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2348 | II Série A - Número 058 | 16 de Janeiro de 2003

 

Desde os finas do século XVII, e com particular incidência ao longo dos dois séculos seguintes, Custóias reforçará não só as suas potencialidades e práticas agrícolas como, fruto das transformações políticas e sócio-económicas registadas no País, assistirá ao aparecimento de novos senhores - fidalgos uns, ricos proprietários de origem burguesa e fundiária outros - que se fixarão na freguesia, fazendo aparecer algumas construções de arquitectura cuidada e senhorial, como é o caso da barroca Casa de Sam Thiago ou da "brasileira" Casa do Major. Belo exemplar da arquitectura religiosa deste período é também, no seu aspecto actual, a Igreja de Custóias, possuidora no seu interior de significativos retábulos barrocos em talha dourada.
A primeira metade do século XIX, fruto dos relevantes episódios político-militares ocorridos no Porto e nas suas cercanias, colocará Custóias por diversas vezes na ribalta da evolução social e política do País e em momentos decisivos do processo histórico nacional. Foi o caso da passagem pela freguesia do exército liberal de D. Pedro IV, após o desembarque liberal dos "7500 bravos". Significativo foi também o papel que Custóias, nomeadamente o seu Monte S. Gens, desempenhou durante o Cerco do Porto, como um dos locais de maior importância estratégica para as tropas absolutistas de D. Miguel.
O final do século XIX voltaria a colocar Custóias e o seu Monte S. Gens como protagonistas de um acontecimento de indiscutível importância nacional: a construção do Porto de Leixões - a maior obra de engenharia até então realizada em Portugal. Foi, com efeito, da intensa exploração do monte como pedreira (conduzindo mesmo à sua total desaparição) que resultou os grandes blocos graníticos utilizados na edificação dos gigantescos molhes daquela estrutura portuária. Para tal desde muito cedo Custóias viu-se ligada, por via férrea, a Matosinhos e Leça da Palmeira. A fixação na freguesia de um grande número dos operários e suas famílias, que laborava nesta colossal pedreira, foi um dos primeiros sinais das profundas transformações demográficas e urbanas que a industrialização e a evolução sócio-económica da freguesia conheceriam no século XX.
Foi explosivo o crescimento de Custóias ao longo do último século, inserindo-se na dinâmica sistémica que culminou no aparecimento do aglomerado urbano e populacional praticamente contínuo que hoje designamos por Área Metropolitana do Porto. Com pouco mais de três mil habitantes no Censo de 1930, Custóias regista hoje mais de 17 000 habitantes, predominando, do ponto de vista produtivo, a indústria, comércio e a prestação de serviços. As suas raízes agrícolas, a que estavam associadas práticas e tradições hoje salvaguardadas por múltiplas instituições culturais e folclóricas da freguesia, são ainda visíveis nalgumas áreas de dimensão considerável classificadas como Reservas Agrícolas e Ecológicas no Plano Director Municipal.
O significativo crescimento urbano e demográfico de Custóias, que se vem acentuando nas últimas décadas, foi acompanhado pelo desenvolvimento de um número muito considerável de equipamentos colectivos e sociais e pela criação de estruturas cívicas e associativas que, salvaguardando a identidade deste território e criando novos pólos de sociabilidade e cidadania, permitiram que esta milenar povoação não se convertesse num mero "dormitório" do Porto ou de Matosinhos.
Dever-se-á, deste modo, salientar a existência em Custóias dos seguintes serviços públicos e equipamentos colectivos:
- Dois estabelecimentos pré-escolares da rede pública (e diversos jardins de infância particulares);
- Três escolas do ensino básico, do 1.º ciclo;
- Uma escola do ensino básico, dos 2.º e 3.º ciclo;
- Uma escola do ensino básico, dos 3.º ciclo e do ensino secundário;
- Um estabelecimento prisional de importância regional e nacional (o Estabelecimento Prisional do Porto);
- Dois postos de assistência médica;
- Três farmácias;
- Uma estação dos CTT - Correios de Portugal;
- Duas agências bancárias;
- Uma piscina municipal;
- Um pavilhão gimnodesportivo municipal;
É também significativo o número de associações culturais, desportivas, recreativas e de solidariedade social existentes em Custóias:
- Associação Académica de Custóias;
- Associação dos Amigos do Padrão da Légua;
- Associação de Moradores de S. Gens;
- Associação Recreativa, Cultural e Desportiva do Bairro de Custóias;
- Atlético Desportivo "Os Polonenses";
- Centro Social e Cultural de Custóias;
- Clube de Aeromodelismo do Norte;
- Custóias Futebol Clube;
- Esposende Futebol Clube;
- Estrelas Gondivinho;
- Grupo Desportivo "Os Amigos da Pesca";
- Grupo Desportivo de Custóias;
- Grupo Desportivo de Joarte;
- Grupo Desportivo, Recreativo e Cultural "Alto do Avilhó";
- Grupo Dramático "União e Progresso";
- Grupo Folclórico de S. Tiago de Custóias;
- Leões de Custóias Futebol Clube;
- Olímpicos Futebol Clube;
- Rancho Típico de Esposade;
- Rolar Custóias Clube;
- Sporting Clube de S. Gens.
Ainda como indicador do dinamismo demográfico e económico da freguesia não se poderá deixar de referir que Custóias possui, no ramo da restauração, aproximadamente uma dezena de restaurantes e mais de 30 cafés e snack-bares.
Uma palavra é também necessária para evidenciar a conhecida e famosa Feira de Custóias que atrai semanalmente, aos sábados, milhares de pessoas de todo o Grande Porto, penetrando mesmo para fora deste. Trata-se, com efeito, de uma das mais antigas, populares e concorridas feiras da região, que não só tem sabido resistir mas até crescer face à crescente hegemonia económica dos centros comerciais e de outras grandes superfícies.
Esta feira, como toda a freguesia, beneficia de uma significativa rede de acessibilidades e transportes, da qual destacaremos necessariamente:
- A antiga linha ferroviária do Porto à Póvoa da CP/REFER, actualmente em processo de adaptação à