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Sábado, 23 de maio de 2015 II Série-A — Número 136

XII LEGISLATURA 4.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2014-2015)

S U M Á R I O

Ministério das Finanças e da Administração Pública (Conta Geral do Estado 2013):

— Relatório da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública e pareceres das Comissões Parlamentares, da Unidade Técnica de Apoio Orçamental e do Conselho Económico e Social.

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MINISTÉRIO DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

(CONTA GERAL DO ESTADO 2013)

Relatório da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública e pareceres das

Comissões Parlamentares, da Unidade Técnica de Apoio Orçamental e do Conselho Económico e

Social

Relatório da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública

ÍNDICE

PARTE I – CONSIDERANDOS

1. Nota introdutória

2. Enquadramento macroeconómico em 2013

3.As previsões macroeconómicas para 2013: do orçamento inicial à execução Orçamental

4. Políticas económicas que influenciaram a execução orçamental em 2013

5. Dívida Pública

6. Fluxos Financeiros com a União Europeia

7. Fluxos Financeiros entre o Orçamento do Estado e o Sector Público Empresarial

8. Fluxos Financeiros com as Regiões Autónomas e com as Autarquias Locais

9. Benefícios Fiscais; Subsídios e outras formas de apoio

10. Património do Estado

11. Orçamento e conta da Segurança Social

PARTE II – OPINIÃO DO DEPUTADO RELATOR

PARTE III – CONCLUSÕES

PARTE IV – PARECER

PARTE V – ANEXOS

PARTE I – CONSIDERANDOS

1. Nota introdutória

A Conta Geral do Estado relativa ao ano de 2013 foi enviada à Comissão de Orçamento, Finanças e

Administração Pública (COFAP) em 1 de julho de 2014, encontrando-se em conformidade com o disposto na

Lei de Enquadramento Orçamental (LEO), a qual estabelece “ as regras relativas à organização, elaboração,

apresentação, discussão e votação das contas do Estado, incluindo a da segurança social”1.

A Lei de Enquadramento Orçamental estabelece, entre outros aspetos, o conteúdo, o prazo para

apresentação (30 de junho do ano seguinte àquele a que respeite) e a forma de publicação da Conta Geral do

Estado 2.

Nos termos do disposto na alínea d) do artigo 162.° da Constituição da República Portuguesa (CRP), compete

à Assembleia da República, no exercício das suas funções de fiscalização, tomar as contas do Estado e das

demais entidades públicas que a lei determinar, com o parecer do Tribunal de Contas (TC) e os demais

elementos necessários à sua apreciação.

Audições e Pareceres

No uso das suas atribuições, e no exercício das competências e controlo político em matéria de Conta Geral

do Estado, a Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública solicitou a emissão de Parecer à Conta

1 Alínea c) do Artigo 1.º da Lei n.º 91/2001, de 20 de agosto. 2 Artigos 73.º a 80.º da Lei n.º 91/2001, de 20 de agosto.

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Geral do Estado de 2013 ao Conselho Económico e Social (CES) e ao Tribunal de Contas (TC), tendo procedido

no âmbito deste processo às seguintes audições:

i) Tribunal de Contas, no dia 13 de janeiro de 2015;

ii) Conselho Económico e Social, no dia 16 de janeiro de 2015;

iii) Governo, no dia 28 de janeiro de 2015.

O parecer do Tribunal de Contas sobre a CGE 2013 foi enviado à Comissão de Orçamento, Finanças e

Administração Pública em 18 de dezembro de 2014, para que esta se pronunciasse sobre as matérias da sua

competência e, nos termos do artigo 107.° da CRP, e da alínea c) do n.º 2 do artigo 206.º do Regimento da

Assembleia da Republica.

A COFAP solicitou ao Conselho Económico e Social um Parecer sobre a CGE 2013, nos termos do disposto

na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º da LEO, inserindo-se no âmbito das competências próprias daquele organismo,

nomeadamente das que estão associadas à natureza de órgão consultivo e de concertação no domínio das

políticas económicas e sociais, tendo o referido Parecer sido aprovado em reunião plenária do CES realizada

em 12 de janeiro de 2015.

No dia 13 de janeiro de 2015 decorreu a audição ao Tribunal de Contas, através do Conselheiro Presidente,

Guilherme d’Oliveira Martins, e dos Juízes Conselheiros Relatores José Luís Pinto Almeida (Coordenador), José

de Castro de Mira Mendes, António Augusto dos Santos Carvalho e António Manuel Fonseca da Silva, tendo

sido salientadas as seguintes conclusões:

i) Âmbito do Parecer

O Parecer do TC à CGE incide sobre a atividade financeira do Estado, incluindo a Segurança Social nos

domínios das receitas, das despesas, da tesouraria, da dívida pública e do património e sobre a sustentabilidade

das finanças públicas nacionais.

ii) Elaboração do Parecer

Foi elaborado por quatro Conselheiros relatores, sendo um deles o coordenador, e envolve um trabalho

permanente de acompanhamento da atividade financeira do Estado, sendo aprovado pelo Tribunal em Plenário

Geral.

iii) Acesso à Informação

Para um correto acompanhamento da atividade financeira do Estado é necessária uma adequada

disponibilização da informação residente nos sistemas de informação da Administração Pública.

iv) Aprovação

O Parecer do Tribunal de Contas à Conta Geral do Estado de 2013 foi aprovado em reunião do respetivo

Plenário Geral, realizada em 15 de dezembro de 2014.

v) Parecer sobre a CGE de 2013

O Parecer é composto por um volume repartido por 4 partes: Enquadramento Macroeconómico e Orçamental,

Conta Geral do Estado, Conta da Segurança Social e Conclusões, Recomendações e Juízo sobre a Conta;

No âmbito dos trabalhos de elaboração do Parecer da Conta Geral do Estado de 2013, merecem destaque

7 situações apresentadas em caixas individualizadas:

Aplicação da contabilidade patrimonial na Administração Central, Parque Escolar, Cancelamento de

derivados financeiros (swaps) das EPR, Acompanhamento dos mecanismos de assistência financeira a

Portugal, Saldo das Receitas e das despesas orçamentais relativas ao BPN, Caixa Geral de Aposentações e

Riscos para a sustentabilidade das finanças públicas.

vi) Aplicação do Plano Oficial de Contabilidade Pública na Administração Central

De acordo com o Tribunal de Contas, no final de 2013 os estabelecimentos de educação e ensino não

superior e os serviços externos do MNE ainda não utilizavam a contabilidade patrimonial, nestes serviços,

apenas será adotada a contabilidade patrimonial coma a aplicação do Sistema de Normalização Contabilística-

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AP (cuja aprovação está prevista para 2015 e que irá revogar o POCP e planos sectoriais) e a criação de

estruturas organizativas/ contabilísticas de suporte.

vii) Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal (PAEF)

O Tribunal de Contas aprovou a realização de uma ação plurianual, que tem vindo a acompanhar a

implementação das medidas previstas no programa de assistência económica e financeira a Portugal e o seu

impacto nas contas públicas.

Em 2014, a avaliação incidiu sobre as medidas de política orçamental e orçamentais estruturais para o sector

da saúde previstas no PAEF e o seu impacto na CGE de 2013.

viii) Banco Português de Negócios (BPN)

O Tribunal de Contas vem prestando uma particular atenção ao reflexo orçamental da intervenção do Estado

no BPN, que em 2013 resultaram essencialmente da atividade das sociedades veículo Parvalorem, Parups e

Parparticipadas.

No final de 2013, a despesa líquida acumulada resultante da intervenção do Estado no BPN atingia € 2 206

M, resultado dos saldos parciais de € 747 M de 2011, € 983 M de 2012 e € 476 M de 2013.

As garantias efetivas do Estado concedidas ao BPN e sociedades veículo totalizavam € 3.920 M.

ix) Grau de Acolhimento das Recomendações

Relativamente ao grau de acolhimento das recomendações formuladas no Parecer sobre a CGE de 2011

(incluindo as formuladas no Parecer da CGE de 2010, não reiteradas no Parecer da CGE de 2011) foram

acolhidas total ou parcialmente em 65%.

x) Conclusões e Recomendações

Com vista a melhorar a fiabilidade e o rigor da CGE e para a correção de erros e deficiências, o Tribunal de

Contas formulou 86 recomendações, tendo sido dirigidas à Administração Central 56 recomendações e 30 à

Segurança Social.

xi) Juízo sobre a CGE de 2013

Nos termos da sua Lei de Organização e Processo 3, o Tribunal de Contas no parecer sobre a Conta Geral

do estado, incluindo a da Segurança Social, “emite juízo sobre a legalidade e a correção financeira das

operações examinadas”.

Quanto à Administração Central (SI e SFA) são colocadas reservas, ênfases e identificada limitação de

âmbito.

Reservas quanto aos sistemas contabilísticos, de legalidade e de correção financeira.

Ênfases quanto à legalidade e correção financeira.

Quanto à limitação de âmbito porque a CGE não inclui a receita e a despesa de sete Fundos Autónomos e

de dezasseis EPR, o que subvaloriza a receita e despesa total.

Quanto à conta da Segurança Social, são colocadas reservas e ênfases quanto à legalidade e correção

financeira.

O CES foi ouvido no dia 16 de janeiro de 2015, tendo intervindo nesta audição o seu Presidente, Dr. José

Silva Peneda, bem como o Relator Conselheiro Dr. Adriano Pimpão.

A emissão do presente parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2013 insere-se no âmbito das

competências constitucionais e legais do Conselho Económico e Social (CES).

A CGE 2013 apresenta progressos no sentido duma maior legibilidade das contas públicas dando sequência

ao sempre defendido pelo CES ao longo de vários pareceres. No entanto torna-se necessário prosseguir nesta

linha muito especialmente no que se refere ao SEE e às PPP.

Os resultados da execução orçamental em 2013 permitem confirmar o elevado risco das medidas de

execução orçamental no que se refere à sua interação com a recessão/recuperação da atividade económica e

as inevitáveis consequências de ordem social.

3 Artigo 41.º, n.º 2.

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Outra conclusão refere-se à subida da carga fiscal em 2013 e à necessidade de segmentar e quantificar as

componentes relativas à subida das taxas dos impostos e aos resultados do combate à fraude e evasões fiscais.

Duma forma mais geral, o CES considera que a CGE deverá ser, para além de um documento de prestação

de contas na ótica contabilística e financeira, um instrumento político que permita igualmente avaliar a forma

como as medidas de política foram executadas, tendo como referência os compromissos assumidos no

correspondente Orçamento do Estado e os seus efeitos económicos e sociais.

A COFAP ouviu também o Governo, através de audição ao Sr. Secretário de Estado Adjunto e do Orçamento,

Dr. Hélder Reis, no dia 28 de janeiro de 2015.

Para além do Tribunal de Contas e do Conselho Económico e Social, emitiram ainda parecer sobre a CGE

2013 a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) e as Comissões Parlamentares Permanentes.

A UTAO apresentou o Parecer Técnico n.º 5/2014, datado de 29 de dezembro de 2014, ao abrigo do artigo

10.º-A da Resolução da Assembleia da República n.º 20/2004, de 16 de fevereiro, aditado pela Resolução n.º

53/2006, de 7 de agosto e, posteriormente, pela Resolução n.º 57/2010, de 23 de julho e pela Resolução n.º

62/2014, de 30 de junho, e no mandato expresso no respetivo Plano de Atividades.

Segundo o parecer da UTAO, “O ano 2013 foi marcado pela continuação da recessão da economia

portuguesa, ainda que numa intensidade menor do que no ano anterior, num contexto de recessão na área do

euro. A evolução negativa da procura interna continuou a ser compensada pelo contributo positivo das

exportações líquidas, que permitiram a obtenção de uma capacidade líquida de financiamento face ao exterior.

Este contexto macroeconómico demonstrou-se mais adverso do que o inicialmente previsto, o que terá

contribuído para a revisão de alguns dos objetivos orçamentais estabelecidos no âmbito da assistência

financeira da UE e do FMI.

A Comissão de Orçamento Finanças e Administração Pública solicitou às demais Comissões Parlamentares,

nos termos do artigo 205.º do Regimento da Assembleia da República, o envio de parecer sobre a CGE de 2013,

relativamente às respetivas áreas de competência.

Legislação relevante

O Orçamento do Estado para 2013 (OE 2013) foi aprovado pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, tendo

as normas de execução orçamental para 2013 (DLEO) sido aprovadas pelo Decreto-Lei n.º 36/2013, de 11 de

março.

O OE2013 destaca-se pelas medidas de consolidação orçamental, parte das quais transitaram do exercício

antecedente, com vista ao cumprimento dos limites definidos em cada uma das revisões do Programa de

Assistência Económica e Financeira (PAEF), designadamente:

 Suspensão do pagamento do subsídio de férias aos trabalhadores da administração pública e do sector

empresarial, nos mesmos termos em que vigorou em 2012; no caso dos reformados, ficou suspenso o

pagamento de 90% deste subsídio 4;

 Manutenção das reduções salariais e proibição das valorizações remuneratórias, bem como congelamento

do valor nominal das pensões;

 Redução do montante das ajudas de custo relativas a deslocações ao estrangeiro e alteração das

condições de abono de ajudas de custo em território nacional;

 Redução em 50% na compensação sobre o valor do pagamento do trabalho extraordinário em dia normal

de trabalho e em dia de descanso semanal ou feriado;

 Aproximação do regime de proteção social público ao da segurança social no que respeita à doença (não

pagamento de baixas médicas até 3 dias e redução de 10% na remuneração diária, não reembolsável, a partir

do 4.º até ao 30.º dia) e à reforma (passando a considerar-se a idade de 65 anos para a passagem à aposentação

e de 60 anos no caso dos militares e polícias);

 Redução em 50% do número de trabalhadores com contrato de trabalho em funções públicas a termo

resolutivo e ou com nomeação transitória face aos existentes em 31 de dezembro de 2012, com exclusão dos

que sejam cofinanciados por fundos europeus;

4 Quanto ao subsídio de Natal, determinou-se o seu pagamento (em regime de duodécimos) pretendendo-se dar cumprimento ao Acórdão n.º 353/2012, de 5 de julho, do Tribunal Constitucional. Os artigos 29.º, 31.º e 77.º da LOE/2013, foram considerados inconstitucionais pelo Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 187/2013, de 5 de abril – Parecer do Tribunal de Contas á CGE 2013.

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 Criação de uma contribuição extraordinária de solidariedade (CES), entre 3,5% e 10%, a aplicar a pensões

a partir de € 1.350; para pensões de valor superior a € 5.030, previu-se uma redução cumulativa, à semelhança

da aplicada em 2012 (15% sobre o montante que exceda € 5.030 mas que não ultrapasse € 7.545 e 40% sobre

o montante que ultrapasse € 7.545);

 Diminuição do número de escalões de IRS de 8 para 5 e aumento das taxas marginais de cada escalão e

alterações dos intervalos de cada escalão. A taxa mínima aplicável passou de 11,5% para 14,5% e a taxa

máxima de 46,5% para 48%;

 Diminuição dos limites globais para as deduções à coleta relativas, nomeadamente, a despesas de saúde,

de educação ou formação, encargos com lares e encargos com imóveis;

 Criação de uma sobretaxa de 3,5% em sede de IRS aplicável ao rendimento coletável que exceda o valor

anual da retribuição mínima mensal garantida por sujeito passivo;

 Diminuição do limite mínimo para a aplicação da taxa adicional de solidariedade (2,5%), introduzida em

2012, de € 153.300 para € 80.000;

 Aumento das taxas liberatórias aplicáveis aos rendimentos de capitais de 25% para 28%;

 Aumento dos impostos sobre: álcool e bebidas alcoólicas, tabaco e de circulação;

 Tributação em imposto do selo dos prémios dos jogos sociais, na parte que exceda € 5.000;

 Tributação em sede de IVA das transmissões de bens efetuadas no âmbito de atividades de produção

agrícola e de prestações de serviços relacionadas com esta atividade;

 Prorrogação até 31 de dezembro de 2013 do regime da contribuição sobre o sector bancário;

 Manutenção da derrama estadual, com novos limites;

 Manutenção do valor do indexante dos apoios sociais (IAS) em € 419,22;

 Os subsídios concedidos no âmbito das eventualidades de desemprego e de doença, por períodos

superiores a 30 dias, passam a estar sujeitos a uma contribuição de 6% e 5%, respetivamente 5;

 Renegociação das parcerias público-privadas (PPP), prevendo-se uma redução dos encargos em € 250

M;

 Redução dos custos operacionais do sector empresarial do Estado, através, entre outras medidas, da

redução de 3% dos trabalhadores (excluindo os hospitais);

Redução da despesa com indemnizações compensatórias a atribuir em 2013 (menos € 48,6 M);

 Redução de despesas com bens de investimento a realizar pelas entidades públicas empresariais

reclassificadas (EPER) em cerca de € 240,8 M;

 Redução de transferências para fundações.

Durante o ano de 2013 foram aprovadas duas alterações à Lei do Orçamento do Estado.

A primeira alteração, através da Lei n.º 51/2013, de 24 de julho, foi necessária devido ao aumento de despesa

exigido no seguimento da decisão do Tribunal Constitucional e consistente com os resultados da sétima missão

de avaliação do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro.

A segunda alteração, através da Lei n.º 83/2013, de 9 de dezembro, visou segundo o Governo, “ em maior

detalhe, do lado da receita, destacam-se os efeitos relativos: à não concretização do total de poupanças

esperadas com a execução dos fundos comunitários; ao adiamento da concessão de infraestruturas portuárias

para 2014; e à revisão em baixa da estimativa de receita contributiva para o sistema de pensões da Caixa Geral

de Aposentações.

Do lado da despesa, assumem particular relevância: a transferência para o orçamento da Caixa Geral de

Aposentações, de modo a acomodar a menor receita face à previsão inicial; os pagamentos devidos pelas

responsabilidades assumidas a nível europeu, designadamente contribuições adicionais para o Orçamento da

União Europeia, na sequência das suas sucessivas revisões; e ainda a transferência do Orçamento do Estado

para o orçamento da segurança social, destinada ao financiamento dos maiores encargos com pensões.

O impacto deste conjunto de operações no défice orçamental é acomodado pelas receitas provenientes do

regime excecional de regularização de dívidas fiscais e à segurança social.

5 O Tribunal Constitucional declarou a inconstitucionalidade do artigo 117.º da LOE que previa esta medida (Acórdão n.º 187/2013, de 5 de abril), depois reformulada na Lei n.º 51/2013, de 24 de julho (primeira alteração ao OE/2013) – Parecer do Tribunal de Contas à CGE 2013

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Destacam-se ainda, com impacto positivo no esforço de consolidação orçamental, a revisão em alta da

receita fiscal, como resultado da melhoria das perspetivas macroeconómicas, e o registo de menores encargos

com juros face à estimativa anterior”.

Ainda segundo o Governo: “a alteração é consistente com os resultados da oitava e nona missão de avaliação

do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro”.

Com efeito, a política orçamental do ano de 2013 traduz, em grande medida, o efeito das medidas marcadas

pelo Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) concretizadas pela assinatura do Memorando de

Entendimento, em 17 de maio de 2011, com a Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco

Central Europeu e posteriores Revisões.

O Regime Jurídico-financeiro do Estado rege-se, em primeira instância, pela Constituição da República

Portuguesa, salientando-se em matéria orçamental e financeira a Lei de Enquadramento Orçamental, criada

pela Lei n.º 91/2001, de 20 de agosto, a qual “estabelece as regras de enquadramento dos orçamentos e contas

do setor publico administrativo nomeadamente no que toca à organização, elaboração e execução do orçamento

do Estado, seu conteúdo e estrutura, as normas que orientam a execução, o controlo orçamental e a

responsabilidade financeira, a apresentação das contas e os princípios e os procedimentos em matéria de

estabilidade orçamental”.

A atividade financeira do estado encontra-se ainda enquadrada pelo Regime da Administração Financeira do

Estado (RAFE), de qual se destacam os seguintes diplomas:

• Lei n.º 8/90, de 20 de fevereiro: Lei de Bases da Contabilidade Pública;

• Decreto-Lei n.º 155/92, de 28 de julho: Regime da Administração Financeira do Estado (RAFE);

• Decreto-Lei n.º 232/97, de 3 de setembro: Plano Oficial de Contabilidade Pública (POCP):

• Decreto-Lei n.º 191/99, de 5 de junho: Regime de Tesouraria do Estado;

• Decreto-Lei n.º 301/99, de 5 de agosto: Regime de Contabilização das Receitas do Estado;

• Decreto-Lei n.º 26/2002, de 14 de fevereiro: Regime jurídico dos códigos de classificação económica das

receitas e das despesas públicas e da estrutura das classificações orgânicas aplicáveis aos organismos da

administração central.

No ano de 2012, através da Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro, foi publicada a Lei que Aprova as regras

aplicáveis à assunção de compromissos e aos pagamentos em atraso das entidades públicas (LCPA), a qual

veio introduzir um conjunto de princípios, regras e procedimentos a adotar na realização da despesa pelas

entidades incluídas no âmbito de aplicação subjetiva da LEO e pelas entidades públicas do Serviço Nacional de

Saúde.

A LCPA visava evitar a acumulação dos pagamentos em atraso, prevendo ainda a existência de planos de

liquidação de pagamentos em atraso a elaborar pelas entidades que se encontrassem nessa situação e

estabelecendo novas regras e um controlo mais rigoroso sobre a assunção de compromissos plurianuais.

O presente relatório analisa a CGE 2013, tendo como base na sua elaboração o próprio relatório da CGE

2013 e o parecer emitido pelo Tribunal de Contas, sendo também tidos em consideração os pareceres do CES

e da UTAO, bem como a apresentação realizada pelo Sr. Secretário de Estado Adjunto e do Orçamento aquando

da audição parlamentar.

2. Enquadramento macroeconómico em 2013

Durante o ano de 2013, o “crescimento da economia mundial continuou a abrandar, apesar da aceleração

do crescimento das economias avançadas. A economia mundial cresceu 3,3% em 2013, o que resultou de um

crescimento de 1,4% das economias avançadas e de 4,7% das economias de mercado emergentes e em

desenvolvimento. Este crescimento em termos mundiais representa um ligeiro abrandamento face a 2012 e o

estreitamento da diferença entre as economias avançadas, que cresceram mais do que em 2012, e as

economias de mercado emergentes e em desenvolvimento, que cresceram menos6.

6 In Parecer técnico n.º 5/2014 da UTAO

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O gráfico seguinte7 evidencia de forma clara o comportamento da economia internacional.

No conjunto dos Estados-membros da área do euro “continuou a registar-se uma contração da atividade

económica, não se verificando a recuperação esperada no OE/2013. A economia da área do euro registou o

segundo ano consecutivo de contração da atividade económica, tendo o PIB diminuído 0,7% e 0,4% em 2012 e

2013, respetivamente. Esta evolução continuou a ser revestida de uma elevada heterogeneidade entre países.

Na Alemanha verificou-se um crescimento do PIB de 0,5%, inferior ao do ano anterior e abaixo do valor previsto

no OE/2013; em França a atividade económica manteve o crescimento de 0,3%; em Itália registou-se uma

recessão de 1,9%, mais acentuada do que o esperado inicialmente; e, em Espanha, o PIB contraiu 1,2%” 8.

A recessão iniciou-se no final de 2011 e prolongou-se até ao primeiro trimestre de 2013, tendo a economia

da área do euro retomado o seu crescimento nos trimestres seguintes.

O gráfico seguinte9 mostra o comportamento de cada uma das economias dos Estados-membros da área do

euro.

7 In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013 8 In Parecer técnico n.º 5/2014 da UTAO 9 In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013

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Neste enquadramento, em “relação a Portugal, o ano de 2013 fica marcado pelos primeiros sinais de inversão

do ciclo económico, onde se destaca o comportamento menos negativo da procura interna e a manutenção de

um contributo positivo da procura externa líquida.

A atividade económica registou uma contração de 1,4%, a qual compara com uma quebra de 3,2% em 2012.

A recuperação da atividade resultou da melhoria das expectativas das famílias e das empresas, e está associada

ao reforço da competitividade externa e à consolidação do excedente externo (para +2,6% do PIB).

Em termos do mercado de trabalho, observou-se um aumento da taxa de desemprego para 16,2% (15,5%,

em 2012) e uma redução do emprego de 2,6% (-4,4%, em 2012).

No entanto, a taxa de desemprego reduziu-se de 17,7% no 1º trimestre, para 15,3%, no último trimestre do

ano” 10.

O quadro seguinte 11 sintetiza os principais indicadores macroeconómicos de Portugal no período de 2013 a

2013.

Em 2013“a economia portuguesa melhorou o saldo positivo da balança corrente e de capital, que se traduziu

numa capacidade líquida de financiamento de 2,3% do PIB (0,1% do PIB em 2012). Esta evolução foi, sobretudo,

explicada por uma melhoria do saldo da balança de bens e serviços, 2,1% (0,1% em 2012). A evolução da

balança financeira continuou a refletir a redução dos passivos líquidos de investimento de carteira e a entrada

de fundos nas Administrações Públicas (AP’s) associada aos desembolsos no âmbito do PAEF “ 12.

Em 2013,“o défice das AP’s, na ótica da contabilidade nacional (SEC 2010), situou-se nos 4,9% do PIB,

menos 0,6 p.p. do que em 2012. A dívida bruta das AP’s manteve uma trajetória crescente, estimando-se que

tenha atingido 128,0% do PIB no final do ano, o que compara com 124,8% em 2012” 13.

3.As previsões macroeconómicas para 2013: do orçamento inicial à execução Orçamental

O cenário de base do OE 2013 e as correspondentes revisões nos dois orçamentos retificativos foram

elaborados no contexto das avaliações regulares ao PAEF pelo que as previsões macroeconómicas refletem, à

data, a informação da CE e do FMI.

10 In Conta Geral do Estado de 2013 11 In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013 12 In Banco de Portugal – Boletim Estatístico, novembro de 2014 13 In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013

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A política orçamental em 2013 foi condicionada por três cenários macroeconómicos, sendo o inicial

apresentado em outubro de 2012 com o OE 2013, o mais estruturante. Seguiram-se dois orçamentos retificativos

apresentados, em maio e em outubro de 20133, que atualizaram as previsões iniciais.

O cenário original e as revisões subsequentes estiveram condicionados pela evolução económica

internacional, em particular da UE, incorporando também, nas respetivas atualizações, o impacto das alterações

a medidas de política orçamental inicialmente previstas.

No quadro seguinte apresenta-se o cenário macroeconómico apresentado no Relatório do OE 2013 (ROE

2013) em comparação com o Documento de Estratégia Orçamental (DEO) para os anos de 2012/2016, o qual

constitui o último documento de programação orçamental (de médio prazo) elaborado antes da apresentação

da proposta do OE 2013, e com os subsequentes documentos de política orçamental aprovada durante a sua

execução que apresentavam revisões ao cenário macroeconómico para 2013 (o relatório do primeiro OE

retificativo de 2013 – ROER 2013, o DEO para 2013/2017 e o ROE 2014). Apresenta-se também a comparação

das previsões oficiais com as projeções efetuadas pelo Banco de Portugal (BdP) e pela OCDE 14.

Em termos de reporte de informação sobre o cenário macroeconómico utilizado nos documentos de política

orçamental, o ROE 2013 apresentou os riscos inerentes ao cenário macroeconómico de base e análises de

sensibilidade à evolução negativa das hipóteses externas (aumento no preço do petróleo, aumento das taxas

de juro de curto prazo e diminuição da procura externa) e à maior contração da economia nacional (diminuição

da procura interna e aumento da taxa de desemprego). Esta informação representa uma melhoria qualitativa no

processo de produção de previsões macroeconómicas.

14 In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013

Página 11

23 DE MAIO DE 2015 11

O quadro seguinte mostra-nos os desvios entre as previsões macroeconómicas e os valores verificados.

O cenário macroeconómico apresentado no OE 2013 e as suas atualizações subsequentes apresentadas

quer com o orçamento retificativo, em maio de 2013, quer com o ROE 2014, em outubro de 2013, demonstraram

existir uma oscilação das expectativas de evolução da atividade económica que se traduziu na variação de

sentido contrário das previsões dos grandes agregados macroeconómicos ao longo do ano. Em termos de taxa

de variação do PIB, as previsões apresentadas no OE 2013 de uma queda de 1%, foram inferiores à queda de

1,4% verificada. O orçamento retificativo e o ROE 2014 apresentaram um desvio em sentido inverso, sendo de

salientar o desvio da previsão de queda do PIB, em maio de 2013, 0,9 p.p. superior ao verificado 15.

4. Políticas económicas que influenciaram a execução orçamental em 2013

Em relação à execução dos serviços integrados (SI) são de destacar as seguintes considerações:

“A receita efetiva do Estado apresentou uma execução superior em 1.018,1 M€ ao objetivo estabelecido

através da LOE2013, com as alterações decorrentes de dois orçamentos retificativos. Quanto à variação

homóloga, a receita efetiva, em 2013, apresentou uma execução superior em 3,4% ao ano precedente.

Nos impostos diretos (aumento de 3.781,5 M€, 27,7%) destaca-se o aumento da cobrança do IRS (3.226,0

M€), complementado com a melhoria na cobrança do IRC (814,5 M€). O desempenho no IRS foi determinado

pelo primeiro ano de vigência da Declaração Mensal de Remunerações, enquanto no IRC deve-se evidenciar o

RERD e o aumento da tributação sobre as grandes empresas;

Nos impostos indiretos, o aumento registado no IVA, 449,0 M€, reflete a recuperação da atividade económica

e a maior eficácia do combate à evasão fiscal e à economia paralela, em consequência do Regime Excecional

de Regularização de Dívidas Fiscais e à Segurança Social, da reforma da faturação e dos documentos de

transporte. Também, a partir de 2013 passou a ser contabilizado para efeito de execução orçamental o IVA

Social;

Nos “Rendimentos da propriedade”, a variação de 602,6 M€ deve-se aos juros (de empréstimos a EPR e

instrumentos de capital contingente) e dividendos de sociedades financeiras (340,6 M€ do Banco de Portugal);

A variação negativa em “Transferências de capital” explica-se pela transferência em 2012 do Fundo de

Pensões da Banca (2.687,1 M€);Em “Outras receitas de capital”, a diminuição de 633,5 M€ é justificada pelo

efeito da cobrança, em 2012, de 800,0 M€ da concessão de serviço público aeroportuário (400 M€ em 2013) e

de 272,0 M€ do leilão de frequências 4G (20,0 M€ em 2013);

15 In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013

Página 12

II SÉRIE-A — NÚMERO 136 12

A despesa efetiva situou-se a um nível inferior em 55,6 M€ [ao objetivo da 2.ª alteração ao OE]. A despesa

corrente foi superior em 68,4 M€ (essencialmente pelo pagamento de compensação financeira por conta de

verba recebida pela concessão de recursos hídricos em 2007) e a de capital inferior em 124 M€, sendo a

evolução das suas componentes:

Despesa com pessoal (+9,4%) – Em resultado da reposição dos subsídios de férias e de Natal bem como da

atualização dos encargos com a CGA e Segurança Social. Numa situação comparável, estas despesas

registariam uma quebra de 5,3%, em virtude das reduções no número de efetivos, com destaque para a

Educação;

Transferências correntes (+1,0%) – salientam-se: Segurança Social (lei de bases e contabilização do IVA

social); Administração Local (diferente repartição entre natureza corrente e de capital do Fundo de Estabilização

Financeira; União Europeia (Orçamentos Retificativos); SNS (reposição do subsídio de férias e 13.º mês); Ensino

Superior e respetivos serviços de ação social (subsídio de férias, 13.º mês e contribuição para a CGA);

Subsídios (+64,3%) – essencialmente do pagamento excecional de compensação financeira a várias

entidades de verba relativa ao equilíbrio económico-financeiro pela concessão de recursos hídricos;

Outras despesas correntes (+26,3%) – refletem o aumento da taxa de financiamento de 75% para 85% no

âmbito do Programa Operacional Potencial Humano;

A redução da despesa de capital (-41,6%) resulta em grande parte de eventos ocorridos em 2012:

Transferências de capital (-39,3%) –efeito de base de 348 M€ para a RTP e da diferença entre transferências

(correntes e de capital) para a Administração Local (já referida); nas Aquisições de bens de capital (-64,1%) –

pelo pagamento em 2012, de 286 M€, dos terrenos do Aeroporto de Lisboa e pela redução em 45,7% da dotação

da Lei de Programação Militar;

Os ativos financeiros registaram um decréscimo homólogo de 5,1 mil M€ explicado pelo efeito de base de

2012 nos instrumentos de capital contingente (5,4 mil M€ a favor do BCP, BPI, e CGD); redução dos

empréstimos de médio e longo prazo a EPR (0,5 mil M€, sobretudo empresas veículo do BPN e Metropolitano

de Lisboa); Em sentido inverso, a recapitalização do BANIF (1,1 mil M€);

O decréscimo nos passivos financeiros em 4,6 mil M€ resulta principalmente dos seguintes efeitos: Menor

volume de títulos de médio e longo prazo (-5,5 mil M€); Efeito de base de 2012 respeitante a empréstimos de

curto prazo (-3 mil M€)” 16.

16 In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013

Página 13

23 DE MAIO DE 2015 13

Quanto à análise da execução dos serviços e fundos autónomos (SFA) sublinhamos:

“No ano de 2013 ocorreram diversas alterações orgânicas, relacionadas com a conclusão PREMAC, iniciada

em 2011, e com a restruturação da orgânica do XIX Governo Constitucional.

O saldo global do subsector dos SFA situou-se abaixo do objetivo subjacente à segunda alteração ao OE2013

em 169 M€, resultado que é explicado pela evolução desfavorável da receita efetiva (-4,1%) parcialmente

compensado pelo comportamento da despesa efetiva (-3,4%).

O desvio na receita efetiva, em -1.132 M€, é essencialmente justificado pela evolução negativa das receitas

próprias (taxas de justiça, venda de bens e serviços das EPR e receita da CGA), que contribuíram com 729 M€

para aquele desvio. Contribuiu ainda a execução inferior ao previsto da receita de fundos europeus.

A despesa efetiva situou-se 963 M€ abaixo do objetivo implícito à segunda alteração orçamental, sobretudo

pelas despesas de investimento da Parque Escolar, poupança na aquisição de bens e serviços e execução das

EPR.

Realça-se ainda os encargos financeiros das EPR abaixo do previsto (liquidação antecipada de contratos

swap) e o menor volume de encargos no processo de reprivatização do BPN” 17.

5. Dívida Pública

Dívida Financeira – Dívida direta dos SI

Como se verifica pela análise do quadro seguinte “a dívida consolidada aumentou em 2013 e, paralelamente,

os títulos da dívida pública (CEDIC, CEDIM, BT, OT, ECP, consolidados e rendas perpétuas) na posse do Estado

aumentaram 4,8%, totalizando € 18.691 M, em resultado de um aumento dos títulos na posse de SFA (+5,3%)

e na posse da SS (+4,2%). Já os SI em 31/12/2013 detinham -6,3% de títulos de dívida pública do que em

31/12/2012 18”.

17 In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013 18 In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 14

Em relação à “dívida pública de curto prazo aumentou 9% e o seu peso no total da dívida consolidada

aumentou, passando de 8,6% em 31/12/2012 para 8,9% em 31/12/2013. Por seu turno, a dívida consolidada de

médio e longo prazo aumentou 4,7% e representava 91,4% do total da dívida consolidada em 31/12/2012 e

91,1% em 31/12/2013. Estes valores respeitam, no essencial, à dívida direta do Estado, gerida pelo IGCP.

Contudo, apurou-se também dívida por recurso a locação financeira de uma entidade19“.

Desde a assinatura do PAEF que se observa um aumento do peso dos empréstimos de médio e longo prazo

no total da dívida.

No ano em apreço, os empréstimos do PAEF foram, mais uma vez, a principal fonte de financiamento e,

consequentemente, o peso destes no stock da dívida voltou a aumentar, passando de 36% do total da dívida

consolidada em 31/12/2012 para 39,1% em 31/12/2013.

Por sua vez, a dívida representada por obrigações do Tesouro reduziu o seu peso no total da dívida,

passando de 48% do total da dívida consolidada em 31/12/2012 para 44,4% em 31/12/2013.

Para além dos empréstimos do PAEF, também a dívida a retalho, representada por CA, CT e CTPM1,

aumentou ligeiramente o seu peso no stock da dívida consolidada, passando de 6,3% em 2012 para 6,6% em

2013.

Já os restantes instrumentos de médio e longo prazo (CEDIM, consolidados e rendas perpétuas) diminuíram

o seu peso no total da dívida pública consolidada.

Dívida Financeira – Dívida direta dos SFA

São 25 as entidades integrantes deste subsector que apresentavam passivos financeiros tais como créditos,

títulos, locações ou derivados financeiros, em 20131. Destas, as mais significativas são empresas que foram

reclassificadas como serviços autónomos e integradas no Orçamento do Estado a partir de 2012,

designadamente Arsenal do Alfeite, SA, Empresa de Meios Aéreos, SA, ENATUR – Empresa Nacional de

19 In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013.

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23 DE MAIO DE 2015 15

Turismo, SA, Estradas de Portugal, SA, Metropolitano de Lisboa, SA, Metro do Porto, SA, Parque Escolar EPE,

PARUPS, SA, PARVALOREM, SA, Rede Ferroviária Nacional – REFER, EPE e Radio e Televisão de Portugal,

SA. Com base no inquérito efetuado, concluiu-se que o valor nominal do stock da dívida era de € 23.641,4 M

em 31/12/2012 passando a € 24.823,7 M em 31/12/2013 (valores não consolidados), isto é, aumentou de €

1.182,4 M (5,0%). Esta evolução compreende um aumento da dívida resultante da contratação de empréstimos,

9,6%, e de uma diminuição da restante dívida 20.

Consolidada a informação obtida pelo Tribunal de Contas obtemos os valores constantes no quadro seguinte,

quanto ao valor nominal do stock da dívida consolidada do Estado.

Dívida de Maastricht

A dívida na ótica de Maastricht tem subjacentes princípios das contas nacionais e especificações para efeitos

do PDE, que a diferenciam da noção de dívida financeira do Estado.

As responsabilidades brutas da dívida de Maastricht não englobam, as relativas a derivados financeiros pois

não têm um valor nominal na mesma aceção dos outros instrumentos. Também não abrangem outros débitos

(onde se incluem, nomeadamente, as dívidas comerciais) 21.

Compara-se no quadro seguinte a dívida direta do Estado e dívida de Maastricht.

20 In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013 21 In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013

Página 16

II SÉRIE-A — NÚMERO 136 16

Garantias do Estado

No final de 2013 as responsabilidades assumidas pelo Estado por garantias pessoais prestadas totalizavam

cerca de € 36 814 M aumentando € 267 M face ao ano anterior, conforme quadro seguinte.

6. Fluxos Financeiros com a União Europeia

Face a 2012 verificou-se uma redução do saldo dos fluxos financeiros entre Portugal e a União Europeia

devido a redução dos fluxos provenientes da UE e ao aumento das transferências de Portugal para a UE,

conforme gráfico seguinte.

Execução do QREN

Face ao valor total da despesa pública executada em 2013 (€ 3.937,4 M), o cofinanciamento comunitário

representou 85,1% contra 88,9% em 2012. Esta taxa superior a 85% ficou a dever-se à repercussão em 2012

do aumento das taxas de cofinanciamento incluído na reprogramação estratégica do QREN e que surtiu efeito

em todas as operações anteriormente aprovadas.

As transferências oriundas da União Europeia no ano de 2013 totalizaram € 4.258,0 M, devido sobretudo aos

reembolsos de FEDER (€ 2.206,0 M) e de FSE (€ 1.194,8 M) para os respetivos Programas Operacionais, fruto

dos bons níveis de execução registados 22.

22In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013

Página 17

23 DE MAIO DE 2015 17

Execução dos Programas Operacionais financiados pelo FEADER e FEP

Os quatro programas operacionais cofinanciados pelo FEADER receberam em 2013 da União Europeia um

total de € 656,5 M. O montante mais significativo destinou-se ao Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER)

(€ 586,5 M), sendo os restantes montantes muito inferiores (€ 43,8 M transferidos para o Programa de

Desenvolvimento Rural da Região Autónoma dos Açores (PRORURAL), € 22,1 M para o de Desenvolvimento

Rural para a Região Autónoma da Madeira (PRODERAM) e € 4,1 M para o Programa para a Rede Rural Nacional

(PRRN). No mesmo período foi registada a entrada de € 34,3 M com destino ao Programa Operacional Pesca

(PROMAR), no âmbito do Fundo Europeu das Pescas (FEP).

A maioria destes programas operacionais atingiu em 2013 níveis de execução superiores ao montante anual

previsto, tendo o PRRN conseguido mesmo uma taxa de execução da despesa comunitária de 212,6% (€ 3,6

M), recuperando dos baixos valores de execução registados nos anos anteriores. No mesmo período

verificaram-se taxas de execução de 119,1% (€ 616,5 M) no PRODER e 101,5% (€ 26,5 M) no PRODERAM. O

PRORURAL executou um valor próximo do previsto para o ano –96,9% (€ 43,0 M), mas o PROMAR registou

uma taxa de execução anual de apenas 53,8% (€ 19,2 M) 23.

7. Fluxos Financeiros entre o Orçamento do Estado e o Sector Público Empresarial

Dos fluxos financeiros entre os dois sectores resultou um saldo desfavorável de € 998 M para a Administração

Central, conforme discriminação no quadro seguinte.

23 In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013

Página 18

II SÉRIE-A — NÚMERO 136 18

8. Fluxos Financeiros com as Regiões Autónomas e com as Autarquias Locais

O OE previa, inicialmente, transferências para a administração regional no montante de € 561 M (€ 242 M

para a Madeira e € 319 M para os Açores), valor que não incluía os fluxos transferidos pela segurança social (€

132 M) e os ativos financeiros/empréstimos (€ 500 M). Este valor global inicial, de € 1.193 M, sofreu anulações,

de € 50 M, no subsector segurança social, ascendendo no final, a € 1.143 M. A execução orçamental foi de €

1.001 M (incluindo € 82 M da segurança social), menos € 439 M que em 2012, conforme se mostra no quadro

seguinte 24:

O OE, no Mapa XIX –“Participação dos Municípios nos Impostos do Estado”, previa a transferência de €

2.284 M2, destinando-se € 2.129 M às autarquias do continente, € 92 M dos Açores e € 63 M da Madeira,

incluindo o Fundo de Equilíbrio Financeiro (FEF), o Fundo Social Municipal (FSM) e a participação variável no

IRS.

No Mapa XX –“Participação das Freguesias nos Impostos do Estado”, inscreveu € 184 M de transferências,

respeitando € 175 M às freguesias do continente, € 4 M às da Madeira e € 5 M às dos Açores, correspondentes

ao Fundo de Financiamento das Freguesias (FFF).

24 In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013.

Página 19

23 DE MAIO DE 2015 19

A execução (abrangendo transferências, subsídios e empréstimos) foi a que se evidencia seguidamente 25:

Os fluxos financeiros das Regiões Autónomas para a Administração Central foram no montante de € 53 M

em 2013 que compara com € 33 M de 2012.

Os fluxos financeiros da Administração Local para a Administração Central foram no montante de € 97 M em

2013 que compara com € 75 M de 2012.

9. Benefícios Fiscais; Subsídios e outras formas de apoio

Em termos globais a despesa fiscal de 2013 registou um acréscimo de 63,0% face ao ano anterior, para o

qual contribui o significativo aumento verificado ao nível da despesa fiscal do IS e do IRC.

Grande parte deste acréscimo é explicada pela consideração em 2013, pela primeira vez, de despesa fiscal

em IS, relativa à verba 1.2 da Tabela Geral do Imposto do Selo (TGIS, 305,5 milhões de euros), e em IRC, a

relativa a entidades isentas (97,2 milhões de euros), SGPS e transmissibilidade de prejuízos (157,5 milhões de

euros).

Não considerando aqueles valores, o acréscimo da despesa fiscal em 2013, em relação a 2012, seria de

7,5%.

Deve ainda ter-se presente, na quantificação apresentada, o facto de apenas se considerarem os benefícios

obtidos por sujeitos passivos no continente 26.

25 In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013 26 In Conta Geral do Estado de 2013

Página 20

II SÉRIE-A — NÚMERO 136 20

O quadro seguinte releva a particular preponderância das isenções tributárias nos tipos de despesa fiscal, as

quais abrangem todos os impostos, apesar de terem especial peso no IRC e IS. As deduções à coleta, para as

quais concorrem apenas o IRS e IRC, são claramente o segundo agregado27.

O quadro despesa fiscal por função evidencia o peso assumido pelos “Assuntos económicos” e “Proteção

social”, funções que representam 91,3% da despesa total concedida em 2013 28.

