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II SÉRIE-A — NÚMERO 33

O comércio e indústria atribuem também contornos muito significativos à povoação, pese embora até metade do século xx, e depois, a agricultura ser uma constante, com espaços representativos. Mas o sector secundário veio transformar aquela que já foi a segunda maior freguesia do concelho, com a instalação da UNICER, EFACEC e SEPSA (entretanto falida no final da década de 80). Fruto de uma rede viária, considerada de excelência, como disso são caso a via norte, as antigas estradas Porto-Póvoa e Porto-Braga, as linhas férreas de Guimarães e Leixões, bem como o futuro IP 4.

A rede de transportes públicos é satisfatória, sendo que o grande problema até há bem poucos dias era o da ligação à sede do concelho, possuindo agora uma carreira — a 130, da empresa privada Resende— que abrange uma grande parte da freguesia, desde o seu extremo norte a oeste, passando pelo centro. No que concerne à rede da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP), esta opera com sete linhas (2, 7, 54, 71, 85, 87 e 95) e empresas de camionagem, Leça do Bailio possui ligações aos principais centros urbanos da Região Norte, como as cidades do Porto, Maia, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende, Barcelos, Braga, Guimarães, Póvoa de Lanhoso, Fafe, Viana do Castelo, Monção, Arcos de Valdevez, Ponte de Lima e Melgaço.

Por tudo isto a agricultura foi sendo subalternizada, desenvolvendo-se o pequeno comércio, que se espalha por toda a freguesia e que no início da década de 90 trouxe o serviço autogrossista Makro, que se confunde com as indústrias e alguns terrenos de agricultura minifundiários dos já poucos agricultores.

Resumo histórico

Indícios de existência de monumentos megalíticos em freguesias vizinhas, nomeadamente Custóias, podem significar que já no Neolítico, há cerca de 5000 anos, o homem utilizava o território do que hoje é a freguesia de Leça do Bailio, sendo que os vestígios mais antigos que possui da fixação humana datam apenas de há 2500 anos, com a provável existência de um pequeno castro — povoado da Idade do Ferro — na elevação de Recarei, hoje lugar de São Sebastião.

Evidentes são os vestígios romanos. O processo de romanização iniciado nesta região por volta do século 1 da nossa era, legou a Leça do Bailio um espólio enorme. Várias pedras'de aparelho romano, muitas das quais almofadadas, são visíveis na torre de menagem da igreja do mosteiro, indicando a preexistência no local de um importante edifício romano. Outro, recolhido em 1945 na Quinta do Alão, trata-se de uma ara com uma inscrição dedicada a Júpiter, e é, de resto, o documento escrito mais antigo do concelho. Para além disto, há vestígios ligados à viação romana, como é a ligação de Olísipo (Lisboa) a Bracara Augusta (Braga), que cruza o rio Leça e é hoje denominada «Ponte da Pedra», outro é a ponte de Ronfes ou da Azenha, no lugar do Araújo, que ligava Cedofeita à Maia.

Suevos e Visigodos aqui se fixaram nos séculos VI e VII, mas é em 1003 na Alta Idade Média que encontramos o documento que refere a existência no lugar do Souto de um eremitério, que estará posteriormente na origem no mosteiro de Leça do Bailio. Este monumento magnífico consegue absorver toda a história da freguesia e projectá-

la mais além. O Couto de Santa Maria de Leça do Bailio (que ainda hoje é o seu orago) era todo o território possuído pelo mosteiro e que a Ordem de São João do Hospital (extinta em 1834) exercia todo o tipo de poder económico, administrativo e jurídico (à excepção da pena capital) e abrangia, para além de Leça do Bailio, os territórios de Custóias, São Mamede de Infesta, Barreiros e São Faustino de Guifães, tendo durante dois séculos sido a capital de concelho das freguesias de Custóias e São Mamede de Infesta,por carta de foral concedida em 4 de Junho de 1519 pelo rei D. Manuel.

A riqueza das terras explica o aparecimento de propriedades importantes, como são o caso da Quinta do Alão, nos finais do século xv, e que possui um solar seiscentista com intervenções nos séculos XVII e xvm. No século xvm aparece a Quinta do Chantre, projecto de Nicolau Nasoni, e que serviu para casa de férias do cónego da Sé do Porto, Domingos Barbosa, ou a Quinta de Fafiães, todas elas classificadas como imóveis de interesse público.

Possui a freguesia vários edifícios religiosos, como a capela de São Félix de Picoutos, datada do século xvu, a igreja de São Pedro do Araújo ou a Capela da Nossa Senhora do Desterro, na Quinta de Fafiães.

Se em 1706 a freguesia possuía só 170 fogos, em 1862 eram 500 e os habitantes ascendiam a 1530. Daqui até aos tempos presentes não mais a população deixou de crescer.

Na sequência do triunfo liberal, Leça do Bailio assiste à extinção das ordens religiosas e os direitos e privilégios da Ordem de São João do Hospital, que serviu de abrigo aos muitos peregrinos do Caminho de Santiago que por aqui passavam com destino a Compostela, vê-los perdidos e integrados no concelho de Bouças (actual concelho de Matosinhos) em 1835, onde em 1832-1833 durante a guerra civil D. Miguel se instalara na Quinta da Ponte da Pedra, nesta freguesia.

No século XIX e primeira metade do século XX crescia a rede viária e transportes públicos e em 1846 é construída uma ponte pênsil de ferro e madeira (já desaparecida) para dar passagem sobre o rio Leça a um novo troço de estrada Porto-Braga. A Ponte da Pedra deixa agora de ser um lugar de elite e o eléctrico de n.° 7 descarrega todos os fins-de--semana inúmeros tripeiros e forasteiros para usufruírem do parque de merendas e irem a banhos no rio.

No século xx vem a industrialização e com ela as grandes empresas para a freguesia — a Fábrica de Fiação e Tecidos da Ponte da Pedra (1934), juntamente com a Sociedade Portuguesa de Algodão (1940) e a Fábrica de Tecidos Lionesa (1948), que eram os primeiros sinais evidentes de crescimento, mas a UNICER, EFACEC e SEPSA, da segunda metade do século XX, depressa se tornaram os ex-líbris. Muito contribuiu a linha de Leixões, criada em 1932, e depois a linha de Guimarães, que passa pelo local de Araújo. Mas com o automóvel a via norte, nos anos 60, torna-se a principal via da freguesia que substitui as antigas estradas de Porto-Póvoa e Porto-Braga, mas que em breve ficará ultrapassada, com o IP 4.

Por último, como já foi referido, a evolução demográfica tem o seu maior crescimento no nosso século, contando, em 1911, com pouco mais de 3000 habitantes. A segunda metade é fulcral, contando agora com mais de 18 000 habitantes.

De referir que o edifício da junta de freguesia, construído no início dos anos 70, é da autoria do arquitecto Arménio Losa.

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