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1652 | II Série A - Número 030 | 22 de Janeiro de 2004

 

PROJECTO DE LEI N.º 401/IX
ELEVAÇÃO DA VILA DE ESTARREJA, NO CONCELHO DE ESTARREJA, DISTRITO DE AVEIRO, À CATEGORIA DE CIDADE

Razões históricas

Situada numa campina nas margens do Rio Antuã, aparece referida em textos medievais sob a designação de "Paróquia Antunana", conhecendo-se a sua primeira alusão nos fragmentos das Actas do Concílio de Lugo (aproximadamente no ano de 569).
Antuã não só designa a vila rústica que engloba parte da freguesia de Beduído e parte da de Salreu (S. Martinho de Salreu), mas igualmente o rio que as atravessa e desagua na Ria de Aveiro.
No século XIII D. Sancho dá foral a sete povoadores de Beduído e Antuã passa senhorio civil para o Mosteiro de Arouca, facto devidamente confirmado na Carta passada por D. Afonso III a 25 de Outubro de 1257, em Coimbra, a doar os Coutos de Antuã e Avança ao referido Mosteiro em troca do Couto de Bouças.
Por essa altura há ainda notícias de Igreja em Beduído.
Ao topónimo Beduído são referidas algumas proveniências, sendo a mais conhecida a da palavra árabe Badaui (bedoino), que significa homem do campo, daqui se podendo depreender que este local tenha sido habitado por camponeses.
O resto da toponímia da freguesia indica um povoamento pré e pós nacional (ex. Areosa, Castro/Crasto, Paço). Os hagiotopónimos Santo Amaro (posterior ao século XIII) e Santiago (pré-nacional) indica cultos antigos.
Antuã recebeu Foral de D. Manuel a 15 de Novembro de 1519, em Évora.
No entanto, durante os séculos XVI e XVII vão-se encontrando nomeações oficiais para Antuã e também para Estarreja, que começa a surgir como concelho, acabando este por substituir por completo o primeiro.

A origem do nome Estarreja

A primeira referência ao nome Estarreja acontece em 1353, numa escritura de doação da quarta parte do Casal de Stareia, terrenos próximos dos actuais Paços do concelho e a área a nascente e sul.
Alguns anos depois surgem também em escrituras duas variantes ao topónimo Estareia e Destareixa.
Na opinião conceituada do saudoso Dr. José Tavares, já que o lugar se situava sobre as largas águas que o Rio Antuã formava até à foz, os Romanos lhe chamaram Aestuaria e mais tarde, por ser uma povoação situada sobre um esteiro, Esteireja.
Outra explicação para o nome popular seria derivar de Esta é Régia como protesto dos foreiros contra o pagamento dos foros às freiras.

Passado, presente e futuro da vila de Estarreja

Datam de 1707 registos da Vila de Estarreja, designação que não mais deixaria de possuir.
O Padre Carvalho da Costa em Corografia Portuguesa descreve importantes informações sobre o que era a vila nesse ano:
"Tinha duas ermidas, 150 vizinhos, vereadores, procurador, escrivão, tabeliães, alcaide, capitão-mor, com quatro companhias de ordenanças e o seu termo compreendia as freguesias de Santiago de Beduído, S. Bartolomeu de Veiros, Santa Maria da Murtosa e Santa Marinha de Avanca."
No século XVIII a freguesia de S. Tiago de Beduído enquadrava-se na província da Beira Baixa, bispado do Porto, Comarca de Esgueira, termo da vila de Estarreja e pertencia ao Mosteiro de Arouca.
Após a reforma administrativa de Mouzinho da Silveira (1832), é criado em 1835 o concelho de Estarreja e a respectiva comarca.
A vila era a sede da freguesia, da comarca e do concelho. Existiam aí os principais serviços públicos que mais tarde se viriam a concentrar no edifício dos Paços do Concelho, mandados erigir por Francisco Barbosa e inaugurados em 1896.
Já no século XX o espaço conhecido como vila - área mais central - começou a confundir-se com todos os lugares da freguesia e hoje podemos concluir que a vila é todo o território de Beduído.

O brasão

Em 1936, com parecer favorável da secção de heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses, foi aprovado o brasão da vila, que sobre um fundo preto representa os símbolos que mais importância tinha à época - a pesca (com três peixes) e a agricultura (com seis espigas de trigo), destacando-se a representação do curso de água que lhe serviu de berço, o Rio Antuã.
A vila de Estarreja, com o conjunto das sete freguesias que integram o concelho com o mesmo nome, alberga alguns belos exemplos de arquitectura religiosa que servem igualmente para mostrar a religiosidade de um povo que em romarias de grandes tradições venera os seus Santos Padroeiros em reposições fiéis de vivências do passado.
Também são de realçar exemplares importantes de arquitectura particular.

Património histórico-cultural da vila de Estarreja

Igreja Matriz de S. Tiago de Beduído:
Construída no século XVIII, restando da primitiva edificação o portal da fachada principal do século XVI. O interior é sóbrio, possui um púlpito rectangular (1668), duas misulas de feição coimbrã, uma pia baptismal e dois retábulos colaterais do tipo joanino final (séc. XVIII). Contém ainda um retábulo em talha dourada de finais de setecentos, adornado com um painel em relevo representando Cristo Ressuscitado. A escultura mais antiga de S. Tiago está colocada no nicho da frontaria e é de calcário do século XVI. Há uma lápide com inscrição do reinado de D. Afonso III. Este templo tem sido objecto de reformas de conservação.
Capela de Santo António:
Localizada na Praça Francisco Barbosa, foi construída na primeira metade do século XVIII.
Da construção anterior pode ver-se a utilização de calcário ançanense, o patamar do Altar com a escada encaixada. Tanto o retábulo como o arco da esquerda datam do século XIX. Encerra o nicho da frontaria uma escultura "Virgem com o Menino" de calcário da renascença coimbrã.
Capela de Santa Barbara:
Situada no lugar de Beduído, foi construída no final do século XIX. Trata-se de uma construção do tipo comum onde só a sineirita da empena e os vãos principais são de cantaria. Retábulo de calcário ançanense datado de 1582, esculturas talhadas na própria