27 In Conta Geral do Estado de 2013 28 In Conta Geral do Estado de 2013

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23 DE MAIO DE 2015 21

Subsídios e outras formas de apoio

Constam do quadro seguinte os apoios financeiros não reembolsáveis pagos nos três últimos anos pela

administração central – serviços integrados e SFA, excluindo a CGA, a entidades não pertencentes ao sector

público administrativo, correspondentes às classificações económicas subsídios e transferências correntes e de

capital 29:

29 In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013.

Página 22

II SÉRIE-A — NÚMERO 136 22

Na despesa com apoios financeiros não reembolsáveis, a maior parcela foi concedida a título de

transferências correntes (51,7%) seguindo-se, subsídios (31,9%), e transferências de capital (16,3%) e está

concentrada em quatro Ministérios que representaram 88,7% do total: Agricultura e do Mar, € 970 M (30,3%),

Educação e Ciência, € 779 M (24,4%), Finanças, € 510 M (15,9%) e Solidariedade, Emprego e Segurança

Social, € 434 M (13,6%).

Os SFA pagaram € 2.216 M (69,2%) e os serviços integrados € 984 M (30,8%)30.

10. Património do Estado

Património Financeiro

Em 2013 o património financeiro cresceu, em termos globais, de € 67.561 M (em 2012) para € 71.585 M (3,2

%), repartido por um aumento de 6,5% nos SI, de 8,2% nos SFA e de um decréscimo de 3,9% nas EPR, como

se evidencia no quadro seguinte

Património Imobiliário

O Tribunal de Contas “ sublinha que continua em falta o inventário geral dos bens imóveis do Estado e dos

institutos públicos.

Note-se que, desde 2007, é obrigação legal da DGTF elaborar esse inventário, anualmente, com referência

a 31 de dezembro, para servir de base à elaboração dos balanços que devem acompanhar a CGE.

Porém, de uma amostra aleatória de 125 registos extraída do SIIE em junho de 2014 (para verificar a

fiabilidade dos dados sobre proprietário, ocupante, área, valor patrimonial, registo predial e inscrição matricial),

apenas 46 (37%) indicam valor patrimonial”.

11. Orçamento e conta da Segurança Social

A conta da Segurança Social apresenta as alterações às previsões de receita e às dotações de despesa do

Orçamento da Segurança Social aprovado pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, estando as normas de

execução orçamental estabelecidas no Decreto-Lei n.º 36/2013, de 11 de março, assim como, a primeira e

segunda alteração ao Orçamento do Estado de 2013 através da Lei n.º 51/2013, de 24 de julho e Lei n.º 83/2013,

de 09 de dezembro, respetivamente 31.

30 In Parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do Estado 2013. 31 In Conta Geral do Estado de 2013.

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23 DE MAIO DE 2015 23

O valor inscrito em “Créditos Especiais”, no ano de 2013, no montante de 226,0 milhões de euros resulta de:

• 2,0 milhões de euros aprovados por Despacho do MSSS de 12/03/2013, na fonte de financiamento Fundo

socorro Social –Receitas próprias, tendo em vista a sua aplicação em “Subsídios a Famílias” no Fundo Socorro

Social, em sequência do tornado do Algarve;

• 0,4 milhões de euros aprovados por Despacho do SESSS de 25/03/2013, na fonte de financiamento

Euromilhões, para fazer face a despesas relativas a “Equipamentos de apoio a pessoas idosas e com

deficiência”;

• 78,4 milhões de euros aprovados por Despacho do SESSS de 27/05/2013, 32,1 milhões de euros na

componente pública nacional (CPN) – QCAIII, 19,1 milhões de euros na CPN – QREN e 27,2 milhões de euros

na componente FSE – QCAIII;

• 75,8 milhões de euros aprovados por Despacho do SESSS de 27/05/2013, saldo parcial do Sistema

Previdencial – Repartição, de forma a manter inalterado o saldo global final;

• 16,1 milhões de euros aprovados por Despacho do SESSS de 12/08/2013 e do SEAO de 17/12/2013,

respeitante a saldo com origem no OE de anos anteriores do Subsistema de Solidariedade para transferência

para o Sistema Previdencial – Repartição, conforme disposto na alínea i) do art.º 92º da Lei n.º 4/2007, de 16

de janeiro, que aprovou a Lei de Bases da segurança Social e na alínea e) do art.º 14º do Decreto-Lei n.º

367/2007, de 2 de novembro que aprovou o Quadro genérico do financiamento do Sistema da Segurança Social;

• 2,4 milhões de euros aprovados por Despacho do SESSS de 12/08/2013 e do SEAO de 17/12/2013 que

diz respeito ao saldo com origem no OE de anos anteriores do Subsistema de Proteção Familiar (2,2 milhões

de euros), tendo em vista a sua transferência para o Sistema Previdencial – Repartição (nos mesmos termos da

legislação referida no ponto anterior) e o saldo que resulta do valor recebido em excesso da Direção Geral de

Planeamento e Gestão Financeira (antigo Gabinete de Gestão Financeira do Ministério de Educação) para

financiamento das bolsas de estudo pagas no âmbito do Abono de Família (0,2 milhões de euros);

• 19,4 milhões de euros aprovados por Despacho do SESSS de 12/08/2013 e do SEAO de 17/12/2013, que

se referem ao saldo com origem do OE de anos anteriores do Subsistema de Ação Social visando a sua

transferência para o Sistema Previdencial – Repartição (nos mesmos termos da legislação referida nos pontos

anteriores);

• 31,2 milhões de euros aprovados por Despacho do SESSS de 12/08/2013 e do SEAO de 17/12/2013,

respeitante ao remanescente do Saldo do Sistema Previdencial – Repartição ainda passível de integração em

2013 (31,1 milhões de euros) e ao saldo relativo à venda de imóveis para respetiva transferência para o FEFSS

(0,1 milhões de euros);

• 0,3 milhões de euros aprovados por Despacho do SESSS de 27/05/2013 respeitante ao saldo do Sistema

Previdencial – Capitalização – IGFCSS, IP.

Página 24

II SÉRIE-A — NÚMERO 136 24

No quadro seguinte apresentam-se ainda, e em síntese, o orçamento inicial e o OSS corrigido em 31/12/2013

(mapas orçamentais de base e derivados) e a respetiva execução orçamental.

Da análise à execução orçamental do ano de 2013 constata-se, em termos gerais, que a receita efetiva

(receita total deduzida do valor do saldo do ano anterior, dos ativos e dos passivos financeiros), evidencia um

acréscimo de +4,9%(mais € 1 191,1 M) em relação ao período homólogo de 2012, totalizando 25.383,4 milhões

de euros e a despesa efetiva (despesa total deduzida dos passivos e dos ativos financeiros) apresenta também

um acréscimo de +4,8%(mais € 1 133,5 M) em relação ao mesmo período do ano de 2012, perfazendo os

24.894,3 milhões de euros.

Balanço

As rubricas mais significativas do ativo líquido (após dedução das amortizações e provisões) do Balanço da

Segurança Social em 31 de dezembro de 2013 são compostas por disponibilidades (13.829,9 milhões de euros)

e por dívidas de terceiros de curto e médio e longo prazo (6.284,6 milhões de euros), representando 67,2% e

30,5% respetivamente do total do ativo líquido.

Página 25

23 DE MAIO DE 2015 25

Demonstração de Resultados

Os proveitos ascendem a 33.931,0 milhões de euros, dos quais 26.125,4 milhões de euros representam

proveitos operacionais. Concorrem fundamentalmente para os proveitos operacionais as contribuições

processadas no montante de 14.833,9 milhões de euros refletidas na rubrica “Impostos e taxas”, representando,

56,8% dos proveitos operacionais e 43,7% do total dos proveitos.

Merecem, ainda, destaque as transferências e subsídios correntes obtidos, no valor de 10.916,2 milhões de

euros (41,8% dos proveitos operacionais e 32,1% do total dos proveitos).

Do lado dos custos, que totalizam 32.291,5 milhões de euros, sobressaem claramente as transferências

correntes concedidas e prestações sociais, no valor 24.286,2milhões de euros (95,3% dos custos operacionais

e 75,5% dos custos totais).

No que se refere à formação dos resultados financeiros, em 2013, no montante de 777,8 milhões de euros,

a mesma é influenciada maioritariamente pelo resultado das operações financeiras levadas a cabo no âmbito

da Capitalização Pública de Estabilização.

Quanto aos resultados extraordinários, os mesmos atingem, no exercício económico de 2013, o montante de

178,8 milhões de euros refletindo um decréscimo de -72,8% em relação ao período homólogo anterior.

Das rubricas que contribuíram para os resultados extraordinários: “Proveitos e ganhos extraordinários” e

“Custos e perdas extraordinários”, refira-se:

• Nos “Custos e perdas extraordinários”, as “Correções relativas a exercícios anteriores” e “Dívidas

incobráveis” nos montantes de 6.173,3 milhões de euros e 58,3 milhões de euros, respetivamente.

• Nos “Proveitos e ganhos extraordinários”, as “Correções relativas a exercícios anteriores” e os “Benefícios

de penalidades contratuais”, no montante de 6.145,3 milhões de euros e 152,8 milhões de euros,

respetivamente.

Página 26

II SÉRIE-A — NÚMERO 136 26

O resultado líquido consolidado do exercício de 2013 atinge 1.639,6 milhões de euros, tendo concorrido os

resultados operacionais no montante de 682,9 milhões de euros, os resultados financeiros no montante de 777,8

milhões de euros e os resultados extraordinários no montante de 178,8 milhões de euros 32.

O Tribunal de Contas na análise da CGE tendo “presentes as observações e os resultados obtidos na

sequência das verificações e análises realizadas, apresentam-se seguidamente os seus efeitos nas contas que

integram a demonstração de resultados:

O valor dos proveitos provenientes de coimas e de custas encontra-se sobrevalorizado devido a um erro de

parametrização de movimentos contabilísticos. Embora o sistema aplicacional GC proceda à anulação do valor

das coimas e das custas, tal movimento não tem reflexo nas demonstrações financeiras porque não são feitas

extrações para SIF com vista a refletir aqueles movimentos. Esta situação agravou-se em 2013 com o RERD,

em especial nos casos em que os contribuintes não procederam ao pagamento das coimas naquele período

excecional. Assim, o valor em 31/12/2013 está sobrevalorizado, uma vez que o valor anulado da coima e o valor

anulado da coima atenuada não tiveram reflexo nas demonstrações financeiras.

Não se encontra refletido na conta 69 - Custos e perdas extraordinários o valor de € 142,9 M relativo a juros

(€ 129,1 M), coimas (€ 12,8 M) e custas (€ 99,3 m) dispensados e extintos no âmbito RERD. De salientar que o

valor das coimas, cujas notificações foram emitidas entre o período de 01/11/2013 a 31/12/2013, foi registado

nas demonstrações financeiras apenas pelo valor atenuado a pagar, facto que não permite refletir nestes

documentos o valor dispensado de coimas e de custas associadas.

Também não foi refletido na conta de 69 - Custos e perdas extraordinários o valor dispensado de coimas e

de custas, relativos aos processos de contraordenação regularizados por beneficiários e estabelecimentos

sujeitos à relação jurídica de tutela e regulação no âmbito do RERD, que ascende a € 1,4 M. Todavia, o impacto

no resultado líquido seria de apenas € 497,5 m, dado que foram constituídas provisões de cobrança duvidosa

para estas dívidas, ascendendo as provisões acumuladas das referidas dívidas a € 889,7 m4.

32 Conta Geral do Estado de 2013

Página 27

23 DE MAIO DE 2015 27

No âmbito do RERD foram também dispensados juros (€ 45,7 M) e custas (€ 15,4 M) por dívidas cobradas

em execução fiscal. Nem o proveito nem o custo extraordinário tiveram qualquer reflexo nas demonstrações

financeiras.

Não existem garantias de que a conta 7953 - Juros vincendos reflita o valor dos juros vincendos cobrados no

ano de 2013, face aos constrangimentos detetados nas operações de contabilização dos acordos prestacionais,

referidos no ponto 12.2.3.2.2. – Passivo, afetando, nessa medida, também, os resultados extraordinários.

Não está a ser cumprido o princípio da especialização dos exercícios para os juros devidos com origem em

dívida contributiva. Com efeito, não se encontram relevados nas demonstrações financeiras os juros vencidos

até 31/12/2013. De acordo com o POCISSSS, os proveitos são reconhecidos quando obtidos,

independentemente do seu recebimento, devendo incluir-se nas demonstrações financeiras dos períodos a que

respeitam. Assim, os proveitos relevados na DR consolidada estão subvalorizados.

O valor com portes de correios registado na conta 62 - Fornecimentos e serviços externos - Correios está

subvalorizado, dado que são realizados movimentos a crédito desta conta destinados a registar o valor das

custas associadas aos processos de contraordenações instaurados aos beneficiários e aos estabelecimentos

com relação jurídica de tutela e regulação pelo ISS, em cumprimento da Circular do IGFSS de 03/01/2009,

procedimento que o IGFSS afirma que vai ser objeto de uniformização contabilística em 2014.

A conta 697 - Custos e perdas extraordinárias - Correções de relativas a exercícios anteriores releva a

importância de € 255,1 m relativa a um custo assumido para efeitos de registo de prescrição de valores a receber

pelos beneficiários, cujo prazo de 5 anos já se encontram ultrapassados, revertendo o mesmo a favor da

segurança social e registado na conta 7984 - Proveitos e ganhos extraordinários - Prestações prescritas. A

metodologia adotada está relacionada com os desvios existentes entre as contas correntes (SICC) dos

beneficiários e os valores relevados no SIF, registando-se, contudo, que conduz à anulação do efeito que o

registo do proveito implicaria no resultado líquido.

As deficiências apontadas no PCGE de 2012 ao nível das amortizações dos imóveis que ainda estão na

posse do IGFSS não foram corrigidas, factos com impactos nas “Amortizações doexercício”. Verificou-se uma

melhoria em 2013. No que respeita aos procedimentos contabilísticos inerentes ao registo das alienações. No

entanto, ainda se registam falhas naqueles registos, pois existiam amortizações ativas, em 31/12/2013, para

imóveis que foram alienados ou cedidos neste ano e um dos imóveis cedidos não foi objeto de abate,

permanecendo no ativo do IGFSS em 31/12/2013. Foram ainda detetadas situações irregulares relativamente a

imóveis que já tinham sido alienados em anos anteriores (parcela relativa ao terreno) ou que ainda permanecem

no ativo do IGFSS (amortização de edifícios que na realidade são parcelas de terrenos) ”.

PARTE II – OPINIÃO DO DEPUTADO RELATOR

O signatário do presente relatório exime-se, nesta sede, de manifestar a sua opinião sobre a Conta Geral do

Estado relativa ao ano de 2013, reservando-a para o debate em plenário.

PARTE III – CONCLUSÕES

A Assembleia da República é o órgão constitucionalmente competente para aprovar a Conta Geral do Estado,

incluindo a Conta da Segurança Social, suportando a sua apreciação pelo Parecer emitido pelo Tribunal de

Contas.

O Tribunal de Contas disponibiliza-se para antecipar a data de emissão do seu parecer na mesma medida

em que for antecipada a data de apresentação da conta pelo Governo.

No exercício do seu poder de fiscalização e controlo político sobre a execução do Orçamento e Conta Geral

do Estado, incluindo da Segurança Social, a Assembleia da República procedeu às audições do Tribunal de

Contas e do Conselho Económico e Social, após a entrega dos respetivos Pareces, bem como à audição do

Governo.

Foram ainda recebidos os Pareceres da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) e das Comissões

Parlamentares Permanentes, em função das suas áreas de competência.

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 28

O ano de 2013 continuou a ser marcado pela execução do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro

(PAEF), acordado com a Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Centrai Europeu,

tendo-se registado um défice das Administrações Públicas (AP), na ótica de contabilidade nacional, de 4,9% do

PIB, não tendo alcançado o objetivo estabelecido na proposta do OE 2013, superou no entanto os objetivos dos

orçamentos retificativos.

A dívida pública aumentou o seu peso no PIB no ano de 2013 em 4,9 p.p. face a 2012, segundo o sistema

europeu de contas nacionais SEC 95, atingiu os 129% do PIB. Segundo o novo método contabilístico SEC 2010

o rácio fixou-se em 128%. Contudo verificou-se uma clara inflexão da dinâmica da dívida pública que passou de

crescimentos de 14,3 p.p. do PIB em 2011 e 15,8 p.p. em 2012, para o referido aumento de 4,9 p.p. do PIB em

2013.

Em termos de financiamento, Portugal iniciou em 2013 o processo de regresso aos mercados de dívida

soberana.

No ano de 2013 assistiu-se a uma retração da atividade económica de 1,4% do PIB, a qual compara com a

quebra de 3,2 % do PIB verificada em 2012, ficando o ano marcado pelos primeiros sinais de inversão do ciclo

económico. No decurso da elaboração do presente relatório, o INE procedeu à revisão destes valores, para uma

retração de 1,6% do PIB em 2013, e de 4% em 2012.

Em termos de mercado de trabalho, observou-se um aumento da taxa de desemprego para 16,2%, foi 15,5%

em 2012, e uma redução do emprego de 2,6%. No entanto, a taxa de desemprego reduziu-se de 17,7% no 1º

trimestre, para 15,3% no último trimestre.

Durante o ano de 2013 foram aprovadas duas alterações à Lei do Orçamento do Estado.

A primeira alteração, através da Lei n.º 51/2013, de 24 de julho, foi necessária devido ao aumento de despesa

exigido no seguimento da decisão do Tribunal Constitucional e consistente com os resultados da sétima missão

de avaliação do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro.

A segunda alteração, através da Lei n.º 83/2013, de 9 de dezembro, visou segundo o Governo, “ em maior

detalhe, do lado da receita, destacam-se os efeitos relativos: à não concretização do total de poupanças

esperadas com a execução dos fundos comunitários; ao adiamento da concessão de infraestruturas portuárias

para 2014; e à revisão em baixa da estimativa de receita contributiva para o sistema de pensões da Caixa Geral

de Aposentações.

Em termos genéricos, o Tribunal de Contas nos termos da sua Lei de Organização e Processo, dá parecer

sobre a Conta Geral do estado, incluindo a da Segurança Social, “emite juízo sobre a legalidade e a correção

financeira das operações examinadas”.

Quanto à Administração Central (SI e SFA) são colocadas reservas, ênfases e identificada limitação de

âmbito.

Reservas quanto aos sistemas contabilísticos, de legalidade e de correção financeira.

Ênfases quanto à legalidade e correção financeira.

Quanto à limitação de âmbito porque a CGE porque não inclui a receita e a despesa de sete Fundos

Autónomos e de dezasseis EPR, o que subvaloriza a receita e despesa total.

Quanto à conta da Segurança Social são colocadas reservas e ênfases quanto á legalidade e correção

financeira.

PARTE IV – PARECER

A Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública considera estarem reunidas as condições

constitucionais e regimentais para a discussão e votação em Plenário do presente Relatório sobre a Conta Geral

do Estado de 2013, reservando-se cada Grupo Parlamentar as suas posições finais para o debate a ter lugar

em Plenário.

Palácio de S Bento, 20 de maio de 2015.

O Deputado relator, Cristóvão Crespo — O Presidente da Comissão, Eduardo Cabrita.

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Nota: O Relatório sobre a Conta Geral do Estado de 2013 foi aprovado, com os votos favoráveis do PSD e

CDS-PP, contra do PCP e a abstenção do PS, na ausência do grupo parlamentar do BE em reunião de 21 de

maio de 2015, e que teve como relator o Sr. Deputado Cristóvão Crespo.

PARTE V – ANEXOS

Pareceres das Comissões Permanentes:

1. Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

Deputado relator: António Gameiro (PS).

2.Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas.

Deputada relatora: Maria José Moreno (PSD).

3. Comissão de Defesa Nacional.

Deputada relatora: Rosa Maria Bastos Albernaz (PS).

4. Comissão de Assuntos Europeus.

Deputado relator: Ivo Oliveira (PS).

5. Comissão de Economia e Obras Públicas.

Deputado relator: Bruno Dias (PCP).

6. Comissão de Agricultura e Mar.

Deputado relator: Manuel Mota (PS).

7. Comissão de Educação, Ciência e Cultura.

Deputado relator: Michael Seufert (CDS-PP).

8. Comissão de Saúde:

Deputado relator: Ivo Oliveira (PS).

9. Comissão de Segurança Social e Trabalho:

Deputada relatora: Idália Salvador Serrão (PS).

10. Comissão do Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local.

Deputada relatora: Ângela Guerra (PSD).

11. Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação:

Deputado relator: João Portugal (PSD).

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COMISSÃO DE ASSUNTOS CONSTITUCIONAIS, DIREITOS, LIBERDADES E GARANTIAS

Parecer

Índice

PARTE I – CONSIDERANDOS

PARTE II – ANÀLISE SETORIAL

PARTE III – CONCLUSÕES

PARTE IV – ANEXOS

PARTE I – CONSIDERANDOS

1. NOTA PRELIMINAR

A Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública remeteu, nos termos legais e regimentais

aplicáveis, à Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias a Conta Geral do Estado

relativa ao ano económico de 2013, para elaboração do competente parecer setorial.

Em conformidade, o presente Parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2013 (CGE 2013) incide sobre os

dados de execução orçamental referentes, do ponto de vista orgânico, às áreas da Administração Interna e da

Justiça, com breve menção às políticas de Igualdade incluídas no âmbito da Comissão de Assuntos

Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

Para este efeito, foram considerados os pareceres do Conselho Económico e Social (CES), do Tribunal de

Contas e da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO).

Pela CGE2013, o Governo presta contas sobre a execução do Orçamento do Estado de 2013, aprovado pela

Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, executado nos termos do Decreto-Lei n.º 36/2013, de 11 de março, com

as alterações previstas na Lei n.º 51/2013, de 24 de julho, e na Lei n.º 83/2013, de 9 de dezembro.

2. ANÁLISE SETORIAL

2.1 Execução Orçamental

TABELA I – EXECUÇÃO ORÇAMENTAL POR UNIDADE ORGÂNICA

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Este quadro dá-nos uma análise nacional e sectorial da execução orçamental, tendo como base a estrutura

orgânica do Governo. Nos pontos seguintes analisaremos sectorialmente a Administração Interna, a Justiça e a

Igualdade.

No relatório do Tribunal de Contas encontramos a tabela seguinte, onde é apresentado a execução por

Ministério, e que deve ser sublinhada por nos Ministérios em análise apresentar uma execução superior à média

da despesa e dos Ministérios. Na Justiça a execução é de 89,6%, enquanto na Administração Interna, apresenta

um resultado de 97,1%

2.2 Administração Interna

A Situação Financeira do Ministério da Administração Interna apresenta na Guarda Nacional Republicana,

na Polícia de Segurança Publica e na Secretaria Geral a seguinte situação:

a) Guarda Nacional Republicana – Integração de saldos de gerência para aplicação em material de

transporte, na SAD/GNR, em despesas com a assistência na doença aos militares, em despesas relativas a

messes e aquisição de equipamento para reforço de vigilância da costa.

b) Polícia de Segurança Pública – integração de saldos de gerência para aquisição de equipamento

informático, comunicações e transportes, fardamento, conservação de edifícios e pagamentos de serviços

remunerados, fornecimento de refeições e sistemas de saúde.

c) Secretaria-Geral – integração de receita proveniente do encerramento dos Governos Civis, ficando as

taxas cobradas afeta ao Instituto de Seguros de Portugal e transferidas para a SG, para reforçar serviços do

mesmo Ministério por gestão flexível.

No ano de 2013 existiu um reforço da verba para a ANPC – Autoridade Nacional de Proteção Civil visando

dar cumprimento à Resolução do Conselho de Ministros n.º 55-A/2013, de 22 de agosto, para aquisição de

meios aéreos necessários à prossecução das missões públicas, e na DGAI – Direção Geral da Administração

Interna para efeitos da realização do recenseamento eleitoral e eleições autárquicas do ano de 2013.

Segundo os dados do relatório em 2013 o orçamento global (funcionamento e projetos de investimento) do

Ministério da Administração Interna foi de 2.163,8 milhões de euros, atingindo a despesa os 2.086,9 milhões de

euros, o que se traduz numa taxa de execução de 96,4%. Se considerarmos apenas a despesa efetiva, o

orçamento global foi de 2.136,9 milhões de euros e a despesa de 2.068,4 milhões de euros, resultando uma

taxa de execução de 96,8%.

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 32

No que respeitante à despesa não efetiva, salientamos, nos passivos financeiros, que se encontrava previsto

inicialmente um empréstimo de 16 milhões de euros à EMA-Empresa de Meios Aéreos (EPR), a concretizar em

duas vezes, tendo sido apenas autorizada a primeira prestação no valor total de 8 milhões de euros.

Os ativos financeiros enunciados são respeitantes a empréstimos concedidos, no âmbito das suas

competências, pelos Serviços Sociais das Forças de Segurança aos respetivos beneficiários.

Em seguida apresentamos um gráfico, sobre a execução por agrupamentos do relatório da Conta Geral do

Estado de 2013.

A despesa efetuada no âmbito do orçamento de funcionamento do Ministério da Administração Interna

representou 96,9% da dotação corrigida líquida. Só a execução conjunta (cerca de 1.688,0 milhões de euros)

da PSP e GNR representam 82,7% da totalidade da despesa do Ministério.

No que concerne ao orçamento de projetos de investimento do MAI, a despesa efetuada durante o ano de

2013 traduz-se numa execução de 86,1% face à dotação corrigida líquida do período, correspondendo cerca de

67,2% ao agrupamento de aquisição de bens e serviços.

Do conjunto de projetos que integravam o orçamento de projetos de investimento do Ministério da

Administração Interna, em 2013, destacam-se, pela sua importância; as “Comunicações de Segurança e

Emergência - SIRESP” e as “Instalações de Cobertura Territorial”, com uma despesa efetuada de 46,6 milhões

de euros.

A despesa por classificação económica que apresenta uma elevada execução no ano de 2013 nas rúbricas

do programa de segurança interna, pode ser analisada na tabela seguinte, que se encontra no relatório da Conta

Geral do Estado.

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2.3 Justiça

O quadro seguinte apresenta a evolução ao longo do ano do orçamento do programa da Justiça a nível de

classificação económica, bem como a respetiva execução, segundo os dados do Relatório da Conta Geral do

Estado de 2013.

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Segundo o relatório da conta geral do estado a nível de execução do Programa da Justiça ”No que respeita

aos recursos financeiros, o programa orçamental apresenta uma despesa efetiva consolidada de 1.388,6

milhões de euros a que corresponde a uma taxa de execução de 85,7% face ao orçamento corrigido, sendo o

agrupamento de despesas com pessoal o que representa maior peso na execução (91,6% do total dos

pagamentos efetuados).”

Segundo dados do relatório existiu durante o ano de 2013 um reforço de vários serviços para fazer face a

despesas decorrentes de encargos de funcionamento não previstas, alteração de posicionamento remuneratório

e encargos patronais com a Caixa Geral de Aposentações acima do esperado.

Igualmente durante o ano analisado e segundo os relatórios apresentados existiu no Ministério da Justiça

despesas no âmbito do apoio jurídico, honorários devidos pela mediação pública e descativações necessárias

ao processo de reorganização judiciária e do Plano de Ação para a Justiça na Sociedade de Informação (6,2

milhões de euros).

Em relação ao subsetor dos Fundos e Serviços Autónomos foi criado Fundo para a Modernização da Justiça.

No que respeita aos recursos financeiros, o programa orçamental da Justiça apresenta uma despesa efetiva

consolidada de 1.388,6 milhões de euros a que corresponde a uma taxa de execução de 85,7% face ao

orçamento corrigido, sendo o agrupamento de despesas com pessoal o que representa maior peso na execução

(91,6% do total dos pagamentos efetuados).

Segundo os dados apurados o desvio relativamente ao orçamento inicial, da ordem dos 211,3 milhões de

euros, correspondendo essencialmente a créditos especiais no valor de 149,7 milhões de euros oriundos

essencialmente de integração de saldos de gerência e recurso à dotação provisional no montante de 28

milhões de euros destinados fundamentalmente a reforçar o orçamento das despesas com pessoal da

Direção-Geral da Administração da Justiça e das Magistraturas.

Em relação aos investimentos do Ministério da Justiça no âmbito da implementação do denominado “novo

mapa judiciário” temos as obras de remodelação e a adaptação de 13 edifícios, num total de 104 empreitadas

previstas realizar até 2015.

Ao nível dos estabelecimentos prisionais, foram criados 608 novos lugares em três Estabelecimentos

Prisionais, num investimento total de 28 milhões de euros, incluindo a construção do novo Estabelecimento

Prisional de Angra do Heroísmo, na Região Autónoma dos Açores.

A nível de arrendamento existiu uma poupança de 1,3 milhões de euros. Não foi possível levar a cabo a

revisão das remunerações de algumas carreiras de pessoal no Ministério da Justiça não foi alcançada a a

poupança perspetivada na ordem dos 6 milhões de euros, tendo inclusivamente as despesas com pessoal

aumentado 78,2 milhões de euros, face ao valor inicialmente orçamentado em resultado da reposição do

subsídio de férias e do aumento da contribuição das entidades empregadoras para a Caixa Geral de

Aposentações.

A poupança prevista com o portal da justiça não foi igualmente possível, ao contrário do previsto inicialmente.

2.4 Igualdade

Considerando que era o último exercício de vigência dos três Planos Nacionais (IV Plano Nacional para a

Igualdade, Género, Cidadania e não Discriminação, IV PNI; o IV Plano Nacional contra a Violência Doméstica,

IV PNCVD e o II Plano Nacional contra o Tráfico de Seres Humanos, II PNCTSH) em 2013 foi colocado um

especial enfoque na coordenação e implementação dos mesmos, visando a execução e cumprimento das

medidas aprovadas, conferindo-se especial atenção às destinadas à territorialização das políticas de promoção

da igualdade de género a nível municipal e à intervenção no âmbito da educação, ao reforço da proteção e do

apoio às vítimas de violência doméstica e ao combate ao tráfico de seres humanos, designadamente no domínio

da exploração laboral.

Este Plano, que terminou a sua vigência no ano de 2013, previa a adoção de um conjunto de 50 medidas

estruturadas em torno das seguintes 5 áreas estratégicas: Área 1 – Informar, sensibilizar e educar; Área 2 –

Proteger as vítimas e promover a integração social; Área 3 – Prevenir a reincidência: intervenção com

agressores; Área 4 – Qualificar profissionais e Área 5 Investigar e monitorizar. Segundo os dados do relatório

teve uma elevada taxa de execução das medidas nele incluído (98%).

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PARTE II – OPINIÃO DO DEPUTADO AUTOR DO PARECER

O relator do presente Parecer reserva a sua opinião para o debate em plenário da proposta em apreço, a

qual é, de resto, de “elaboração facultativa” conforme o disposto no n.º 3 do artigo 137.º do Regimento da

Assembleia da República.

PARTE III – CONCLUSÕES

Nestes termos, a Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias

emite o seguinte parecer:

1 – A Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública remeteu, nos termos legais e regimentais

aplicáveis, à Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, a Conta Geral do Estado

de 2013, acompanhada dos Pareceres do Tribunal de Contas, do Conselho Económico e Social e da Unidade

Técnica Apoio Orçamental, com vista à elaboração de parecer.

2 – O presente parecer incide sobre os indicadores de execução orçamental que compreendem as áreas da

Administração Interna e Justiça, com breve menção às políticas de Igualdade incluídas no âmbito da Comissão.

3 – No Ministério da Justiça a execução orçamental foi de 89,6%, enquanto na Administração Interna,

apresentou uma execução orçamental de 97,1%.

4 – Face ao exposto, a Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias é de

parecer que o presente relatório deve ser remetido à Comissão do Orçamento, Finanças e Administração

Pública, nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 206.º do Regimento da Assembleia da República.

PARTE IV – ANEXOS

Não são apresentados anexos.

Palácio de S. Bento, 26 janeiro de 2014.

O Deputado autor do Parecer, António Gameiro — O Presidente da Comissão, Fernando Negrão.

———

COMISSÃO DE NEGÓCIOS ESTRANGEIROS E COMUNIDADES PORTUGUESAS

Parecer

Índice

PARTE I – CONSIDERANDOS

PARTE II – OPINIÃO DO DEPUTADA AUTORA DO PARECER

PARTE III – CONCLUSÕES

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 36

PARTE I – CONSIDERANDOS

1.1. NOTA PRÉVIA

A Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP), em conformidade com o n.º 3 do

artigo 5.º do Regimento da Assembleia da República, remeteu à Comissão de Negócios Estrangeiros e

Comunidades Portuguesas (CNECP) a Conta Geral do Estado relativa ao ano de 2013, acompanhada dos

Pareceres do Tribunal de Contas (TC), do Conselho Económico e Social (CES) e da Unidade Técnica de Apoio

Orçamental da Assembleia da República (UTAO), a fim de ser elaborada por esta um Parecer relativo às suas

áreas de competência que será posteriormente incluído no Relatório Final da COFAP.

Assim, para a elaboração do presente Parecer foi analisada a Conta Geral do Estado de 2013 (CGE 2013)

e foram tidos em consideração os pareceres acima referidos.

Para a análise da CGE 2013, é importante ter em referência a Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro aprovada

pela Assembleia da Republica em 27 de Novembro de 2012, tendo o Orçamento do Estado entrado em vigor

em 1 de Janeiro de 2013, sofrendo duas alterações durante esse ano com a apresentação de dois orçamentos

rectificativos:

 O primeiro através da Lei n.º 51/2013, de 24 de julho;

 E o segundo através da Lei n.º 83/2013, de 9 de Dezembro.

Nos termos da alínea d) do artigo 162.º da Constituição da República Portuguesa a Conta Geral do Estado

deve ser apresentada até ao dia 31 de Dezembro do ano subsequente ao qual diz respeito e, como tal, esta foi

recebida na Assembleia da República em 1 de Julho de 2014.

No que diz respeito ao Parecer do Tribunal de Contas e ao Parecer do Conselho Económico e Social sobre

a CGE 2013 as datas de entrada na Assembleia da República foram, respectivamente, 15 de Dezembro de 2014

e 13 de Janeiro de 2015.

Quanto ao parecer da Unidade Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da República (Parecer Técnico

n.º 5/2014 – Análise da Conta Geral de Estado de 2013, de 29 de Dezembro de 2014) elaborado ao abrigo do

artigo 10.º - A da Resolução da Assembleia da República n.º 20/2004, de 16 de fevereiro, aditado pela Resolução

n.º 53/2006, de 7 de agosto e, posteriormente, pela Resolução n.º 57/2010, de 23 de julho e pela Resolução n.º

62/2014, de 30 de junho e do mandato expresso no Plano de Actividades da Unidade Técnica de Apoio

Orçamental (XII Legislatura – 4.ª Sessão Legislativa).

Desta forma, é dado cumprimento ao disposto no n.º 3 do artigo 206.º do Regimento da Assembleia da

República que define que os serviços da Assembleia da República procedem a uma análise técnica da Conta

Geral do Estado, discriminada por áreas de governação remetendo-a à comissão parlamentar competente em

razão das matérias.

1.2. Contexto Económico

Segundo o Relatório da CGE 2013, ano de 2013 assistiu-se a um abrandamento da economia mundial, tendo

o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) sido de 2,9% (em contraste com 3,2% em 2012), com destaque

para a continuação de um reduzido crescimento das economias avançadas e para um menor dinamismo dos

países emergentes e em desenvolvimento, refletindo preços das matérias-primas mais baixos, políticas

económicas menos expansionistas e respeito quanto ao impacto financeiro em alguns países. Após uma

recessão iniciada no final de 2011 e que se prolongou até ao primeiro trimestre de 2013, a economia da área do

euro retomou o seu crescimento nos trimestres seguintes, dada a diminuição da incerteza e dos riscos

financeiros globais associados à dívida soberana devido aos progressos alcançados em torno da construção da

União Bancária Europeia e a aplicação de medidas não convencionais de política monetária através do BCE.

Relativamente a Portugal e ainda segundo o que é mencionado no Relatório acima referido, o ano de 2013

fica marcado pelos primeiros sinais de inversão do ciclo económico, onde se destaca um comportamento menos

negativo da procura interna e a manutenção de um contributo positivo da procura externa líquida. A atividade

económica registou uma contração de 1,4%, a qual compara com uma quebra de 3,2% em 2012. A recuperação

da atividade resultou da melhoria das expectativas das famílias e das empresas, e está associada ao reforço da

competitividade externa e à consolidação do excedente externo (para +2,6% do PIB). Em termos do mercado

de trabalho, observou-se um aumento da taxa de desemprego para 16,2% (15,5%, em 2012) e uma redução do

Página 37

23 DE MAIO DE 2015 37

emprego de 2,6% (-4,4%, em 2012). No entanto, a taxa de desemprego reduziu-se de 17,7% no 1º trimestre,

para 15,3%, no último trimestre do ano.

Em 2013, o rácio da dívida pública atingiu 129% do PIB, demonstrando uma desaceleração da tendência de

crescimento observada nos últimos anos. Para este abrandamento contribuíram a redução do défice primário, o

efeito dinâmico (que conjuga o impacto da evolução das taxas de juro implícitas e o comportamento do PIB

nominal) e os outros ajustamentos défice-dívida. Tal como nos anos anteriores, o aumento do rácio da dívida

pública foi acompanhado pela manutenção de um elevado montante de depósitos detidos pela administração

central. Este indicador passou de 114% do PIB em 2012 para 118,5% em 2013.

A reposição dos subsídios de férias e de Natal aos funcionários públicos e reformados influenciou a evolução

da despesa com pessoal e das prestações sociais. Porém, a redução do número de funcionários públicos

permitiu que a despesa com pessoal atingisse um peso no PIB inferior ao verificado em 2011. Nas prestações

sociais, a reformulação da Contribuição Extraordinária de Solidariedade, permitiu compensar parcialmente o

impacto da reintrodução dos subsídios e o aumento do número de pensionistas e reformados. Apesar do

aumento verificado na taxa de desemprego em 2013, a despesa com o subsídio de desemprego manteve o seu

peso no PIB. Excluindo as componentes de despesa com pessoal, pensões e despesa relacionada com a

evolução do desemprego, a despesa corrente primária reduziu o seu peso no PIB em cerca de 0,5 pontos

percentuais.

1.3. Análise Sectorial - Representação Externa (PO05)

Da análise da Conta Geral do Estado de 2013 podemos constatar que o orçamento consolidado do Ministério

dos Negócios Estrangeiros (MNE) registou em 2013 uma taxa de execução de 95,7%, o equivalente a 348,5

milhões de euros. O orçamento de 2013, no valor de 364,1 milhões de euros, contempla os cativos determinados

pela Lei do Orçamento do Estado para 2013 e pelo Orçamento Retificativo aprovado pela Lei n.º 51/2013 de 24

de julho, no valor global de 6,2 milhões de euros, bem como os cortes determinados pelo Orçamento Retificativo,

no valor de 15,7 milhões de euros.

Fonte: Relatório CGE 2013 p. 280

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 38

Excluindo as contribuições e quotizações para organizações internacionais, o orçamento do MNE registou

um acréscimo de despesa de 4,9% (12,2 milhões de euros) face ao ano anterior, o que decorreu

fundamentalmente da reposição do subsídio de férias e de Natal, no montante de 14,6 milhões de euros, e do

pagamento de indemnizações ao pessoal dos serviços externos decorrente de processos judiciais no Brasil, no

valor de 2,2 milhões de euros. Se excluirmos o efeito destas despesas verifica-se que a despesa consolidada

do MNE registou um decréscimo de 1,8% face ao ano anterior.

Segundo o Governo, a execução orçamental de 2013 traduz o efeito das medidas de política com impacto

na despesa que foram implementadas e que incluem:

• A reforma da Rede Consular e Racionalização do património arrendado do MNE. O impacto destas

medidas deve ser analisado em conjunto, representando, em termos globais, um objetivo de poupança de 1,5

milhões de euros em 2013. Globalmente, a execução orçamental registou um decréscimo de 1,931 milhões de

euros face à execução de 2012 – situação de partida para análise do impacto das medidas -, o que traduz uma

poupança adicional de 0,431 milhões de euros face à meta definida.

• O redimensionamento do pessoal do quadro externo e redução de encargos com o pessoal

especializado. O impacto destas medidas deve ser analisado em conjunto dada a impossibilidade de

individualizar em termos orçamentais o encontro de cada uma das medidas. No seu conjunto, a meta definida

para redução de despesa era de 4,77 milhões de euros tendo sido atingida uma redução global de 5,914 milhões

de euros, que se traduz numa poupança adicional de 1,144 milhões de euros. A poupança alcançada decorre

da redução do pessoal colocado nos serviços externos do MNE, da redução do pessoal especializado e da

implementação do novo regime jurídico do pessoal especializado, que se traduziu numa revisão do respetivo

sistema de abonos.

• A redução dos consumos intermédios. Face à meta inicialmente definida de redução de despesa com

consumos intermédios, de 0,25 milhões de euros, a execução orçamental de 2013 reflete uma redução de 0,5

milhões de euros face à despesa executada em 2012.

É importante referir também que a partir análise do grau de execução por tipo de despesa chegamos à

conclusão que o conjunto mais representativo em termos orçamentais é o das despesas com pessoal, que

representou 48,2% das despesas totais em 2013.

Fonte: Relatório CGE 2013 p. 282

Página 39

23 DE MAIO DE 2015 39

Salienta o Governo que não obstante os encargos suportados em 2013 com a reposição do subsídio de férias

e de Natal, de 14,6 milhões de euros, o peso relativo das despesas com pessoal diminui ligeiramente face a

2012 (48,7%).

Finalmente, a CGE 2013 conclui que, para o peso das transferências correntes no total da despesa do MNE

concorreu também a despesa com contribuições e quotizações para organizações internacionais, que constituiu

75% deste conjunto de despesa e que cresceram 24% em 2013, em virtude do pagamento de dívidas de anos

anteriores, cujo valor ascendeu a 47,6 milhões de euros. Recorde-se que 86% dos encargos com contribuições

e quotizações respeitam à ONU e à NATO.

Relativamente às áreas directamente relacionadas com a Representação Externa, matéria sobre a qual versa

este Parecer, o Tribunal de Contas não faz qualquer consideração específica mas refere que “foram introduzidos

novos modelos organizativos nos Ministérios das Finanças e dos Negócios Estrangeiros através da

centralização nas respetivas secretarias-gerais das atribuições de diversos organismos nos domínios da gestão

dos recursos humanos, administrativos, financeiros e patrimoniais”.

No que refere à comparação da despesa orçamentada com a despesa executada por Ministério podemos

verificar no quadro seguinte que o MNE teve uma taxa de execução de 96,7% em 2013.

Fonte: Parecer Tribunal de Contas CGE 2013 p. 107

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 40

Se tivermos em conta a execução por programas podemos verificar no quadro abaixo que o POO5 –

Representação Externa teve uma taxa de execução de 95,7%.

Fonte: Parecer Tribunal de Contas CGE 2013 p. 119

1.4. Auditorias às Funções de Soberania/Defesa

Nos termos da Lei de Enquadramento Orçamental e ao abrigo das auditorias solicitadas pela Assembleia da

República ao Tribunal de Contas ou das auditorias determinadas ao Governo, não constam auditorias ao MNE.

1.5. Conclusões do Tribunal de Contas sobre a CGE 2013

O Tribunal de Contas destaca, no seu Parecer sobre a CGE 2013, que 65% das recomendações formuladas

no Parecer de 2011 foram atendidas total ou parcialmente.

Por outro lado, o Tribunal de Contas continua a manter, tal como em sucessivas Contas Gerais do Estado, a

crítica relativa à aplicação parcial do Plano Oficial de Contabilidade Pública (POCP) o que permitiria, na sua

opinião, uma melhor “legibilidade” das contas do Estado.

No que diz respeito ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Tribunal de Contas, tal como as outras

instituições que enviaram o seu Parecer sobre a CGE 2013, não dirige qualquer recomendação em especial.

PARTE II – OPINIÃO DA DEPUTADA AUTORA DO PARECER

A relatora do presente Parecer, nos termos do n.º 3 do artigo 137.º do Regimento da Assembleia da

República, exime-se nesta sede de expressar a sua opinião sobre a Conta Geral do Estado de 2013.

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PARTE III – CONCLUSÕES

1. Face aos considerandos atrás expostos, a Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades

Portuguesas, entende que o presente Parecer se encontra em condições de ser remetido à Comissão

Parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública, para os efeitos legais e regimentais aplicáveis.

Palácio de S. Bento, 10 de fevereiro de 2015.

A Deputada autora do Parecer, Maria José Moreno — O Presidente da Comissão, Sérgio Sousa Pinto.

