração os merecimentos de Gaspar Alves Barbosa, nomeia-o capitão da companhia formada na freguesia de São Martinho da Honra de Frazão, do concelho de Refoios de Riba de Ave.

A principal romaria da freguesia de Frazão realiza-se em 2 de Fevereiro em honra de Nossa Senhora das Candeias.

Frazão é uma povoação populosa, progressiva, com bons prédios e de notável actividade comercial e industrial.

Património de valor evocativo, histórico ou arquitectónico:

Igreja de Frazão — a fachada principal é uma das mais bonitas de todas as igrejas do concelho. No interior tem tecto com caixotões, que muito a valorizam.

Casa da Praça (século xvm) — uma das mais belas casas solarengas do concelho. Tem uma capela de exuberantes rendilhados. De salientar a chaminé e também o telhado que sofreu um restauro, não condizente com o original.

Lugar do Castelo — há quase a certeza de existir um castro soterrado. Castro era uma povoação com cerca de 3000 anos a. C. — uma espécie de vila em comparação com a Citânia de Sanfins, que era a cidade. Tinham a mesma cultura.

Alto da Alegria — lugar onde existiu a Forca.

Capela de São Brás — muito antiga, chamada de Santa Maria Alta, era mais baixa que actualmente, tinha três arcos na frente e uma galilé (espécie de alpendre), tem belos azulejos e um ex-voto muito antigo, que estava na sacristia. No lado da estrada, no seu soco, tem pedra com lavoures castrejos — provenientes de um castro, pois.

Lugar de Castro — existe um castro soterrado. Ao abrir a estrada apareceram restos de cerâmica (louça de barro), que se encontram no Museu de Sanfins.

Casa da Traineira — por trás desta casa existe soterrada uma necrópole (cemitério) romana.

Casa do Leal -— foi aí o antigo tribunal da honra e concelho de Frazão.

Quinta] do Bernardino da Paula, o de Cima — lugar onde existiu a Picota (pelourinho), aí se amarravam os presos para serem chicoteados. Dizem que é o actual pelourinho existente em Paços.

Vila Formosa — exemplo de casa de «Brasileiro», abundantes nesta parte alta de Frazão.

Casa do Pinheiro-Polidor — antigo albergue de almocreves (transportadores em burros, de mercadorias). Ainda há pouco tempo lá existiam argolas de ferro, de os prender, e ali teve origem a conhecida família Bentes.

Casa da Farmácia — antiga residência do juiz.

Lugar do Carvalho — antigo carvalhal chamado Souto, onde se efectuou uma feira, que foi excomungada.

Tajo —a uns 200 m, no caminho em frente ao café Brito, rumo a Castanheiras, uma mamoa da época megalítica, de há cerca de 6000 anos (4000 a. C.) cujo nome quer dizer pedra grande. Lugar de enterramento e santuário, chama-se dólmen ou anta quando descoberta; quando coberta de terra, como aqui acontece, seu nome