———

COMISSÃO DE DEFESA NACIONAL

Parecer

Índice

PARTE I – CONSIDERANDOS

PARTE II – OPINIÃO DA DEPUTADA AUTORA DO PARECER

PARTE III – CONCLUSÕES

PARTE I – CONSIDERANDOS

1. Introdução

Em conformidade com o disposto no n.º 3 do artigo 205.º do Regimento da Assembleia da República, de

acordo com o qual a Conta Geral do Estado é remetida “…à comissão parlamentar competente em razão da

matéria para emissão de relatório e às restantes comissões parlamentares permanentes, para efeitos de

emissão de parecer…”, a Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública solicitou à Comissão de

Defesa Nacional o envio do respetivo parecer, no que respeita às suas áreas de competência, a fim de que este

possa vir a ser incluído no Relatório Final daquela Comissão sobre o tema em epígrafe.

Para este fim, foi tido em conta:

– O relatório da Conta Geral do Estado 2013;

– O Parecer do Tribunal de Contas sobre a Conta Geral do Estado 2013 emitido nos termos do artigo 107.º

da Constituição da República Portuguesa;

– O Parecer da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), disponibilizado pela Assembleia da

República, através do Parecer Técnico n.º 5/2014, intitulado “ Análise da Conta Geral do Estado de 2013”, com

o objetivo de dotar a Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública da informação técnica

necessária para proceder à sua apreciação;

– O Parecer do Conselho Económico e Social (CES) sobre a Conta Geral do Estado 2013.

Da análise dos documentos supra citados verifica-se que quer o Parecer emitido pelo Conselho Económico

e Social (CES) sobre a Conta Geral do Estado quer o Parecer emitido pela Unidade Técnica de Apoio

Orçamental (UTAO) são omissos relativamente ao sector da Defesa Nacional.

Assim, é emitido o presente Parecer à Conta Geral do Estado de 2013 o qual, em matéria exclusiva do sector

da Defesa Nacional, se sustentou no relatório da Conta Geral do Estado 2013 e no Parecer do Tribunal de

Contas, acima referidos.

Proceder-se-á, em primeiro lugar, a uma análise do quadro macroeconómico seguindo-se uma análise mais

específica em matéria de execução orçamental no setor da Defesa Nacional.

2. Enquadramento macroeconómico

A nível internacional, em 2013, a economia mundial registou um crescimento de 3,3%, representando um

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 42

ligeiro abrandamento face a 2012 (3,4%). Continuaram-se a registar grandes disparidades à escala global entre

os ritmos de crescimento. Assim, nas economias avançadas o PIB cresceu 1,4%, enquanto no conjunto das

economias de mercado emergentes e em desenvolvimento aumentou 4,7%. Contudo apesar das discrepâncias

no crescimento, verifica-se que enquanto nas economias avançadas se assistiu a um ritmo de crescimento

ligeiramente superior ao do ano anterior, nas economias de mercado emergentes e em desenvolvimento

assistiu-se a um ligeiro abrandamento.

Em estagnação esteve a União Europeia, ao apresentar um crescimento de 0,2%, não obstante apresentar

melhorias face 2012 (-0,3%).

A zona euro continuou em recessão, em 2013, ligeiramente desagravada face a 2012.

Quanto a Portugal, em 2013, a atividade economia continuou a apresentar uma contração (-1,4%), embora

menos acentuada que a verificada no ano anterior (-3,3%). Portugal registou, pela primeira vez na sua história,

três anos consecutivos de recessão económica (pelo menos desde que existem dados – 1960) – afigurando-se

como a recessão mais prolongada de sempre.

PIB e Principais Componentes: 2011, 2012 e 2013

taxa de crescimento homólogo real(%)

2011 2012 2013

PIB -1,8 -3,3 -1,4

Consumo Privado -3,7 -5,2 -1,4

Consumo Público -3,8 -4,3 -1,9

FBCF -12,5 -15,0 -6,3

Exportações 7,0 3,1 6,4

Bens 7,7 3,8 5,8

Serviços 5,2 1,0 8,2

Importações -5,8 -6,6 3,6

Bens -7,1 -6,6 4,1

Serviços 2,8 -6,3 0,8

Contributos para o crescimento do PIB (em p.p.)

Procura Interna -6,2 -6,8 -2,3

Procura externa líquida 4,6 3,6 1,0

Emprego -3,2 -4,1 -2,6

Taxa de Desemprego 12,7 15,5 16,2

Fonte: INE- Inquérito ao Emprego

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23 DE MAIO DE 2015 43

A “contração menos acentuada em 2013 deveu-se à menor queda da procura interna, a qual compensou o

contributo menos positivo das exportações líquidas. Em relação à procura interna, o contributo negativo, em

2013 decorreu da diminuição do consumo privado, do consumo público e do investimento. Por seu turno, as

exportações líquidas voltaram a registar um contributo positivo devido ao forte aumento das exportações, que,

contudo, foi atenuado pelo aumento das importações. A respeito das importações, saliente-se que estas

apresentam um aumento, o qual contrasta com a redução verificada em 2012 e estará relacionada com a menor

redução da procura interna em 2013, quando comparada com o verificado no ano anterior”1.

No que se refere ao mercado de trabalho, assistiu-se a um aumento da taxa de desemprego, passando de

15,5% em 2012, para 16,2%, em 2013, o equivalente a 855,2 mil pessoas desempregadas.

O emprego registou uma queda, em termos nominais, de 2,6%, no conjunto do ano de 2013 que corresponde

a uma diminuição de 117,5 mil empregos.

 As previsões macroeconómicas para 2012 - do orçamento inicial ao valor efetivo

O cenário macroeconómico apresentado no OE/2013 inicial apontava para uma recessão económica de 1,0%

do PIB, acabando por se verificar uma contração económica mais acentuada em 0,4 pontos percentuais. Face

à projeção inicial, de outubro 2012, registou-se uma contração menos acentuada do consumo (público e privado)

e uma contração mais forte do investimento (FBCF). Esta evolução enquadra-se num contexto em que foi

reposto o pagamento do subsídio de férias a funcionários públicos e pensionistas durante 2013, na sequência

da decisão do Tribunal Constitucional. Do lado do contributo externo, registou-se um aumento das exportações

maior do que o esperado, mas também um aumento das importações, (+3,6%), o qual contrasta com uma

previsão inicial de redução (-1,4%). Em resultado destas variações, verificou-se um contributo líquido da procura

externa menos positivo do que o esperado (1,1 p.p. face a 1,9 p.p.), para o qual contribuiu o aumento das

importações.

O quadro seguinte inclui as várias projeções realizadas pelo Governo para o ano de 2013.

Várias Projeções macroeconómicas do Governo: 2013

taxa de crescimento homólogo real(%)

2013

2012 DEO DEO OE2013 DEO e OER OE2014verificado abril e maio verificado

Ago-11 Abr-12 Out-12 Out-132013

PIB -3,3 1,2 0,6 -1,0 -2,3 -1,8 -1,4

Consumo Privado -5,2 -0,7 -0,7 -2,2 -3,2 -2,5 -1,4

Consumo Público -4,3 -4,0 -2,9 -3,5 -4,2 -4,0 -1,9

FBCF -15,0 3,9 -0,6 -4,2 -7,6 -8,5 -6,3

Exportações 3,1 6,5 5,6 3,6 0,8 5,8 6,4

Importações -6,6 1,6 1,6 -1,4 -3,9 0,8 3,6

Inflação (IPC) 2,8 1,4 1,3 0,9 0,7 0,6 0,3

Emprego -4,1 0,3 0,6 -1,7 -3,9 -3,9 -2,6

Desemprego (Taxa %) 15,5 13,0 14,1 16,4 18,2 17,4 16,2

Défice público (% do PIB) 5,5 3,0 3,0 4,5 5,5 5,9 4,9

Dívida Pública Bruta (% do PIB) 124,8 106,8 115,7 123,7 122,3 127,8 128,0

INE, Eurostat (Dívida e Défice)

Nota: de acordo com SEC2010

Comparando com a primeira projeção realizada pelo Governo, expressa no Documento de Estratégia

Orçamental (DEO), de agosto de 2011, o ano de 2013 deveria apresentar um crescimento da atividade

económica na ordem de 1,2%.

Relativamente ao orçamentado retificativo, de maio de 2013, a economia acabou por apresentar um

desempenho menos negativo, já que naquele o Governo antevia uma recessão económica na ordem dos 2,3%.

No mercado de trabalho, nomeadamente no que concerne ao crescimento do emprego e à taxa de

desemprego registaram-se evoluções bastante mais desfavoráveis que as inicialmente previstas, no DEO (de

1 UTAO, Análise da Conta Geral do Estado 2013, Parecer técnico nº5/2014, pág. 3

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 44

agosto de 2011) e no OE/2013 inicial, mas menos desfavoráveis face às previsões constantes no OE/2013

retificativo.

Com efeito, o emprego registou uma queda no conjunto do ano, de 2,6%, quando se previa inicialmente (no

DEO de agosto2011) um crescimento de 0,3%, e depois (no OE/2003 inicial) uma quebra de 1,7%. Face ao

OE/2013 retificativo, o emprego acabou por apresentar uma queda menos acentuada (OE/2013 retificativo=-

3,9%).

Quanto à taxa de desemprego, acabou por situar-se ao nível do projetado inicialmente no OE/2013, não

obstante se ter perspetivado uma taxa de desemprego de 18,2%, no OE2013/retificativo.

O défice orçamental das Administrações Públicas acabou por se situar em 4,9% do PIB, abaixo do implícito

no 1.º e no 2.º Orçamentos retificativos, mas ficou acima do previsto no orçamento inicial.

A dívida pública ficou acima de qualquer projeção do Governo, ao atingir 128% do PIB.

3. Execução Orçamental Defesa Nacional

Analisado o quadro macroeconómico importa efetuar uma análise da execução orçamental ao nível sectorial,

em particular na Defesa Nacional, área objeto do presente parecer.

No quadro seguinte apresenta-se o orçamento e respetiva execução consolidada, desagregando-se este por

serviços Integrados e Serviços e Fundos autónomos que incluem ao EPR (Arsenal do Alfeite SA)

Quadro 2- Programa 06 – Despesa por classificação económica1

No ano de 2013 o orçamento total (consolidado) do Ministério da Defesa Nacional ascendeu a € 2.254M,

representando 3,5 % do Total da Despesa Consolidada da Administração Central (AC) (€ 64.921M).

1 Relatório Conta Geral do Estado 2013

Página 45

23 DE MAIO DE 2015 45

A execução orçamental ficou, assim, 11% abaixo do inicialmente orçamentado, correspondendo a cerca de

-€219,5 M. Esta diferença entre a execução e o valor inicialmente orçamentado, resulta tanto da diminuição da

Despesa corrente como da Despesa de Capital.

Com efeito, a despesa corrente executada atingiu os €1.863,1 M, correspondendo a uma taxa de execução

de 92,6% do valor orçamentado, enquanto a despesa de capital ficou em €155,2 M, com uma taxa de execução

de 63,2%.

A despesa corrente sofreu, assim, uma quebra de 7% (menos cerca de €149M) e por sua vez a despesa de

capital sofreu uma quebra bastante significativa de 37% (menos cerca de €91 M).

Na aquisição de bens e serviços, o Ministério da Defesa executou €457,2 M, menos €67,3 M (-13%) do que

estava inicialmente previsto no Orçamento.

De acordo com o Relatório da Conta Geral do Estado 2013 a atividade do Ministério da Defesa Nacional no

ano de 2013 foi orientada no sentido de ter presente os objetivos permanentes da política de defesa nacional e

as missões atribuídas às Forças Armadas.

Assim, o Ministério da Defesa Nacional continuou a executar medidas e ações que visam garantir maior

eficiência e eficácia, que permitem encontrar o equilíbrio entre os recursos disponíveis e as necessidades das

Forças Armadas.

Concluído o Plano de Redução e Melhoria da Administração Central (PREMAC) no MDN, com a consequente

racionalização das estruturas, em 2013 incrementou-se o processo de reorganização da Estrutura Superior da

Defesa Nacional e das Forças Armadas, orientado pela identificação e exploração de sinergias entre as

diferentes estruturas.

Neste quadro, o MDN prosseguiu o caminho decorrente da revisão e aprovação do Conceito Estratégico de

Defesa Nacional (CEDN), com vista à revisão do Conceito Estratégico Militar, das Missões das Forças Armadas,

do Sistema de Forças Nacional e do Dispositivo de Forças.

No âmbito do relacionamento com a União Europeia, Portugal apoiou a Política Comum de Segurança e

Defesa, incluindo as vertentes de Investigação e Desenvolvimento e da Indústria.

No contexto da NATO, prosseguiu o apoio à STRIKEFORNATO, atingindo já a sua plena capacidade

operacional, e continuou o desenvolvimento do processo de transferência da Escola de Comunicações e de

Sistemas de Informação da NATO (NCIS) para Portugal, assegurando a plena participação nacional no processo

de transformação da Aliança.

O esforço nacional em missões humanitárias e de paz, sob a égide de organizações internacionais, através

do empenhamento das Forças Armadas Portuguesas, manteve-se em 2013, dando continuidade ao

compromisso com a segurança e a estabilidade internacionais.

As relações, bilaterais e multilaterais, com os Países de Língua Portuguesa foram reforçados, seja no domínio

da Cooperação Técnico-Militar, seja no apoio à Reforma do Sector da Segurança, havendo abertura para dar

continuidade à integração de contingentes militares de Países de Língua Portuguesa nas Forças Nacionais

Destacadas, tal como sucedido com Timor-Leste (na UNIFIL-ONU, no Líbano), e com Moçambique (na operação

ATALANTA-UE, no Índico).

Portugal intensificou ainda as relações externas de Defesa e o relacionamento com os nossos aliados e

parceiros, destacando-se a relação estratégica privilegiada com os EUA, com a região do Mediterrâneo e do

Magreb, bem como com parceiros atuais e potenciais na área da Economia de Defesa.

Por outro lado, no ano letivo 2013/2014, foram dados passos significativos nos ajustamentos nos

Estabelecimentos Militares de Ensino não superior, desenvolvendo e consolidando medidas de integração e

otimização de recursos iniciadas em 2012, tendo em vista a coerência do projeto educativo assente nas

características próprias da instituição militar e a sua eficiência.

Por sua vez, deu-se seguimento ao processo de restruturação dos Estabelecimentos Fabris do Exército,

procurando dotá-los de novos modelos organizacional e jurídico e racionalizar estruturas e recursos, dando

continuidade ao processo iniciado em 2012.

No âmbito do Sistema de Saúde Militar, continuaram-se os trabalhos com vista à plena implementação do

Polo de Lisboa do Hospital das Forças Armadas, resultante da fusão dos Hospitais Militares dos Ramos das

Forças Armadas. Paralelamente efetuou-se a avaliação da reforma do sistema de Saúde Militar.

Página 46

II SÉRIE-A — NÚMERO 136 46

O MDN deu especial atenção os esforços de coordenação com outros Ministérios em áreas onde o

aproveitamento de capacidades e de sinergias pode potenciar e reforçar a capacidade de resposta nacional

perante diversas situações de interesse público e das populações.

A atividade do MDN teve sempre em atenção os compromissos a que Portugal está obrigado no quadro do

apoio económico-financeiro prestado pelas instituições internacionais, sendo o MDN parte ativa do esforço

nacional de contenção da despesa pública.2

Para prossecução destas ações o orçamento inicial do Ministério da Defesa Nacional no ano de 2013

ascendeu a € 2248,6M, como resulta do seguinte quadro:

Quadro 3- Orçamento e Execução por Natureza da Despesa3

A execução global do programa carateriza-se, face ao orçamento inicial, pelo crescimento da despesa nos

agrupamentos Segurança Social e Transferências Correntes – Administração Central, compensadas pelas

reduções nos outros subagrupamentos, com especial impacto na Aquisição de Bens e Serviços Correntes e

Transferências Correntes e Outras Despesas Correntes e Despesas de Capital.

Estas variações têm origem na inscrição de dotações orçamentais destinadas a suportar encargos que

decorrem da Lei de Serviço Militar e Forças Nacionais Destacadas, pelo seu valor global, numa única rubrica de

classificação económica deste agrupamento e posteriormente foram transferidas para os agrupamentos de

Pessoal e Aquisição de Bens e Serviços Correntes assim como a reposição de 14.º mês.

Numa análise por Classificação Funcional, a dotação inicial e a execução orçamental do Ministério da Defesa

Nacional distribui-se da seguinte forma:

2 Relatório Conta Geral do Estado 2013 3 Relatório Conta Geral do Estado 2013, página 270

Página 47

23 DE MAIO DE 2015 47

Quadro 4 – Análise por Classificação Funcional – Orçamento e Execução por Funções do Estado4

Em termos de classificação funcional, o valor correspondente à diferença entre o Orçamento Inicial e a

Execução (€ 219,5M), distribui-se pelas Funções Gerais de Soberania (menos € 208,8M), as Funções Sociais

(menos € 8,1M) e as Funções Económicas (menos € 2,7M).

O Ministério da Defesa Nacional apresenta, em 2013, a seguinte distribuição da Despesa por Programa

Orçamental por três áreas de intervenção:

Quadro 5 – Despesas por Programa5

Conclui-se que as despesas de funcionamento corresponderam a € 1.783,5M (cerca de 87,9% do total das

despesas) enquanto em 2012 correspondeu a € 1,705,3M e a Lei da Programação Militar representou € 245,4M

(cerca de 12,1%), enquanto em 2012 correspondeu a € 238,1M.

No que respeita ao investimento verifica-se que no Ministério da Defesa Nacional a Fonte de Financiamento

foi exclusivamente nacional (ex - Capítulo 50 do OE), num valor total de € 4,0M, conforme quadro infra:

4 Relatório Conta Geral do Estado 2013, página 272 5 Relatório Conta Geral do Estado 2013, página 274

Página 48

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Quadro 6 – Despesas em Projetos por Programa e Fontes de Financiamento6

A despesa efetiva ascendeu, em 2013, a € 4,1M. De acordo com o Relatório da Conta Geral do Estado de

2013 “… o reduzido grau de execução (24,4%) deveu-se, em larga medida, à não execução dos projetos de

construção dos Navios Patrulhas Oceânicos (NPO), dos Navios de Combate à Poluição (NCP) e das Lanchas

Costeiras de Fiscalização Rápida (LCFR)., conforme análise do seguinte quadro:

Quadro 7 - Despesa efetiva dos Projetos por Classificação Funcional7

Analisando, no quadro infra, o modo como a execução se distribuiu pelas medidas do ex- Capítulo 50, afeto

ao Ministério da Defesa Nacional, claramente se destacam as Forças Armadas com uma execução de € 1,4M

de um total de € € 4,1M:

6 Relatório Conta Geral do Estado 2013, página 220 7 Relatório Conta Geral do Estado 2013, página 275

Página 49

23 DE MAIO DE 2015 49

Quadro 7 – Despesa efetiva dos Projetos por Medidas8

4 – Auditorias às Funções de Soberania/Defesa

A Inspeção Geral da Defesa Nacional (IGDN) realizou, durante o ano de 2013, 22 ações inspetivas, de um

total de 450 ações realizadas naquele ano, conforme quadro infra:

Quadro 8 – N.º de auditorias/inspeções por órgão de controlo em 20139

No Parecer do Tribunal de Contas à Conta Geral do Estado de 2013 não foi destacada nenhuma auditoria

realizada a serviços ou organismos do Ministério da Defesa Nacional, tendo apenas sido destacado no Relatório

da Conta Geral do Estado para 2013 as auditorias à Autoridade Marítima Nacional no âmbito da Direção Geral

da Autoridade Marítima, Instituto Social das Forças Armadas, Pagamento e Processamento de Remunerações

8 Relatório Conta Geral do Estado 2013, página 275 9 Relatório Conta Geral do Estado 2013, página 338

Página 50

II SÉRIE-A — NÚMERO 136 50

e Suplementos de natureza militar das Forças Armadas, Processo de cobrança de receita, Processo de transição

da situação de reserva para a situação de reforma dos militares das Forças Armadas, Processamento e

pagamento de faturas, Arsenal do Alfeite, das quais se destacam as seguintes:10

– Quadro legal da Ação Social Complementar disperso, complexo e assente, sobretudo, em normas

internas.

– Insuficiência de instruções e normativos em matéria de controlo interno.

– Subaproveitamento das potencialidades do SIGDN.

– Crescimento do número de militares promovidos e novas promoções (239 militares) ainda sem despacho

conjunto do MEF e do MAI;

– Não cumprimento de recomendações anteriores da IGF sobre promoções de 1.867 militares quanto a vagas

de 2010 sem parecer prévio do MEF e MAI (M€ 3,5 em 2010) e a atualização do suplemento por serviço nas

forças de segurança para 18 %, no biénio 2011/2012 (pagamentos em excesso de M€ 13,6).

– A previsão da receita, no Arsenal do Alfeite, ao longo de 2012 não teve por base a faturação do ano, como

determina a LCPA, mas sim o orçamento da empresa;

– A empresa, Arsenal do Alfeite, desenvolveu esforços, entre 2011 e 2013, no sentido da adoção de

procedimentos e operacionalização do SI com vista à correta aplicação da LCPA, contudo permanecem ainda

várias fragilidades;

– Em 2012 a Arsenal não gerou fundos operacionais suficientes para cobrir os seus custos. A

sustentabilidade da empresa não se encontra assegurada a curto/médio prazo, colocando em causa a

continuidade da empresa.

5 – Conclusões do Tribunal de Contas sobre a CGE 2013

Analisada a Conta Geral do Estado 2013, o Tribunal de Contas, em relação à legalidade, evidencia algumas

reservas realçando a omissão de € 1.332 M nas receitas do Estado relativos, sobretudo, a impostos,

contabilizados diretamente pelas entidades às quais estão consignados (v.g.: Estradas de Portugal e RTP).

Enfatiza que permanece por aplicar a reforma da contabilização das receitas estando em falta a ligação dos

sistemas próprios ao de contabilização orçamental e a responsabilização efetiva das entidades administradoras;

que a conta dos fluxos financeiros continua a não desempenhar o papel que lhe cabe no controlo das contas do

Estado, por não comportar a totalidade dos movimentos correspondentes; o relatório do Governo que integra a

CGE é omisso em matérias relevantes (v.g.: património imobiliário e unidade de tesouraria); os princípios da

anualidade, da unidade e universalidade, da não compensação, da não consignação, da especificação, do

cabimento prévio e da unidade de tesouraria não são aplicados em todas as situações em que devem ser

observados.

Concretizando, o Tribunal de Contas, no seu Parecer, formula reservas quanto à correção financeira da Conta

Geral do Estado 2013, no que se refere à “… Omissão de € 378 M nas receitas e nas despesas do Estado

relativos ao IRS afeto aos municípios (valor que não integra a conta consolidada da administração central);

informação sobre o stock da dívida pública direta do Estado não abrange a dos SFA (incluindo EPR), no

montante de € 24.824 M; devido a erros de classificação e a omissões, a despesa associada à emissão e gestão

da dívida pública está subvalorizada nas amortizações (em, pelo menos, € 5 M nos SI) e nos juros (em, pelo

menos, € 11 M nos SI e € 323 M nos SFA); a informação sobre os fluxos financeiros com a União Europeia não

é consistente nem completa, tendo sido apuradas divergências no valor global de € 52,5 M; a informação sobre

os fluxos financeiros para as autarquias locais não é fidedigna nem completa; subavaliação da despesa fiscal (€

490 M, para além de outra despesa por quantificar); falta (recorrente) de inventário do património imobiliário e

da sua devida valorização. As receitas e despesas relativas às operações imobiliárias estão afetadas por erros

(€ 9 M) e por falta de validação (€ 226 M); Movimentação fora do Tesouro de parte, ainda relevante, das

disponibilidades dos organismos da administração central e das empresas públicas (com saldos médios de €

10 Relatório Conta Geral do Estado 2013, páginas 352 e seguintes

Página 51

23 DE MAIO DE 2015 51

1.090 M) que continua a não ser registada na contabilidade da tesouraria. A generalidade dos juros auferidos

no decurso do incumprimento da unidade de tesouraria não foi entregue ao Estado (€ 5 M).”11

E enfatiza, ainda, na correção financeira da CGE 2013 o seguinte: a omissão de disponibilidades dos

organismos da administração central nos saldos da contabilidade orçamental, com destaque para o Fundo de

Estabilização Tributário (€ 4 M de saldo com € 1.050 M de disponibilidades), por inapropriada contabilização, na

despesa (receita) orçamental, da subscrição (amortização) de aplicações financeiras passíveis de mobilização

quase imediata; a divergência (€ 3.303 M) entre os saldos na contabilidade orçamental (€ 3.260 M) e na da

tesouraria (€ 6.563 M) dos organismos da administração central, em virtude da não contabilização, em

operações extraorçamentais, dos fluxos que não tenham natureza orçamental, ao arrepio dos princípios da

execução orçamental.12

Acrescentando ainda que “A CGE não inclui a receita e a despesa de sete Fundos Autónomos e de dezasseis

EPR, o que subvaloriza a receita e a despesa global.”

O Tribunal de Contas destaca que 65% das recomendações formuladas no Parecer de 2011 à Assembleia

da República e/ou ao Governo, foram acolhidas total ou parcialmente, o que se regista com apreço.

À semelhança das sucessivas Contas Gerais do Estado o Tribunal de Contas mantém a crítica relativa à

aplicação parcial do Plano Oficial de Contabilidade Pública (POCP), o que permitiria uma melhor “legibilidade”

das contas do Estado.

Especificamente em relação à Defesa Nacional, o Tribunal de Contas não dirige nenhuma recomendação

em particular.

PARTE II – OPINIÃO DA DEPUTADA AUTORA DO PARECER

A relatora do presente Parecer exime-se de manifestar a sua opinião sobre a Conta Geral do Estado, nos

termos do n.º 3 do artigo 137.º do Regimento da Assembleia da República, que confere à Parte II do Parecer o

caráter de “elaboração facultativa”.

PARTE III – CONCLUSÕES

1- O presente Parecer da Comissão de Defesa Nacional assume um caráter acessório e parcial em relação

ao Relatório Global cuja elaboração compete à Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública.

2- Este Parecer foi elaborado nos termos e para os efeitos previstos no Regimento da Assembleia da

República.

3- A Comissão de Defesa Nacional considera que o presente Parecer deve ser remetido à Comissão de

Orçamento, Finanças e Administração Pública, reservando aos grupos parlamentares as suas posições para o

debate em Plenário.

Palácio de S. Bento, 26 de janeiro de 2015.

A Deputada Autora do Parece, Rosa Maria Albernaz — O Presidente da Comissão, José de Matos Correia.

———

11 Parecer Tribunal de Contas à Conta Geral do Estado 2013 12 Parecer Tribunal de Contas à Conta Geral do Estado 2013

Página 52

II SÉRIE-A — NÚMERO 136 52

COMISSÃO DE ASSUNTOS EUROPEUS

Parecer

Índice

PARTE I – CONSIDERANDOS

PARTE II – OPINIÃO DO DEPUTADO AUTOR DO PARECER

PARTE III – CONCLUSÕES

PARTE I – CONSIDERANDOS

I – Nota Prévia

Nos termos e para os efeitos previstos nos artigos 205.º a 208.º do Regimento da Assembleia da República,

a Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública solicitou à Comissão Parlamentar de Assuntos

Europeus o envio de parecer sobre a Conta Geral do Estado – 20131, relativamente às áreas da sua competência, para que o mesmo seja tido em consideração no relatório

daquela Comissão.

Deste modo, compete à Comissão Parlamentar de Assuntos Europeus elaborar o respetivo parecer sobre a

Conta Geral do Estado – 2013, relativamente aos indicadores de execução orçamental do setor dos Assuntos

Europeus, devendo o mesmo, logo que aprovado, ser remetido à Comissão Parlamentar de Orçamento,

Finanças e Administração Pública.

Sem prejuízo de algumas considerações de âmbito geral, necessárias para o respetivo enquadramento, o

presente Parecer deve circunscrever-se aos aspetos mais relevantes que, na área dos Assuntos Europeus,

suscita a Conta Geral do Estado.

Serviram de base ao presente Parecer os documentos disponibilizados da Conta Geral do Estado – 2013, o

parecer emitido nos termos do artigo 107º da Constituição da República Portuguesa, pelo Tribunal de Contas e

o parecer do Conselho Económico e Social (CES) sobre o mesmo diploma.

II – Introdução

1 – Orçamento do Estado para 2013

O Orçamento do Estado aprovado na Assembleia da República pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro,

foi objeto de duas alterações:

 Lei n.º 51/2013, de 24 de junho – 1.ª alteração à Lei n.º 66-B/2012 de 31 de dezembro que, na sequência

do Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 187/2013, de 5 de abril, declarou a inconstitucionalidade de algumas

normas do OE/2013, em particular as que determinavam a suspensão do pagamento do subsídio de férias e o

14.º mês. Esta primeira alteração refletia as medidas acordadas no âmbito do 7º exame regular de aferição do

cumprimento do PAEF e a incorporação, nas contas públicas, do efeito decorrente da degradação do cenário

macroeconómico face ao previsto em outubro de 2012, tendo sido revisto o objetivo para o saldo global das

Administrações Públicas na ótica da Contabilidade Nacional de -4,5% para -5,5% do PIB. Esta alteração

consubstanciou uma deterioração do saldo global do subsetor Estado em 2.019,2 milhões de euros. Esta

evolução decorreu, no que respeita à receita, do reflexo da degradação estimada dos indicadores macro-

orçamentais na previsão de cobrança de receita fiscal do Estado (-1.594,5 milhões de euros), parcialmente

compensada, sobretudo, pelo aumento dos dividendos do Banco de Portugal (186 milhões de euros) e a inclusão

dos dividendos da PARPÚBLICA (38 milhões de euros). Assim, relativamente às alterações que tiveram impacto

no subsetor Estado, destacam-se:

1 A documentação referente à Conta Geral do Estado – 2013, encontra-se disponível em: http://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalheActividadeParlamentar.aspx?BID=98047&ACT_TP=CGE

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23 DE MAIO DE 2015 53

o Reposição do subsídio de férias ao pessoal do setor público e 14.º mês aos pensionistas da CGA;

o Acréscimo do montante afeto aos contratos-programa com os hospitais EPE para cobertura da reposição

do subsídio de férias (140 milhões de euros);

o Aumento da transferência do Orçamento do Estado destinada ao financiamento do orçamento da

Segurança Social (500 milhões de euros), visando assegurar a compensação do impacto da deterioração do

cenário macroeconómico na conta deste subsetor.

 Lei n.º 83/2013, de 9 de dezembro – que procedeu à segunda alteração à Lei orçamental em termos de

previsões de receita e de dotações de despesa. No que respeita à receita (+443 milhões de euros), foi

incorporada a previsão de receita fiscal adicional associada ao Regime excecional de regularização de dívidas

de natureza fiscal e à segurança social (500 milhões de euros) e à melhoria das perspetivas macroeconómicas

(170 milhões de euros). Foi anulada a receita extraordinária associada à concessão de infraestruturas portuárias

(227 milhões de euros). Estas alterações visaram acorrer a situações particulares e não previsíveis a que não

foi possível fazer face, pelos mecanismos de gestão corrente, dada a sua dimensão e natureza das alterações.

São elas:

o O reforço da Contribuição Financeira para a UE decorrente de ajustamentos resultantes de orçamentos

retificativos da União (90 milhões de euros);

o Transferência adicional para a CGA, dado o menor nível de receita face ao esperado, relativa a

contribuições para o respetivo sistema de pensões (180 milhões de euros);

o Reforço da transferência para a Segurança Social (5 milhões de euros), para ocorrer a encargos

acrescidos com as pensões do sistema substitutivo dos bancários em 2013;

o Redução de encargos com juros do Estado (-140 milhões de euros), sobretudo devido ao efeito positivo

do cancelamento de operações de swap, bem como a redução de taxas de juro aplicáveis a alguns instrumentos

de dívida direta do Estado;

o Reforço das transferências de capital para o Fundo de Regularização da Dívida Pública resultante do

processo de privatização do CTT (+340 milhões de euros).

Por estes factos, a versão inicial do Orçamento do Estado é diferente da final, uma vez que esta incorpora

as alterações orçamentais aprovadas ao longo do ano.

O Orçamento do Estado para 2013 (OE/2013), aprovado pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, mantém

a necessidade de consolidação orçamental, todavia as políticas no domínio dos Assuntos Europeus são

transversais, talvez, por essa razão, no Orçamento do Estado para 2013 não dedicou um capítulo específico ao

papel de Portugal na Construção Europeia.

Podemos encontrar no capítulo “IV.5. Representação Externa” um conjunto de orientações políticas no

domínio da política externa portuguesa no qual se inclui uma referência à União Europeia referindo

especificamente que um dos desafios prioritários do país é “A afirmação dos interesses portugueses no quadro

da União Europeia.”

 Contexto Económico

A nível internacional, em 2013, a economia mundial registou um crescimento de 3,3%, representando um

ligeiro abrandamento face a 2012 (3,4%). Continuaram-se a registar grandes disparidades à escala global entre

os ritmos de crescimento. Assim, nas economias avançadas o PIB cresceu 1,4%, enquanto no conjunto das

economias de mercado emergentes e em desenvolvimento aumentou 4,7%. Contudo apesar das discrepâncias

no crescimento, verifica-se que enquanto nas economias avançadas se assistiu a um ritmo de crescimento

ligeiramente superior ao do ano anterior, nas economias de mercado emergentes e em desenvolvimento

assistiu-se a um ligeiro abrandamento, refletindo políticas económicas menos expansionistas e receios quanto

à estabilidade financeira.

Em estagnação esteve a União Europeia, ao apresentar um crescimento de 0,2%, não obstante apresentar

melhorias face 2012 (-0,3%).

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A economia da área euro continuou em recessão, em 2013, ligeiramente desagravada face a 2012,

retomando o seu crescimento no final do primeiro semestre de 2013, sobretudo devido à aplicação de medidas

não convencionais de política monetária através do BCE.

Em Portugal e neste mesmo período a atividade economia continuou a apresentar uma contração (-1,4%),

embora menos acentuada que a verificada no ano anterior (-3,3%). Portugal registou, pela primeira vez na sua

história, três anos consecutivos de recessão económica (pelo menos desde que existem dados – 1960) –

afigurando-se como a recessão mais prolongada de sempre.

PIB e Principais Componentes: 2011, 2012 e 2013

taxa de crescimento homólogo real(%)

2011 2012 2013

PIB -1,8 -3,3 -1,4

Consumo Privado -3,7 -5,2 -1,4

Consumo Público -3,8 -4,3 -1,9

FBCF -12,5 -15,0 -6,3

Exportações 7,0 3,1 6,4

Bens 7,7 3,8 5,8

Serviços 5,2 1,0 8,2

Importações -5,8 -6,6 3,6

Bens -7,1 -6,6 4,1

Serviços 2,8 -6,3 0,8

Contributos para o crescimento do PIB (em p.p.)

Procura Interna -6,2 -6,8 -2,3

Procura externa líquida 4,6 3,6 1,0

Emprego -3,2 -4,1 -2,6

Taxa de Desemprego 12,7 15,5 16,2

Fonte: INE- Inquérito ao Emprego

A “contração menos acentuada em 2013 deveu-se à menor queda da procura interna, a qual compensou o

contributo menos positivo das exportações líquidas. Em relação à procura interna, o contributo negativo, em

2013 decorreu da diminuição do consumo privado, do consumo público e do investimento. Por seu turno, as

exportações líquidas voltaram a registar um contributo positivo devido ao forte aumento das exportações, que,

contudo, foi atenuado pelo aumento das importações. A respeito das importações, saliente-se que estas

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23 DE MAIO DE 2015 55

apresentam um aumento, o qual contrasta com a redução verificada em 2012 e estará relacionada com a menor

redução da procura interna em 2013, quando comparada com o verificado no ano anterior”2.

No que se refere ao mercado de trabalho, assistiu-se a um aumento da taxa de desemprego, passando de

15,5% em 2012, para 16,2%, em 2013, o equivalente a 855,2 mil pessoas desempregadas.

O emprego registou uma queda, em termos nominais, de 2,6%, no conjunto do ano de 2013 que corresponde

a uma diminuição de 117,5 mil empregos.

 As previsões macroeconómicas para 2013 - do orçamento inicial ao valor efetivo

O cenário macroeconómico apresentado no OE/2013 inicial apontava para uma recessão económica de 1,0%

do PIB, acabando por se verificar uma contração económica mais acentuada em 0,4 pontos percentuais. Face

à projeção inicial, de outubro 2012, registou-se uma contração menos acentuada do consumo (público e privado)

e uma contração mais forte do investimento (FBCF). Esta evolução enquadra-se num contexto em que foi

reposto o pagamento do subsídio de férias a funcionários públicos e pensionistas durante 2013, na sequência

da decisão do Tribunal Constitucional. Do lado do contributo externo, registou-se um aumento das exportações

maior do que o esperado, mas também um aumento das importações, (+3,6%), o qual contrasta com uma

previsão inicial de redução (-1,4%). Em resultado destas variações, verificou-se um contributo líquido da procura

externa menos positivo do que o esperado (1,1 p.p. face a 1,9 p.p.), para o qual contribuiu o aumento das

importações.

O quadro seguinte inclui as várias projeções realizadas pelo Governo para o ano de 2013.

Várias Projeções macroeconómicas do Governo: 2013

taxa de crescimento homólogo real(%)

2013

2012 DEO DEO OE2013 DEO e OER OE2014verificado abril e maio verificado

Ago-11 Abr-12 Out-12 Out-132013

PIB -3,3 1,2 0,6 -1,0 -2,3 -1,8 -1,4

Consumo Privado -5,2 -0,7 -0,7 -2,2 -3,2 -2,5 -1,4

Consumo Público -4,3 -4,0 -2,9 -3,5 -4,2 -4,0 -1,9

FBCF -15,0 3,9 -0,6 -4,2 -7,6 -8,5 -6,3

Exportações 3,1 6,5 5,6 3,6 0,8 5,8 6,4

Importações -6,6 1,6 1,6 -1,4 -3,9 0,8 3,6

Inflação (IPC) 2,8 1,4 1,3 0,9 0,7 0,6 0,3

Emprego -4,1 0,3 0,6 -1,7 -3,9 -3,9 -2,6

Desemprego (Taxa %) 15,5 13,0 14,1 16,4 18,2 17,4 16,2

Défice público (% do PIB) 5,5 3,0 3,0 4,5 5,5 5,9 4,9

Dívida Pública Bruta (% do PIB) 124,8 106,8 115,7 123,7 122,3 127,8 128,0

INE, Eurostat (Dívida e Défice)

Nota: de acordo com SEC2010

Comparando com a primeira projeção realizada pelo Governo, expressa no Documento de Estratégia

Orçamental (DEO), de agosto de 2011, o ano de 2013 deveria apresentar um crescimento da atividade

económica na ordem de 1,2%.

Relativamente ao orçamentado retificativo, de maio de 2013, a economia acabou por apresentar um

desempenho menos negativo, já que naquele o Governo antevia uma recessão económica na ordem dos 2,3%.

No mercado de trabalho, nomeadamente no que concerne ao crescimento do emprego e à taxa de

desemprego registaram-se evoluções bastante mais desfavoráveis que as inicialmente previstas, no DEO (de

agosto de 2011) e no OE/2013 inicial, mas menos desfavoráveis face às previsões constantes no OE/2013

retificativo.

2 UTAO, Análise da Conta Geral do Estado 2013, Parecer técnico nº5/2014, pág. 3

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Com efeito, o emprego registou uma queda no conjunto do ano, de 2,6%, quando se previa inicialmente (no

DEO de agosto2011) um crescimento de 0,3%, e depois (no OE/2003 inicial) uma quebra de 1,7%. Face ao

OE/2013 retificativo, o emprego acabou por apresentar uma queda menos acentuada (OE/2013 retificativo=-

3,9%).

Quanto à taxa de desemprego, acabou por situar-se ao nível do projetado inicialmente no OE/2013, não

obstante se ter perspetivado uma taxa de desemprego de 18,2%, no OE2013/retificativo.

As Finanças Públicas em 2013 refletem a estratégica de consolidação orçamental acordada no âmbito do

PAEF, tendo o limite estabelecido para o défice de 2013 sido revisto numa primeira vez de 3% para 4,5% do

PIB e, numa segunda vez, de 4,5% para 5,5% do PIB, com base no reconhecimento de que o cumprimento dos

limites estabelecidos anteriormente só seria possíveis com custos económicos e sociais muito elevados. O

défice orçamental das Administrações Públicas acabou por se situar em 4,9% do PIB.

Neste período, a consolidação orçamental resultou do maior aumento da receita estrutural face à despesa e

deveu-se à necessidade, por decisão do Tribunal Constitucional, de reposição dos subsídios de férias e de Natal

dos funcionários públicos e pensionistas, o que obrigou o Governo a optar por um aumento das contribuições,

nomeadamente do IRS para puder cumprir as metas definidas com as instituições internacionais. Deste modo,

a receita fiscal aumentou 2,5 pontos percentuais do PIB face a 2012, em resultado das medidas adotadas,

designadamente a revisão da tributação de bens imobiliários, a reestruturação do IRS, o aumento das

contribuições dos beneficiários para os sistemas de proteção na doença, o aumento dos impostos especiais

sobre o consumo, o crédito fiscal extraordinário ao investimento, o crédito fiscal extraordinário ao investimento

e ao reforço do incentivo fiscal em sede de IRS.

Do lado da despesa, as medidas com vista à redução da despesa pública têm caráter transversal e centram-

se essencialmente na diminuição da massa salarial do setor público, com redução de efetivos e a limitação da

contratação de pessoal, associada à alteração do período normal de trabalho de 35 para 40 horas semanais,

em poupanças nos encargos associados às PPP, na redução dos encargos com as contribuições da entidade

empregadora para os sistemas de proteção na doença e na racionalização da despesa no setor da saúde

Estes fatores explicam as diferentes previsões para a evolução do défice orçamental. Assim, no Orçamento

inicial a redução prevista do défice era de 1,5 pontos percentuais (p.p.) do PIB face ao saldo orçamental de

2012, excluindo medidas pontuais. Na previsão do primeiro Orçamento retificativo a redução esperada do défice

era de 0,3 p.p. do PIB, sendo de salientar que o ponto de partida era inferior em 0,2 p.p. do PIB, relativamente

ao do orçamento inicial. Os valores da execução final de 2013 mostram uma diminuição do défice de 0,9 p.p. do

PIB, influenciado quer por medidas pontuais quer por uma maior receita proveniente do regime de regularização

excecional de dívidas fiscais e à segurança social.

A dívida pública ficou acima de qualquer projeção do Governo, ao atingir 128% do PIB.

2 – Conta Geral do Estado 2013

 Transferências Financeiras entre Portugal e União Europeia

As transferências financeiras entre Portugal e a União Europeia (UE) resultam, por um lado, da contribuição

financeira de Portugal para o orçamento geral da UE, que se traduz num pagamento com regularidade mensal

dos vários recursos próprios e, por outro lado, no recebimento das comparticipações da UE no cofinanciamento

ou financiamento de projetos ou ações no âmbito da aplicação dos fundos estruturais.

No quadro seguinte indicam-se os valores relativos aos fluxos financeiros entre Portugal e a União Europeia,

para o período 2011 a 2013.

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3 – Parecer do Tribunal de Contas

Na elaboração do presente documento foi tido também em conta o Parecer do Tribunal de Contas sobre a

Conta Geral do Estado de 2013.

Nos termos do disposto no artigo 214º, da Constituição da República Portuguesa (CRP), compete ao Tribunal

de Contas (T.C.) emitir parecer sobre a Conta Geral do Estado, dentro do prazo legalmente fixado, sustentado

em ações de controlo da execução orçamental de 2013, realizadas para o efeito e em auditorias efetuadas a

áreas específicas da gestão e execução orçamentais.

A síntese conclusiva deste documento assinala alguns pontos relevantes, no que à área dos Assuntos

Europeus diz respeito, nomeadamente:

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 Fluxos Financeiros com a União Europeia

Importa mencionar que as transferências financeiras entre Portugal e a União Europeia (UE) resultam, por

um lado, da contribuição financeira de Portugal para o orçamento geral da UE, que se traduz num pagamento

com regularidade mensal dos vários recursos próprios e, por outro lado, no recebimento das comparticipações

da UE no cofinanciamento ou financiamento de projetos ou ações no âmbito da aplicação dos fundos estruturais.

Refere o Parecer do Tribunal de Contas que neste domínio, o saldo global “não é totalmente coincidente com

o que consta da CGE/2013”.

 Fluxos Financeiros para a União Europeia

De mencionar que atualmente são quatro as principais fontes de receita da UE: o recurso próprio baseado

no Rendimento Nacional Bruto (RNB), fixado anualmente, no quadro do processo orçamental, tendo como

base a matéria coletável que representa a soma dos rendimentos nacionais brutos dos Estados Membros a

preços de mercado; o recurso próprio IVA, calculado pela aplicação de uma taxa a uma matéria coletável

harmonizada do Imposto sobre o Valor Acrescentado; os direitos aduaneiros cobrados nas fronteiras

externas, em conformidade com a pauta aduaneira comum, a que acrescem as quotizações à produção e

armazenamento do açúcar e isoglucose.

Embora com menor expressão, englobam-se ainda nas transferências de Portugal para a UE, a

compensação ao Reino Unido3, e o recurso próprio baseado no RNB Suécia/Holanda, que enquadra uma

redução anual da respetiva contribuição bruta do RNB, durante o período 2007-2013, sendo este custo

suportado por todos os Estados Membros.

Também neste capítulo o Parecer do Tribunal de Contas assinala divergências que podem ser observadas

no quadro seguinte:

3 A compensação ao Reino Unido foi reivindicada pelo Governo de Margaret Thatcher e adotada pelo Conselho Europeu em 1984. Estabelecendo uma contrapartida, em que o financiamento é repartido entre os restantes Estados Membros proporcionalmente ao seu RNB, (com exceção da Alemanha, Holanda, Áustria e Suécia que beneficiam de uma redução de 3/4).

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23 DE MAIO DE 2015 59

 Transferência da UE para Portugal

Relativamente a este ponto são assinaladas divergências nos montantes nomeadamente é referido que foi

encontrada uma diferença no “FEDER, de € 1,5 M, que não corresponde à informação prestada à DGO pela

Agência para o Desenvolvimento e Coesão. No exercício do contraditório, a Agência para o Desenvolvimento e

Coesão menciona que reportou o valor em euros e o IFAP vem esclarecer as diferenças no reporte, concluindo-

se que os valores respeitantes ao “FEOGA-Garantia/FEAGA”; FEDER e FEADER constantes da CGE não são

os corretos. Por seu turno, a DGO, na sua resposta, nada refere sobre a matéria”.

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 60

Conclui o Parecer do Tribunal de Contas que em 2013, o saldo dos fluxos financeiros entre Portugal e a

União Europeia registou uma redução face a 2012 no montante de € 636,2 M, em grande medida devido ao

comportamento dos fluxos financeiros provenientes da União Europeia (-8,7%) e, em menor grau, ao aumento

das transferências de Portugal para a União Europeia em € 50,2 M (+2,9%).

“Relativamente aos recursos próprios tradicionais não cobrados e aos juros, a não inscrição inicial das

correspondentes dotações orçamentais e o protelar pela tutela da autorização das alterações orçamentais para

fazer face ao pagamento de valores em dívida, levou mais uma vez ao adiamento dos pagamentos devidos,

com consequências financeiras”.

Por conseguinte, o Tribunal de Contas recomenda no seu parecer as seguintes recomendações:

“Recomendação 30 – PCGE/2013

Os recursos próprios devem ser pagos tempestivamente de modo a evitar onerar o Estado com juros.

À semelhança do apurado no ano anterior, não houve um critério uniforme na contabilização das verbas

relacionadas com os “Recursos próprios tradicionais”, dado que nem sempre foi observado o princípio da não

compensação, estando a receita e a despesa orçamental subavaliada em € 447 m (cfr. ponto 5.2). Recomenda-

se, por isso, que:

Recomendação 31 – PCGE/2013

Na execução orçamental dos recursos próprios tradicionais deve ser observado o princípio orçamental da

não compensação.

Embora se registe maior cuidado por parte da DGO no apuramento dos fluxos da UE, continuam a verificar-

se diferenças entre os dados constantes do Quadro 82 do I volume da Conta Geral do Estado e os dados

apurados pelo Tribunal. Essas diferenças revelam-se particularmente sem fundamento em relação à informação

prestada pelas Autoridades de Certificação / Entidades Pagadoras (cfr. Ponto 5.3.1). Recomenda-se assim:

Recomendação 32 – PCGE/2013

Deve ser exigido rigor na prestação de informação pelas Autoridades de Certificação/Entidades Pagadoras

de fundos comunitários sobre os fluxos financeiros recebidos da UE, de forma a evitar erros desnecessários no

respetivo apuramento.

A CGE de 2013 inclui informação detalhada sobre fundos comunitários por fonte de financiamento no mapa

22 –“Desenvolvimento das despesas dos serviços integrados”, no mapa 53 –“Investimento – Resumo por

Fontes de Financiamento” e no mapa “Elementos informativos sobre os programas orçamentais”, mas apenas

este último mapa, apesar de não dispor de informação agregada, permite a comparação com os dados apurados

sobre a execução dos fundos comunitários (cfr. ponto 5.3.1).

Recomenda-se assim:

Recomendação 33 – PCGE/2013

A CGE deve conter informação agregada sobre a execução dos fundos comunitários por fonte de

financiamento.

A análise comparativa dos dados da execução orçamental constantes do mapa “Elementos informativos

sobre os programas orçamentais” com os fornecidos pelas Autoridades de Certificação evidencia uma grande

diferença entre os valores de execução dos fundos comunitários e os valores registados como despesa

orçamental. Essa diferença pode respeitar a pagamentos sem cofinanciamento público nacional e,

consequentemente, sem expressão orçamental, de acordo com o modelo preconizado pela DGO, ou pode

resultar da sua incorreta classificação pelos serviços que movimentam este tipo de fundos, sendo necessário

para o correto apuramento desta situação a existência de informação sobre o volume de operações

extraorçamentais registadas pelos serviços (cfr.ponto 5.3.1). Recomenda-se, por isso:

Recomendação 34 – PCGE/2013

No domínio da execução dos fundos comunitários, deve existir informação sobre as operações

extraorçamentais das entidades da administração central sujeitas à disciplina orçamental.

Na execução do QREN evidenciam-se os três PO Temáticos que foram responsáveis por 66,0% da execução

comunitária, destacando-se o POPH com a melhor taxa de execução acumulada (79,8%). O conjunto dos PO

financiados pelo FEDER, FC e FSE apresentaram em 2013 taxas de execução superiores a 100% (103,8%,

118,2% e 107,0%, respetivamente), estando a ser recuperadas execuções inferiores registadas sobretudo no

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23 DE MAIO DE 2015 61

período 2007-2009 mas que, no caso do Fundo de Coesão se prolongaram até 2011, ano em que apenas foram

executadas 73,8% das verbas disponíveis para aquele ano (cfr. ponto 5.3.2.1).

A taxa de execução atingida no FEADER (75,8%) representou uma significativa recuperação de atrasos

anteriores. Porém, a taxa de execução do FEP (47,6%), que financia exclusivamente o PROMAR, significa que

este PO está a sobrecarregar os exercícios futuros e a comprometer a utilização integral dos recursos

comunitários postos à disposição de Portugal, tendo-se já verificado duas anulações automáticas da autorização

orçamental comunitária no apuramento da regra “n+2”, de € 3,5 M a 31 de dezembro de 2012 e de € 16,2 M, no

final de 2013 (cfr. ponto 5.3.2.2).”

PARTE II – OPINIÃO DO DEPUTADO AUTOR DO PARECER

O Relator exime-se, nesta sede, de manifestar a sua opinião política sobre esta matéria, a qual é, nos termos

do n.º 3 do artigo 137.º do RAR, de natureza facultativa.

PARTE III – CONCLUSÕES

Face aos considerandos expostos, a Comissão Parlamentar de Assuntos Europeus entende

que o presente Parecer se encontra em condições de ser remetido à Comissão Parlamentar de

Orçamento, Finanças e Administração Pública, para os efeitos legais e regimentais aplicáveis.

Palácio de S. Bento, 27 de janeiro de 2015.

O Deputado autor do Parecer, Ivo Oliveira — O Presidente da Comissão, Paulo Mota Pinto.

———

COMISSÃO DE ECONOMIA E OBRAS PÚBLICAS

Parecer

Índice

PARTE I – CONSIDERANDOS

PARTE II – OPINIÃO DO DEPUTADO AUTOR DO PARECER

PARTE III – CONCLUSÕES

PARTE I – CONSIDERANDOS

Introdução

Nos termos da alínea d) do artigo 162.º da Constituição da República, a Conta Geral do Estado deve ser

apresentada até ao dia 31 de dezembro do ano subsequente ao qual diz respeito, tendo a mesma sido recebida

na Assembleia da República em 1 de julho de 2014.

No respeito pelo disposto no n.º 3 do artigo 205.º do Regimento da Assembleia da República, a Comissão

de Economia e Obras Públicas (CEOP) foi chamada a emitir parecer relativo à Conta Geral do Estado de 2013.

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 62

A Conta Geral do Estado de 2013 encontra-se acompanhada do Parecer do Tribunal de Contas (“Parecer

sobre a Conta Geral do Estado –Ano Económico de 2013”), do Parecer do Conselho Económico e Social

(“Parecer sobre a Conta Geral do Estado 2013”, aprovado em Plenário a 12/01/2015), e do Parecer Técnico da

Unidade Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da República (“Parecer Técnico n.º 5/2014 – Análise da

Conta Geral do Estado de 2013”) a fim de ser elaborado o respetivo Parecer nas áreas de competência material

da Comissão de Economia e Obras Públicas (6.ª Comissão).

Assim, para a elaboração do presente Parecer, foi analisada a Conta Geral do Estado de 2013 e tidos em

consideração os referidos pareceres.

Tendo a Conta Geral do Estado sido distribuída à Comissão de Economia e Obras Públicas foi nomeado

relator o Deputado Bruno Dias do Grupo Parlamentar do PCP.

Enquadramento macroeconómico português

A economia portuguesa registou, em 2013, uma contração da atividade económica de 1,4%, mais acentuada

do que o previsto inicialmente no OE/2013. Em 2013 registou-se o terceiro ano consecutivo de contração da

atividade económica, ainda que menos acentuada do que no ano anterior, a qual foi de 3,2%. A contração menos

acentuada em 2013 deveu-se à menor queda da procura interna, a qual compensou o contributo menos positivo

das exportações líquidas.

Em relação à procura interna, o contributo negativo, em 2013 decorreu da diminuição do consumo privado,

do consumo público e do investimento. Por seu turno, as exportações líquidas voltaram a registar um contributo

positivo devido ao forte aumento das exportações, que, contudo, foi atenuado pelo aumento das importações. A

respeito das importações, saliente-se que estas apresentam um aumento, o qual contrasta com a redução

verificada em 2012 e estará relacionada com a menor redução da procura interna em 2013, quando comparada

com o verificado no ano anterior.

Em relação à previsão do OE/2013, a contração da atividade económica em termos reais foi 0,4 p.p. mais

acentuada do que inicialmente considerada. Em relação ao cenário inicial previsto no OE/2013, registou-se uma

contração menos acentuada do contributo da procura interna (-2,5 p.p. face à previsão de -2,9 p.p.), tendo em

conta que o consumo privado e público diminuíram menos do que o esperado.

Esta evolução enquadra-se num contexto em que foi reposto o pagamento do subsídio de férias a

funcionários públicos e pensionistas durante 2013, na sequência da decisão do Tribunal Constitucional.

Do lado do contributo externo, registou-se um aumento das exportações maior do que o esperado, mas

também um aumento das importações, de +3,1%, o qual contrasta com uma previsão inicial de redução (-1,4%).

Em resultado destas variações, verificou-se um contributo líquido menos positivo do que o esperado (1,1 p.p.

face a 1,9 p.p.), para o qual contribuiu o aumento das importações.

A formação de capital fixo continuou a diminuir, ainda que menos do que no ano anterior. A variação negativa

do investimento tem sido acompanhada do aumento do consumo de capital fixo, o que se traduziu em

investimento líquido negativo desde 2011. Isto é, a erosão do stock de capital (consumo de capital fixo) tem sido

superior à formação bruta de capital fixo.

Continuou a registar-se o aumento da taxa de desemprego, apesar da diminuição da população ativa. A

redução de emprego foi superior à prevista. Na primeira alteração ao OE/2013, a taxa de desemprego foi

fortemente revista em alta perante um cenário macroeconómico substancialmente mais negativo e que não se

concretizou. A segunda alteração ao OE/2013, ainda que prevendo uma taxa de desemprego inferior à prevista

no OE1R/2013, considerou uma taxa de desemprego acima do observado. Em relação a 2012, em 2013

verificou-se uma taxa de desemprego mais alta (16,2%, face a 15,5%).

A este respeito, destacamos a referência do Conselho Económico e Social: De referir ainda o nível da taxa

de desemprego que atingiu valores elevados (16,2%), bem como a descida do emprego em 2,6% - num quadro

de diminuição da população ativa, por um lado devido à forte emigração, sobretudo de população jovem, e por

outro lado devido ao aumento do número de desempregados desencorajados e de desempregados abrangidos

por programas do IEFP, o que se reflete em termos da situação social e na evolução do rendimento da

população. De facto, não é possível fazer uma avaliação das contas públicas em 2013 sem medir os efeitos na

estrutura económica e social do País.

A situação económico-financeira em 2013 e a sua comparação com várias projeções oficiais pode ser

observada no seguinte quadro:

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23 DE MAIO DE 2015 63

Quadro 1: Enquadramento macroeconómico em 2013 e previsões governamentais

Fonte: UTAO.

Enquadramento Internacional

O ritmo de crescimento da economia mundial continuou a abrandar em 2013, apesar da aceleração do

crescimento das economias avançadas. A economia mundial cresceu 3,3% em 2013, o que resultou de um

crescimento de 1,4% das economias avançadas e de 4,7% das economias de mercado emergentes e em

desenvolvimento.

Este crescimento em termos mundiais representa um ligeiro abrandamento face a 2012 e o estreitamento da

diferença entre as economias avançadas, que cresceram mais do que em 2012, e as economias de mercado

emergentes e em desenvolvimento, que cresceram menos. O crescimento da economia mundial foi inferior ao

que estava inicialmente previsto no relatório do OE/2013, ainda que a previsão para o crescimento das

economias avançadas se tenha situado apenas ligeiramente abaixo.

Na área do euro continuou a registar-se uma contração da atividade económica, não se verificando a

recuperação esperada no OE/2013. A economia da área do euro registou o segundo ano consecutivo de

contração da atividade económica, tendo o PIB diminuído 0,7% e 0,4% em 2012 e 2013, respetivamente. Esta

evolução continuou a ser revestida de uma elevada heterogeneidade entre países. Na Alemanha verificou-se

um crescimento do PIB de 0,5%, inferior ao do ano anterior e abaixo do valor previsto no OE/2013; em França

a atividade económica manteve o crescimento de 0,3%; em Itália registou-se uma recessão de 1,9%, mais

acentuada do que o esperado inicialmente; e, em Espanha, o PIB contraiu 1,2%.

Num contexto de abrandamento económico, verificou-se a diminuição da taxa de inflação na economia

mundial, resultante do abrandamento nas economias avançadas. No que se refere às economias de mercado

emergentes e em desenvolvimento, verificou-se a continuação do aumento da taxa de inflação. Em termos

médios anuais, a taxa de inflação da área do euro situou-se em 1,3% em 2013, abaixo do observado no ano

anterior. Esta evolução dos preços no consumidor é consistente com a redução do preço do petróleo, tendo o

preço do brent diminuído, em termos médios, de 111,6 dólares/barril em 2012 para 108,6 dólares/barril em 2013.

Note-se que a evolução do preço do petróleo foi no sentido da prevista no OE/2013, mas com um ponto de

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 64

partida e uma dimensão substancialmente diferentes. No OE/2013, elaborado em outubro de 2012, previa-se a

descida do preço do petróleo para 102,4 dólares/barril em 2012 e para 96,9 dólares/barril em 2013.

A taxa de desemprego aumentou na área do euro, ao contrário de outras economias avançadas onde se

observou uma redução. Nos EUA, Japão e Reino Unido a taxa de desemprego continuou a diminuir, numa

tendência iniciada em 2010. Nos principais países da área do euro verificou-se um aumento da taxa de

desemprego, destacando-se a Espanha onde atingiu 26,1% e, em sentido inverso, a Alemanha onde a taxa de

desemprego continuou a diminuir para 5,3%.

Pode observar-se no Quadros 2 o contexto internacional relativamente à taxa de variação real do PIB:

Quadro 2: Crescimento económico mundial

(taxa de variação real do PIB, em percentagem)

Previsão do

2010201120122013OE/2013

2013

3,6 Economia mundial5,4 4,1 3,4 3,3

1,5 Economias avançadas 3,1 1,7 1,2 1,4

2,1 EUA 2,5 1,6 2,3 2,2

1,2 Japão 4,7 -0,5 1,5 1,5

0,2 Área do euro 2,0 1,6 -0,7 -0,4

0,9 Alemanha 3,9 3,4 0,9 0,5

0,4 França 2,0 2,1 0,3 0,3

-0,7 Itália 1,7 0,5 -2,4 -1,9

-1,3 Espanha -0,2 0,1 -1,6 -1,2

1,1 Reino Unido 1,7 1,1 0,3 1,7

5,6 Economias de mercado emergentes e em desenvolvimento 7,5 6,2 5,1 4,7

Fonte: UTAO

Análise Sectorial – Economia

No Quadro 4, observa-se que o Ministério da Economia orçamentou uma despesa de 3116 milhões de euros,

tendo sido a execução no valor de 2614 milhões:

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23 DE MAIO DE 2015 65

Quadro 4: Despesa consolidada da Administração Central, por ministérios

Fonte: Conta Geral do Estado de 2013

Por sua vez, o Quadro 5 é elucidativo quanto ao peso dos passivos financeiros no âmbito das despesas de

capital, correspondente a 63,4% desse valor.

Quadro 5: Despesa por Classificação Económica do Ministério da Economia

Fonte: Conta Geral do Estado de 2013

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 66

Finalmente, destacamos a seguinte referência, constante da análise da UTAO acerca dos encargos

com as Parcerias Público-Privadas.

Apesar da redução verificada em termos homólogos, a execução de 2013 apresentou um desvio global

desfavorável quando comparada com a previsão orçamental inicial. Ao nível dos encargos líquidos totais, o

desvio de execução foi de 84,1 M€ (9,5%). O desvio concentrou-se ao nível das PPP rodoviárias (61,9 M€) e

das PPP do setor da saúde (24,1 M€).

No que se refere às PPP rodoviárias, os encargos brutos apresentaram uma execução superior à

orçamentada em 83,8 M€, uma vez que foram efetivamente pagos 805 M€ em vez dos 721 M€ previstos

inicialmente. Ao nível das receitas também se registou um desvio de execução, tendo sido cobrados 294 M€,

quando tinham sido orçamentados 272 M€. Este acréscimo de receita compensou parcialmente o desvio de

execução verificado ao nível dos encargos brutos.

De acordo com a CGE/2013, os desvios desfavoráveis registados nos encargos brutos das PPP rodoviárias

encontram-se fundamentados, essencialmente, no facto de não ter sido possível concluir, em tempo útil, as

renegociações das PPP rodoviárias iniciadas em 2013, tendo uma parte destas poupanças acordadas transitado

para o exercício seguinte. De acordo com o Relatório Anual das PPP da UTAP relativo a 2013, no âmbito do

processo de renegociação das concessões rodoviárias, em 2013 foram obtidos acordos preliminares com sete

concessões, tendo sido possível incorporar parte das poupanças acordadas no âmbito dos pagamentos

realizados a algumas concessionárias.

Adicionalmente, de acordo com o referido na CGE/2013, os desvios verificados na execução das PPP

rodoviárias terão sido compensados por medidas alternativas operadas no orçamento da empresa Estradas de

Portugal, SA. Contudo, embora estas medidas possam ter compensado o impacto orçamental não obtido por

via do processo de renegociação, é de referir que são qualitativamente distintas, porquanto dizem respeito à

gestão interna da empresa Estradas de Portugal, SA.

Relativamente a esta matéria, o Parecer do CES dedica também uma atenção particular, recomendando que

a CGE contenha mais informação devidamente organizada sobre a incidência da atividade do Estado nas áreas

mais “limítrofes” do “perímetro público” como é o caso do Sector Empresarial do Estado (SEE) e das Parcerias

Público-Privadas (PPP).

Em relação ao SEE o CES recomenda uma maior explicitação das causas do aumento do endividamento em

mais de mil milhões de euros, face a 2012, das empresas públicas reclassificadas, incluindo as consequências

dos contratos “swap”.

Sobre as PPP, o CES assinala a necessidade de ampliar a informação por concessão sobre os valores

orçamentados e os valores executados, relativos aos encargos líquidos com as PPP.

Relativamente ao que é referido sobre as PPP no âmbito dos Riscos das Responsabilidades Contingentes,

o CES considera que os encargos financeiros que os diferendos em curso (renegociação dos contratos) possam

acarretar para anos futuros deviam ser quantificados e avaliado o seu impacto nos encargos plurianuais para

2014 e anos seguintes.

Também para assegurar mais transparência na prestação de contas nesta matéria tão sensível das PPP, o

CES recomenda que seja explicitado para cada contrato a existência de eventuais alterações no âmbito do

serviço público prestado nas várias concessões em regime de PPP ou equivalente.

Outra matéria de relevância na relação entre a atividade do Estado e o funcionamento da economia,

identificada pelo CES, é a que se refere aos pagamentos a fornecedores.

Sobre os pagamentos em atraso e não obstante o carácter positivo dos programas de regularização

extraordinária de dívidas, ao abrigo dos quais foi possível que o total de dívidas por pagar há mais de 90 dias

se tenha reduzido em 1094 milhões de euros, face a 2012, o CES considera preocupante que em 2013 se tenha

verificado a criação de novos pagamentos em atraso no valor de 256 milhões de euros.

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23 DE MAIO DE 2015 67

PARTE II – Opinião do Deputado Relator

Sendo a opinião do Relator de elaboração facultativa, o deputado relator reserva a sua opinião neste relatório

não a emitindo.

PARTE III – Conclusão

A Comissão Parlamentar de Economia e Obras Públicas é de parecer que o presente Relatório, sobre a

Conta Geral do Estado de 2013, deverá ser remetido à Comissão Parlamentar de Orçamento, Finanças e

Administração Pública, em conformidade com o artigo 206.º, n.º 1, alínea c), do Regimento da Assembleia da

República, reservando os grupos parlamentares as suas posições para o debate em Plenário.

Palácio de São Bento, 30 de janeiro de 2015

O Deputado Relator, Bruno Dias — O Presidente da Comissão, Pedro Pinto.

———

COMISSÃO DE AGRICULTURA E MAR

Parecer

Índice

PARTE I – NOTA INTRODUTÓRIA

PARTE II – CONSIDERANDOS

PARTE III – OPINIÃO DO DEPUTADO AUTOR DO RELATÓRIO

PARTE IV – CONCLUSÕES

PARTE I – NOTA INTRODUTÓRIA

De acordo com a Lei de Enquadramento Orçamental e em cumprimento com o disposto no Regimento da

Assembleia da República, a Comissão de Orçamento Finanças e Administração Pública remeteu a Conta Geral

do Estado de 2013 à Comissão de Agricultura e Mar, para que se pronunciasse sobre as matérias da sua

competência e nos termos do artigo 107.º da Constituição da República Portuguesa, e do artigo 206.º do

Regimento da Assembleia da República, elaborasse um Parecer.

A Conta Geral do Estado de 2013, foi objeto de avaliação do Tribunal de Contas, da Unidade Técnica de

Apoio Orçamental (UTAO) da Assembleia da República e do Conselho e Económico e Social (CES), cujos

pareceres foram considerados na elaboração do presente parecer.

PARTE II – CONSIDERANDOS

I. Enquadramento

O Orçamento do Estado para 2013 foi aprovado pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro que, no decorrer

do primeiro semestre de 2013, sofreu a primeira alteração através de Lei n.º 51/2013, de 24 julho, e, no final do

mesmo ano, sofreu a segunda alteração através da Lei n.º 83/2013, de 9 dezembro.

Segundo o Relatório da Conta Geral do Estado 2013 (CGE 2013), a primeira alteração ao OE 2013 deveu-

se à necessidade de acautelar o Acórdão do Tribunal Constitucional, no sentido de repor o pagamento do

subsídio de férias, para os trabalhadores, e 14.º mês, para aposentados e pensionistas, «bem como outras

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 68

alterações determinadas pela evolução do cenário macroeconómico e da situação financeira do Estado, com

impacto nas operações de financiamento do Estado, Entidades Públicas Reclassificadas, Administração Local

e Administração Regional» e um conjunto de medidas de «poupança e racionalização resultantes do processo

de reavaliação da despesa da Administração Central, levado a cabo no início de 2013» (in Conta Geral do

Estado 2013), de que se destaca:

 O aumento da transferência do Orçamento do Estado destinada ao financiamento do orçamento da

Segurança Social (500 milhões de euros), visando assegurar a compensação do impacto da deterioração do

cenário macroeconómico na conta deste subsector;

A segunda alteração ao OE 2013, aprovada pela Lei n.º 83/2013, de 9 dezembro, visou «acorrer a situações

particulares não previsíveis e que não foi possível ultrapassar nos mecanismos de gestão corrente, dada a sua

dimensão e a natureza das alterações», destacando-se:

 A transferência adicional para a Caixa Geral de Aposentações, dado o menor nível de receita face ao

esperado, relativa a contribuições para o respetivo sistema de pensões (180 milhões de euros);

A este propósito o Tribunal de Contas (TC) realça que as revisões ao cenário inicial do OE 2013

caraterizaram-se «pela insuficiência da informação sobre os pressupostos de base macroeconómica e a sua

relação com a orçamentação/execução das receitas e despesas públicas».

Quer o TC como o Conselho Económico e Social (CES), alertam que a CGE não quantifica o impacto de

cada uma das medidas de consolidação orçamental.

II. Economia

Em 2013, a atividade económica portuguesa contraiu 1,4% do PIB, ainda assim, um valor inferior ao registado

em 2012, quando registou uma quebra de 3,25%. Para o governo esta “recuperação” resultou da «melhoria da

expectativa das famílias e das empresas e está associada ao reforço da competitividade externa e à

consolidação do excedente externo (para +2,6% do PIB)». Para o CES, a performance da atividade económica

resulta do aumento do rendimento disponível das famílias, derivado do Acórdão do Tribunal Constitucional, com

o qual o governo teve que repor salários e subsídios.

O limite do défice das contas públicas, no âmbito das avaliações do Programa de Assistência Económica e

Financeira (PAEF), foi revisto por duas vezes. A primeira revisão decorreu do quinto exame regular e passou de

3% para 4,5% do PIB e a segunda, que decorreu do sétimo exame, passou de 4,5% para 5,5% do PIB. Com

estas alterações, o défice das administrações públicas, que se situou em 4,5% do PIB, ficou abaixo do acordado

no sétimo exame.

Por seu lado, o Tribunal de Contas menciona que a «conta consolidada (Serviços Integrados, Serviços e

Fundos Autónomos e Segurança Social) regista receita arrecadada de € 69.475 M e despesa paga de € 79.175

M ao que corresponde, em contabilidade pública, um saldo negativo (défice) de € 9.701 M, a que corresponde

um défice de 5,7% do PIB», referindo que tal diferença decorre de diferenças metodológicas usadas.

O CES, no seu parecer, realça ainda que, desde 2011, «a redução do défice excluindo medidas pontuais, foi

apenas de 2% do PIB, de 7,3%, registados em 2011, para os já mencionados 5,3%, em 2013».

Segundo a CGE 2013, contribuíram para a consolidação orçamental «as medidas adotadas e que recaíram

maioritariamente do lado da receita, nomeadamente a revisão da tributação de bens imobiliários, a

reestruturação do IRS, o aumento das contribuições dos beneficiários para os sistemas de proteção na doença,

o aumento dos impostos especiais sobre o consumo, o crédito fiscal extraordinário ao investimento, o reforço do

incentivo fiscal em sede de IRS de 5% para 15% do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) e que

representaram um aumento da receita fiscal em 2,5p.p do PIB face a 2012.

Do lado da despesa, as medidas transversais e sectoriais «centraram-se na diminuição da massa salarial do

sector público, com a redução de efetivos e a limitação da contratação de pessoal, associada à alteração do

período normal de trabalho de 35 para 40 horas semanais, em menores consumos intermédios, em poupanças

nos encargos associados a Parcerias Público-Privadas (PPP), na redução da contribuição da entidade

empregadora para os sistemas de proteção na doença e na racionalização da despesa no sector da saúde».

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Quanto ao mercado de trabalho, a CGE 2013 destaca o aumento da taxa de desemprego para 16,2% (15,5%,

em 2012) e uma redução do emprego de 2,6% (-4,4%, em 2012).

O rácio da dívida pública aumentou entre 2012 e 2013, tendo atingido 129% do PIB em 2013, com o Tribunal

de Contas a que referir que entre 2010 e 2013, a evolução do stock da dívida pública direta foi marcada por uma

taxa média de crescimento de 10,8%.

Quadro 1: Dinâmica da Dívida Pública

Fonte: Conta Geral do Estado 2013

III. Análise setorial

O Programa Orçamental 10 – Agricultura e Mar (PO 10), da responsabilidade do Ministério da Agricultura e

do Mar, foi inicialmente inscrito como Programa Orçamental do ex-Ministério do Ambiente, do Mar e do

Ordenamento do Território – MAMAOT. Com a 4.ª alteração ao Decreto-Lei n.º 86-A/2011, de 12 de julho, que

aprovou a Lei Orgânica do XIX Governo Constitucional, foi extinto o MAMAOT e criado o Ministério da Agricultura

e do Mar (Decreto-Lei n.º 119/2013, de 21 de agosto).

Em termos orçamentais, e segundo a CGE 2013, a DGO procedeu, em outubro 2013, à conversão dos

orçamentos, passando o PO10 a integrar apenas os orçamentos dos serviços do MAM, reportando a informação

a Janeiro de 2013.

Quadro 2: Despesa Consolidada da Administração Central – por Programa Orçamental

Fonte: Conta Geral do Estado 2013

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A execução orçamental do Ministério da Agricultura e do Mar fica-se pelos 89%, valor que situa o ministério

nos seis ministérios com a execução mais baixa e abaixo da execução orçamental do governo (94,6%).

1) Consolidação Orçamental

Segundo o governo, «a execução foi condicionada pela cativação da Lei do OE, pelos cortes do Orçamento

Retificativo de 2013 - Lei 51/2013, de 24 de julho, e pela Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro (Lei dos

Compromissos e Pagamentos em Atraso) em conjugação com o Decreto-Lei n.º 36/2013, de 11 de março

(Decreto-Lei de Execução Orçamental de 2013), que impuseram restrições à execução do P010, por via da

atribuição de limites máximos para os Fundos disponíveis de Receitas Gerais - transferências do OE, em valor

inferior à dotação ajustado do PO10» e que inviabilizaram algumas das ações programadas pelos serviços.

Assim, a taxa de execução face à despesa efetiva consolidada foi 89,0%, em que, após expurgados os

valores cativos, apresenta uma despesa efetiva consolidada de 1 470,2 milhões de euros (84,5% relativo aos

SFA) e uma execução de 1 308,1 milhões de euros (86,1% relativo aos SFA).

Quadro 3: Despesa por Classificação Económica do PO 10

Fonte: Conta Geral do Estado 2013

Na Despesa Total do orçamento ajustado, as despesas de capital pesam 32,3% e as despesas correntes

pesam 67,7%, enquanto que na execução as despesas de capital pesam 31,0% e as despesas correntes 69,0%.

A taxa de execução do MAM face ao orçamento ajustado foi de 89,0 %. A taxa de execução orçamental dos

SI foi de 79,64% e de 90% nos Serviços e Fundos Autónomos, com destaque para as direções-regionais (Centro,

Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo) e para o IVV cuja execução foi superior a 90%.

Do ponto de vista orçamental e da sua execução face ao orçamento ajustado, o IFAP é o organismo que

assume maior destaque com 93% da taxa de execução face ao orçamento ajustado.

A DGADR, com uma taxa de execução de 49,2%, é o serviço com a mais baixa de execução, que o governo

justifica devido a um conjunto de condicionalismos que afetaram as empreitadas dos aproveitamentos

hidroagrícolas do Mondego e de Veiros. Importa, portanto, identificar esses condicionalismos: o estado atual de

grande dificuldade económica e financeira que o sector da construção civil atravessa, que conduziu à falência

de empresas; a falência de empreiteiros em fase de adjudicação das propostas conduziu à realização de novos

procedimentos concursais ou a encetar a tramitação processual para adjudicação a empresas posicionadas em

2º ou 3º lugar; em qualquer uma das situações houve um aumento significativo dos tempos de adjudicação e

consequentemente uma diminuição do período de execução; a tramitação processual cada vez mais exigente,

nomeadamente a que decorre da Lei n.º 8/2012, que conduziu a processos mais morosos na obtenção das

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23 DE MAIO DE 2015 71

necessárias autorizações para o lançamento dos concursos e respetivas adjudicações; e, por fim ainda é de

realçar as condições climáticas adversas que motivaram atrasos nas empreitadas pelo fato de o alagamento

dos terrenos não permitir a execução das obras ou condicionar fortemente a sua execução.

Quadro 4: MAM - Despesa por Serviço

Fonte: Contra Geral do Estado 2013

2) Prazos médios de pagamento

O prazo médio de pagamento, relativamente a 2012 e ao que se refere à Administração Central, diminui de

47 dias para 27 dias, em 2013.

O Ministério da Agricultura e Mar superou os objetivos definidos para 2013 cujos prazos de pagamento

deveriam situar-se entre os 30 e os 40 dias, tendo a Direção-Geral da Politica do Mar sido o único organismo do

ministério cujos prazos médios de pagamento foram igual ou superiores a 60 dias, mais precisamente 61 dias.

3) Património Imobiliário Público

No decurso do ano, não se verificaram alterações significativas nos totais apurados, havendo no entanto a

referir que todos os resultados por ministério foram significativamente influenciados pelo amplo processo de

reafectação de registos de imóveis, decorrente das últimas alterações orgânicas ao XIX Governo Constitucional,

sobretudo após a reestruturação e criação de novos ministérios (ex.: MAM e MAOTE), tal como referido na CGE

2013.

As receitas afetas ao Fundo de Reabilitação e Conservação Patrimonial e aos serviços integrados e

autónomos utilizadores ou proprietários dos bens imóveis foi aproximadamente de 11,3 milhões de euros, dos

quais 4% provieram de SI e SFA afetos ao MAM, e que se encontram na tabela seguinte:

Tabela 1: Afetação do produto da alienação de imóveis a outras entidades

Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, IP 172.620,00

Instituto da Vinha e do Vinho, IP 23.669,81

Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, IP 1.417,50

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 72

Direção Regional Agricultura e Pescas do Norte 62.100,00

Instituto da Vinha e do Vinho, IP 153.334,00

Sub-total 413.141,31

Total 11.266.310,16

Fonte: Conta Geral do Estado 2013

4) Medidas de política

Pode ler-se ainda que, no sentido de facilitar as condições de acesso ao financiamento à nossa economia, o

governo destaca que no âmbito da reforma do PROMAR, foi possível pedir adiantamentos até 50% do valor do

investimento elegível e fazer pagamentos aos promotores a partir dos 5% de execução do valor elegível do

projeto.

É destacado igualmente a aprovação do Regime Jurídico da Arborização e Rearborização (RJAAR), com

vista a simplificar, desburocratizar e reduzir custos de contexto associados à atividade florestal, bem como foi

revisto o Regime de Exercício da Atividade Pecuária (REAP), que simplificou as classes de atividade pecuária

e desenvolveu a matéria do sistema de informação, gestão e registo, facilitando a ação dos produtores, como

iniciativas para acriação de um contexto favorável ao investimento privado.

Quanto a medidas fiscais aplicadas em 2013, destaca-se a introdução da tributação da prestação de serviços

e transmissão de bens de produtos agrícolas à taxa reduzida, em exceção do acordo do tribunal de justiça da

união Europeia, mantendo-se o regime de isenção para os agricultores com volume de negócios inferior a

10.000€ por ano.

Consta ainda na CGE 2013 o destaque para o facto de o Fundo Sanitário e de Segurança Alimentar Mais –

FSSAM não ter arrecadado a receita prevista, «dado o não pagamento por parte dos agentes económicos da

taxa de segurança alimentar mais, pelo que as ações previstas realizar através do Fundo ficaram aquém do

esperado».

Ao nível da prevenção contra agentes bióticos e abióticos, o governo destaca o processo de preparação do

Programa Operacional de Sanidade Florestal (POSF) e a conclusão do planeamento da rede primária de defesa

da floresta contra incêndios em todos os distritos do Continente., que contabiliza 130.935 hectares, dos quais

foram concretizados cerca de 14% até ao final e 2013.

A operacionalização da Bolsa de Terras que incluiu a publicação da Resolução do Conselho de Ministros n.º

96/2013 assim como os regulamentos associados às terras de entidades privadas e das autarquias, a

continuidade dos trabalhos preparatórios da Estratégia Nacional para o Mar e adiamento das iniciativas previstas

no âmbito do ordenamento do espaço marítimo, por morosidade verificado no processo legislativo da Lei de

Bases do Ordenamento e Gestão do Espaço Marítimo mereceram, igualmente, referência da CGE 2013.

PARTE III – OPINIÃO DO DEPUTADO AUTOR DO RELATÓRIO

Nos termos do n.º 3 do artigo 137.º do Regimento da Assembleia a República a opinião do relator é facultativa,

eximindo-se o relator do presente parecer de manifestar a sua opinião sobre a Conta Geral do Estado 2013.

Contudo e considerando, por um lado, que o presente relatório pertente ser uma análise fatual da Conta

Geral do Estado que representa toda a Comissão e, por outro, que a posição do Partido Socialista sobre a

matéria foi expressa de forma clara em plenário, não considero relevante acrescentar mais nenhum elemento.

PARTE IV – CONCLUSÕES

Em face do exposto, a Comissão de Agricultura e Mar conclui o seguinte:

1. A Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública remeteu nos termos legais e regimentais

aplicáveis, à Comissão de Agricultura e Mar, a Conta Geral do Estado 2013, para emissão de parecer sobre as

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23 DE MAIO DE 2015 73

matérias da sua competência;

2. O Orçamento do Estado para 2013 foi objeto de dois orçamentos retificativos que tiveram de contemplar

a alteração da lei orgânica do governo e que extinguiu o Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do

Ordenamento do Território e criou o Ministério da Agricultura e do Mar e o Ministério do Ambiente, do

Ordenamento do Território e da Energia;

3. Depois de duas revisões dos limites do défice definido no PAEF, na quinta e sétima avaliação, o défice

orçamental das administrações públicas situou-se em 4,5% do PIB;

Para o Tribunal de Contas o défice orçamental ficou nos 5,7% do PIB, diferença que decorre de diferenças

metodológicas;

4. A execução orçamental do Ministério da Agricultura e do Mar fica-se pelos 89%, valor que situa o

ministério nos seis ministérios com execução mais baixa e abaixo da execução orçamental média do governo

(94,6%), tendo sido o IFAP o organismo com melhor taxa de execução (93%) e a DGADR, o organismo com a

mais baixa taxa de execução (49,2%);

5. A Comissão de Agricultura e Mar dá por concluído o escrutínio da presente iniciativa, devendo o presente

relatório, nos termos da Lei n.º 43/2006, de 25 de agosto, alterada pela Lei n.º 21/2012, de 17 de maio, ser

remetido à Comissão de Assuntos Europeus, para os devidos efeitos.

Palácio de São Bento, 27 de janeiro de 2014.

O Deputado Autor do Relatório, Manuel Mota — O Presidente da Comissão, Vasco Cunha.

———

COMISSÃO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURA

Parecer

PARTE I – CONSIDERANDOS

A) Nota Introdutória

A Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública remeteu, nos termos legais e regimentais

aplicáveis, à Comissão de Educação, Ciência e Cultura a “Conta Geral do Estado relativa ao ano económico de

2013” a fim de esta elaborar o competente parecer.

Assim, o presente parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2013 concentra-se exclusivamente sobre os

indicadores de execução orçamental que compreendem os sectores da Educação (incluindo todos os

sistemas e graus de ensino), da Ciência, da Juventude, do Desporto e da Cultura.

No âmbito da elaboração do presente parecer, foi analisado o documento “Conta Geral do Estado – ano de

2013” e respetivos anexos, o parecer do Conselho Económico Social (CES), o parecer do Tribunal de Contas e

o parecer da Unidade Técnica do Apoio Orçamental (UTAO).

O Orçamento do Estado para 2013 (OE/2013) foi aprovado pela Lei 66-B/2012, de 31 de Dezembro, bem

como pelo Decreto-Lei n.º 36/2013, de 11 de Março, que estabelece as normas para a execução orçamental e,

ainda, as circulares emitidas pela Direcção-Geral do Orçamento (DGO).

A Lei do Orçamento do Estado para 2013 foi alterada pelas Leis n.º 51 e 83/2013, de 24 de julho e de 9 de

dezembro, respetivamente. De acordo com o Parecer do Tribunal de Contas, “a receita fiscal prevista foi reduzida

em 4,5% na primeira alteração e aumentada na segunda, resultando numa redução global de 2,6%, parcialmente

compensada por aumentos nas previsões de receitas não fiscais. As dotações para despesa aumentaram em

3,7%, sobretudo para ativos financeiros, despesas com pessoal, transferências correntes, em particular para a

segurança social e a CGA, tendo diminuído as dotações de juros e outros encargos e sido anulada a ‘reserva

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orçamental’. Foram aumentados os limites para a concessão de empréstimos e outras operações activas e do

endividamento global direto.”

B) Análise Sectorial

1. De acordo com o relatório “Conta Geral do Estado 2013”, o Programa Orçamental 12 (Ensino Básico e

Secundário e Administração Escolar) teve, em 2013, um orçamento de 6143 milhões de euros (subsector

Serviços Integrados – SI) e de 319,3 milhões de euros (subsector Serviços e Fundos Autónomos – SFA),

resultando num orçamento consolidado de 6454 milhões de euros. De acordo com o mesmo documento, a

execução orçamental foi de 97% (5932,7 milhões de euros) no subsector SI, de 40% (127,7 milhões de euros)

no subsector SFA, e de 93,8% (6052,5 milhões de euros) no total consolidado.

Quadro I – Orçamento e execução do Programa 12 – Ensino Básico e Secundário e Administração

Escolar

2. Também de acordo com o relatório “Conta Geral do Estado 2013”, o Programa Orçamental 13 (Ensino

Superior e Ciência) teve, em 2013, um orçamento de 1437,7 milhões de euros (subsector Serviços Integrados

– SI) e de 2629,9 milhões de euros (subsector Serviços e Fundos Autónomos – SFA), resultando num orçamento

consolidado de 2648,9 milhões de euros. A execução orçamental foi de 99,9% (1437,4 milhões de euros) no

subsector SI, de 83,4% (2192,3 milhões de euros) no subsector SFA, e de 83,5% (2212,8 milhões de euros) no

total consolidado.

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Quadro II – Orçamento e execução do Programa 13 – Ensino Superior e Ciência

3. No âmbito da administração central do Estado, a execução orçamental consolidada do Programa

Orçamental 12 (Ensino Básico e Secundário e Administração Escolar) corresponde a 9,9% do total da despesa

da administração central consolidada (61.270 milhões de euros), enquanto a execução orçamental consolidada

do Programa Orçamental 13 (Ensino Superior e Ciência) corresponde a 3,6%.

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 76

Quadro III – Despesa consolidada da Administração Central por ministérios

4. A execução orçamental, por classificação funcional do Estado, em Educação foi de 7120 milhões de euros

(despesas dos serviços integrados – SI) e de 1937 milhões de euros (despesas dos serviços e fundos autónomos

– SFA), o que corresponde a uma execução orçamental total de 9057 milhões de euros. A função social

Educação corresponde, assim, a 5,1% da execução total (SI+SFA).

Quadros IV e V – Execução por Funções do Estado (SI+SFA)

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5. Em termos de despesa por classificação orgânica do subsector Estado em 2013, a Educação e Ciência

teve um orçamento inicial de 7051 milhões de euros e um orçamento final de 7619,8 milhões de euros, sendo a

execução orçamental de 7370,1 milhões de euros. Assim, a execução orçamental ultrapassa em 319,1 milhões

de euros (4,5%) o orçamento inicial, e fica 249,7 milhões de euros (3,3%) abaixo do orçamento final. A educação

e a ciência correspondem, deste modo, a 15,1% da execução total.

Quadro VI – Despesa por classificação Orgânica do Estado

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6. No relatório “Conta Geral do Estado 2013” (mapa II) assinala-se que, de acordo com os critérios de

classificação orgânica da despesa, as despesas dos serviços integrados na área da Educação e Ciência foram

os seguintes:

Quadro VII

DESPESAS DOS SERVIÇOS INTEGRADOS, POR CLASSIFICAÇÃO ORGÂNICA, NA ÁREA DA

EDUCAÇÃO E CIÊNCIA (em euros)

Gabinetes dos membros do governo 3 900 456,80

Serviços gerais de apoio à área do ensino básico e secundário e ciência 804 427 574,44

Estabelecimentos de educação e ensinos básico e secundário 5 105 258 183,75

Serviços gerais de apoio à área do ensino superior e ciência 141 719 512,59

Estabelecimentos de ensino superior e serviços de apoio 1 023 308 242,81

Projetos 291 469 135

7. Observando a despesa de funcionamento por programas, no relatório “Conta Geral do Estado 2013”

(mapa XV), constata-se que a execução orçamental do programa 12 – “Ensino Básico E Secundário e

Administração Escolar” foi de 6.072.273.282,75 euros, e que a execução orçamental do programa 13 – “Ciência

e Ensino Superior” foi de 3.630.511.199,48 euros.

8. Sobre o sector da Cultura não existe, nos referidos documentos, informação específica acerca da

execução orçamental da Secretaria de Estado da Cultura. Ainda assim, é possível verificar, no relatório “Conta

Geral do Estado 2013” (mapa II), que, dentro da designação orgânica “Presidência do Conselho de Ministros”,

a execução orçamental referente aos “Serviços da Secretaria de Estado da Cultura” foi de 66.904.656,36 euros.

9. Não existe informação específica sobre a execução orçamental nas áreas do Desporto e da Juventude.

Existe, no entanto, informação acerca do Instituto Português do Desporto e Juventude, IP (IPDJ), cujas receitas

(mapa V) foram de 71.135.732,69 euros e cujas despesas (mapa VII) ascenderam a 68.892.125,72 euros.

PARTE II – CONCLUSÕES

1. A Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública remeteu, nos termos legais e regimentais

aplicáveis, à Comissão de Educação, Ciência e Cultura, a Conta Geral do Estado relativa ao ano económico de

2013, acompanhada dos pareceres do Conselho Económico Social, do Tribunal de Contas e da Unidade Técnica

do Apoio Orçamental, a fim de elaborar o competente parecer.

2. Salienta-se que o presente parecer, sobre a Conta Geral do Estado de 2013, incide exclusivamente sobre

os indicadores de execução orçamental que compreendem os sectores da Educação, da Ciência, da Juventude,

do Desporto e da Cultura.

3. Face ao exposto, a Comissão de Educação, Ciência e Cultura é de Parecer que o presente relatório deve

ser remetido à Comissão do Orçamento, Finanças e Administração Pública, nos termos do disposto na alínea

c) do n.º 1 do Regimento da Assembleia da República.

Palácio de S. Bento, 27 de janeiro de 2015.

O Deputado autor do Parecer, Michael Seufert — O Presidente da Comissão, Abel Baptista.

———

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COMISSÃO DE SAÚDE

Parecer

Índice

PARTE I – CONSIDERANDOS

PARTE II – OPINIÃO DO DEPUTADO AUTOR DO PARECER

PARTE III – CONCLUSÕES

PARTE I – CONSIDERANDOS

I – Nota Prévia

Nos termos e para os efeitos previstos nos artigos 205.º a 208.º do Regimento da Assembleia da República,

a Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública solicitou à Comissão Parlamentar de Saúde o

envio de parecer sobre a Conta Geral do Estado – 2013, relativamente às áreas da sua competência, para que

o mesmo seja tido em consideração no relatório daquela Comissão.

Deste modo, compete à Comissão Parlamentar de Saúde elaborar o respetivo parecer sobre a Conta Geral

do Estado – 2013, relativamente aos indicadores de execução orçamental do setor da saúde, devendo o mesmo,

logo que aprovado, ser remetido à Comissão Parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública.

Sem prejuízo de algumas considerações de âmbito geral, necessárias para o respetivo enquadramento, o

presente Parecer deve circunscrever-se aos aspetos mais relevantes que, na área da saúde, suscita a Conta

Geral do Estado.

Serviram de base ao presente Parecer os documentos disponibilizados da Conta Geral do Estado – 2012, o

parecer emitido nos termos do artigo 107º da Constituição da República Portuguesa, pelo Tribunal de Contas e

o parecer da Unidade Técnica de Apoio Orçamental, sobre o mesmo diploma.

II – Introdução

1 – Orçamento do Estado para 2013

O Orçamento do Estado aprovado na Assembleia da República pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro,

foi objeto de duas alterações:

 Lei n.º 51/2013, de 24 de junho – 1.ª alteração à Lei n.º 64-B/2012, de 31 de dezembro, que, na sequência

do Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 187/2013, de 5 de abril, declarou a inconstitucionalidade de algumas

normas do OE/2013, em particular as que determinavam a suspensão do pagamento do subsídio de férias e o

14.º mês. Esta primeira alteração refletia as medidas acordadas no âmbito do 7.º exame regular de aferição do

cumprimento do PAEF e a incorporação, nas contas públicas, do efeito decorrente da degradação do cenário

macroeconómico face ao previsto em outubro de 2012, tendo sido revisto o objetivo para o saldo global das

Administrações Públicas na ótica da Contabilidade Nacional de -4,5% para -5,5% do PIB. Esta alteração

consubstanciou uma deterioração do saldo global do subsetor Estado em 2.019,2 milhões de euros. Esta

evolução decorreu, no que respeita à receita, do reflexo da degradação estimada dos indicadores macro-

orçamentais na previsão de cobrança de receita fiscal do Estado (-1.594,5 milhões de euros), parcialmente

compensada, sobretudo, pelo aumento dos dividendos do Banco de Portugal (186 milhões de euros) e a inclusão

dos dividendos da PARPÚBLICA (38 milhões de euros). Assim, relativamente às alterações que tiveram impacto

no subsetor Estado, destacam-se:

o Reposição do subsídio de férias ao pessoal do setor público e 14.º mês aos pensionistas da CGA;

o Acréscimo do montante afeto aos contratos-programa com os hospitais EPE, para cobertura da reposição

do subsídio de férias (140 milhões de euros);

o Aumento da transferência do Orçamento do Estado destinada ao financiamento do orçamento da

Segurança Social (500 milhões de euros), visando assegurar a compensação do impacto da deterioração do

cenário macroeconómico na conta deste subsetor.

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 Lei n.º 83/2013, de 9 de dezembro – que procedeu à segunda alteração à Lei orçamental em termos de

previsões de receita e de dotações de despesa. No que respeita à receita (+443 milhões de euros), foi

incorporada a previsão de receita fiscal adicional associada ao Regime excecional de regularização de dívidas

de natureza fiscal e à segurança social (500 milhões de euros) e á melhoria das perspetivas macroeconómicas

(170 milhões de euros). Foi anulada a receita extraordinária associada à concessão de infraestruturas portuárias

(227 milhões de euros). Estas alterações visaram acorrer a situações particulares e não previsíveis a que não

foi possível fazer face, pelos mecanismos de gestão corrente, dada a sua dimensão e natureza das alterações.

São elas:

o O reforço da Contribuição Financeira para a UE decorrente de ajustamentos resultantes de orçamentos

retificativos da União (90 milhões de euros);

o Transferência adicional para a CGA, dado o menor nível de receita face ao esperado, relativa a

contribuições para o respetivo sistema de pensões (180 milhões de euros);

o Reforço da transferência para a Segurança Social (5 milhões de euros), para ocorrer a encargos

acrescidos com as pensões do sistema substitutivo dos bancários em 2013;

o Redução de encargos com juros do Estado (-140 milhões de euros), sobretudo devido ao efeito positivo

do cancelamento de operações de swap, bem como a redução de taxas de juro aplicáveis a alguns instrumentos

de dívida direta do Estado;

o Reforço das transferências de capital para o Fundo de Regularização da Dívida Pública resultante do

processo de privatização do CTT (+340 milhões de euros).

Por estes fatos, a versão inicial do Orçamento do Estado é diferente da final, uma vez que esta incorpora as

alterações orçamentais aprovadas ao longo do ano.

O Orçamento do Estado para 2013 (OE/2013), aprovado pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, mantém

a necessidade de consolidação orçamental, destacando de entre as linhas prioritárias de ação política para o

setor da saúde, as seguintes medidas:

 Maior integração e reforço dos cuidados de saúde prestados no âmbito do Serviço Nacional de Saúde

(SNS), com destaque para os cuidados de saúde primários, designadamente:

o Aumento do n.º de pessoas com médico de família através do processo de atualização das listas de

utentes e pelo aumento do n.º de utentes por médico;

o Promoção do acesso aos cuidados de saúde através do congelamento das taxas moderadoras nas

consultas de cuidados primários;

o Reforço da oferta de cuidados de saúde primários através da abertura de novas Unidades de Cuidados

de Saúde Personalizados e de novas USF’s;

o Assegurar o funcionamento das unidades de cuidados continuados já existentes e continuar a expansão

da rede;

 Melhoria da qualidade e da segurança dos cuidados de saúde, através de:

o Implementação nacional da produção de Normas de Orientação Clínica pela DGS e respetivas auditorias;

o Monitorização e controlo clínico da utilização dos medicamentos e meios complementares de diagnóstico

e terapêutica;

o Regulamentação e aplicação de sistemas de vigilância epidemiológica;

 Racionalização das despesas em saúde e melhoria de eficiência na organização dos prestadores e dos

recursos utilizados na prestação dos cuidados de saúde, procurando:

o Prosseguir o processo de regularização de dívidas a fornecedores do SNS;

o Concluir a reforma da política do medicamento;

o Continuar a implementação da Reforma Hospitalar;

o Promover a centralização das compras e serviços partilhados do Ministério da Saúde;

o Aplicar progressivamente o novo regime de organização do trabalho de 40 horas;

o Reduzir a remuneração do trabalho suplementar no SNS;

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o Implementar progressivamente a emissão da fatura informativa com o custo dos serviços prestados aos

utentes do SNS;

 Desenvolvimento da política do medicamento, através de:

o Promoção da prescrição, dispensa e utilização de medicamentos genéricos, nomeadamente através da

conclusão do processo de prescrição por DCI;

o Continuação da publicação e promoção de normas de orientação clínica (NOC’S)

o Promover a eficiência e capacidade negocial pela aquisição centralizada/partilhada;

o Otimização de recursos através da monitorização dos consumos.

 Contexto Económico

A nível internacional, em 2013, a economia mundial registou um crescimento de 3,3%, representando um

ligeiro abrandamento face a 2012 (3,4%). Continuaram-se a registar grandes disparidades à escala global entre

os ritmos de crescimento. Assim, nas economias avançadas o PIB cresceu 1,4%, enquanto no conjunto das

economias de mercado emergentes e em desenvolvimento aumentou 4,7%. Contudo apesar das discrepâncias

no crescimento, verifica-se que enquanto nas economias avançadas se assistiu a um ritmo de crescimento

ligeiramente superior ao do ano anterior, nas economias de mercado emergentes e em desenvolvimento

assistiu-se a um ligeiro abrandamento, refletindo políticas económicas menos expansionistas e receios quanto

à estabilidade financeira.

Em estagnação esteve a União Europeia, ao apresentar um crescimento de 0,2%, não obstante apresentar

melhorias face 2012 (-0,3%).

A economia da área euro continuou em recessão, em 2013, ligeiramente desagravada face a 2012,

retomando o seu crescimento no final do primeiro semestre de 2013, sobretudo devido à aplicação de medidas

não convencionais de política monetária através do BCE.

Em Portugal e neste mesmo período a atividade economia continuou a apresentar uma contração (-1,4%),

embora menos acentuada que a verificada no ano anterior (-3,3%). Portugal registou, pela primeira vez na sua

história, três anos consecutivos de recessão económica (pelo menos desde que existem dados – 1960) –

afigurando-se como a recessão mais prolongada de sempre.

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 82

PIB e Principais Componentes: 2011, 2012 e 2013

taxa de crescimento homólogo real(%)

2011 2012 2013

PIB -1,8 -3,3 -1,4

Consumo Privado -3,7 -5,2 -1,4

Consumo Público -3,8 -4,3 -1,9

FBCF -12,5 -15,0 -6,3

Exportações 7,0 3,1 6,4

Bens 7,7 3,8 5,8

Serviços 5,2 1,0 8,2

Importações -5,8 -6,6 3,6

Bens -7,1 -6,6 4,1

Serviços 2,8 -6,3 0,8

Contributos para o crescimento do PIB (em p.p.)

Procura Interna -6,2 -6,8 -2,3

Procura externa líquida 4,6 3,6 1,0

Emprego -3,2 -4,1 -2,6

Taxa de Desemprego 12,7 15,5 16,2

Fonte: INE- Inquérito ao Emprego

A “contração menos acentuada em 2013 deveu-se à menor queda da procura interna, a qual compensou o

contributo menos positivo das exportações líquidas. Em relação à procura interna, o contributo negativo, em

2013 decorreu da diminuição do consumo privado, do consumo público e do investimento. Por seu turno, as

exportações líquidas voltaram a registar um contributo positivo devido ao forte aumento das exportações, que,

contudo, foi atenuado pelo aumento das importações. A respeito das importações, saliente-se que estas

apresentam um aumento, o qual contrasta com a redução verificada em 2012 e estará relacionada com a menor

redução da procura interna em 2013, quando comparada com o verificado no ano anterior”1.

No que se refere ao mercado de trabalho, assistiu-se a um aumento da taxa de desemprego, passando de

15,5% em 2012, para 16,2%, em 2013, o equivalente a 855,2 mil pessoas desempregadas.

O emprego registou uma queda, em termos nominais, de 2,6%, no conjunto do ano de 2013 que corresponde

a uma diminuição de 117,5 mil empregos.

 As previsões macroeconómicas para 2013 - do orçamento inicial ao valor efetivo

O cenário macroeconómico apresentado no OE/2013 inicial apontava para uma recessão económica de 1,0%

do PIB, acabando por se verificar uma contração económica mais acentuada em 0,4 pontos percentuais. Face

à projeção inicial, de outubro 2012, registou-se uma contração menos acentuada do consumo (público e privado)

e uma contração mais forte do investimento (FBCF). Esta evolução enquadra-se num contexto em que foi

reposto o pagamento do subsídio de férias a funcionários públicos e pensionistas durante 2013, na sequência

da decisão do Tribunal Constitucional. Do lado do contributo externo, registou-se um aumento das exportações

maior do que o esperado, mas também um aumento das importações, (+3,6%), o qual contrasta com uma

previsão inicial de redução (-1,4%). Em resultado destas variações, verificou-se um contributo líquido da procura

externa menos positivo do que o esperado (1,1 p.p. face a 1,9 p.p.), para o qual contribuiu o aumento das

importações.

1 UTAO, Análise da Conta Geral do Estado 2013, Parecer técnico nº5/2014, pág. 3

Página 83

23 DE MAIO DE 2015 83

O quadro seguinte inclui as várias projeções realizadas pelo Governo para o ano de 2013.

Várias Projeções macroeconómicas do Governo: 2013

taxa de crescimento homólogo real(%)

2013

2012 DEO DEO OE2013 DEO e OER OE2014verificado abril e maio verificado

Ago-11 Abr-12 Out-12 Out-132013

PIB -3,3 1,2 0,6 -1,0 -2,3 -1,8 -1,4

Consumo Privado -5,2 -0,7 -0,7 -2,2 -3,2 -2,5 -1,4

Consumo Público -4,3 -4,0 -2,9 -3,5 -4,2 -4,0 -1,9

FBCF -15,0 3,9 -0,6 -4,2 -7,6 -8,5 -6,3

Exportações 3,1 6,5 5,6 3,6 0,8 5,8 6,4

Importações -6,6 1,6 1,6 -1,4 -3,9 0,8 3,6

Inflação (IPC) 2,8 1,4 1,3 0,9 0,7 0,6 0,3

Emprego -4,1 0,3 0,6 -1,7 -3,9 -3,9 -2,6

Desemprego (Taxa %) 15,5 13,0 14,1 16,4 18,2 17,4 16,2

Défice público (% do PIB) 5,5 3,0 3,0 4,5 5,5 5,9 4,9

Dívida Pública Bruta (% do PIB) 124,8 106,8 115,7 123,7 122,3 127,8 128,0

INE, Eurostat (Dívida e Défice)

Nota: de acordo com SEC2010

Comparando com a primeira projeção realizada pelo Governo, expressa no Documento de Estratégia

Orçamental (DEO), de agosto de 2011, o ano de 2013 deveria apresentar um crescimento da atividade

económica na ordem de 1,2%.

Relativamente ao orçamentado retificativo, de maio de 2013, a economia acabou por apresentar um

desempenho menos negativo, já que naquele o Governo antevia uma recessão económica na ordem dos 2,3%.

No mercado de trabalho, nomeadamente no que concerne ao crescimento do emprego e à taxa de

desemprego registaram-se evoluções bastante mais desfavoráveis que as inicialmente previstas, no DEO (de

agosto de 2011) e no OE/2013 inicial, mas menos desfavoráveis face às previsões constantes no OE/2013

retificativo.

Com efeito, o emprego registou uma queda no conjunto do ano, de 2,6%, quando se previa inicialmente (no

DEO de agosto2011) um crescimento de 0,3%, e depois (no OE/2003 inicial) uma quebra de 1,7%. Face ao

OE/2013 retificativo, o emprego acabou por apresentar uma queda menos acentuada (OE/2013 retificativo=-

3,9%).

Quanto à taxa de desemprego, acabou por situar-se ao nível do projetado inicialmente no OE/2013, não

obstante se ter perspetivado uma taxa de desemprego de 18,2%, no OE2013/retificativo.

As Finanças Públicas em 2013 refletem a estratégica de consolidação orçamental acordada no âmbito do

PAEF, tendo o limite estabelecido para o défice de 2013 sido revisto numa primeira vez de 3% para 4,5% do

PIB e, numa segunda vez, de 4,5% para 5,5% do PIB, com base no reconhecimento de que o cumprimento dos

limites estabelecidos anteriormente só seria possíveis com custos económicos e sociais muito elevados. O

défice orçamental das Administrações Públicas acabou por se situar em 4,9% do PIB.

Neste período, a consolidação orçamental resultou do maior aumento da receita estrutural face à despesa e

deveu-se à necessidade, por decisão do Tribunal Constitucional, de reposição dos subsídios de férias e de Natal

dos funcionários públicos e pensionistas, o que obrigou o Governo a optar por um aumento das contribuições,

nomeadamente do IRS para puder cumprir as metas definidas com as instituições internacionais. Deste modo,

a receita fiscal aumentou 2,5 pontos percentuais do PIB face a 2012, em resultado das medidas adotadas,

designadamente a revisão da tributação de bens imobiliários, a reestruturação do IRS, o aumento das

contribuições dos beneficiários para os sistemas de proteção na doença, o aumento dos impostos especiais

sobre o consumo, o crédito fiscal extraordinário ao investimento, o crédito fiscal extraordinário ao investimento

e ao reforço do incentivo fiscal em sede de IRS.

Do lado da despesa, as medidas com vista à redução da despesa pública têm caráter transversal e centram-

se essencialmente na diminuição da massa salarial do setor público, com redução de efetivos e a limitação da

contratação de pessoal, associada à alteração do período normal de trabalho de 35 para 40 horas semanais,

Página 84

II SÉRIE-A — NÚMERO 136 84

em poupanças nos encargos associados às PPP’s, na redução dos encargos com as contribuições da entidade

empregadora para os sistemas de proteção na doença e na racionalização da despesa no setor da saúde

Estes fatores explicam as diferentes previsões para a evolução do défice orçamental. Assim, no Orçamento

inicial a redução prevista do défice era de 1,5 pontos percentuais (p.p.) do PIB face ao saldo orçamental de

2012, excluindo medidas pontuais. Na previsão do primeiro Orçamento retificativo a redução esperada do défice

era de 0,3 p.p. do PIB, sendo de salientar que o ponto de partida era inferior em 0,2 p.p. do PIB, relativamente

ao do orçamento inicial. Os valores da execução final de 2013 mostram uma diminuição do défice de 0,9 p.p. do

PIB, influenciado quer por medidas pontuais quer por uma maior receita proveniente do regime de regularização

excecional de dívidas fiscais e à segurança social.

A dívida pública ficou acima de qualquer projeção do Governo, ao atingir 128% do PIB.

2 – Ministério da Saúde

Quadro retirado da CGE2013, p. 295

A execução orçamental efetiva e consolidada do Ministério da Saúde atingiu 8.853,0 milhões de euros, uma

redução de 321 milhões de euros (-3,5%) face ao orçamento inicial, atingindo uma taxa de execução de 96,5%.

No âmbito do orçamento retificativo, o orçamento do programa da saúde foi reforçado com a verba de 72,3

milhões de euros. Houve ainda um reforço de mais 51,4 milhões de euros, provenientes dos subsistemas de

saúde públicos (PSP/GNR/ADMA e ADSE) para dar cobertura aos encargos com os medicamentos desses

subsistemas que foram transferidos para a esfera da saúde.

Na execução do orçamento verifica-se que a despesa consolidada do Ministério da Saúde, que corresponde

ao Programa 11 – Saúde, representou 14,4% do total da despesa da administração central.

A despesa corrente executada atingiu os 8.826,0 M€, correspondendo a uma taxa de execução de 96,8% do

valor orçamentado, enquanto a despesa de capital ficou em 51,0 M€, com uma taxa de execução de 64,2%.

A despesa corrente da Administração Central do Sistema de Saúde inclui as transferências para os Hospitais

e Unidades Locais de Saúde, EPE pelos pagamentos da aquisição de serviços decorrente dos contratos-

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23 DE MAIO DE 2015 85

programa. No ano de 2013 estas transferências totalizaram 4.649,6 M€, dos quais 418,6 M€ por conta do

orçamento retificativo (saldo que transitou do ano 2012).

As Administrações Regionais de Saúde executaram 3 714,5 M€ de despesa corrente, dos quais 831,9 M€

com despesa com pessoal e 2.840,8 M€ com a aquisição de bens e serviços, destacando-se aqui a despesa

com medicamentos em ambulatório (farmácias) no montante de 1.279,9 M€ (45%) e as aquisições de serviços

de saúde ao setor convencionado e ao setor público no montante de 1.411,2 M€ (50%) referente a meios

complementares de diagnóstico (análises clínicas radiologia, etc.), a meios complementares de terapêutica

(diálise, medicina física e de reabilitação, cuidados respiratórios, saúde oral, etc.), a internamentos (de

psiquiatria e de rede de cuidados continuados) e de transporte de doentes.

Em termos de atividade assistencial, verificou-se em 2013 um crescimento das consultas médicas

hospitalares bem como na utilização de consultas médicas dos cuidados de saúde primários: mais de 136 mil

utentes (+2%) utilizaram os cuidados de saúde primários.

Também nos atendimentos de urgência se verificou um aumento de 2,4% (+142 mil), verificando-se uma

redução nos internamentos de cerca de 4%, dos doentes saídos.

Na atividade cirúrgica observa-se um aumento face a 2012, com mais de 3% de cirurgias programadas e nas

cirurgias de ambulatório o aumento face a 2012 foi de 6,7%.

3 – Parecer do Tribunal de Contas

Na elaboração do presente documento foi tido também em conta o Parecer do Tribunal de Contas sobre a

Conta Geral do Estado de 2013.

Nos termos do disposto no artigo 214.º, da Constituição da República Portuguesa (CRP), compete ao

Tribunal de Contas (T.C.) emitir parecer sobre a Conta Geral do Estado, dentro do prazo legalmente fixado,

sustentado em ações de controlo da execução orçamental de 2013, realizadas para o efeito e em auditorias

efetuadas a áreas específicas da gestão e execução orçamentais.

Este extenso documento assinala alguns pontos relevantes, no que à área da saúde diz respeito,

nomeadamente:

 Foram apuradas dívidas por fornecimento de bens e serviços que em 31 de dezembro de 2013, ascendiam

a € 2.264 M (53% vencidas e 47% vincendas). O maior volume continuava a verificar-se na área da saúde

(73,1%).

 Com a publicação em 21 de fevereiro da Lei n.º 8/2012, também designada por Lei dos Compromissos e

dos Pagamentos em Atrasos, institui-se um conjunto de princípios, regras e procedimentos a adotar na

realização da despesa pelas entidades incluídas no âmbito de aplicação subjetiva da LEO e pelas entidades

públicas do SNS, visando evitar acumulação de pagamentos em atraso.

 No OE e na CGE subsiste a indevida omissão de SFA (Serviços e Fundos Autónomos) em desrespeito

do disposto na LEO, apesar da crítica recorrente do TC. No caso da Saúde e relativamente a 2013, verifica-se

concretamente a omissão do seguinte fundo autónomo: Fundo de Apoio ao Sistema de Pagamentos do serviço

Nacional de Saúde.

 Relativamente às receitas correntes dos SFA (com EPR) diminuem € 685 M (-2,7%) por efeito conjugado

do decréscimo de €1.821 M (-11,3%), nas transferências correntes do Estado, sobretudo para a Administração

Central do Sistema de Saúde (ACSS) e Caixa Geral de Aposentações (CGA), com uma diminuição de € 1.807

M (-29,1%) e € 105 M (-2,3%), respetivamente, e de acréscimo de € 1.245 M (37,1%), nas contribuições para a

Segurança Social CGA e ADSE, em consequência das alterações ao Estatuto da Aposentação.

 Na comparação da despesa orçamentada com a executada, por Ministério e incluindo serviços integrados,

a aquisição de bens e serviços totalizou € 9.285 M, dos quais € 7.728 M pagos por serviços do Ministério da

Saúde, destacando-se: €5.842 M em aquisição de serviços de saúde (€5821 M pela ACSS e pelas ARS), e

€1.280 M em produtos vendidos nas farmácias (pelas ARS). Ainda de referir a aquisição de bens e serviços

pelas empresas de transportes e comunicações (€333M) e as despesas com pessoal que, no caso do Ministério

da Saúde, ascendem a €986 M.

 No que diz respeito à despesa orçamental das Empresas Públicas Reclassificadas (EPR), a despesa

consolidada diminuiu €2.828 M (-4,2€%) face ao ano anterior, pela redução das despesas de capital em € 6.449

M (47,8%), enquanto as despesas correntes aumentaram € 3.621 M (6,7%), passando a constituir 89,1€% da

Página 86

II SÉRIE-A — NÚMERO 136 86

despesa, no caso da saúde sobretudo devido ao peso da aquisição de bens e serviços (16,8%, dos quais 9,0%

em serviços de saúde).

 Relativamente à despesa orçamental da administração consolidada, por programas, no P011 – Saúde,

verifica-se que a despesa totalizou € 8.851 M (96,5% das dotações disponíveis, sendo de salientar os

pagamentos: em aquisição de serviços de saúde da ACSS e das ARS (€4.691,0 M e € 1.130 M), em outros

serviços de saúde das ARS (€282M) e também em despesas com pessoal € 1.005 M. Estas despesas

representaram 80,3% do total do Programa. Este Parecer refere também que as entidades do SNS utilizam, em

grande medida, uma fonte de financiamento que não consta das circulares da DGO, denominada SNS e que

considerando o défice crónico destas entidades, a maior parte do saldo de gerência anterior, com esta fonte de

financiamento, referir-se-á a verbas requisitadas ao OE. Aliás, o elevado montante registado em 2013 resulta

essencialmente do programa de regularização de dívidas do setor da saúde, que beneficiou, em 2012, de €

1.932 M, transferidos do OE para a ACSS, dos quais, nesse ano, apenas foram regularizados € 1.500 M,

transitando o remanescente para 2013.

 Encargos com Parcerias Público-Privadas: em 2013, embora a maioria das medidas continue a

corresponder à junção da função e subfunção da classificação funcional, foram criadas designações que

permitem identificar despesas com parcerias público-privadas (PPP) que na área da saúde totalizam € 401 M.

 No que toca à identificação das entidades devedoras e caracterização das respetivas dívidas, a saúde

destaca-se, com 73,1% do total da dívida (cerca de € 1.656,1 M). Num grupo de 206 entidades identificadas

como tendo dívidas de grande montante, 30 são do setor da saúde.

 O TC continuou o acompanhamento dos mecanismos de assistência financeira a Portugal verificando o

cumprimento dos objetivos fixados e dando particular atenção às medidas orçamentais estruturais do setor da

saúde, onde se destaca:

 Taxas moderadoras e deduções fiscais das despesas com saúde: o MoU inicial previa o aumento das

taxas moderadoras, a sua indexação à inflação e a revisão dos regimes de isenção, através dos quais se estimou

uma receita adicional de € 150 M em 2012 e de € 50M em 2013, valores que incluem os pagamentos das dívidas

das companhias de seguros e dos cuidados prestados a doentes estrangeiros. Estas metas não foram

alcançadas: em 2012 foi obtida uma receita adicional de € 126M e em 2013 houve uma redução de € 43M – em

2012 passaram a existir mais cerca de 228.676 utentes isentos do pagamento de taxas moderadoras e em

resultado do novo regime legal, verificou-se também um aumento dos utentes isentos por motivos económicos

(76%) e uma redução dos isentos devidos a condições clínicas (91%).

O novo enquadramento fiscal das despesas de saúde e prémios de seguros de saúde introduzida no OE2012

contribuiu para a redução das deduções à coleta com estas despesas no valor de €425 M.

 Despesa pública com medicamentos: o MoU fixou esta meta em 1,25% do PIB em 2012 e 1% em 2013.

Para este objetivo concorreu um conjunto de medidas, onde sobressai a prescrição eletrónica e por DCI, a

alteração das margens de comercialização de medicamentos. Neste período, a redução da despesa com

medicamentos no mercado ambulatório alcançou € 493M (29%) e no hospitalar €116M (11%). Esta redução não

foi suficiente para o cumprimento das metas afixadas, verificando-se um desvio acumulado de € 605 M, dos

quais €425 M (70%) respeitam ao mercado hospitalar.

 Meios Complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT): a meta fixada pelo MoU para esta rúbrica

era de 10% e em 2012, a diminuição foi de 115 superando o objetivo. A variação dos preços das convenções

não foi preponderante nos anos de vigência do PAEF, sendo mais significativo o aumento do peso relativo das

taxas moderadoras nos preços, ou seja, a parte que é suportada pelos utentes, significando que, em média, e

após a revisão das taxas moderadoras, o utente não isento suportará mais de ¼ do preço, reduzindo a parte do

preço que constitui encargo do SNS.

 Hospitais, custos com pessoal e com o transporte de doentes: em 2010, os custos operacionais dos

hospitais totalizaram € 5.530 M, decrescendo nos anos subsequentes até atingir € 4.922 M em 2013.

Os custos com pessoal do SNS, diminuíram € 394 M, no período de 2010/2013, atingindo € 2.479M em 2013,

sendo que neste caso, os custos com horas extraordinárias foram responsáveis por 35% desta redução. Os

custos do SNS com transporte de doentes diminuíram € 52 M (34%) entre 2010 e 2012, atingindo € 99M em

2012. Estes custos totalizaram €98 M em 2013.

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4 – Parecer da Unidade Técnica de Apoio Orçamental

A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) também elaborou o seu parecer técnico relativamente à

CGE 2013, baseado nos elementos que constam da própria CGE e noutros elementos remetidos pelo Ministério

das Finanças. No que à área da saúde diz respeito, a UTAO debruça-se essencialmente sobre os resultados

das PPP. Assim, refere que face ao verificado em 2012, 2013 registou uma redução dos encargos líquidos

suportados com PPP, sendo que no setor da saúde se verificou um aumento de 22,9% representando mais

75M€ que a despesa suportada no ano anterior. Este aumento deveu-se ao aumento da atividade clínica dos

estabelecimentos hospitalares já em operação, mas também à entrada em funcionamento do Hospital de Vila

Franca de Xira.

O aumento da atividade clínica dos estabelecimentos de saúde teve como consequência um aumento

homólogo dos respetivos encargos em cerca de 16%, e, a entrada em funcionamento do novo edifício do

Hospital de Vila Franca de Xira terá resultado num aumento de 62% nos encargos com a vertente infraestrutural.

Face aos valores inicialmente orçamentados, a execução dos encargos com PPP do setor da saúde registou

um desvio desfavorável de 6,4%, situando-se o volume de encargos cerca de 24 M€ acima do inicialmente

previsto. Mais concretamente, de acordo com o relatório da Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos,

os desvios mais significativos estão relacionados com o facto de o nível de produção acordado entre o parceiro

público e as entidades gestoras dos estabelecimentos hospitalares, se terem revelado mais elevados que o

inicialmente estimado, nomeadamente nos seguintes casos:

 Hospital de Cascais: ocorrência de um pagamento de reconciliação relativo à atividade de 2012,

consideravelmente superior à esperada e que resultou num desvio de 16%;

 Hospital de Braga: i) ocorrência do pagamento de reconciliação relativo à atividade desde o início do

contrato (Setembro/2009) até 2012, facto que não estava considerado na estimativa inicial realizada pelo

Ministério da Saúde; ii) pagamentos relativos ao Protocolo VIH/SIDA que não tinham sido estimados à data da

elaboração do Relatório do OE/2013. No seu conjunto, estes factos resultaram num desvio de 18% face aos

valores inicialmente orçamentados.

Apesar da redução verificada em termos homólogos, a execução de 2013 apresentou um desvio global

desfavorável quando comparada com a previsão orçamental inicial.Ao nível dos encargos líquidos totais, o

desvio de execução foi de 84,1 M€ (9,5%) e embora o maior desvio se tenha verificado ao nível das PPP

rodoviárias, no setor da saúde, o valor situou-se nos 24,1M€.

Quanto aos encargos líquidos suportados com PPP, a UTAO conclui que houve um aumento de 31% em

2012, para 41%, em 2013.

PARTE II – OPINIÃO DO DEPUTADO AUTOR DO PARECER

O Relator exime-se, nesta sede, de manifestar a sua opinião política sobre esta matéria, a qual é, nos termos

do n.º3 do artigo 137º do RAR, de natureza facultativa.

PARTE III – CONCLUSÕES

Face aos considerandos expostos, a Comissão Parlamentar de Saúde entende que o presente Parecer se

encontra em condições de ser remetido à Comissão Parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração

Pública, para os efeitos legais e regimentais aplicáveis.

Palácio de S. Bento, 26 de janeiro de 2015.

O Deputado autor do Parecer, Ivo Oliveira — A Presidente da Comissão, Maria Antónia Almeida Santos.

———

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COMISSÃO DE SEGURANÇA SOCIAL E TRABALHO

Parecer

ÍNDICE

PARTE I – NOTA INTRODUTORIA

PARTE II – CONSIDERANDOS

PARTE III – OPINIÃO DA DEPUTADA RELATORA

PARTE Iv – CONCLUSÕES

PARTE I – NOTA INTRODUTORIA

Compete à Assembleia da República, nos termos e para os efeitos do disposto na alínea d) do artigo 162.º

da Constituição da República Portuguesa [CRP], «tomar as contas do Estado e das demais pessoas coletivas

que a lei determinar (...), com o parecer do Tribunal de Contas e os demais elementos necessários à sua

apreciação».

Após apresentação pelo Governo da Conta Geral do Estado de 2013 [CGE 2013], o Tribunal de Contas [TC]

emitiu, ao abrigo do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 214.º da CRP, o competente parecer sobre a CGE

de 2013, incluindo a Conta da Segurança Social [CSS].

Por seu turno, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental [UTAO] disponibilizou o Parecer Técnico n.º 5/2014,

intitulado «Análise da Conta Geral do Estado de 2013», e o Conselho Económico e Social [CES] enviou à

Assembleia da República o «Parecer sobre a Conta Geral do Estado 2013» emitido no âmbito das suas

competências próprias e aprovado pelo Plenário do CES em 12 de janeiro de 2015.

Em 18 de dezembro de 2014, a Comissão Parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública

[COFAP] solicitou à Comissão Parlamentar de Segurança Social e Trabalho [CSST], nos termos e para os efeitos

do disposto nos artigos 205.º e 206.º do Regimento da Assembleia da República [RAR], a emissão, em razão

da matéria, de Parecer sobre a CGE 2013, incluindo a parte atinente à segurança social, a remeter à COFAP

até ao dia 31 de janeiro de 2015, de forma a poder ser integrado no relatório daquela Comissão Parlamentar.

A CSST reunida no dia 14 de Janeiro de 2014 distribuiu o Parecer à Senhora Deputada Idália Serrão do

Partido Socialista.

De modo a corresponder ao solicitado pela COFAP é emitido o presente Parecer, que incide exclusivamente

sobre as matérias do âmbito específico de intervenção da CSST, incluídas na CGE 2013, em especial as

atinentes ao Emprego e Segurança Social.

Na elaboração do presente Parecer foram tidos em conta o Documento CGE 2013, incluindo a CSS,

apresentado pelo Governo, bem assim como os Pareceres do TC, da UTAO e do CES já aqui sinalizados.

PARTE II – CONSIDERANDOS

1. Enquadramento Macroeconómico

A nível internacional, em 2013, a economia mundial registou um crescimento de 3,3%, representando um

ligeiro abrandamento face a 2012 (3,4%). Continuaram-se a registar grandes disparidades à escala global entre

os ritmos de crescimento. Assim, nas economias avançadas o PIB cresceu 1,4%, enquanto no conjunto das

economias de mercado emergentes e em desenvolvimento aumentou 4,7%. Contudo, apesar das discrepâncias

no crescimento, verifica-se que enquanto nas economias avançadas se assistiu a um ritmo de crescimento

ligeiramente superior ao do ano anterior, nas economias de mercado emergentes e em desenvolvimento

assistiu-se a um ligeiro abrandamento.

Em estagnação esteve a União Europeia, ao apresentar um crescimento de 0,2%, não obstante apresentar

melhorias face 2012 (-0,3%).

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23 DE MAIO DE 2015 89

A zona euro continuou em recessão, em 2013, ligeiramente desagravada face a 2012.

Quanto a Portugal, em 2013, a atividade da economia continuou a apresentar uma contração (-1,4%), embora

menos acentuada que a verificada no ano anterior (-3,3%). Portugal registou, pela primeira vez na sua história,

três anos consecutivos de recessão económica (pelo menos desde que existem dados – 1960) – afigurando-se

como a recessão mais prolongada de sempre.

PIB e Principais Componentes: 2011, 2012 e 2013

taxa de crescimento homólogo real(%)

2011 2012 2013

PIB -1,8 -3,3 -1,4

Consumo Privado -3,7 -5,2 -1,4

Consumo Público -3,8 -4,3 -1,9

FBCF -12,5 -15,0 -6,3

Exportações 7,0 3,1 6,4

Bens 7,7 3,8 5,8

Serviços 5,2 1,0 8,2

Importações -5,8 -6,6 3,6

Bens -7,1 -6,6 4,1

Serviços 2,8 -6,3 0,8

Contributos para o crescimento do PIB (em p.p.)

Procura Interna -6,2 -6,8 -2,3

Procura externa líquida 4,6 3,6 1,0

Emprego -3,2 -4,1 -2,6

Taxa de Desemprego 12,7 15,5 16,2

Fonte: INE- Inquérito ao Emprego

Segundo o parecer técnico da UTAO, A “contração menos acentuada em 2013 deveu-se à menor queda da

procura interna, a qual compensou o contributo menos positivo das exportações líquidas. Em relação à procura

interna, o contributo negativo, em 2013, decorreu da diminuição do consumo privado, do consumo público e do

investimento. Por seu turno, as exportações líquidas voltaram a registar um contributo positivo devido ao forte

aumento das exportações, que, contudo, foi atenuado pelo aumento das importações. A respeito das

importações, saliente-se que estas apresentam um aumento, o qual contrasta com a redução verificada em 2012

Página 90

II SÉRIE-A — NÚMERO 136 90

e estará relacionada com a menor redução da procura interna em 2013, quando comparada com o verificado no

ano anterior”1.

Mas o parecer do CES, apesar de registar uma evolução positiva das exportações, sublinha como explicação

para a evolução do valor do PIB, que atingiu -1,4%, acima do valor da proposta do OE 2013, a “melhoria das

expectativas das famílias e das empresas”, “tal resulta pela leitura do 1.º Rectificativo do aumento do rendimento

disponível das famílias, derivado da reposição de salários e subsídios determinado pelo Tribunal Constitucional.”

Segundo o Boletim do INE de 6 de setembro de 2013: “Face ao trimestre anterior, o PIB aumentou 1,1% em

volume no 2.º trimestre de 2013 (variação de -0,4% no 1.º trimestre). A procura interna apresentou um contributo

positivo de 0,8 p.p. para a variação em cadeia do PIB no 2.º trimestre, observando-se variações em cadeia

positivas para o consumo privado e Investimento. Por sua vez, a procura externa líquida também apresentou

um contributo positivo, de 0,3 p.p., embora inferior ao verificado no 1.º trimestre (1,7 p.p.), devido ao crescimento

das Importações de Bens e Serviços. As Exportações de Bens e Serviços apresentaram uma variação em cadeia

elevada (5,2%)”.

 As previsões macroeconómicas para 2013 - do orçamento inicial ao valor efetivo

O cenário macroeconómico apresentado no OE/2013 inicial apontava para uma recessão económica de 1,0%

do PIB, acabando por se verificar uma contração económica mais acentuada em 0,4 pontos percentuais. Face

à projeção inicial, de outubro 2012, registou-se uma contração menos acentuada do consumo (público e privado)

e uma contração mais forte do investimento (FBCF). Esta evolução enquadra-se num contexto em que foi

reposto o pagamento do subsídio de férias a funcionários públicos e pensionistas durante 2013, na sequência

da decisão do Tribunal Constitucional. Do lado do contributo externo, registou-se um aumento das exportações

maior do que o esperado, mas também um aumento das importações (+3,6%), o qual contrasta com uma

previsão inicial de redução (-1,4%). Em resultado destas variações, verificou-se um contributo líquido da procura

externa menos positivo do que o esperado (1,1 p.p. face a 1,9 p.p.), para o qual contribuiu o aumento das

importações.

O quadro seguinte inclui as várias projeções realizadas pelo Governo para o ano de 2013:

Várias Projeções macroeconómicas do Governo: 2013

taxa de crescimento homólogo real(%)

2013

2012 DEO DEO OE2013 DEO e OER OE2014verificado abril e maio verificado

Ago-11 Abr-12 Out-12 Out-132013

PIB -3,3 1,2 0,6 -1,0 -2,3 -1,8 -1,4

Consumo Privado -5,2 -0,7 -0,7 -2,2 -3,2 -2,5 -1,4

Consumo Público -4,3 -4,0 -2,9 -3,5 -4,2 -4,0 -1,9

FBCF -15,0 3,9 -0,6 -4,2 -7,6 -8,5 -6,3

Exportações 3,1 6,5 5,6 3,6 0,8 5,8 6,4

Importações -6,6 1,6 1,6 -1,4 -3,9 0,8 3,6

Inflação (IPC) 2,8 1,4 1,3 0,9 0,7 0,6 0,3

Emprego -4,1 0,3 0,6 -1,7 -3,9 -3,9 -2,6

Desemprego (Taxa %) 15,5 13,0 14,1 16,4 18,2 17,4 16,2

Défice público (% do PIB) 5,5 3,0 3,0 4,5 5,5 5,9 4,9

Dívida Pública Bruta (% do PIB) 124,8 106,8 115,7 123,7 122,3 127,8 128,0

INE, Eurostat (Dívida e Défice)

Nota: de acordo com SEC2010

Comparando com a primeira projeção realizada pelo Governo, expressa no Documento de Estratégia

Orçamental (DEO), de agosto de 2011, o ano de 2013 deveria apresentar um crescimento da atividade

económica na ordem de 1,2%.

1 UTAO, Análise da Conta Geral do Estado 2013, Parecer técnico n.º 5/2014, pág. 3.

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23 DE MAIO DE 2015 91

Relativamente ao orçamentado retificativo, de maio de 2013, a economia acabou por apresentar um

desempenho menos negativo, já que naquele o Governo antevia uma recessão económica na ordem dos 2,3%.

No mercado de trabalho, nomeadamente no que concerne ao crescimento do emprego e à taxa de

desemprego registaram-se evoluções bastante mais desfavoráveis que as inicialmente previstas, no DEO (de

agosto de 2011) e no OE/2013 inicial, mas menos desfavoráveis face às previsões constantes no OE/2013

retificativo.

Com efeito, o emprego registou uma queda no conjunto do ano, de 2,6%, quando se previa inicialmente (no

DEO de agosto 2011) um crescimento de 0,3%, e depois (no OE/2003 inicial) uma quebra de 1,7%. Face ao

OE/2013 retificativo, o emprego acabou por apresentar uma queda menos acentuada (OE/2013 retificativo=-

3,9%).

Quanto à taxa de desemprego, acabou por situar-se ao nível do projetado inicialmente no OE/2013, não

obstante se ter perspetivado uma taxa de desemprego de 18,2%, no OE2013/retificativo.

O défice orçamental das Administrações Públicas acabou por se situar em 4,9% do PIB, abaixo do implícito

no 1.º e no 2.º Orçamentos retificativos, mas ficou acima do previsto no orçamento inicial.

A dívida pública ficou acima de qualquer projeção do Governo, ao atingir 128% do PIB.

2. Evolução do Mercado do Emprego e dos Salários

O ambiente recessivo da economia portuguesa no ano de 2013 marcou um aumento da taxa de desemprego

para 16,2% (+0.7 p.p.), o equivalente a 855,2 mil pessoas desempregadas, e a uma redução de 117,5 mil

empregos, uma contração do emprego em 2,6% (+1.5 p.p. face a 2012), juntamente com uma quebra da

população ativa em 1,8% (-1.0 p.p. face ao período homólogo).

O Desemprego apresentou alguma melhoria após o 1.º trimestre, mas que não foi acompanhado pelo

desemprego de longa duração que continua a apresentar uma tendência de crescimento, exceto no 4.º trimestre

de 2013.

O Desemprego jovem continua com valores acima dos 36%, mas apresentou uma melhoria no decorrer do

ano de 2013, atingindo no último trimestre de 2013 o valor mais baixo dos últimos dois anos.

O Relatório do CES refere que a diminuição do Desemprego em conjunto com a diminuição do emprego

pode ser explicada pela “diminuição da população ativa, por um lado devido à forte emigração, sobretudo da

população jovem, e por outro lado ao aumento do número de desempregados desencorajados e de

desempregados abrangidos por programas do IEFP, o que se reflete em termos da situação social e na evolução

do rendimento da população.”

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Em relação às remunerações nominais por trabalhador apresentaram, em 2013, um aumento de 3,3%,

resultante de um aumento das remunerações em 0,7% e de uma quebra do emprego remunerado em 2,6%.

3. Conta da Segurança Social

Em 31 de dezembro de 2013 o saldo da execução do orçamento do Sistema de Segurança Social, na ótica

de Contabilidade Pública, no valor de 489,1 milhões de euros, reflete um acréscimo de +57,7 milhões de euros,

isto é, +13,4% que em igual período do ano anterior.

Mas em relação a 2011, em que o saldo resultante da execução orçamental é de 725,9 milhões de euros, o

saldo de execução de 2013 contrai em relação a 2011 236,8 milhões de euros (-32,6%).

Da análise à execução orçamental do ano de 2013 constata-se, em termos gerais, que a receita efetiva

evidencia um acréscimo de +4,9% em relação ao período homólogo de 2012, totalizando 25.383,4 milhões de

euros e a despesa efetiva apresenta também um acréscimo de +4,8% em relação ao mesmo período do ano de

2012, perfazendo os 24.894,3 milhões de euros.

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23 DE MAIO DE 2015 93

O Relatório do CES alerta que “a Conta de Segurança Social registou uma diminuição de várias prestações

sociais, entre as quais o abono de família e o CSI, num período de agravamento das condições de vida e

aumento da pobreza, sobretudo entre as camadas mais fragilizadas da população”.

No mesmo relatório pode ler-se que o CES considera também particularmente “gravosa a aplicação de um

corte de 5% e 6% nos subsídios de doença e desemprego, respetivamente, ficando por demonstrar se a

poupança obtida compensa a aparente insensibilidade social de tal medida”, medida esta que, já em 2014, o TC

veio a declarar inconstitucional.

PARTE III – OPINIÃO DA DEPUTADA RELATORA

A relatora reserva, nesta sede, a sua posição sobre a Conta Geral do Estado de 2013 para a discussão em

Plenário da Assembleia da República.

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PARTE IV – CONCLUSÕES

Face aos considerandos que antecedem, a Comissão de Segurança Social e Trabalho conclui:

1. Compete à Assembleia da República, nos termos e para os efeitos do disposto na alínea d) do artigo

162.º da Constituição da República Portuguesa [CRP], «tomar as contas do Estado e das demais pessoas

coletivas que a lei determinar (...), com o parecer do Tribunal de Contas e os demais elementos necessários à

sua apreciação».

2. Incumbe à Comissão de Segurança Social e Trabalho emitir, nos termos regimentais aplicáveis, o

competente Parecer à Conta Geral do Estado de 2013, incluindo a relativa à da Segurança Social.

3. O presente Parecer incidiu exclusivamente sobre os domínios do âmbito específico de intervenção da

CSST, incluídas na CGE 2013, em especial as atinentes ao Emprego e Segurança Social e visa constituir um

contributo para o Relatório final que se encontra em fase de elaboração na Comissão de Orçamento, Finanças

e Administração Pública.

4. Na elaboração do presente Parecer foram tidos em conta o Documento CGE 2013, incluindo a CSS,

apresentado pelo Governo e os Pareceres do TC, da UTAO e do CES.

5. A Comissão de Segurança Social e Trabalho delibera, nos termos regimentais aplicáveis, remeter o

presente parecer à Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública.

Palácio de S. Bento, 27 de janeiro de 2015.

A Deputada Relatora, Idália Serrão — O Presidente da Comissão, José Manuel Canavarro.

———

COMISSÃO DO AMBIENTE, ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E PODER LOCAL

Parecer

I – Considerandos

1. Enquadramento

A Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública remeteu à Comissão de Ambiente,

Ordenamento do Território e Poder Local a Conta Geral do Estado relativa ao ano económico de 2013,

acompanhada dos Pareceres do Tribunal de Contas (TC), do Conselho Económico e Social (CES) e da Unidade

Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da República (UTAO), fim de ser elaborado o competente Parecer.

Para a elaboração do presente Parecer, foi analisada a Conta Geral do Estado de 2013, e tido em

consideração os Pareceres supramencionados.

Para a análise da Conta Geral do Estado de 2013, importa ter presente que a Lei do Orçamento do Estado

para 2013 (Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro) foi aprovada pela Assembleia da República em 27 de

Novembro de 2012, tendo o mesmo entrado em vigor em 1 de Janeiro de 2013, e sofrido duas alterações no

decorrer do ano de 2013, a saber:

a) A primeira, através da Lei n.º 51/2013, de 24 de julho;

b) e a segunda, consubstanciada na Lei n.º 83/2013, de 9 de dezembro.

Nos termos da alínea d) do artigo 162.º da Constituição da República, a Conta Geral do Estado deve ser

apresentada até ao dia 31 de Dezembro do ano subsequente ao qual diz respeito, tendo a mesma sido recebida

na Assembleia da República em 1 de julho de 2014.

Relativamente ao Parecer do Tribunal de Contas bem como ao Parecer do Comité Económico e Social sobre

a CGE – 2013, estes deram entrada na Assembleia da República, a 15 de dezembro de 2014 e a 13 de janeiro

de 2015 respetivamente.

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23 DE MAIO DE 2015 95

Foi ainda, devidamente considerado, o Parecer Técnico da Unidade Técnica de Apoio Orçamental da

Assembleia da República (Parecer Técnico n.º 5/2014 – Análise daConta Geral do Estado de 2013, de 29 de

dezembro de 2014), elaborado ao abrigo do artigo 10.º-A da Resolução da Assembleia da Republica n.º 20/2004,

de 16 de fevereiro, aditado pela Resolução n.º 53/2006, de 7 de agosto e, posteriormente, pela Resolução n.º

57/2010, de 23 de julho e pela Resolução n.º 62/2014, de 30 de junho, e do mandato expresso no Plano de

Atividades da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (XII Legislatura – 4.ª Sessão Legislativa).

Dá-se, desta forma, cumprimento ao previsto no n.º 3 do artigo 206.º do Regimento da Assembleia da

República, que define que os serviços da Assembleia da República procedem a uma análise técnica da Conta

Geral do Estado, discriminada por áreas de governação, e a remetem à comissão parlamentar competente, em

razão da matéria.

2. Análise Sectorial

Neste contexto, procede-se de seguida à análise sectorial da execução orçamental referente ao ano

económico de 2013, tendo em consideração as contas dos serviços integrados e fundos autónomos relativas ao

Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e Energia, bem como as que dizem respeito às contas da

administração local, por ir ao encontro do solicitado pela Comissão de Orçamento e Finanças e Administração

Pública.

a) Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e Energia

No Orçamento do Estado para 2013, o Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e Energia (tinha

ainda a designação de Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território), e, na

sequência da alteração da orgânica do Governo, ocorrida em Julho de 2013 onde, passou a integrar apenas os

serviços do âmbito dos sectores do ambiente, do ordenamento do território e energia, facto que prejudica

objetivamente a comparabilidade entre o valor orçamentado e a execução do ano.

Em 2013, o Ambiente, Ordenamento do Território e Energia apresentava um orçamento de 70,1 milhões de

euros, tendo, durante o ano de 2013, visto esse valor diminuir para 65,8 milhões de euros, como pode ser

visualizado no quadro seguinte:

Tabela A – Análise por classificação orgânica do Subsector Estado em 2013

(em milhões de euros)

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 96

Quanto ao valor de execução orçamental de 2013, o Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território

e Energia apresentou o valor de 43,7 milhões de euros, o que traduz um grau de execução de 62, 3% face ao

Orçamento do Estado inicial e de 66,4 % considerando o Orçamento do Estado final. No mapa seguinte, podem

aferir-se as despesas dos serviços integrados por classificação orgânica.

Tabela B – Despesas dos serviços integrados por classificação orgânica em 2013

Fonte: Fonte: Direção Geral do Orçamento – Conta Geral do Estado 2013

Relativamente ao desempenho dos serviços e fundos autónomos do Ministério do Ambiente, do

Ordenamento do Território e Energia apresentam-se de seguida os Mapas C e D, relativos à execução

orçamental da despesa no valor de 241 milhões de euros e da receita, de 441 milhões de euros.

Tabela C – Despesas dos serviços e fundos autónomos, por classificação orgânica, com especificação

das despesas globais de cada serviço e fundo

Fonte: Fonte: Direção Geral do Orçamento – Conta Geral do Estado 2013

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23 DE MAIO DE 2015 97

Tabela D – Receitas dos serviços e fundos autónomos, por classificação orgânica, com especificação

das despesas globais de cada serviço e fundo

Fonte: Fonte: Direção Geral do Orçamento – Conta Geral do Estado 2013

Relativamente às “responsabilidades contratuais plurianuais”, o MAOTE apresentava no final do ano de 2013,

um valor de 680 mil de euros em serviços integrados e 23,7 milhões de euros em serviços e fundos autónomos

afetos a este Ministério, num total de 24,3 milhões de euros.

Tabela E – Responsabilidades contratuais plurianuais dos serviços integrados e serviços e fundos

autónomos

(euros)

Fonte: Direção Geral do Orçamento – Conta Geral do Estado 2013

Relativamente à despesa em projetos, esta concentra-se em 90,5% nos programas da Economia, da

Agricultura e do Mar e ainda no programa Ciência e Ensino Superior. Os serviços e fundos autónomos incluindo

as Entidades Públicas Reclassificadas (EPR) são responsáveis por 95,6% da execução, sendo as EPR as

entidades com maior expressão, com a execução de 49,7% dos recursos. Os SFA (sem EPR) e os SI absorvem

1871 milhões de euros da despesa total.

Constata-se que, em 2013, o Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e da Energia foi

responsável pela execução de cerca de 42 milhões de euros, o que equivale a 1,1% do montante global.

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II SÉRIE-A — NÚMERO 136 98

Tabela F – Despesa em Projetos – por Programas (milhões de euros)

b) Administração Local

No que tange à Administração Local e Regional, a Conta Geral do Estado de 2013 evidência que o subsector

da Administração Local e Regional apurou um excedente de 0,2% do PIB, o que representa um abrandamento

de 0,3 p.p. do PIB face ao registado em 2012.

De referir que as receitas deste subsetor registaram uma subida de mais de 328 milhões de euros face a

2012 (de 10.718 milhões em 2012 para 11.047 milhões em 2013). Por outro lado, as despesas aumentaram em

cerca de 776 milhões de euros face a 2012 (de 9.862 milhões em 2012 para 10.639 milhões em 2012).

Tabela G – Conta Consolidada das Administrações Públicas (ótica de contas nacionais)

– Grandes agregados 2012 e 2013

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23 DE MAIO DE 2015 99

Como se pode constatar, o saldo do subsetor em apreço foi positivo em mais de 408 milhões de euros.

Conforme se poderá atestar no gráfico seguinte, para a Administração Local registou, em 2013 e na ótica da

contabilidade pública, um saldo global de -62,6 milhões de euros, resultado é inferior ao previsto em 108,9

milhões de euros, explicado pelo maior grau de execução da despesa face ao da receita.

Gráfico – Evolução do grau de execução da receita e despesa (milhões de euros)

O comportamento da receita foi determinado, principalmente, pelo desvio negativo da receita corrente, em

particular das transferências e das taxas, multas e outras penalidades, apesar do desempenho positivo das

vendas de bens e serviços bem como, da receita fiscal.

Quanto à despesa, registou um aumento resultante dos pagamentos de dívidas de anos anteriores no âmbito

do PAEL, que se concentrou em 2013. Excluindo o efeito do PAEL, o saldo ter-se-ia situado 387,3 milhões de

euros, face a 766,6 milhões de euros no ano anterior.

Cumpre por fim escrutinar as transferências financeiras da Administração Central para a Administração Local,

no cumprimento do disposto da Lei das Finanças Locais, que no ano de 2013 ascenderam a 2.568,1 milhões de

euros.

II – Opinião da Deputada Relatora

Embora sendo a opinião do Relator de elaboração facultativa, nos termos do n.º 3 do artigo 137.º do

Regimento, e de a Deputada Relatora se eximir, nesta sede, de emitir quaisquer considerações políticas sobre

a Conta Geral do Estado relativa ao ano económico de 2013, entende pertinente referir que presidiu a esta

análise a mera comparação e constatação de números e indicadores.

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Com a presente análise à Conta Geral do Estado de 2013, pretendeu-se a verificação dos propósitos

orçamentais, bem como a qualidade da despesa produzida. Para tal, foram tidos em consideração a Conta Geral

do Estado, o Parecer do Tribunal de Contas e do Conselho Económico Social, assim como, a informação

produzida pelos serviços técnicos da Assembleia da República.

De referir também que o Parecer do Tribunal de Contas, formulou um conjunto de 86 recomendações tendo

em vista a correção de erros e deficiências assinalados e a melhoria da fiabilidade e do rigor da CGE, não

obstante, formulou um juízo globalmente favorável sobre a legalidade da execução orçamental da administração

central. Mais constatando que 65% das recomendações formuladas no Parecer sobre a CGE de 2011, foram

acolhidas total ou parcialmente, facto que é registado de modo positivo.

III – Conclusões

I – A Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública remeteu, nos termos legais e regimentais

aplicáveis, à Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local a Conta Geral do Estado de

2013, acompanhada do Pareceres do Tribunal de Contas, do Conselho Económico Social, assim como da

Unidade Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da República, para efeitos de elaboração do competente

Parecer nas áreas de competência material da 11.ª Comissão.

II – A Conta Geral do Estado de 2013 foi apresentada à Assembleia da República em cumprimento dos

prazos legais aplicáveis.

III – A Conta Geral do Estado de 2013 permite aferir uma execução orçamental de 43,7 milhões de euros nos

serviços integrados do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território, e de 241 milhões de euros nos

serviços e fundos autónomos.

IV – A Conta Geral do Estado de 2013 permite, ainda, aferir que o subsector da Administração Local e

Regional apurou um excedente de 0,2% do PIB, o que representa um abrandamento de 0,3 p.p. do PIB face ao

défice registado em 2012.

V – Em 2013, as Administrações Regional e Local registaram um saldo orçamental positivo de 408,3 milhões

de euros, que compara com os 855,9 milhões registados em 2012.

VI – A Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local emite o presente Parecer e, nos

termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 206.º do Regimento da Assembleia da República, decide remetê-lo à

Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública.

Palácio de São Bento, 28 de Janeiro de 2015.

Deputado Relatora, Ângela Guerra — Presidente da Comissão, António Ramos Preto.

———

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COMISSÃO PARA A ÉTICA, A CIDADANIA E A COMUNICAÇÃO

Parecer

Índice

PARTE I – CONSIDERANDOS

PARTE II – ANÁLISE SETORIAL

PARTE III – OPINIÃO DO DEPUTADO AUTOR DO PARECER

PARTE IV – CONCLUSÕES

PARTE I – CONSIDERANDOS

Considerando que:

1. A Conta Geral do Estado relativa ao ano de 2013 foi apresentada a 1 de julho de 2014, tendo sido

distribuída, nos termos do n.º 3 do artigo 205.º do Regimento, à Comissão para a Ética, a Cidadania e a

Comunicação para efeitos da emissão do respetivo parecer.

2. Compete a esta Comissão emitir parecer setorial sobre os impactos das finanças públicas sobre a política

e atividade económica em 2013;

3. A Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação é competente pelo acompanhamento das matérias

da comunicação social, das Tecnologias de Informação e Comunicação, da cidadania, da promoção da

igualdade de género, da promoção do diálogo intercultural e da integração dos cidadãos migrantes.

4. Não existe na Conta Geral do Estado, uma análise desagregada que possibilite um parecer específico

sobre cada uma das áreas abrangidas pela Comissão, permitindo apenas a identificação de indicadores de

execução orçamental referentes ao sector da Comunicação Social e da Migração.

5. O presente parecer é elaborado em função da Conta Geral do Estado referente a 2013 e ainda do Parecer

Técnico da Unidade Técnica de Apoio Orçamental, do Parecer do Conselho Económico e Social e do Parecer

do Tribunal de Contas.

PARTE II – ANÁLISE SETORIAL

A. Contexto Económico

Para uma melhor análise dos indicadores setoriais infra indicados, é útil destacar o cenário económico

traçado na Conta Geral do Estado e no qual assentaram as políticas prosseguidas transversalmente pelos

membros do Governo:

– Abrandamento da economia mundial, com um crescimento do PIB de 2,9%, inferior ao que se verificou em

2012 (3,2%);

– Reduzido crescimento das economias avançadas e menor dinamismo dos países emergentes e em

desenvolvimento (preços das matérias-primas mais baixos, políticas económicas menos expansionistas e receio

de instabilidade financeira em alguns países);

– Retoma do crescimento, na economia da área do euro, nos três últimos trimestres de 2013, dada a

diminuição da incerteza e dos riscos financeiros globais associados à dívida soberana;

– Em Portugal, 2013 é o ano em que se evidenciam os primeiros sinais de inversão do ciclo económico, com

um comportamento menos negativo da procura interna e a manutenção de um contributo positivo da procura

externa líquida;

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– A atividade económica nacional registou uma contração de 1,4%, a qual compara com uma quebra de 3,2%

em 2012, resultando da melhoria das expectativas das famílias e das empresas, do reforço da competitividade

externa e da consolidação do excedente externo;

– No mercado de trabalho nacional, observou-se um aumento da taxa de desemprego para 16,2% (15,5%,

em 2012) e uma redução do emprego de 2,6% (-4,4%, em 2012), registando-se, no entanto a redução da taxa

de desemprego entre o primeiro e o ultimo trimestre do ano;

– O limite estabelecido para o défice de 2013 em Portugal foi revisto, uma primeira vez, de 3% para 4,5% do

Produto Interno Bruto (PIB), e, uma segunda vez, de 4,5% para 5,5% do PIB;

– O défice das administrações públicas nacionais apurado situou-se em 4,5% do PIB, abaixo do acordado

no sétimo exame;

– Em 2013, Portugal iniciou o processo de regresso aos mercados de dívida soberana;

– O rácio da dívida pública nacional atingiu 129% do PIB, demonstrando uma desaceleração da tendência

de crescimento observada nos últimos anos, contribuindo para o efeito a redução do défice primário, o efeito

dinâmico e os outros ajustamentos défice-dívida;

– Manutenção de um elevado montante de depósitos detidos pela administração central que passa de 114%

do PIB em 2012 para 118,5% em 2013.

B. Indicadores setoriais

1. Comunicação Social

1.1 Dados transversais ao setor

Durante 2013 avaliou-se o nível de execução das orientações estratégicas previamente remetidas às

empresas públicas com vista à redução de custos operacionais, nomeadamente no setor da Comunicação

Social.

O objetivo essencial foi o de avaliar, em que medida, as recomendações expendidas pela Inspeção Geral

das Finanças no âmbito de anteriores auditorias de avaliação do cumprimento das medidas integrantes dos

planos de redução dos gastos operacionais teriam sido cumpridas.

Da análise efetivada em 2013 verifica-se que das nove recomendações formuladas, três ainda não tinham

sido cumpridas, duas estavam em fase de concretização e quatro foram cumpridas.

Quanto à Entidade Reguladora para a Comunicação Social, no que respeita aos Serviços e Fundos

Autónomos em situação de incumprimento, as disponibilidades no sistema bancário identificadas são de

2.363,78€.

1.2 Rádio e Televisão de Portugal, SA (RTP)

Ao nível da organização institucional da empresa, a Conta Geral do Estado relativa a 2013 identifica as

seguintes alterações:

– Surgimento de um novo modelo de gestão, em função da aplicação do plano de sustentabilidade económica

e financeira da empresa.

– Mudança do paradigma de financiamento do serviço público de televisão com o fim da indemnização

compensatória e a consequente redução significativa dos fundos públicos a afetar à empresa.

– Ressalva a garantia por parte do Estado da existência de um serviço público de média com conteúdos de

rádio e de televisão em prol de uma sociedade moderna, aberta e cosmopolita.

– Consulta pública do projeto de Contrato de Concessão da RTP, entre 17 de outubro e7 de novembro de

2013, tendo a participação dos cidadãos sido dinamizada através de um Banco de Ideias para recolha de

propostas e sugestões e com a realização de uma jornada de discussão pública sobre a RTP – Dia do Serviço

Público, realizada a 20 de novembro.

Página 103

23 DE MAIO DE 2015 103

No que respeita aos resultados da auditoria à RTP:

– A auditoria financeira às contas de 2012 constava no Plano Operacional da Inspeção Geral de Finanças

para 2013 em função das atribuições de controlo financeiro previstas no Contrato de Concessão do Serviço

Público de Televisão;

– O objetivo da auditoria foi o de definir uma opinião fundamentada sobre as cláusulas de natureza financeira,

tendo em conta o grau de cumprimento das obrigações do serviço público concessionado relativo a 2012;

– Dos resultados apurados, verifica-se que em 2012, os fundos públicos líquidos disponibilizados à empresa

ascenderam a 211M€, repartidos entre a indemnização compensatória (73,2M€) e a contribuição para o

audiovisual (137,8M€);

– Verificou-se ainda a existência de resultados operacionais e resultados líquidos positivos nos montantes

de 22M€ e de 41,3M€, respetivamente;

– Não obstante este resultado positivo e o aumento do capital social, na ordem dos 344,5M€, a empresa

continua com capitais próprios negativos na ordem dos 83,3M€ e com passivos na ordem dos 444,9M€.

Sublinhar a situação de tesouraria da RTP que abriu o ano económico de 2013 com um passivo de

8.500.377,74, que possuiu durante o ano um ativo de 296.168.671,44 e um passivo de 287.675.444,00 e que

fechou o ano com um passivo de 7.150,30.

Sobre estas premissas, registar que, pese embora a discussão pública do Contrato de Concessão, o mesmo

ainda não se encontra em vigor.

Finalmente, destacar algumas considerações efetuadas pelo Tribunal de Contas à gestão orçamental da

RTP:

– A Contribuição para o Audiovisual (CAV) afeta à RTP, à data na ordem dos 151.738.670,63€, constitui um

dos principais casos de deficiente contabilização por incumprimento de princípios orçamentais;

– Considera que é uma receita fiscal que não é considerada como tal nem no Orçamento do Estado nem na

Conta Geral do Estado e que é cobrada pelas empresas distribuidoras de energia elétrica e entregue à RTP

que, indevidamente, a contabiliza como se de venda de bens e serviços correntes se tratasse (à semelhança do

praticado relativamente às receitas obtidas com publicidade).

– Pese embora a DGO ter referido que “(…) a CAV foi reclassificada como taxa e, segundo o art.º 6.º da Lei

n.º 30/2003, de 22 de agosto que a aprovou, constitui uma receita própria da RTP”, o Tribunal de Contas

considera que a CAV é um imposto e não uma taxa visto não se tratar da contraprestação de um serviço, pelo

que as receitas fiscais são devidas ao Estado, na medida em que este é o sujeito ativo da respetiva relação

jurídica tributária e tendo em conta que os princípios constitucionais e legais da unidade e da universalidade

impõem a inscrição da previsão da sua cobrança, como receitas do Estado, na Lei de Orçamento do Estado de

cada ano.

1.3 Lusa – Agência de Notícias de Portugal, SA

Quanto à agência noticiosa, a Conta Geral do Estado refere que a relação do Governo, enquanto acionista

maioritário, com a mesma foi pautada por critérios de exigência e de responsabilidade.

No que respeita aos resultados da auditoria à Lusa:

– A auditoria financeira às contas de 2012 constava no Plano Operacional da Inspeção Geral de Finanças

para 2013 em função das atribuições de controlo financeiro previstas no Contrato de Prestação de Serviço

Noticioso e Informativo de Interesse Público.

– O objetivo da auditoria, tal como no caso da RTP, foi o de definir uma opinião fundamentada sobre as

cláusulas de natureza financeira, tendo em conta o grau de cumprimento das obrigações do serviço público

concessionado relativo a 2012;

– Verificou-se que a indemnização compensatória relativa a 2012 no montante de 15.567,2M€ foi atribuída

pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 53/2012, de 20 de junho e está conforme com o previsto no Anexo

1 ao contrato de prestação de serviços, sendo inferior aos 16.590,9M€ de gastos expurgados dos créditos

Página 104

II SÉRIE-A — NÚMERO 136 104

obtidos;

– Consideram que não deve ser feita qualquer alteração ao montante atribuído.

– Finalmente, é referida a não distribuição de dividendos desde 2012, sendo que em 2010 e 2011 foram

distribuídos 93.522€ e 128.790€, respetivamente.

Sublinhar a situação de tesouraria da Lusa que abriu o ano económico de 2013 com um passivo de 52,91,

que possuiu durante o ano um ativo de 13.161.129,13 e um passivo de 13.161.200,00 e que fechou o ano com

um passivo de 123,78.

Sobre esta questão, referir que, a fixação de uma indemnização compensatória nos últimos dois anos na

ordem dos 13M€, pressupõe um decréscimo da verba a transferir pelo Estado e que torna crucial a análise do

fator de correção que o próprio contrato de prestação de serviço noticioso e informativo de interesse público

celebrado entre o Estado e a Lusa adita e que corresponde ao “valor que a Lusa terá de encontrar no mercado

para compensar a parte do custo com o serviço público que o Estado não suporta.”

Finalmente, destacar algumas considerações efetuadas pelo Tribunal de Contas à gestão orçamental da

Lusa:

– O cumprimento da Unidade de Tesouraria do Estado (UTE) pode ser dispensado anualmente, em situações

excecionais reconhecidas por despacho do membro do Governo responsável pela área das finanças. No

entanto, o Tribunal de Contas alerta para o facto de 7 dos 17 organismos dispensados, inclusive a Agência Lusa,

não terem reportado informação sobre a UTE, sendo certo que não há dispensas do dever de reporte sobre as

disponibilidades e de identificação das entidades em que as mesmas se encontram depositadas ou aplicadas.

2. Alto Comissariado para as Migrações

À data da realização da Conta Geral do Estado, este organismo ainda não se encontrava incluído nos

Serviços e Fundos Autónomos, pelo que as referências são feitas ao anterior Alto Comissariado para a Imigração

e Diálogo Intercultural (ACIDI).

Salientar que da análise do reporte de informação da execução orçamental relativa à conta de gerência de

2013 no Sistema de Informação e Gestão Orçamental do Ministério das Finanças é referido o seguinte: “ACIDI

(Gestor do Programa Escolhas) – ausência de reporte da execução orçamental final”.

Foi realizada uma auditoria à ACIDI, no âmbito do controlo financeiro dos auxílios públicos, da qual são

reportados os seguintes elementos:

– Consistiu na apreciação da legalidade, regularidade e transparência dos apoios públicos concedidos na

área da inclusão social das crianças e jovens provenientes de contextos sócios económicos mais vulneráveis

abrangidos pelo Programa Escolhas e na avaliação do sistema de controlo interno;

– A auditoria incidiu essencialmente no triénio 2010/2012, tendo a despesa global realizada atingido os

30,5M€;

– Salienta que não foi realizada uma consistente avaliação aos impactos emergentes dos recursos

financeiros utilizados pelo Escolhas 4G, em especial quanto aos benefícios sociais alcançados;

– Refere ainda que não foi efetuada uma prestação de contas de cada geração do Escolhas, nem foi prestada

informação periódica sobre a execução física e financeira a todas as entidades financiadoras;

– Quanto ao sistema informático utilizado, consideram que este está apenas parametrizado para determinar

os custos ao nível dos projetos, não sendo possível apurar os custos ao nível da medida e respetivas ações;

– Foram detetadas algumas deficiências na apresentação e seleção das candidaturas, na aplicação do

Regulamento do Escolhas e ao nível do sistema de controlo interno quanto às verbas afetas;

– Recomendam a realização de uma avaliação regular dos resultados alcançados e dos benefícios sociais

atingidos com os apoios financeiros concedidos, por forma a garantir uma gestão mais eficaz e eficiente dos

Página 105

23 DE MAIO DE 2015 105

recursos financeiros públicos e possibilitar a introdução de eventuais alterações dos apoios que não atinjam os

objetivos previstos;

– Recomendam ainda a prestação de contas globais de cada geração do programa e da informação anual

detalhada sobre a utilização das verbas atribuídas por todas as suas entidades financiadoras;

– Finalmente, recomendam o apuramento global dos custos dos projetos e das comparticipações de cada

uma das entidades do consórcio promotor, através da introdução de mecanismos fiáveis e realistas na definição

dos respetivos contributos.

Sublinhar a situação de tesouraria do ACIDI que abriu o ano económico de 2013 com um passivo de

970.019,32 que possui durante o ano um ativo de 8.502.034,91 e um passivo de 8.031.439,59 e que fechou o

ano com um passivo de 499.424,00

No que respeita aos serviços integrados em situação de incumprimento, é referido que as disponibilidades

no sistema bancário são de 1.482,76€.

PARTE III – OPINIÃO DO DEPUTADO AUTOR DO PARECER

O relator do presente Parecer exime-se, nesta sede, de manifestar a sua opinião política sobre a Conta Geral

do Estado – ano de 2013.

PARTE IV – CONCLUSÕES

A Comissão Parlamentar para a Ética, a Cidadania e a Comunicação, em reunião realizada no dia 28 de

janeiro de 2015, aprova o seguinte parecer:

1. A Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública remeteu, nos termos legais e regimentais

aplicáveis, à Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação, a Conta Geral do Estado relativo ao ano de

2013, bem como os pareceres do Conselho Economico e Social, do Tribunal de Contas e da UTAO, a fim de

ser elaborado o respetivo parecer setorial;

2. O presente parecer incide exclusivamente sobre as matérias pelas quais esta comissão é competente,

nomeadamente sobre a RTP, a Lusa e o ACIDI.

3. Numa perspetiva comparativa, verifica-se que algumas das premissas identificadas em 2013 continuam

por resolver, nomeadamente a entrada em vigor do novo Contrato de Concessão da RTP.

4. Quanto ao ACIDI, salientar que a análise é anterior à sua transformação em Alto Comissariado para as

Migrações e à sua integração nos Serviços e Fundos Autónomos.

5. O presente Relatório está em condições de ser remetido à Comissão do Orçamento, Finanças e

Administração Pública, nos termos do disposto na alínea c) do n.º 1 do artigo 206.º do Regimento da Assembleia

da República.

O Deputado autor do Parecer, João Portugal — O Presidente da Comissão, Pedro Lynce.

———

Página 106

106

UNIDADE TÉCNICA DE APOIO ORÇAMENTAL ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014

Análise da Conta Geral do

Estado de 2013

29.12.2014

Página 107

107

Unidade Técnica UTAO|d e Apoio Orçamental

Este trabalho foi elaborado com base na informação disponível até 22 de dezembro de 2014.

A análise efetuada é da exclusiva responsabilidade da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO). Nos termos da Lei n.º 13/2010, de 19 de julho, a UTAO é uma unidade especializada que funciona sob orientação da comissão parlamentar permanente com competência em matéria orçamental e financeira, prestando-lhe apoio pela elaboração de estudos e documentos de trabalho técnico sobre a gestão orçamental e financeira pública.

ii UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 108

|Unidade Técnica 108UTAO d e Apoio Orçamental

Sumário executivo

Enquadramento macroeconómico

1 O ano 2013 foi marcado pela continuação da recessão da economia portuguesa, ainda que numa intensidade menor do que no ano anterior, num contexto de recessão na área do euro. A

evolução negativa da procura interna continuou a ser compensada pelo contributo positivo das

exportações líquidas, que permitiram a obtenção de uma capacidade líquida de financiamento face ao

exterior. Este contexto macroeconómico demonstrou-se mais adverso do que o inicialmente previsto,

o que terá contribuído para a revisão de alguns dos objetivos orçamentais estabelecidos no âmbito da

assistência financeira da UE e do FMI.

Situação Financeira

Ótica da contabilidade pública

2 Em 2013, as administrações públicas verificaram um défice orçamental em contabilidade pública superior ao registado em 2012, em termos não ajustados. Este facto é explicado por fatores

pontuais que limitam a comparabilidade homóloga. Em termos ajustados, verificou-se uma melhoria

entre 2012 e 2013, tanto ao nível do défice global como do défice primário.

3 O défice das administrações públicas em 2013 ficou abaixo do implícito nos 1.º e 2.º orçamentos do Estado retificativos, mas ficou acima do previsto no orçamento inicial. O défice inferior

ao previsto nos orçamentos retificativos decorreu, essencialmente, de uma receita fiscal superior à

estimada e de uma despesa em consumo público aquém da prevista, nomeadamente nas rubricas de

aquisição de bens e serviços e outras despesas correntes. Tendo como termo de comparação o

orçamento inicial, o défice superior ao previsto deveu-se sobretudo às despesas com pensões e outras

prestações sociais, despesas com pessoal e subsídios, mas também decorreu da execução inferior à

prevista das outras receitas correntes e da receita fiscal. Este desvio face ao orçamento inicial foi

influenciado pela declaração de inconstitucionalidade da suspensão do pagamento de um subsídio e

pela evolução menos favorável da atividade económica que aquela que tinha sido prevista

inicialmente. Em sentido contrário, a execução de algumas componentes de despesa ficou abaixo do

orçamentado, essencialmente investimento, juros e outras despesas correntes, o que compensou

parcialmente o desvio do saldo. No que se refere às outras despesas correntes, o desvio verificado

decorreu do facto do orçamento inicial incluir a dotação provisional e a reserva orçamental, sendo que

estas foram utilizadas, tendo a sua dotação sido atribuída a outras componentes de despesa por via

de alterações orçamentais.

4 A avaliação da eficácia do Quadro Plurianual de Programação Orçamental (QPPO) para 2013 encontra-se limitada pelos Acórdão do Tribunal Constitucional sobre subsídios de férias e Natal. Na

sequência destes, foi necessário rever o valor orçamentado para despesas com pessoal, pensões da

CGA e transferências para a segurança social, aspeto que limita a avaliação dos desvios face aos

objetivos implícitos à lei inicialmente aprovada. De referir que as alterações de orgânica que

entretanto ocorreram também condicionam a comparabilidade, sendo que, para contornar esta

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 iii

Página 109

Unidade Técnica 109UTAO|d e Apoio Orçamental

dificuldade, foram apresentados em conjunto os programas que registaram alterações dessa natureza.

Em termos gerais, não obstante as dificuldades de comparação, face ao QPPO 2013-2016 da Lei n.º

51/2013 de 24 de julho, conclui-se que a despesa executada foi inferior ao limite estabelecido para os

diversos programas exceto para os programas Saúde e Justiça.

Ótica da contabilidade nacional

5 Em 2013, o défice das administrações públicas na ótica da contabilidade nacional, em SEC95, ascendeu a 4,9% do PIB, tendo beneficiado de um conjunto de medidas extraordinárias que

contribuíram para desagravar o défice em 0,4 p.p. do PIB. Face ao estabelecido na proposta do

OE/2013, verificou-se um desvio desfavorável do défice em 0,6 p.p. do PIB, que refletiu um nível de

despesa superior face ao orçamentado inicialmente. Para este resultado contribuiu a reposição de um

subsídio, na sequência da decisão do Tribunal Constitucional, posterior ao OE inicial, com reflexo nas

despesas com pessoal e prestações sociais. Contudo, face aos subsequentes orçamentos retificativos o

défice registado em 2013 evidenciou um desvio favorável.

6 Em SEC2010, o novo referencial metodológico adotado em setembro de 2014, o défice de 2013 manteve-se inalterado em 4,9% do PIB. Este resultado decorre de uma revisão em alta do défice

em termos nominais, associada neste ano fundamentalmente ao alargamento do perímetro das

administrações públicas, compensada pela revisão em alta do PIB nominal, de acordo com o novo

referencial. Refira-se que este resultado incorpora também os resultados mais recentes para o défice

em contabilidade pública, que determinaram uma revisão em alta do défice numa ótica de caixa

quando comparado co a execução provisória.

7 Face a 2012, o défice em SEC2010 manteve-se sensivelmente inalterado, apresentado uma redução de 0,1 p.p. do PIB. Porém, tanto a receita como a despesa registaram aumentos mais

expressivos face ao ano anterior, tendo o acréscimo nominal da despesa absorvido cerca de 95% do

aumento nominal da receita. Esta evolução resulta de dois fatores que influenciaram o défice em 2013:

o aumento da tributação ao nível dos impostos diretos, por um lado, e a reposição dos subsídios a

funcionários públicos e pensionistas, pelo outro.

Dívida pública e financiamento

8 Em 2013, assistiu-se a alguma volatilidade das taxas de rendibilidade da dívida pública portuguesa no mercado secundário seguida de uma relativa estabilização.Merecem destaque alguns

fatores externos ocorridos durante o ano, tais como a implementação de novos estímulos monetários

por parte do Banco Central Europeu e, em sentido oposto, a redução do programa de aquisições de

ativos financeiros por parte da Reserva Federal dos EUA. Adicionalmente, o aumento da volatilidade da

dívida pública portuguesa apresentado nos meses de junho e julho estão, em parte, associados ao

clima de instabilidade e incerteza política que se instalou em Portugal nesse período. Pela positiva, o

Eurogrupo aprovou em junho as extensões de maturidades dos empréstimos a Portugal e à Irlanda, no

âmbito do PAEF, ao mesmo tempo que aprovava normas sobre a recapitalização bancária através do

Mecanismo Europeu de Estabilidade. O Conselho da UE decidiu, no final de junho, sobre o fundo de

resolução bancária e os novos requisitos de capital associados.

iv UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 110

|Unidade Técnica 110UTAO d e Apoio Orçamental

9 Apesar das necessidades líquidas de financiamento em 2013 terem ficado em linha com previstono OE/2013, o mesmo não aconteceu ao nível das suas componentes. Em 2013, registou-se

um desvio favorável, apesar de pouco significativo, das necessidades líquidas de financiamento face à

estimativa apresentada no OE/2013. No entanto, por componente registaram desvios significativos.

Por um lado, registou-se um défice orçamental primário, quando estava previsto um excedente no

Orçamento do Estado, por outro lado, a aquisição líquida de ativos financeiros verificada foi inferior à

estimada. Relativamente às amortizações e anulações de dívida fundada, observou-se um acréscimo

face ao previsto devido, sobretudo, a operações de oferta de troca de três OT com maturidades em

2014 e 2015, por OT com maturidades em 2017 e 2018. Esta operação permitiu a redução dos

compromissos para 2014 e 2015, tendo o refinanciamento passado para 2017 e 2018.

10 O ano de 2013 caraterizou-se pela reativação do mercado primário de Obrigações de Tesouro da República Portuguesa. As necessidades brutas de financiamento de 2013 foram satisfeitas,

sobretudo, através dos empréstimos concedidos no âmbito do PAEF, tendo-se registado emissões

significativas de Bilhetes de Tesouro. Adicionalmente, e apesar da redução do peso das Obrigações do

Tesouro no total da dívida, verificaram-se emissões brutas de OT no valor de 12 mil M€, o que

representa um acréscimo face a 2012 e face a 2011.

11 No final de 2013, segundo o sistema europeu de contas nacionais SEC 95, o rácio da dívida bruta da administração pública atingiu os 129% do PIB, representando um acréscimo de 4,9 p.p. face

ao ano anterior. O rácio da dívida pública em percentagem do PIB manteve em 2013 a tendência de

acréscimo verificada em anos anteriores, fixando-se no final de ano em 129% do PIB, o que representa

um acréscimo de 4,9 p.p. face ao registado no final de 2012. Para este aumento contribuiu, sobretudo,

o efeito dinâmico intrínseco à dívida, tendo o acréscimo via efeito de juros sido parcialmente

compensado pelo efeito positivo decorrente do crescimento nominal da atividade económica. Embora

em pequena magnitude, quer o ajustamento défice-dívida, quer o saldo primário concorreram para o

aumento da dívida em 2013.

12 Segundo o novo método contabilístico (SEC 2010), o rácio de dívida pública fixou-se em 128% do PIB. De acordo com os dados do Banco de Portugal, a diferença entre os valores da dívida pública

decorrente da transição de sistema de contas nacionais deveu-se sobretudo à alteração da delimitação

sectorial, i.e., do universo das entidades públicas para efeitos de contas nacionais, as quais justificaram

um aumento de 7,4 mil M€.

Encargos Plurianuais com Parcerias Público-Privadas

13 O ano de 2013 foi marcado pelo início do processo de renegociação das parcerias do setor rodoviário, o qual visava reduzir os encargos suportados pelo setor público, alinhar adequadamente as

estruturas de incentivos entre os parceiros públicos e privados e minimizar riscos contingentes. De

acordo com o OE inicial, o qual foi elaborado tendo como pressuposto o início e a conclusão do

processo negocial em 2013, previa-se uma redução dos encargos brutos suportados pelo erário

público (liquidados pelo Estado ou pela empresa Estradas de Portugal, S.A.) em cerca de 250 M€ nesse

ano. Esta representava uma redução de cerca de 30% dos encargos originalmente contratados, para

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 v

Página 111

Unidade Técnica 111UTAO|d e Apoio Orçamental

um montante de 721 M€ em termos brutos. Posteriormente, com a primeira alteração orçamental ao

OE/2013, o objetivo de poupança foi elevado em 50 M€, para um total de 300 M€.

14 Face ao verificado em 2012, em 2013 registou-se uma redução nos encargos líquidos suportados com PPP. Os encargos líquidos suportados com PPP registaram uma redução homóloga

em 2013 de 9,3%, sobretudo devido ao contributo das PPP do setor rodoviário. Com efeito, os

encargos líquidos com PPP rodoviárias reduziram-se 24,4% em 2013, o que representou um

decréscimo de 165 M€, em termos nominais, face a 2012. Esta redução resultou do efeito conjugado

de dois fatores: i) uma redução de 129 M€ nos encargos brutos com PPP rodoviárias e, ii) um

acréscimo de 36 M€ na receita obtida com as PPP rodoviárias, nomeadamente com portagens. No

setor da saúde registou-se um aumento dos encargos com PPP de 22,9%, o que representa mais

75 M€ que a despesa suportada no ano anterior.

15 Apesar da redução verificada em termos homólogos, a execução de 2013 apresentou um desvio global desfavorável quando comparada com a previsão orçamental inicial. Ao nível dos

encargos líquidos totais, o desvio de execução foi de 84,1 M€ (9,5%). O desvio concentrou-se ao nível

das PPP rodoviárias (61,9 M€) e das PPP do setor da saúde (24,1 M€). No que se refere às PPP

rodoviárias, os encargos brutos apresentaram uma execução superior à orçamentada em 83,8 M€, uma

vez que foram efetivamente pagos 805 M€ em vez dos 721 M€ previstos inicialmente. Ao nível das

receitas também se registou um desvio de execução, tendo sido cobrados 294 M€, quando tinham

sido orçamentados 272 M€. Este acréscimo de receita compensou parcialmente o desvio de execução

verificado ao nível dos encargos brutos. De acordo com a CGE/2013, os desvios desfavoráveis

registados nos encargos brutos das PPP rodoviárias encontram-se fundamentados, essencialmente, no

facto de não ter sido possível concluir, em tempo útil, as renegociações das PPP rodoviárias iniciadas

em 2013, tendo uma parte destas poupanças acordadas transitado para o exercício seguinte. De

acordo com o Relatório Anual das PPP da UTAP relativo a 2013, no âmbito do processo de

renegociação das concessões rodoviárias, em 2013 foram obtidos acordos preliminares com sete

concessões, tendo sido possível incorporar parte das poupanças acordadas no âmbito dos

pagamentos realizados a algumas concessionárias. Adicionalmente, de acordo com o referido na

CGE/2013, os desvios verificados na execução das PPP rodoviárias terão sido compensados por

medidas alternativas operadas no orçamento da empresa Estradas de Portugal, S.A.. Contudo, embora

estas medidas possam ter compensado o impacto orçamental não obtido por via do processo de

renegociação, é de referir que são qualitativamente distintas, porquanto dizem respeito à gestão

interna da empresa Estradas de Portugal, S.A..

vi UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 112

|Unidade Técnica 112UTAO d e Apoio Orçamental

Índice SUMÁRIO EXECUTIVO .......................................................................................................................... III

IINTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 1

I.1 MANDATO E OBJETIVO .......................................................................................................................................... 1

I.2 METODOLOGIA ...................................................................................................................................................... 1

IIENQUADRAMENTO MACROECONÓMICO ................................................................................. 2

IIISITUAÇÃO FINANCEIRA ................................................................................................................ 7

III.1 ÓTICA DA CONTABILIDADE PÚBLICA .................................................................................................................... 7

III.2 ÓTICA DAS CONTAS NACIONAIS ....................................................................................................................... 18

IVFINANCIAMENTO E DÍVIDA PÚBLICA ...................................................................................... 28

VENCARGOS PLURIANUAIS COM PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS ..................................... 36

VIANEXO........................................................................................................................................... 44

VIILISTA DE ABREVIATURAS .......................................................................................................... 47

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 vii

Página 113

Unidade Técnica 113UTAO|d e Apoio Orçamental

Índice de tabelas

Tabela 1 – Crescimento económico mundial .............................................................................................................................................. 2

Tabela 2 – Taxa de inflação ................................................................................................................................................................................. 3

Tabela 3 – Taxa de desemprego ....................................................................................................................................................................... 3

Tabela 4 – Enquadramento macroeconómico em 2013 e previsões governamentais .............................................................. 5

Tabela 5- Diferenças entre execução provisória e CGE/2013 para o saldo global ...................................................................... 7

Tabela 6 - Diferenças entre execução provisória e a CGE/2013, por classificação económica .............................................. 8

Tabela 7 - Diferenças entre execução provisória e a CGE/2013, por classificação económica .............................................. 9

Tabela 8 – Saldos das administrações públicas ....................................................................................................................................... 11

Tabela 9 – Conta consolidada das Administrações Públicas ............................................................................................................. 12

Tabela 10 – Saldo global (ajustado e não ajustado) das administrações públicas, por subsetor…………………………..13

Tabela 11 – Despesa efetiva consolidada da administração central .............................................................................................. 15

Tabela 12 – Despesa efetiva consolidada: comparação com a receita financiada por receitas gerais do QPPO ........ 17

Tabela 13 - Saldo das administrações públicas em SEC95: ................................................................................................................ 19

Tabela 14 – Conta das administrações públicas...................................................................................................................................... 20

Tabela 15 – Ajustamento entre o saldo em contabilidade pública e em contabilidade nacional em 2013 .................. 21

Tabela 16 – Revisão do saldo orçamental das administrações públicas ...................................................................................... 22

Tabela 17 – Contributos para a revisão do saldo orçamental ........................................................................................................... 23

Tabela 18 – Revisão da receita e da despesa na sequência da adoção do SEC 2010 ............................................................. 24

Tabela 19 – Receita e despesa (ajustadas) ................................................................................................................................................. 26

Tabela 20 – Dinâmica da dívida pública (SEC 2010) .............................................................................................................................. 30

Tabela 21 – Contributos para a revisão do saldo e da dívida das administrações públicas ................................................ 30

Tabela 22 – Necessidades de Financiamento do Estado ..................................................................................................................... 31

Tabela 23 – Composição do Financiamento ............................................................................................................................................. 32

Tabela 24 – Composição do Financiamento e Execução ..................................................................................................................... 32

Tabela 25 – Dívida Direta do Estado ............................................................................................................................................................ 33

Tabela 26 – Juros com a dívida direta do Estado ................................................................................................................................... 34

Tabela 27 – Endividamento líquido global direto .................................................................................................................................. 35

Tabela 28 – Encargos com PPP: execução e desvios face ao OE/2013 .......................................................................................... 39

Tabela 29 – Evolução das previsões para os encargos do ano 2013 ............................................................................................. 40

Tabela 30 – Conta consolidada (ajustada) das administrações públicas: comparação face ao OE/2013 ....................... 44

Tabela 31 – Conta consolidada (ajustada) das administrações públicas: 2012-2013.............................................................. 45

Índice de gráficos

Gráfico 1 – Evolução do PIB ................................................................................................................................................................................ 4

Gráfico 2 – Investimento ...................................................................................................................................................................................... 5

Gráfico 3 – Evolução dos saldos orçamentais .......................................................................................................................................... 10

Gráfico 4 – Evolução dos saldos orçamentais .......................................................................................................................................... 10

Gráfico 5 – Evolução do saldo global das administrações públicas ............................................................................................... 10

Gráfico 6 – Evolução do peso da receita e despesa das administrações públicas ................................................................... 10

Gráfico 7 – Taxas de rendibilidade de Obrigações do Tesouro a 10 anos em 2013 ............................................................... 28

Gráfico 8 – Dinâmica da dívida pública (SEC 95) .................................................................................................................................... 29

Gráfico 9 – Distribuição dos encargos líquidos previstos com PPP ................................................................................................ 40

viii UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 114

|Unidade Técnica 114UTAO d e Apoio Orçamental

I Introdução

I.1 Mandato e objetivo

1 Nos termos do artigo 10.º-A da Resolução da Assembleia da Republica n.º 20/2004, de 16 de fevereiro, aditado pela Resolução n.º 53/2006, de 7 de agosto e, posteriormente, pela Resolução n.º

57/2010, de 23 de julho e pela Resolução n.º 62/2014, de 30 de junho, e do mandato expresso no

Plano de Atividades da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) - XII Legislatura – 4.ª Sessão

Legislativa, apresenta-se o Parecer Técnico sobre a Conta Geral do Estado para 2013 (CGE/2013).

I.2 Metodologia

2 A análise técnica efetuada pela UTAO baseou-se, essencialmente, em informação que consta na CGE e em outros elementos remetidos pelo Ministério das Finanças.

3 A UTAO não aborda questões relacionadas com o cumprimento das disposições legais que regulam a contabilização das receitas e das despesas públicas, matérias cuja análise compete ao

Tribunal de Contas.

4 O Parecer Técnico da UTAO tem subjacente as seguintes perspetivas de análise:

Identificação e breve resumo do conteúdo técnico essencial da CGE/2013; Apreciação da execução orçamental de 2013, na ótica da contabilidade pública e na ótica da

contabilidade nacional, ao nível dos principais agregados da receita e da despesa, avaliando-se

as variações anuais e os principais desvios face ao previsto no Orçamento do Estado (inicial e

subsequentes alterações) para 2013;

Análise das necessidades de financiamento e da dívida das administrações públicas, na vigência

do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro;

Apreciação da execução das Parcerias Público-Privadas face aos objetivos previstos para 2013, num contexto em que se iniciaram as renegociações com os parceiros privado.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 1

Página 115

Unidade Técnica 115UTAO|d e Apoio Orçamental

II Enquadramento macroeconómico

1 O ritmo de crescimento da economia mundial continuou a abrandar em 2013, apesar da aceleração do crescimento das economias avançadas. A economiamundial cresceu 3,3% em 2013,

o que resultou de um crescimento de 1,4% das economias avançadas e de 4,7% das economias de

mercado emergentes e em desenvolvimento (Tabela 1). Este crescimento em termos mundiais

representa um ligeiro abrandamento face a 2012 e o estreitamento da diferença entre as economias

avançadas, que cresceram mais do que em 2012, e as economias de mercado emergentes e em

desenvolvimento, que cresceram menos. O crescimento da economia mundial foi inferior ao que

estava inicialmente previsto no relatório do OE/2013, ainda que a previsão para o crescimento das

economias avançadas se tenha situado apenas ligeiramente abaixo.

Tabela 1 – Crescimento económico mundial

(taxa de variação real do PIB, em percentagem)

Previsão do

2010 2011 2012 2013 OE/2013

2013

Economia mundial 5,4 4,1 3,4 3,3 3,6

Economias avançadas 3,1 1,7 1,2 1,4 1,5

EUA 2,5 1,6 2,3 2,2 2,1

Japão 4,7 -0,5 1,5 1,5 1,2

Área do euro 2,0 1,6 -0,7 -0,4 0,2

Alemanha 3,9 3,4 0,9 0,5 0,9

França 2,0 2,1 0,3 0,3 0,4

Itália 1,7 0,5 -2,4 -1,9 -0,7

Espanha -0,2 0,1 -1,6 -1,2 -1,3

Reino Unido 1,7 1,1 0,3 1,7 1,1

Economias de mercado emergentes e em desenvolvimento 7,5 6,2 5,1 4,7 5,6 Fonte: FMI (World Economic Outlook, outubro de 2013). | Nota: Detalhes sobre os grupos de países e a forma de agregação

podem ser obtidos em www.imf.org. A previsão do OE/2013 tem subjacente o cenário do World Economic Outlook de outubro

de 2012.

2 Na área do euro continuou a registar-se uma contração da atividade económica, não se verificando a recuperação esperada no OE/2013. A economia da área do euro registou o segundo

ano consecutivo de contração da atividade económica, tendo o PIB diminuído 0,7% e 0,4% em 2012 e

2013, respetivamente. Esta evolução continuou a ser revestida de uma elevada heterogeneidade entre

países. Na Alemanha verificou-se um crescimento do PIB de 0,5%, inferior ao do ano anterior e abaixo

do valor previsto no OE/2013; em França a atividade económica manteve o crescimento de 0,3%; em

Itália registou-se uma recessão de 1,9%, mais acentuada do que o esperado inicialmente; e, em

Espanha, o PIB contraiu 1,2%.

2 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 116

|Unidade Técnica 116UTAO d e Apoio Orçamental

Tabela 2 – Taxa de inflação Tabela 3 – Taxa de desemprego

(taxa de variação do índice de preços no consumidor, (em percentagem da população ativa)

valores médios) 2010 2011 2012 2013 2010 2011 2012 2013

Economia mundial 3,9 5,2 4,2 3,9 Economia mundial Economias avançadas 1,5 2,7 2,0 1,4 Economias avançadas 8,3 7,9 8,0 7,9

EUA 1,6 3,1 2,1 1,5 EUA 9,6 8,9 8,1 7,4Japão -0,7 -0,3 0,0 0,4

Japão 5,0 4,6 4,3 4,0Área do euro 1,6 2,7 2,5 1,3

Área do euro 10,1 10,1 11,3 11,9Alemanha 1,2 2,5 2,1 1,6

Alemanha 7,1 6,0 5,5 5,3França 1,7 2,3 2,2 1,0

Itália 1,6 2,9 3,3 1,3 França 9,3 9,2 9,8 10,3

Espanha 2,0 3,1 2,4 1,5 Itália 8,4 8,4 10,7 12,2

Reino Unido 3,3 4,5 2,8 2,6 Espanha 19,9 21,4 24,8 26,1

Economias de mercado emergentes e em desenvolvimento 2,8 3,8 4,8 5,8 Reino Unido 7,9 8,1 8,0 7,6 Fonte: FMI (World Economic Outlook, outubro de 2013). Nota: Fonte: FMI (World Economic Outlook, outubro de 2013). Nota:

Detalhes sobre os grupos de países e a forma de agregação Detalhes sobre os grupos de países e a forma de agregação

podem ser obtidos em www.imf.org. podem ser obtidos em www.imf.org.

3 Num contexto de abrandamento económico, verificou-se a diminuição da taxa de inflação na economia mundial, resultante do abrandamento nas economias avançadas. No que

se refere às economias de mercado emergentes e em desenvolvimento, verificou-se a continuação do

aumento da taxa de inflação (Tabela 2). Em termos médios anuais, a taxa de inflação da área do euro

situou-se em 1,3% em 2013, abaixo do observado no ano anterior. Esta evolução dos preços no

consumidor é consistente com a redução do preço do petróleo, tendo o preço do brent diminuído, em

termos médios, de 111,6 dólares/barril em 2012 para 108,6 dólares/barril em 2013. Note-se que a

evolução do preço do petróleo foi no sentido da prevista no OE/2013, mas com um ponto de partida e

uma dimensão substancialmente diferentes. No OE/2013, elaborado em outubro de 2012, previa-se a

descida do preço do petróleo para 102,4 dólares/barril em 2012 e para 96,9 dólares/barril em 2013.

4 A taxa de desemprego aumentou na área do euro, ao contrário de outras economias avançadas onde se observou uma redução. Nos EUA, Japão e Reino Unido a taxa de desemprego

continuou a diminuir, numa tendência iniciada em 2010. Nos principais países da área do euro

verificou-se um aumento da taxa de desemprego, destacando-se a Espanha onde atingiu 26,1% e, em

sentido inverso, a Alemanha onde a taxa de desemprego continuou a diminuir para 5,3% (Tabela 3).

5 Neste enquadramento, a economia portuguesa registou, em 2013, uma contração da 1

atividade económica de 1,4%, mais acentuada do que o previsto inicialmente no OE/2013. Em

2013 registou-se o terceiro ano consecutivo de contração da atividade económica, ainda que menos

acentuada do que no ano anterior, a qual foi de 3,2% (Gráfico 1). A contração menos acentuada em

2013 deveu-se à menor queda da procura interna, a qual compensou o contributo menos positivo das

exportações líquidas. Em relação à procura interna, o contributo negativo, em 2013 decorreu da

diminuição do consumo privado, do consumo público e do investimento. Por seu turno, as

exportações líquidas voltaram a registar um contributo positivo devido ao forte aumento das

exportações, que, contudo, foi atenuado pelo aumento das importações. A respeito das importações,

saliente-se que estas apresentam um aumento, o qual contrasta com a redução verificada em 2012 e

estará relacionada com a menor redução da procura interna em 2013, quando comparada com o

verificado no ano anterior.

1 Note-se que em 2014 foi introduzida a nova metodologia nas contas públicas, vulgo SEC2010. Contudo, dado que o OE/2013,

os orçamentos retificativos divulgados ao longo do ano e as avaliações da troika foram efetuados de acordo com a metodologia

anterior (SEC95), a análise efetuada neste documento obedece a essa metodologia.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 3

Página 117

Unidade Técnica 117UTAO|d e Apoio Orçamental

6 Em relação à previsão do OE/2013, a contração da atividade económica em termos reais foi 0,4 p.p. mais acentuada do que inicialmente considerada. Em relação ao cenário inicial previsto

no OE/2013, registou-se uma contração menos acentuada do contributo da procura interna (-2,5 p.p.

face à previsão de -2,9 p.p.), tendo em conta que o consumo privado e público diminuíram menos do

que o esperado. Esta evolução enquadra-se num contexto em que foi reposto o pagamento do

subsídio de férias a funcionários públicos e pensionistas durante 2013, na sequência da decisão do

Tribunal Constitucional. Do lado do contributo externo, registou-se um aumento das exportações

maior do que o esperado, mas também um aumento das importações, de +3,1%, o qual contrasta com

uma previsão inicial de redução (-1,4%). Em resultado destas variações, verificou-se um contributo

líquido menos positivo do que o esperado (1,1 p.p. face a 1,9 p.p.), para o qual contribuiu o aumento

das importações.

Gráfico 1 – Evolução do PIB

(taxa de variação real, em percentagem)

3,0

2,0

1,0

0,0

-1,0

-2,0

-3,0 INE OE/2013

OE1R/13 OE2R/13-4,0

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Fontes: INE e Ministério das Finanças.

7 O investimento (FBCF) registou uma recuperação em relação ao ano anterior, contudo manteve-se uma taxa de variação negativa. A formação de capital fixo continuou a diminuir, ainda

que menos do que no ano anterior. A variação negativa do investimento tem sido acompanhada do

aumento do consumo de capital fixo, o que se traduziu em investimento líquido negativo desde 2011 2

(Gráfico 2). Isto é, a erosão do stock de capital (consumo de capital fixo) tem sido superior à formação

bruta de capital fixo.

2 Existem dois conceitos relevantes de investimento: formação bruta de capital fixo (FBCF) e formação bruta de capital (FBC). Se

tivermos em conta que a parte do investimento poderá resultar em variação de existências e aquisições líquidas de cessões de

objetos de valor, o conceito a utilizar é o da formação bruta de capital (FBC). Assim, FBC=FBCF+Variação de

Existências+Aquisições Líquidas de Cessões de Objetos de Valor.

4 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 118

|Unidade Técnica 118UTAO d e Apoio Orçamental

Gráfico 2 – Investimento

(milhões de euros)

50.000,0 Investimento bruto (FBC)Investimento bruto (FBCF)Investimento líquido

40.000,0 Consumo de capital fixo

30.000,0

20.000,0

10.000,0

0,0

-10.000,0

1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013

Fontes: INE e cálculos da UTAO.

Tabela 4 – Enquadramento macroeconómico em 2013 e previsões governamentais

Erro de previsão 2013

2012 2013 Previsões M.Finanças FMI (MoU) CE (MoU) FMI/CE (MoU) (Est. -Prev., em p.p.) (SEC2010)

Data: Jun-14 Jun-14 Jun-14 Out-12 Mai-13 Out-13 Jun-13 Jun-13 Nov-13 Set-14

Documento: CGE/INE CGE INE OE/2013 OE1R/13 OE2R/13 7.ª Rev. 7.ª Rev. 8.ª/9.ª Rev. OE/2013 OE1R/13 OE2R/13 INE

Componentes do PIB, ótica da despesa (taxas reais de variação)

PIB -3,2 -1,4 -1,4 -1,0 -2,3 -1,8 -2,3 -2,3 -1,8 -0,4 0,9 0,4 -1,4

Consumo Privado -5,3 -1,7 -1,7 -2,2 -3,2 -2,5 -3,3 -3,5 -2,5 0,5 1,5 0,8 -1,4

Consumo Público -4,7 -1,8 -1,8 -3,5 -4,2 -4,0 -4,2 -2,6 -4,0 1,7 2,4 2,2 -2,0

FBCF -14,4 -6,6 -6,6 -4,2 -7,6 -8,5 -7,6 -7,7 -8,5 -2,4 1,0 1,9 -6,6

Exportações 3,2 6,1 6,1 3,6 0,8 5,8 0,9 0,8 5,8 2,5 5,3 0,3 6,4

Importações -6,6 2,8 3,1 -1,4 -3,9 0,8 -3,9 -3,9 0,8 4,5 7,0 2,3 3,6

Contributos para o crescimento do PIB real (em p.p.)

Procura interna -6,9 -2,6 -2,5 -2,9 -2,7 -3,7 -4,0 -4,1 -3,6 0,4 0,2 1,2 -2,4

Procura externa líquida 3,7 1,2 1,1 1,9 1,3 1,9 1,8 1,8 1,9 -0,8 -0,2 -0,8 1,0

Preços (taxas de variação anual)

Inflação IPC 2,8 0,3 0,3 0,9 0,7 0,6 - - - -0,6 -0,4 -0,3

Inflação IHPC 2,8 0,4 0,4 - - - 0,7 0,7 0,6

Deflator do Cons. Priv. 1,5 - 0,3 - 0,5 - - 0,5 0,6 -0,2 0,7

Deflator do PIB -0,3 - 1,8 1,3 1,8 1,9 - 1,7 1,9 0,5 0,0 -0,1 2,3

PIB nominal -3,5 - 0,4 0,3 -0,5 0,1 - -0,6 0,1 0,1 0,9 0,3 0,9

Emprego e desemprego

Desemprego (%) 15,5 16,2 16,2 16,4 18,2 17,4 18,2 18,2 17,4 -0,2 -2,0 -1,2

População ativa -0,8 -1,8 -1,8 - - -1,4 - - - -0,4

Emprego total (taxa de variação, %) -4,1 -2,6 -2,6 -1,7 -3,9 -4,2 - - - -0,9 1,3 1,6

Saldos externos

Balança corrente e de capital -0,1 1,9 1,9 1,0 1,4 2,3 - 1,7 3,6 0,3 -0,1 -1,0 1,3

Balança corrente -2,2 0,4 0,3 -0,6 -0,3 0,5 - - - 0,3 0,0 -0,8 -0,3

Enquadramento externo

Procura externa relevante p/ Portugal (bens) -0,2 0,7 - 2,8 -0,4 -0,6 - - -

Quotas de mercado 3,4 5,4 - 0,8 1,2 6,4 - - -

Preço spot do petróleo Brent (Dólares/barril) 111,6 108,6 - 96,9 - - - - -

Fontes: Ministério das Finanças, Comissão Europeia e INE | Nota: A estimativa utilizada como referência para o PIB de 2013

corresponde à divulgada pelo INE nas Contas Nacionais Trimestrais do 1.º trimestre de 2014, em 9 de junho de 2014, de acordo

com a metodologia SEC95. O erro de previsão é definido como a diferença entre os valores efetivos (que correspondem à última

estimativa conhecida) e a respetiva previsão. Assim, um erro de previsão negativo significa que a previsão se veio a revelar acima

do valor observado e um erro positivo que a previsão se situou abaixo do observado.

8 A evolução do deflator foi superior àquela que se encontrava prevista no OE/2013 e em linha com o valor revisto no âmbito dos orçamentos retificativos. A taxa de variação anual do

deflator do PIB para 2013 situou-se em 1,8%, um pouco acima da previsão inicial de 1,3%. Para esta

evolução terão contribuído as decisões do Tribunal Constitucional no sentido de declarar

inconstitucional a suspensão do pagamento do subsídio de férias a funcionários públicos e

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 5

Página 119

Unidade Técnica 119UTAO|d e Apoio Orçamental

3pensionistas. Em sentido contrário, isto é para o deflator abaixo do inicialmente considerado,

contribuiu o preço do petróleo que, em média em 2013, se situou em 108,6 dólares/barril, acima do

previsto no OE/2013, ainda que ligeiramente abaixo do registado no ano anterior. Saliente-se que a

taxa de variação anual do deflator ficou consideravelmente acima do verificado em 2012 (-0,3%) na

medida em que em 2012 não foram pagos os subsídios de férias e Natal e em 2013 foram ambos

repostos.

9 Ao nível do mercado de trabalho, continuou a registar-se o aumento da taxa de desemprego, apesar da diminuição da população ativa. Em relação à previsão do OE/2013, a taxa

de desemprego situou-se em linha com o previsto, contudo a redução de emprego foi superior à

prevista. Na primeira alteração ao OE/2013, a taxa de desemprego foi fortemente revista em alta

perante um cenário macroeconómico substancialmente mais negativo e que não se concretizou. A

segunda alteração ao OE/2013, ainda que prevendo uma taxa de desemprego inferior à prevista no

OE1R/2013, considerou uma taxa de desemprego acima do observado. Em relação a 2012, em 2013

verificou-se uma taxa de desemprego mais alta (16,2%, face a 15,5%).

10 Em relação aos ajustamentos externos, a economia portuguesa continuou a beneficiar do crescimento das exportações, ainda que as importações tenham também aumentado. Neste

contexto, o excedente da balança corrente e de capital tornou-se mais favorável que o previsto.

Em relação a 2012, o saldo da balança corrente e de capital passou de -0,1% para 1,9% do PIB, de

acordo com os dados do INE e utilizando a metodologia SEC95. Esta evolução foi mais favorável do

que o inicialmente esperado no OE/2013, e um pouco abaixo da última projeção apresentada no

OE2R/2013. O saldo da balança corrente situou-se, em 2013, em 0,3%, de acordo com a divulgação do

INE em junho de 2014. Este saldo representa uma evolução mais favorável do que o previsto no

OE/2013, onde se esperava um saldo negativo de 0,6% do PIB. Em relação aos dados mais atualizados

do INE, e tendo em conta a introdução da nova metodologia SEC/2010 e BPM6, o saldo da balança

corrente deverá ter continuado negativo em 0,3% do PIB, enquanto o saldo da balança corrente e de 4

capital se situou em 1,3% do PIB.

11 Em 2013 registou-se a continuação de elevados ganhos de quota de mercado das empresas exportadores portuguesas. Os ganhos de quota de mercado situaram-se em 5,4 p.p., face

ao ano anterior, o que se revelou substancialmente acima do inicialmente previsto no relatório do

OE/2013 (0,8 p.p.), contudo ligeiramente abaixo da previsão do OE2R/2013. Para esta evolução acima

do previsto contribuiu uma menor procura externa relevante para Portugal que a prevista inicialmente,

em conjunto com um aumento das exportações acima do previsto. Relativamente a 2012, em 2013

verificaram-se ganhos de quota de mercado superiores (5,4 p.p. face a 3,4 p.p.).

3 Decisão de 5 de abril de 2013, de acordo com o acórdão 187/2013.

4 BPM6 corresponde à 6.ª edição do Manual da Balança de Pagamentos do FMI.

6 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 120

|Unidade Técnica 120UTAO d e Apoio Orçamental

III Situação Financeira III.1 Ótica da contabilidade pública 12 Nesta secção procede-se a uma análise dos resultados orçamentais de 2013 na ótica da contabilidade pública. Em primeiro lugar, efetua-se uma comparação da execução provisória,

divulgada em fevereiro de 2014, com as contas finais publicadas na CGE/2013 em junho de 2014. De

seguida, avaliam-se os resultados apurados para 2013 ao nível da conta das administrações públicas,

por subsetor e por classificação económica. A análise desta sessão estende-se também à

administração regional e local, compreendendo assim, nestes casos o universo total das

administrações públicas. A metodologia seguida procura colocar em perspetiva: i) a execução

orçamental de 2013; ii) a execução orçamental de 2012; e, iii) as metas traçadas no OE/2013 inicial.

Dada a relevância dos fatores que limitam a comparabilidade no biénio 2012-2013, a análise é

baseada em valores ajustados (ver Caixa1). Por último, apresentam-se as principais conclusões entre a

execução e a previsão ao nível dos programas orçamentais.

Comparação entre a versão provisória e a versão final

13 A publicação da Conta Geral do Estado de 2013 em junho de 2014 veio revelar uma revisão em alta do défice das administrações públicas, de 8731 M€ para 8885 M€, mais 154 M€

que o divulgado em fevereiro de 2014 no âmbito da execução provisória (Tabela 5). O subsetor dos

serviços e fundos autónomos exibiu a maior alteração ao saldo global, com uma deterioração de

106 M€.

Tabela 5- Diferenças entre execução provisória e CGE/2013 para o saldo global

(na ótica da contabilidade pública, em milhões de euros)

Revisão: Execução

CGE CGE vs Subsetor provisória

(jun-2014) execução (fev-2014)

provisória

1. Estado -7 688 -7 665 23

2. Serviços e Fundos Autónomos -655 -761 -106

3. Administração Central (1+2) -8 342 -8 425 -83

4. Segurança Social 479 489 10

5. Adm. Central + Seg. Social (3+4) -7 864 -7 936 -73

6. Administração Regional -825 -831 -6

7. Administração Local -42 -117 -75

8. Administrações Públicas (5+6+7) -8 731 -8 885 -154

Fonte: DGO e cálculos da UTAO. | Nota: A execução provisória de 2013 tem por base a

informação disponibilizada na síntese de execução orçamental da DGO. O saldo da

administração local decorre do diferencial entre os saldos dos subsetores das

administrações regional e local e da administração regional.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 7

Página 121

Unidade Técnica 121UTAO|d e Apoio Orçamental

14 Na CGE/2013 apresentou-se uma revisão em alta ao nível da receita e da despesa das administrações públicas. Por rubricas de classificação económica, importa salientar as revisões em

alta da receita fiscal e da receita de capital, bem como da despesa com aquisição de bens e serviços,

das despesas com pessoal, despesas de capital e revisão em baixa com subsídios (Tabela 6). Estas

revisões assumiram uma dimensão relativamente expressiva, nomeadamente ao nível dos impostos

indiretos e do consumo público, com 316 M€ e 737 M€, respetivamente. Por subsetores, destaca-se a

administração regional e local, com revisões ao nível das despesas com pessoal, aquisição de bens e

serviços e investimento, bem como dos impostos indiretos, outras receitas correntes e receitas de

capital (Tabela 7). As alterações ao nível do subsetor dos serviços e fundos autónomos também

merecem destaque, incidindo sobretudo na aquisição de bens e serviços do Ministério da Saúde. Por

fim, de referir que se verificaram diferenciais de consolidação significativos no âmbito da receita

corrente, tanto na execução provisória como na CGE/2013, refletindo diferenças de registo de

operações entre subsetores das administrações públicas, sendo que aspeto limita a análise das contas

das administrações públicas.

Tabela 6 - Diferenças entre execução provisória e a CGE/2013, por classificação económica

(na ótica da contabilidade pública, em milhões de euros)

Revisão: Execução

CGE CGE vs provisória

(jun-2014) execução (fev-2014)

provisória

RECEITA CORRENTE 71 348 71 789 440

Impostos diretos 20 588 20 651 63

Impostos indiretos 20 952 21 268 316

Contrib. de segurança social 18 515 18 525 9

Outras receitas correntes 11 294 11 345 52

DESPESA CORRENTE 77 414 77 939 525

Consumo público 30 592 31 330 737

Despesas com o pessoal 16 133 16 411 278

Aq. bens e serv.e out. desp. corr. 14 459 14 919 460

Aquisição de bens e serviços 13 434 13 886 452

Outras despesas correntes 1 025 1 033 8

Subsídios 2 665 2 335 -330

Juros e outros encargos 7 938 7 956 18

Transferências correntes 36 219 36 318 99

SALDO CORRENTE -6 065 -6 151 -85

RECEITAS DE CAPITAL 2 800 2 931 131

DESPESAS DE CAPITAL 5 465 5 666 200

Investimento 4 337 4 493 156

Transferências de capital 961 1 002 41

Outras despesas de capital 168 171 3

RECEITA EFETIVA 74 148 74 720 572

DESPESA EFETIVA 82 879 83 605 726

SALDO GLOBAL -8 731 -8 885 -154

Por memória:

Receita fiscal 41 539 41 919 379

Despesa corrente primária 69 476 69 983 507

Fonte: DGO e cálculos da UTAO. | Nota: A execução provisória de 2013 tem por

base a informação disponibilizada na síntese de execução orçamental da DGO.

8 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 122

|Unidade Técnica 122UTAO d e Apoio Orçamental

Tabela 7 - Diferenças entre execução provisória e a CGE/2013, por

classificação económica e por subsetor

(na ótica da contabilidade pública, em milhões de euros)

Serviços e Adm. Local Segurança Administrações

Estado Fundos e Regional Social Públicas

Autónomos

RECEITA CORRENTE 27 81 601 47 440

Impostos diretos 15 0 48 0 63

Impostos indiretos 6 54 257 0 316

Contrib. de segurança social 0 0 0 9 9

Outras receitas correntes 7 26 296 38 306

Diferenças de consolidação -1 1 0 0 -254

DESPESA CORRENTE 4 176 624 36 525

Consumo público 7 153 578 0 737

Despesas com o pessoal 0 41 236 0 278

Aq. bens e serv.e out. desp. corr. 6 112 341 0 460

Aquisição de bens e serviços 6 104 341 0 452

Outras despesas correntes 0 8 0 0 8

Subsídios -3 7 -16 -318 -330

Juros e outros encargos 0 2 16 0 18

Transferências correntes 0 14 47 354 99

Diferenças de consolidação 0 0 0 0 0

SALDO CORRENTE 23 -95 -23 10 -85

RECEITAS DE CAPITAL 0 8 125 0 131

Diferenças de consolidação 0 0 0 0 -8

DESPESAS DE CAPITAL 0 19 183 0 200

Investimento 0 18 138 0 156

Transferências de capital 2 1 41 0 41

Outras despesas de capital 0 0 4 0 3

Diferenças de consolidação -2 1 1 0 0

RECEITA EFETIVA 27 89 726 47 572

DESPESA EFETIVA 4 195 808 36 726

SALDO GLOBAL 23 -106 -81 10 -154

Por memória:

Receita fiscal 21 54 305 0 379

Despesa corrente primária 4 174 609 36 507

Fonte: DGO e cálculos da UTAO. | Nota: A execução provisória de 2013 tem por base a

informação disponibilizada na síntese de execução

Variação face a 2012, por subsetor e por classificação económica

15 Em 2013, o défice (não ajustado) das administrações públicas aumentou quando comparado com o verificado no ano anterior, no entanto, em termos ajustados registou-se uma

redução. Em 2013, as administrações públicas registaram um défice (não ajustado) superior em 1 p.p.

do PIB face ao verificado em 2012. Contudo, em termos ajustados registou-se uma redução homóloga

do défice orçamental em 0,6 p.p. do PIB, correspondendo uma contração do valor nominal do défice

de 10 324 M€ para 9340 M€, em 2012 e 2013 respetivamente. No que diz respeito ao saldo primário

ajustado, verificou-se uma melhoria homóloga em cerca em 0,5 p.p. do PIB, o equivalente a 770 M€

em termos nominais. De referir que em 2012 o défice primário ajustado situou-se em 2153 M€, tendo

diminuído para 1383 M€ em 2013 (Gráfico 3, Gráfico 4 e Gráfico 5).

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 9

Página 123

Unidade Técnica 123UTAO|d e Apoio Orçamental

Gráfico 3 – Evolução dos saldos orçamentais Gráfico 4 – Evolução dos saldos orçamentais

(em percentagem do PIB) (em milhões de euros)

Administrações Públicas Administrações Públicas

2012 2013 2012 20132 0

-2 000 -1 383

0-2 153

-0,8 -4 000-1,3

-2

-6 000

-4

-4,2 -8 000

-5,2-5,5

-6-9 340

-6,1 -10 000

-10 324

-8 -12 000

Saldo global Saldo global ajustado Saldo primário ajustado Saldo global ajustado Saldo primário ajustado

Fonte: Ministério das Finanças, INE e cálculos da UTAO. Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO.

16 Em termos ajustados, o subsetor Estado registou a maior variação homóloga, a qual foi parcialmente compensada pela deterioração homóloga verificada ao nível da segurança social.

Face ao ano anterior, apenas a segurança social registou uma degradação do seu saldo orçamental, a

qual ascendeu a 693 M€ (Tabela 9). A melhoria homóloga do conjunto das administrações públicas

resultou do desempenho favorável dos subsetores Estado e serviços e fundos autónomos. Ao nível do

peso da receita e da despesa no PIB, verificou-se que, tanto em termos ajustados como não ajustados,

a receita e a despesa das administrações públicos aumentaram o peso no PIB. Entre 2012 e 2013 o

aumento do peso da despesa ajustada situou-se em 1,8 p.p. do PIB, enquanto o da receita ajustada

cresceu 2,4 p.p. (Gráfico 6).

Gráfico 5 – Evolução do saldo global das Gráfico 6 – Evolução do peso da receita e

administrações públicasdespesa das administrações públicas

(em milhões de euros, em termos acumulados) (em percentagem do PIB)

6 000 50

48,8

4 000

482 000 47,1

984 47,8 Saldo global

- AP:

46 Saldo -5,2% PIBglobal

46,0 ajustado -2 000 -1 748 AP:

-5,5% PIB

44 43,6-4 000

42,9

-6 000

-7 137 42 42,4-8 000

-8 885

-9 340-10 000 40

-10 324 40,0

-12 000

jan. fev. mar. abr. mai. jun. jul. ago. set. out. nov. dez.38

2012 2013

Variação homóloga acumulada Variação homóloga acumulada ajustada

2012 2012 ajustado Receita Efetiva ajustada Despesa Efetiva ajustada

2013 2013 ajustado Receita Efetiva Despesa Efetiva

Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO.Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO.

10 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 124

|Unidade Técnica 124UTAO d e Apoio Orçamental

Desvios face ao orçamentado, por subsetor e por classificação económica

17 Em 2013, as administrações públicas registaram um défice orçamental superior ao inicialmente previsto no OE/2013, quer em termos não ajustados quer em termos ajustados de

fatores que limitam a comparabilidade homóloga (Tabela 8). Em termos não ajustados, a previsão

inicial do défice orçamental implícita ao orçamento aprovado situou-se em 7330 M€, enquanto o valor

final atingiu 8885 M€, sendo que o principal desvio ocorreu essencialmente nos subsetores da

administração local e regional e do subsetor estado (Tabela 9). Em termos ajustados, a previsão para o

défice orçamental subjacente ao orçamento aprovado situou-se em 8212 M€, enquanto o montante

executado foi de -9340 M€.

Tabela 8 – Saldos das administrações públicas: comparação entre a CGE/2013 e

as respetivas projeções orçamentais

(em milhões de euros)

OE OE1R OE2R CGE

2013 2013 2013 2013

Saldo global -7 330 -11 137 -10 993 -8 885

Ajustamentos -882 1 381 797 -455

Saldo global ajustado -8 212 -9 756 -10 196 -9 340

Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO.

18 Relativamente ao orçamentado, o défice das administrações públicas em 2013 ficou abaixo do implícito no 1.º e no 2.º Orçamentos retificativos, mas ficou acima do previsto no

orçamento inicial. O défice inferior ao previsto nos orçamentos retificativos decorreu, essencialmente,

de uma receita fiscal superior à estimada e de uma despesa em consumo público aquém da prevista,

nomeadamente nas rubricas de aquisição de bens e serviços e outras despesas correntes (ver

Informação Técnica de UTAO n.º 3/2015). Tendo como termo de comparação o orçamento inicial, o

défice superior ao previsto deveu-se sobretudo às despesas com pensões e outras prestações sociais,

despesas com pessoal e subsídios, mas também decorreu da execução inferior à prevista das outras

receitas correntes e da receita fiscal (Tabela 29). Este desvio face ao orçamento inicial foi influenciado

pela declaração de inconstitucionalidade da suspensão do pagamento de um subsídio e pela evolução

menos favorável da atividade económica que aquela que tinha sido prevista inicialmente. Em sentido

contrário, a execução de algumas componentes de despesa ficou abaixo do orçamentado,

essencialmente investimento, juros e outras despesas correntes, o que compensou parcialmente o

desvio do saldo. No que se refere às outras despesas correntes, o desvio verificado decorreu do facto

do orçamento inicial incluir a dotação provisional e a reserva orçamental, as quais foram atribuídas a

outras componentes de despesa por via de alterações orçamentais.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 11

Página 125

Unidade Técnica 125UTAO|d e Apoio Orçamental

Tabela 9 – Conta consolidada das Administrações Públicas

(em milhões de euros, em percentagem do PIB e em percentagem)

2012 2013 Var. 2013/2012Tx. Cresc.

Grau de Desvios Variação OE/2013

Execução % PIB Orç. Inicial % PIB Execução % PIB execução de Tvha (%)homóloga inicial (%)

(%) execução

(2) (3) (4) (5)=(4)/(3) (6)=(4)-(3) (8)=(4)-(2) (8)/(2) [(3)-(2)]/(2)

Administrações Públicas

Receita efetiva 72 780 42,9 74 592 43,6 74 720 43,6 100,2 128 1 940 2,7 2,5

Despesa efetiva 79 917 47,1 81 923 47,8 83 605 48,8 102,1 1 682 3 688 4,6 2,5

Saldo global -7 137 -4,2 -7 330 -4,3 -8 885 -5,2 121,2 -1 554 -1 748 : :

Receita efetiva ajustada 67 807 40,0 73 710 43,1 72 555 42,4 98,4 -1 155 4 748 7,0 8,7

Despesa efetiva ajustada 78 131 46,0 81 923 47,8 81 895 47,8 100,0 -28 3 764 4,8 4,9

Saldo global ajustado -10 324 -6,1 -8 212 -4,8 -9 340 -5,5 113,7 -1 127 985 : :

Administração Central e Segurança Social

Receita efetiva 66 327 39,1 67 809 39,6 67 671 39,5 99,8 -138 1 344 2,0 2,2

Despesa efetiva 73 944 43,6 75 713 44,2 75 607 44,2 99,9 -106 1 663 2,2 2,4

Saldo global -7 617,3 -4,5 -7 904 -4,6 -7 936 -4,6 100,4 -32 -319 : :

Receita efetiva ajustada 61 624 36,3 66 927 39,1 65 560 38,3 98,0 -1 367 3 935 6,4 8,6

Despesa efetiva ajustada 72 158 42,5 75 713 44,2 75 183 43,9 99,3 -530 3 026 4,2 4,9

Saldo global ajustado -10 533 -6,2 -8 786 -5,1 -9 624 -5,6 109,5 -837 910 : :

Estado

Receita efetiva 39 860 23,5 41 148 24,0 41 216 24,1 100,2 68 1 357 3,4 3,2

Despesa efetiva 48 756 28,7 48 175 28,1 48 881 28,5 101,5 706 125 0,3 -1,2

Saldo global -8 896 -5,2 -7 027 -4,1 -7 665 -4,5 109,1 -637 1 232 : :

Receita efetiva ajustada 35 823 21,1 40 227 23,5 39 423 23,0 98,0 -804 3 600 10,0 12,3

Despesa efetiva ajustada 45 113 26,6 47 205 27,6 47 450 27,7 100,5 245 2 338 5,2 4,6

Saldo global ajustado -9 289 -5,5 -6 978 -4,1 -8 027 -4,7 115,0 -1 050 1 262 : :

Serviços e Fundos Autónomos

Receita efetiva 28 194 16,6 26 574 15,5 26 521 15,5 99,8 -52 -1 673 -5,9 -5,7

Despesa efetiva 27 347 16,1 27 453 16,0 27 282 15,9 99,4 -171 -65 -0,2 0,4

Saldo global 847 0,5 -880 -0,5 -761 -0,4 86,5 119 -1 608 : :

Receita efetiva ajustada 25 121 14,8 26 574 15,5 26 473 15,5 99,6 -100 1 352 5,4 5,8

Despesa efetiva ajustada 25 847 15,2 27 453 16,0 26 859 15,7 97,8 -595 1 012 3,9 6,2

Saldo global ajustado -726 -0,4 -880 -0,5 -386 -0,2 43,8 494 340 : :

Segurança Social

Receita efetiva 24 192 14,3 25 065 14,6 25 383 14,8 101,3 319 1 191 4,9 3,6

Despesa efetiva 23 761 14,0 25 061 14,6 24 894 14,5 99,3 -167 1 134 4,8 5,5

Saldo global 431,5 0,3 3 0,0 489 0,3 15 778,1 486 58 : :

Receita efetiva ajustada 23 243 13,7 24 133 14,1 23 683 13,8 98,1 -449 441 1,9 3,8

Despesa efetiva ajustada 23 761 14,0 25 061 14,6 24 894 14,5 99,3 -167 1 134 4,8 5,5

Saldo global ajustado -518 -0,3 -929 -0,5 -1 211 -0,7 130,4 -282 -693 : :

Administração Local e Regional

Receita efetiva 9 643 5,7 10 066 5,9 10 299 6,0 102,3 232 656 6,8 4,4

Despesa efetiva 9 162 5,4 9 493 5,5 11 247 6,6 118,5 1 755 2 085 22,8 3,6

Saldo global 481 0,3 574 0,3 -949 -0,6 -165,3 -1 522 -1 429 : :

Receita efetiva ajustada 9 371 5,5 10 066 5,9 10 245 6,0 101,8 178 874 9,3 7,4

Despesa efetiva ajustada 9 162 5,4 9 493 5,5 9 961 5,8 104,9 468 799 8,7 3,6

Saldo global ajustado 209 0,1 574 0,3 284 0,2 49,5 -290 75 : : Fonte: Ministério das Finanças, INE e cálculos da UTAO. | Notas: i) a taxa de crescimento implícita ao OE/2013 inicial foi calculada

face aos valores apresentados na CGE/2012. ii) Os valores ajustados (assinalados a cinzento) excluem os impactos orçamentais

dos fatores que limitam a comparabilidade homóloga identificados na Caixa 1; iii) o orçamento inicial para 2013 corresponde à

versão aprovada na Assembleia da República, a qual incorpora as alterações à Proposta de Lei do Orçamento de Estado

aprovadas pela Assembleia da República no decurso da discussão e aprovação da Lei do OE/2013.

12 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 126

|Unidade Técnica 126UTAO d e Apoio Orçamental

Caixa 1 – Ajustamentos à execução orçamental das administrações públicas

Na tabela abaixo identificam-se os ajustamentos efetuados à conta das administrações públicas, identificando-se o

subsetor envolvido e o valor da respetiva receita ou despesa.

Ajustamentos ao saldo das administrações públicas (milhões de euros)

Janeiro - dezembro Referenciais anuais

Subsetor Âmbito OE OE1R OE2R2012 2013

2013 2013 2013

Saldo global não ajustado -7 137 -8 885 -7 330 -11 137 -10 993

Ajustamentos c/efeito negativo no saldo:

Fundos Pensões do setor bancário (1) Adm. Central Receita 2 687 23

RERT III (2) Estado Receita 258

Concessão da 4G (3) SFA/Estado Receita 272 20 20 20 20

Concessão serv. aeroportuário apoio avião civil (4) Estado Receita 800 400 500 400 400

Concessão de exploração de Portos (5) Estado Receita 227 227

Transferência do OE para regulariz. dívidas SNS (*) (6) SFA Receita 1 932

Transferência do OE para CGA (*) (7) SFA Receita 220

Fundos Pensões da PT (8) SFA Receita 476

Fundos Pensões do BPN e IFAP (9) SFA Receita 97 48 48 48

Transferência (de capital) do OE para RTP (*) (10) SFA Receita 348

Transf. extraordinária do OE para Seg. Social (*) (11) Seg. Soc. Receita 857 1 430 970 1 420 1 430

Compra de terrenos do Aeroporto de Lisboa à CML (*) (12) Adm.Local Receita 271

Transferência Fundo Social Europeu (13) Seg. Soc. Receita 93 35 -38 96 -76

Dividendos do Banco de Portugal (14) Estado Receita 19 359 173 359 359

Perdão de impostos (15) Estado/Adm. Local Receita 1 045 500

Perdão de contribuições sociais (16) Seg. Soc. Receita 234 200

Ajustamentos c/efeito positivo no saldo:

Transferência do OE para regulariz. dívidas SNS (*) (6) Estado Despesa 1 932

Transferência do OE para CGA (*) (7) Estado Despesa 220

Transferência (de capital) do OE para RTP (*) (10) Estado Despesa 348

Transf. extraordinária do OE para Seg. Social (*) (11) Estado Despesa 857 1 430 970 1 420 1 430

Compra de terrenos do Aeroporto de Lisboa à CML (*) (12) Estado Despesa 286

Regularização dívidas SNS (17) SFA Despesa 1 500 424 432 432

Pagam. dívida anos anteriores PAE Local (18) Adm. Local Despesa 433 1 000 717

Pagam. dívida anos anteriores da RAM (19) Adm. Reg. Despesa 854 1 100 1 100

Efeito líquido dos ajustamentos -3 187 -455 -882 1 381 797

Saldo global ajustado -10 324 -9 340 -8 212 -9 756 -10 196 Fontes: DGO e cálculos da UTAO. | Notas: (*) operações sem impacto no saldo global das administrações públicas, por tratar-se de

transferências que consolidam no perímetro. O montante do perdão de impostos e a sua desagregação por imposto refere-se ao obtido

com a execução provisória, sendo que o Parecer do Tribunal de Contas sobre a CGE/2013 refere um valor final ligeiramente

inferior (1042 M€).

(1) Exclusão da parcela da transferência dos fundos de pensões do setor bancário (2687 M€) recebida em junho de 2012.

(2) Eliminação da receita proveniente do Regime Excecional de Regularização Tributária (RERT III) de elementos patrimoniais

colocados no exterior, recebida em 2012.

(3) Foi expurgada a receita extraordinária associada à venda de direitos de utilização de licenças de 4.ª geração de redes

móveis (272 M€ em 2012 e 20 M€ em 2013). Refira-se que entre fevereiro e junho de 2012 esta receita foi contabilizada

no âmbito do subsetor dos SFA, tendo sido entregue nos cofres do Estado em julho de 2012, nos termos da Portaria n.º

218/2012, de 19/7. Em 2013, a receita prevista foi integralmente contabilizada pelo Estado no mês de janeiro.

(4) Exclusão da receita decorrente da concessão do serviço público aeroportuário de apoio à aviação civil, na sequência da

celebração do respetivo contrato entre o Estado e a ANA - Aeroportos de Portugal, SA. Em 2012, foi registada a primeira

parcela (800 M€), enquanto em 2013 verificou-se o registo de 400 M€.

(5) Exclusão da receita prevista com a concessão de exploração de portos, no valor de 227 M€. Refira-se que esta operação

transitou para 2014 no âmbito do OE2R/2013, tendo sido revista em baixa para 130 M€.

(6) Exclusão, no referencial de 2012, da transferência do OE para o SNS, destinada ao pagamento de dívidas de anos

anteriores (1932 M€). Refira-se que aquela transferência começou a ser efetivada em junho de 2012, com a transferência

de 750 M€. Em dezembro de 2012, foi realizada uma transferência adicional de 432 M€ para o mesmo efeito.

(7) Eliminação do reforço da transferência extraordinária do OE para a CGA (220 M€), aprovado no âmbito do OE2R/2012 e

concretizado no último mês daquele ano.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 13

Página 127

Unidade Técnica 127UTAO|d e Apoio Orçamental

(8) Eliminação do efeito de base relacionado com a transferência dos fundos de pensões da Portugal Telecom para a CGA.

Com efeito, a última parcela anual (476 M€) foi integralmente contabilizada em dezembro de 2012.

(9) Exclusão, em 2012, da transferência decorrente da integração do fundo de pensões do Grupo BPN (97 M€, integralmente

contabilizados em abril de 2012) e do fundo de pensões do IFAP na CGA (48,1 M€, registados em março de 2013).

(10) Foi eliminada, em 2012, a transferência de capital do OE para a RTP, destinada à amortização da dívida daquela empresa.

(11) Exclusão das transferências extraordinárias do OE para o subsetor da segurança social, tanto em 2012 (857 M€) como em

2013 (1430 M€), no sentido de assegurar o equilíbrio da respetiva situação orçamental. Em 2012, a transferência ocorreu

integramente no último mês do ano, enquanto em 2013 foi transferido mensalmente. Em maio e junho de 2013 foram

antecipados os duodécimos relativos ao reforço das transferências do Estado, estabelecido no âmbito do OE1R/2013.

(12) Foi excluída a operação realizada, no final de dezembro de 2012, entre o subsetor estado e a Câmara Municipal de

Lisboa (CML), na sequência da qual aquele município procedeu à venda dos terrenos do Aeroporto de Lisboa. Verifica-se

uma ligeira diferença entre o valor da despesa do subsetor estado e a receita do município, originando diferencial de

consolidação.

(13) As transferências do Fundo Social Europeu (FSE) para a segurança social e a respetiva aplicação em despesa com ações

de formação profissional foram ajustadas de maneira a assegurar o cumprimento do princípio da neutralidade dos

fundos comunitários.

(14) Exclusão dos dividendos do Banco de Portugal por questões de comparabilidade homóloga, uma vez que estes

assumiram um valor muito significativo em 2013, acima do orçamentado no OE/2013 e significativamente superior ao

verificado em 2012.

(15) e (16) Eliminação da previsão de receita proveniente do Regime Extraordinário de Regularização de dívidas fiscais e à

segurança social (RERD), ao abrigo do Decreto-Lei n.º 151-A/2013, de 31 de Outubro.

(17) Exclusão do pagamento do SNS relativo a de dívidas de anos anteriores, que ascendeu a 1500 M€ em 2012 (tendo

começado a ser pago a partir do mês de junho), apesar do SNS ter recebido 1932 M€ do OE para esta finalidade. No

OE1R/2013 foram orçamentados 432 M€ para o mesmo efeito, os quais transitaram de 2012.

(18) Exclusão das verbas para efeitos de pagamento de dívidas de anos anteriores por parte das autarquias ao abrigo do

Programa de Assistência à Administração Local.

(19) Exclusão da dotação para pagamento de dívidas de anos anteriores por parte da administração regional da Madeira na

sequência de um empréstimo com aval do Estado, no montante de 1100 M€.

14 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

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|Unidade Técnica 128UTAO d e Apoio Orçamental

Execução da despesa por Programas Orçamentais

19 A execução da despesa consolidada da administração central situou-se abaixo, quer do orçamento inicial, quer dos orçamentos retificativos. A Tabela 10 apresenta a despesa consolidada

da administração central por programa orçamental, identificando os principais organismos e dotações

específicas de despesa. De destacar a magnitude dos montantes dos programas P003-Finanças e

Administração Pública, P014-Solidariedade, Emprego e Segurança Social, P011-Saúde e P004-Encargos

da Dívida, os quais apresentam os desvios mais significativos.

Tabela 10 – Despesa efetiva consolidada da administração central

(em milhões de euros)

CGE CGE CGEExecução

OE/2013 OE1R/2013 OE2R/2013 vs vs vs CGE

OE/2013 OE1R/2013 OE2R/2013

Organismo ou dotação específica

P001 - Órgãos de Soberania 2 883 2 885 2 885 2 856 -26 -29 -29

P002 - Governação e Cultura 762 741 741 677 -85 -64 -64

Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional 65 63 63 41 -24 -22 -22

Instituto do Cinema e do Audiovisual 22 21 21 9 -13 -12 -12

Instituto Português do Desporto e Juventude 73 67 67 69 -5 2 2

Fundo de Fomento Cultural 22 21 21 19 -3 -3 -3

Instituto Nacional de Estatística 33 30 30 30 -2 0 0

Rádio e Televisão de Portugal 269 269 269 269 0 0 0

P003 - Finanças e Administração Pública 12 905 13 483 13 573 13 297 391 -187 -277

Dotação provisional (*) 520 524 524 0 -520 -524 -524

Contribuição financeira para a União Europeia 1 400 1 400 1 490 1 682 282 282 192

Caixa Geral de Aposentações 8 807 9 345 9 345 9 260 453 -85 -85

Subsídios e indeminizações compensatórias 162 162 162 340 178 178 178

dos quais: défice tarifário de eletricidade 0 0 0 167 167 167 167

Comissões e outros encargos 143 228 228 257 115 29 29

dos quais: concessão ANAM 0 80 80 80 80 0 0

Bonificação de Juros 97 97 97 80 -17 -17 -17

Autoridade Tributária e Aduaneira 600 558 558 600 1 42 42

Parups 64 64 64 41 -22 -22 -22

Parvalorem 170 170 170 152 -18 -18 -18

P004 - Gestão da Dívida Pública 7 326 6 991 6 851 6 849 -478 -143 -3

Encargos da dívida 7 276 6 941 6 801 6 842 -434 -99 41

Fundo de Regularização da Dívida Pública - funcionamento 50 50 50 7 -430 -430 -430

P005 - Representação Externa 350 343 343 348 -2 5 5

Contribuições e Quotizações para Organizações Internacionais 81 80 80 86 4 5 5

Camões - Instituto da Cooperação e da Língua 60 57 57 63 2 6 6

Instituto de Investigação Científica Tropical 8 7 7 7 0 0 0

P006 - Defesa 2 238 2 208 2 208 2 008 -230 -200 -200

Lei de Programação de Infraestruturas Militares 85 85 85 0 -85 -85 -85

Forças Nacionais Destacadas 54 54 54 15 -39 -39 -39

Lei de Programação Militar 235 229 229 245 11 17 17

P007 - Segurança Interna 2 153 2 119 2 119 2 059 -94 -60 -60

Guarda Nacional Republicana 938 889 889 918 -20 30 30

Polícia de Segurança Pública 797 740 740 761 -36 21 21

Autoridade Nacional de Proteção Cívil 128 124 124 141 13 16 16

P008 - Justiça 1 401 1 438 1 438 1 383 -19 -55 -55

Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça 209 204 204 187 -22 -17 -17

Instituto dos Registos e do Notariado 231 230 230 242 12 12 12

Fonte: Ministério das Finanças (Base de dados SIGO) e cálculos da UTAO

(continua na página seguinte)

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 15

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Unidade Técnica 129UTAO|d e Apoio Orçamental

Tabela 10 – Despesa efetiva consolidada da administração central (continuação)

(em milhões de euros)

CGE CGE CGEExecução

OE/2013 OE1R/2013 OE2R/2013 vs vs vs CGE

OE/2013 OE1R/2013 OE2R/2013

Organismo ou dotação específica

P009 - Economia 3 045 2 822 2 822 2 584 -461 -238 -238

REFER 631 663 663 573 -58 -91 -91

Metro do Porto 274 230 230 176 -97 -54 -54

Metropolitano de Lisboa 436 335 335 304 -132 -31 -31

Estradas de Portugal 1 123 1 045 1 045 1 092 -31 47 47

Instituto da Mobilidade e dos Transportes 79 73 73 44 -36 -29 -29

IAPMEI 72 70 70 46 -26 -25 -25

Laboratório Nacional de Engenharia Civil 30 29 29 23 -7 -6 -6

Turismo de Portugal 157 148 148 147 -10 -1 -1

ANACOM - Autoridade Nacional de Comunicações 43 40 40 38 -5 -2 -2

Instituto Nacional de Aviação Civil 35 32 32 31 -4 -2 -2

P010 - Agricultura e Mar 1 361 1 342 1 342 1 306 -56 -36 -36

Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas 957 951 951 1 000 43 49 49

Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (**) 76 74 74 55 -20 -18 -18

Instituto Português do Mar e da Atmosfera 45 43 43 28 -18 -16 -16

P011 - Saúde (*) 8 402 8 475 8 475 8 851 448 376 376

Administração Central do Sistema de Saúde 4 307 4 432 4 432 4 743 436 310 310

Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo 1 427 1 427 1 427 1 474 47 47 47

Instituto Português do Sangue e da Transplantação 83 77 77 50 -33 -27 -27

Administração Regional de Saúde do Norte 1 327 1 313 1 313 1 367 41 55 55

Administração Regional de Saúde do Centro 589 572 572 593 4 21 21

INFARMED 37 35 35 22 -16 -13 -13

P012 - Ensino Básico e Secundário e Administração Escolar 5 970 6 209 6 209 6 052 81 -157 -157

Parque Escolar 296 296 296 113 -183 -183 -183

Estab. de educação e ensinos básico e secundário - funcionamento 4 867 5 114 5 114 5 101 234 -13 -13

P013 - Ciência e Ensino Superior 2 155 2 216 2 216 2 207 52 -10 -10

Ensino superior - funcionamento 1 642 1 637 1 637 1 745 102 108 108

P014 - Solidariedade, Emprego e Segurança Social 10 110 10 565 10 569 10 582 472 18 13

Transferências para a Segurança Social - Lei de Bases 8 345 8 845 8 845 8 870 525 25 25

Transferências para a Segurança Social - Pensões bancários 503 503 507 507 4 4 -1

Santa Casa da Misericórdia de Lisboa 225 220 220 213 -12 -7 -7

Instituto de Emprego e Formação Profissional 826 800 800 808 -18 8 8

P015 - Ambiente, Ordenamento do Território e Energia 469 427 427 213 -256 -213 -213

Fundo Português do Carbono 125 113 113 69 -56 -44 -44

Agência Portuguesa do Ambiente 86 84 84 38 -48 -46 -46

Polis Litoral Ria Formosa 37 31 31 2 -35 -29 -29

Polis Litoral Ria de Aveiro 31 28 28 5 -27 -23 -23

Polis Litoral Norte 28 24 24 6 -23 -19 -19

Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana 40 37 37 35 -5 -2 -2

Despesa efetiva consolidada 61 531 62 263 62 218 61 270 -261 -993 -948 Fonte: Ministério das Finanças (Base de dados SIGO) e cálculos da UTAO

16 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 130

|Unidade Técnica 130UTAO d e Apoio Orçamental

20 A avaliação da eficácia do Quadro Plurianual de Programação Orçamental (QPPO) para 2013 encontra-se limitada pelos Acórdão do Tribunal Constitucional sobre subsídios de férias e

Natal. Importa referir que após apresentação do QPPO em abril de 2012 assistiu-se à declaração de

inconstitucionalidade da suspensão de subsídios de férias e Natal a trabalhadores do setor público e a

pensionistas através dos Acórdãos do Tribunal Constitucional n.º 353/2012 e n.º 187/2013. Na

sequência destes, foi necessário rever o valor orçamentado para despesas com pessoal, pensões da

CGA e transferências para a segurança social, aspeto que limita a avaliação dos desvios face aos

objetivos implícitos à lei inicialmente aprovada. De referir que as alterações de orgânica que

entretanto ocorreram também condicionam a comparabilidade, sendo que, para contornar esta

dificuldade, são apresentados em conjunto os programas que registaram alterações dessa natureza.

Em termos gerais, não obstante as dificuldades de comparação, face ao QPPO 2013-2016 da Lei n.º

51/2013 de 24 de julho, conclui-se que a despesa executada foi inferior ao limite estabelecido para os

diversos programas exceto para os programas Saúde e Justiça (Tabela 11).

Tabela 11 – Despesa efetiva consolidada da administração central: comparação com os limites

estabelecidos no âmbito do Quadro Plurianal de Programação Orçamental

(em milhões de euros) CGE CGE CGE

QPPO QPPO QPPO vs vs vs

2012-2016 2013-2016 2013-2016 Execução QPPO QPPO QPPOLei n.º Lei n.º 66- Lei n.º CGE 2012-2016 2013-2016 2013-2016

28/2012, B/2012, 51/2013, Lei n.º Lei n.º 66- Lei n.º 31 julho 31 dezembro 24 julho 28/2012, B/2012, 51/2013,

31 julho 31 dezembro 24 julho

Programas

P001 - Órgãos de Soberania 2 824 2 868 2 871 2 818 -6 -50 -53

P003 - Finanças e Administração Pública 7 485 6 874 7 166 6 941 -544 67 -225

P004 - Gestão da Dívida Pública 7 551 7 276 6 941 6 827 -724 -449 -114

P005 - Representação Externa 312 319 319 305 -7 -14 -14

P006 - Defesa 1 778 1 843 1 842 1 752 -26 -91 -90

P007 - Segurança Interna 1 725 1 827 1 827 1 743 18 -84 -84

P008 - Justiça 646 679 721 743 97 64 22

P011 - Saúde (*) 7 546 7 841 7 913 8 678 1 132 837 765

P012 - Ensino Básico e Secundário e Administração Escolar 5 077 5 232 5 475 5 428 351 196 -47

P013 - Ciência e Ensino Superior 1 208 1 305 1 367 1 249 41 -56 -118

P002 - Governação e Cultura 204

P009 - Economia 67

P010 - Agricultura e Mar 7 476 9 675 10 171 328 2 556 357 -139

P014 - Solidariedade, Emprego e Segurança Social 9 401

P015 - Ambiente, Ordenamento do Território e Energia 33

Despesa efetiva consolidada 43 628 45 737 46 613 46 516 2 888 779 -97

Por memória: Despesa primária 36 077 38 461 39 672 39 689 3 612 1 228 17 Fonte: Ministério das Finanças (Base de dados SIGO) e cálculos da UTAO | Notas: (*) No caso do" programa P011-Saúde" a forma

como a receita se encontra registada na base de dados (fonte de financiamento com código "910") não permite identificar

apenas a receita que se refere a receitas gerais, incluindo outras fonte de receita (por exemplo, receita proveniente de taxas

moderadoras). Assim, a execução deste programa não é diretamente comparável com a despesa implícita ao QPPO. As

alterações da Lei Orgânica do Governo limitam a comparabilidade com o QPPO 2012-2016 apresentado em abril de 2012. Deste

modo, apresenta-se o valor do total da despesa do QPPO para os programas orçamentais que registaram alterações da

orgânica.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 17

Página 131

Unidade Técnica 131UTAO|d e Apoio Orçamental

III.2 Ótica das Contas Nacionais Nesta secção procede-se a uma análise dos resultados orçamentais de 2013 na ótica da contabilidade

nacional. Em primeiro lugar, efetua-se uma comparação do défice das administrações públicas em

contabilidade nacional com os objetivos inscritos no OE inicial para 2013 e nos subsequentes OER.

Para o efeito são utilizados os últimos resultados apurados para aquele ano em SEC95, que datam da

1.ª Notificação do Procedimento dos Défices Excessivos de 31 de março de 2014, pelo facto dos

objetivos orçamentais se encontrarem expressos neste referencial metodológico. Contudo, estes

resultados não incorporam a informação mais recente de contabilidade pública para 2013, que

conduziram a uma revisão do défice numa ótica de caixa em +154 M€ quando comparado com a

execução provisória (Tabela 5). De seguida, comparam-se os resultados apurados para 2013 em SEC95

e em SEC2010, tendo em conta que estes últimos incorporam o valor revisto do défice em

contabilidade pública e os impactos decorrentes da adoção do novo referencial metodológico. Por

último, analisa-se a evolução do défice face a 2012, em SEC2010.

Desvio face ao orçamentado em SEC95

21 Em 2013, o défice orçamental na ótica da contabilidade nacional, em SEC95, ascendeu a 8,1 mil M€, o correspondente a 4,9% do PIB, tendo beneficiado de um conjunto de medidas de

natureza extraordinária que, em termos líquidos, contribuíram para desagravar o défice em 0,4

p.p. do PIB. O efeito positivo sobre o défice associado às operações extraordinárias adveio do Regime

Excecional de Regularização de Dívidas Fiscais e à Segurança Social (RERD), que permitiu arrecadar

uma receita adicional de 1,3 mil M€, equivalente a 0,8 p.p. do PIB. Este efeito positivo foi, porém,

parcialmente compensado pela injeção de capital no BANIF, realizada no 1.º trimestre de 2013, num

montante de 700 M€, o correspondente a 0,4 p.p. do PIB. Refira-se que a receita de natureza também

extraordinária relativa à concessão de portos, na ordem dos 227 M€ (0,1 p.p. do PIB), que chegou a

estar prevista no âmbito do OE/2013 e do OE1R/2013 acabou por não se concretizar.

22 O défice registado em 2013 não alcançou o objetivo estabelecido na proposta do OE/2013, embora tenha superado os objetivos revistos no âmbito dos orçamentos retificativos.

A notificação do PDE remetida pelas autoridades nacionais ao Eurostat, em 31 de março de 2014,

revelou que o défice orçamental, ajustado de medidas extraordinárias, evidenciou um desvio

desfavorável de 0,6 p.p. do PIB face ao previsto no OE/2013. No entanto, face aos orçamentos

retificativos apresentados em 2013, o desvio foi favorável (Tabela 12).

18 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 132

|Unidade Técnica 132UTAO d e Apoio Orçamental

Tabela 12 - Saldo das administrações públicas em SEC95:

previsões vs valor apurado pelo INE

(ajustado de operações extraordinárias)

Saldo orçamentalPor memória:

Data de Documento M€ % PIB PIB (em M€)

publicação

DEO/2012-16 (abr-2012) -5 152 -3,0 170 922

OE/2013 (out-2012) -7 826 -4,7 166 782

DEO/2013-17 (abr-2013) -9 266 -5,6 164 338

OE1R/2013 (mai-2013) -9 311 -5,7 164 338

OE2R/2013 (out-2013) -9 577 -5,8 165 379

1.ª Notificação do PDE (INE) (mar-2014) -8 702 -5,3 165 666 Fontes: Ministério das Finanças, INE e cálculos da UTAO. | Nota: Os dados encontram-se

ajustados das operações extraordinárias consideradas em cada um dos respetivos

documentos.

23 O não cumprimento do objetivo para o défice inscrito no orçamento inicial para 2013 reflete um desvio desfavorável da despesa face ao orçamentado inicialmente. Tanto a receita

como a despesa excederam os valores previstos no OE/2013 (Tabela 13). No que se refere à receita, o

desvio favorável cifrou-se em 0,3 mil M€, apesar da receita fiscal e contributiva ter ficado aquém do

previsto para o conjunto do ano, em 0,5 mil M€. O desvio positivo da receita total ficou assim a dever-

se a uma concretização da outra receita corrente e da receita de capital acima do que se encontrava

previsto. Do lado da despesa, porém, o desvio foi bastante mais significativo do que no caso da

receita. Em termos globais, a despesa excedeu o projetado no OE inicial em 1,2 mil M€, o que se ficou

a dever em grande medida às prestações sociais e às despesas com pessoal que excederam o previsto

no orçamento em 1,2 e 0,5 mil M€, respetivamente. Para estes desvios contribuiu a reposição de um

subsídio, na sequência de decisão do Tribunal Constitucional, posterior ao OE inicial. Os referidos

desvios naquelas rubricas da despesa foram compensados ainda que parcialmente, por uma menor

despesa em investimento, consumo intermédio e juros.

24 Quando comparado com os objetivos definidos nos orçamentos retificativos, o défice revelou ser mais reduzido do que o previsto, o que resultou igualmente de um desvio da

despesa face ao orçamentado, mas neste caso no sentido favorável. A despesa total ficou abaixo

da prevista nos orçamentos retificativos, em cerca de 0,7 mil M€, devido sobretudo a uma menor

despesa com investimento, juros e consumo intermédio (Tabela 13). Do lado da receita, a receita fiscal

e contributiva ficou significativamente acima da prevista em ambos os orçamentos retificativos, com

destaque para a receita dos impostos diretos. Contudo, este efeito foi anulado por uma concretização

das outras receitas correntes e das receitas de capital inferior à prevista. Recorde-se que as perspetivas

económicas degradaram-se consideravelmente no início de 2013 depois de conhecida a evolução do

4.º trimestre de 2012 (a qual comportava um efeito carry-over significativo para o ano seguinte), o que

determinou uma revisão em baixa da previsão de receita fiscal face ao OE inicial e um aumento do

valor orçamentado para a despesa com prestações sociais.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 19

Página 133

Unidade Técnica 133UTAO|d e Apoio Orçamental

Tabela 13 – Conta das administrações públicas

(ajustada de operações extraordinárias, em milhões de euros)

2013 Orçamentado Desvio face ao orçamentado

(INE) OE OE1R OE2R OE OE1R OE2R

Receita Total 71 130 70 854 71 208 70 961 275 -78 169

Receita fiscal 41 045 41 357 39 938 40 125 -311 1107 920

Impostos indiretos 22 310 22 783 22 122 21 767 -473 188 543

Impostos diretos 18 735 18 573 17 816 18 358 162 919 377

Contribuições sociais 19 905 20 118 19 811 19 667 -213 95 239

Outras receitas correntes 8 677 8 306 9 295 9 227 371 -618 -550

Receitas de capital 1 503 1 074 2 164 1 942 429 -661 -440

Despesa Total 79 831 78 680 80 519 80 538 1151 -687 -707

Consumo intermédio 7 308 7 648 7 463 7 864 -340 -155 -556

Despesas com pessoal 17 789 17 267 17 304 17 538 522 485 251

Prestações sociais 38 834 37 633 38 550 38 399 1201 284 435

Juros 7 064 7 216 7 454 7 189 -153 -390 -125

Subsídios 1 117 1 202 1 165 1 212 -86 -49 -95

Outras despesas correntes 4 397 3 957 4 778 4 452 439 -382 -55

Despesa de capital 3 324 3 756 3 806 3 885 -433 -482 -561

FBCF 2 376 2 963 3 144 3 085 -587 -769 -709

Outras despesas de capital 948 793 661 800 154 287 148

Saldo global -8 702 -7 826 -9 311 -9 577 -876 609 875

em % do PIB -5,3 -4,7 -5,7 -5,8 -0,6 0,4 0,5

Saldo primário -1 638 -609 -1 857 -2 388 -1 028 219 750

Receita fiscal e contributiva 60 951 61 475 59 749 59 792 -524 1202 1159

Despesa corrente 76 508 74 924 76 713 76 653 1584 -205 -145

Despesa corrente primária 69 444 67 708 69 260 69 464 1736 184 -20

Despesa primária 72 767 71 464 73 065 73 349 1304 -298 -582

Por memória:

PIB (em mil M€) 165,7 166,8 164,3 165,4 -1,1 1,3 0,3

Fontes: INE, Ministério das Finanças e cálculos da UTAO.

25 O défice em contabilidade nacional em SEC95 situou-se 0,2 p.p. abaixo do défice apurado em contabilidade pública, numa ótica de caixa, com base na informação que se

encontrava disponível por ocasião da 1.ª Notificação do Procedimento dos Défices Excessivos.

Para a diferença entre as duas óticas contabilísticas contribuíram ajustamentos de sentidos contrários

(Tabela 14). Por um lado, o ajustamento accrual e a delimitação setorial das administrações públicas

em Contas Nacionais e os encargos assumidos e não pagos, sobretudo os relativos a pagamentos de

dívidas de anos anteriores na Região Autónoma da Madeira, contribuíram para que o défice em contas

nacionais fosse inferior ao défice em contabilidade pública. Estes efeitos foram parcialmente

compensados por outras operações que contribuíram para elevar o défice em contas nacionais, entre

os quais se destacam o remanescente da receita de concessão da aeroportuária, efetuada em 2012 e

sem impacto em contas nacionais, e a despesa com a participação no capital do BANIF, registado em

20 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 134

|Unidade Técnica 134UTAO d e Apoio Orçamental

contas nacionais como transferência de capital. Já posteriormente à 1.ª Notificação do PDE, o défice

em contabilidade pública foi revisto, apresentado um agravamento de 154 M€ numa ótica de caixa,

não tendo sido divulgado pelas autoridades estatísticas o impacto que esta alteração poderá ter

produzido ao nível do défice orçamental em contas nacionais em SEC95. Essa nova informação foi

incorporada nos resultados de contas nacionais apurados de acordo com o novo referencial

metodológico, o SEC2010, adotado desde setembro de 2014.

Tabela 14 – Ajustamento entre o saldo das administrações públicas em contabilidade pública e em

contabilidade nacional em 2013

Milhões % PIB

de euros

Saldo em contabilidade pública -8 367,2 -5,1

Ajustamento accrual e delimitação setorial em Contas Nacionais1 1 015,5 0,6

Encargos assumidos e não pagos 1 025,3 0,6

Remanescente da receita da concessão aeroportuária de 2012 -480,0 -0,3

Aumento de capital do BANIF -700,0 -0,4

Injeção de capital em EPR -505,4 -0,3

Outros efeitos -109,9 -0,1

Saldo em contabilidade nacional -8 121,7 -4,9

Fontes: INE, Ministério das Finanças e cálculos da UTAO. |Nota: 1) O ajustamento accrual consiste em adicionar os

encargos assumidos e não pagos em 2013 e em subtrair os pagamentos ocorridos em 2013 respeitantes a

encargos assumidos noutros anos.

Comparação do défice em SEC2010 e em SEC95

26 Em setembro de 2014, o défice das administrações públicas passou a ser divulgado de acordo com o novo referencial metodológico, o SEC2010, que substitui o anterior SEC95 e

contempla um conjunto de alterações com impacto no défice. Ao nível do défice,as revisões mais

significativas verificam-se nos anos em que ocorreram transferências de fundos de pensões para o

setor das administrações públicas, na medida em que estas transferências deixam de contar como 5

receita para efeitos do défice. Em 2013, não tendo ocorrido operações daquela natureza, há ainda

assim que ter em conta que as despesas com o pagamento de pensões dos fundos transferidos

deixam de onerar o défice orçamental, representando em termos globais um desagravamento de

378,6 M€ face ao défice apurado em SEC95 (Tabela 15). O impacto mais significativo sobre o défice de

2013, diretamente associado à adoção do SEC2010, decorre do efeito do alargamento do perímetro

das administrações públicas. Em resultado das alterações introduzidas aos critérios de classificação de

entidades no âmbito do novo SEC, o setor das administrações públicas passou a incorporar 168

entidades que se encontravam fora do perímetro orçamental, destacando-se nomeadamente, a

5 Para uma explicação mais detalhada das alterações introduzidas pelo SEC 2010 poderá ser consultada a análise do “Impacto da

adoção do SEC2010”, publicada na Informação Técnica da UTAO n.º 26/2014.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 21

Página 135

Unidade Técnica 135UTAO|d e Apoio Orçamental

Parpública, a Sagestamo, a Estamo, os Hospitais EPE, a EDIA, a TAP SGPS, as entidades reguladoras de

mercado e a CP. O conjunto das entidades reclassificadas, por se tratar na sua maioria de entidades

com resultados negativos, produz um efeito negativo sobre o défice, onerando em 787,3 M€ o valor

apurado em SEC 2010 face ao que havia sido calculado em SEC95. Também de assinalar, mas com

impacto significativamente inferior, é a alteração do registo dos juros relativos a operações de swaps.

Com o novo SEC, o défice orçamental para efeitos do PDE passa a ser idêntico ao apurado em contas

nacionais, deixando de contabilizar os juros de operações de swaps. Nas empresas reclassificadas para

o setor das administrações públicas, os pagamentos de juros desta natureza são superiores aos

recebimentos, contrariamente ao que sucede no caso dos juros de swaps relativos à dívida direta do

Estado. A estes efeitos diretamente relacionados com o novo referencial metodológico, acrescem

ainda alterações de fontes estatísticas, com base em informação de natureza estrutural, que têm

também efeito sobre o défice apurado em contas nacionais. Para 2013, os valores do défice em

SEC2010 têm também por base o valor revisto do défice em contabilidade pública, apurados já

posteriormente à 1.ª Notificação do PDE de 2014 e que determinaram um agravamento do défice

numa ótica de caixa em 154 M€, em resultado de revisões em diversas rubricas da receita e da

despesa, conforme se analisa em maior detalhe na secção III.1 deste Parecer. Note-se que o último

valor apurado para o défice de 2013 em SEC95 não contempla esta revisão do défice em contabilidade

pública.

Tabela 15 – Revisão do saldo orçamental das administrações públicas

na sequência da adoção do SEC2010

(não ajustado de operações extraordinárias, em milhões de euros)

2010 2011 2012 2013

Revisão do saldo orçamental -3 118,7 -5 569,1 1 331,0 -187,4

Revisões relacionadas com a introdução do SEC2010 -3 189,8 -5 510,9 1 379,1 -370,7

Delimitação setorial -738,6 54,5 800,2 -787,3

Transferência dos fundos de pensões -2 535,2 -5 774,8 368,6 378,6

Juros de operações de swaps 84,1 209,3 210,2 38,0

Outras revisões (nomeadamente fontes estatísticas) 71,1 -58,2 -48,0 183,3 Fonte: INE.

27 Apesar do défice nominal para 2013 em SEC2010 exceder em 187,4 M€ o apurado em SEC95 para efeitos da 1.ª Notificação do PDE de 2014, em percentagem do PIB o défice

orçamental permanece inalterado em 4,9%, devido à revisão em alta do PIB. Com a adoção do

SEC2010, a série do PIB nominal foi revista em alta, sendo essa revisão de 5,5 mil M€, o equivalente a

um aumento do valor do PIB nominal em 3,3%. Entre as alterações metodológicas introduzidas pelo

SEC2010, o impacto mais relevante sobre o PIB decorre da classificação das despesas de investigação e

desenvolvimento como despesas de investimento. Acrescem a este efeito, mas com menor impacto

sobre o PIB nominal, o registo das despesas com aquisição de material militar também como

investimento e a introdução de novas regras ao nível do registo das entidades com fins especiais

(Special Purpose Entities). Em 2013, a revisão em alta do PIB nominal acaba por compensar o efeito de

revisão em alta do valor nominal do défice, levando a que o défice em percentagem do PIB em

SEC2010 se mantenha inalterado em 4,9% face ao apurado em SEC95 para efeitos da 1.ª Notificação

do PDE (Tabela 16).

22 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 136

|Unidade Técnica 136UTAO d e Apoio Orçamental

Tabela 16 – Contributos para a revisão do saldo orçamental

das administrações públicas entre o SEC95 e o SEC2010

(em pontos percentuais do PIB)

2010 2011 2012 2013

Saldo orçamental em SEC 95 -9,8 -4,3 -6,4 -4,9

Revisão total -1,3 -3,0 1,0 0,0

Efeito da alteração do saldo nominal -1,8 -3,3 0,8 -0,1

Efeito da alteração do PIB nominal 0,5 0,2 0,2 0,2

Saldo orçamental em SEC 2010 -11,2 -7,4 -5,5 -4,9

Fontes: INE, Ministério das Finanças e cálculos da UTAO.

28 A alteração do valor nominal défice em SEC2010 tem subjacente uma revisão em alta da receita que é em parte compensada pela revisão da despesa no mesmo sentido, em que se

destacam os efeitos associados ao alargamento do perímetro das administrações públicas pela

sua relevância e por serem transversais a diversas rubricas. No que se refere à receita, salienta-se o

aumento dos impostos indiretos, que passam a incluir taxas cobradas por reguladores de mercado,

Fundo de Garantia Depósitos e Fundo de Garantia de Crédito Agrícola Mútuo, e o aumento do nível

das outras receitas correntes, nomeadamente, receitas de vendas obtidas pelas entidades

reclassificadas. Do lado da despesa primária, a entrada de novas entidades no setor das

administrações públicas produz, por um lado, uma revisão em alta das despesas com pessoal,

consumo intermédio, formação bruta de capital fixo, e pelo outro lado, uma redução do nível das

despesas com prestações sociais, que deixam de incluir os valores dos contratos-programa dos

Hospitais EPE. As novas entidades classificadas nas administrações públicas têm também impacto na

despesa com juros, sendo são o principal fator subjacente à revisão em alta desta componente da

despesa (Tabela 17), que deixa também de incluir os juros de operações de swaps. Do lado da

despesa, há ainda a registar a redução do nível da despesa com prestações sociais por via da alteração

do registo das operações associadas aos fundos de pensões transferidos para as administrações

públicas, cujas despesas deixam de ter impacto no défice.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 23

Página 137

Unidade Técnica UTAO| 137de Apoio Orçamental

Tabela 17 – Revisão da receita e da despesa na sequência da adoção do SEC 2010

(em milhões de euros)

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Receita Total 1 256 1 236 1 356 1 211 1 750 1 888 1 852 1 890 1 048 -1 039 2 407 2 726 3 107 3 660 4 184 1 146 -1 963 5 332 5 016

Receita corrente 1 256 1 236 1 356 1 186 1 714 1 851 1 791 1 834 2 082 2 044 2 354 2 656 3 002 3 550 4 011 3 776 3 912 4 805 4 743

Receita fiscal 708 612 673 737 761 837 811 725 708 606 624 701 743 740 698 727 734 691 806

Impostos indiretos 708 612 673 737 760 836 811 724 707 605 623 700 742 743 704 738 913 800 939

Impostos diretos 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 -3 -6 -11 -179 -109 -133

Contribuições sociais 2 4 4 3 5 5 5 6 61 44 42 185 218 196 158 93 153 389 264

Outras receitas correntes 545 621 679 445 949 1 009 975 1 103 1 313 1 394 1 688 1 770 2 041 2 614 3 156 2 956 3 025 3 725 3 673

Vendas 536 574 635 727 817 853 894 936 1 106 1 131 1 205 1 187 1 734 2 155 2 446 2 228 2 074 2 013 2 382

Outra receita corrente 9 47 44 -282 132 157 81 167 207 263 483 583 306 459 710 728 950 1 712 1 291

Receitas de capital 0 0 0 25 36 37 61 57 -1 033 -3 083 54 70 105 110 173 -2 630 -5 875 527 272

Despesa Total 1 164 1 187 1 411 1 817 1 695 1 800 1 886 1 830 2 138 2 366 2 224 2 478 2 947 4 037 4 242 4 218 3 625 3 973 5 084

Despesa corrente 887 872 1 028 1 053 1 014 1 107 961 981 1 304 1 324 1 443 1 470 2 119 2 523 2 371 1 171 2 773 3 281 3 747

Consumo intermédio 114 134 151 241 234 245 155 259 1 000 1 091 1 096 1 447 2 113 2 283 2 423 1 685 2 742 2 066 2 494

Despesas com pessoal 103 112 126 135 146 165 177 243 1 335 1 417 1 521 1 907 2 534 2 814 3 208 3 453 3 192 3 464 3 442

Prestações sociais 2 4 4 3 6 6 6 13 -1 314 -1 418 -1 635 -2 254 -2 970 -3 238 -4 092 -4 498 -4 451 -4 106 -4 106

Subsídios -2 -2 -5 -4 -3 -5 -5 -6 -4 -9 -9 -13 -12 -14 0 13 -52 50 -130

Juros 21 66 133 87 55 78 74 65 -11 -25 171 109 90 245 406 372 734 1 199 1 347

Outras despesas correntes 649 559 620 590 576 619 555 407 299 267 300 272 364 433 425 145 609 607 700

Despesa de capital 277 315 382 764 680 693 925 849 834 1 042 780 1 008 828 1 514 1 871 3 048 852 692 1 337

Investimento(1) 277 315 382 488 622 694 927 855 840 1 061 973 1 049 1 071 1 648 2 201 3 037 1 649 1 471 1 325

Outras despesas de capital 0 0 0 276 58 -1 -2 -6 -6 -19 -193 -41 -243 -134 -329 10 -797 -779 11

Saldo global 91 49 -55 -606 55 88 -35 61 -1 090 -3 406 184 248 160 -377 -57 -3 073 -5 588 1 359 -68

Saldo primário 112 115 78 -519 110 166 39 125 -1 100 -3 430 354 358 250 -132 349 -2 700 -4 854 2 558 1 279

Receita fiscal e contributiva 1 244 1 185 1 308 1 464 1 577 1 689 1 704 1 660 1 813 1 737 1 828 1 887 2 477 2 898 3 150 2 966 2 987 2 813 3 321

Despesa corrente primária 866 806 896 966 959 1 029 887 916 1 315 1 349 1 273 1 360 2 029 2 278 1 964 798 2 040 2 082 2 400

Despesa primária 1 143 1 121 1 278 1 730 1 640 1 722 1 813 1 765 2 149 2 391 2 053 2 368 2 857 3 792 3 836 3 846 2 891 2 774 3 737 Dívida pública n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. 126 222 279 508 2 012 2 512 3 312 4 302 4 889 5 636 10 589 10 449 6 925 5 594

Fontes: INE e Banco de Portugal. | Notas: Comparação do saldo orçamental em SEC2010 e em SEC95, na ótica de contas nacionais, que exclui dos juros associados a operações de swaps. Os

valores apresentados não se encontram corrigidos do efeito de operações extraordinárias. (1) Inclui a formação bruta de capital e aquisições líquidas de cessões de ativos não financeiros não

produzidos.

24

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 138

|Unidade Técnica 138UTAO d e Apoio Orçamental

Variação face ao ano anterior em SEC2010

29 Em SEC2010, o défice das administrações públicas em contabilidade nacional ascendeu a 8,3 mil M€ em 2013, o equivalente a 4,9% do PIB, tendo sido influenciado por medidas de

caráter extraordinário que, em termos líquidos, contribuíram para atenuar o défice em 0,3 p.p.

do PIB. Este efeito resulta de operações com impactos contrários sobre o défice. Por um lado, a

injeção de capital no BANIF, num montante de 700 M€, realizada no 1.º trimestre, contribuiu para

aumentar a despesa das administrações públicas. Por outro lado, a receita adicional arrecadada no

âmbito do Regime Excecional de Regularização de Dívidas Fiscais e à Segurança Social (RERD) permitiu

aumentar a receita fiscal e contributiva em 1,3 mil M€. Deste modo, o saldo ajustado de operações

extraordinárias fixou-se em 8,9 mil M€, correspondendo a 5,2% do PIB, o que excede em 0,3 p.p. do

PIB o défice não ajustado.

30 O défice ajustado de medidas extraordinárias manteve-se praticamente inalterado face a 2012, apresentando uma redução de 0,1 p.p. do PIB, apesar do aumento da receita ter sido

bastante mais significativo, já que o aumento da despesa absorveu na sua quase totalidade o

acréscimo verificado ao nível da receita. Em 2013, a evolução do défice das administrações públicas

foi em grande medida influenciada por dois fatores: o aumento da tributação, por um lado, e a

reposição dos subsídios a funcionários públicos e pensionistas, pelo outro. Deste modo, apesar do

défice se ter mantido sensivelmente inalterado, as variações da receita e da despesa foram mais

expressivas, tendo ambas aumentado face a 2012 (Tabela 18). Em termos globais, o acréscimo nominal

da despesa em 2013 acabou por absorver cerca de 95% do aumento nominal da receita.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 25

Página 139

Unidade Técnica 139UTAO|d e Apoio Orçamental

Tabela 18 – Receita e despesa das administrações públicas

(ajustadas de operações extraordinárias)

2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013

Variação Variação Taxa de Taxa de

Em milhões Em milhões Em % do Em % do homóloga homóloga variação variação

de euros de euros PIB PIB em p.p. do em p.p. do homóloga homóloga

PIB PIB em % em %

Receita Total 72 525 76 146 42,7 44,5 0,6 1,7 -2,2 5,0

Receita corrente 69 759 74 371 41,1 43,4 0,1 2,3 -3,4 6,6

Receita fiscal 38 378 41 851 22,6 24,4 -0,2 1,8 -4,7 9,0

Impostos indiretos 23 338 23 177 13,8 13,5 -0,1 -0,2 -4,4 -0,7

Impostos diretos 15 040 18 674 8,9 10,9 -0,1 2,0 -5,2 24,2

Contribuições sociais 19 524 20 170 11,5 11,8 -0,5 0,3 -7,6 3,3

Outras receitas correntes 11 856 12 350 7,0 7,2 0,8 0,2 9,5 4,2

Receitas de capital 2 767 1 775 1,6 1,0 0,5 -0,6 42,7 -35,8

Despesa Total 81 575 85 035 48,1 49,7 -1,2 1,6 -6,0 4,2

Despesa corrente 76 565 80 374 45,1 46,9 -0,5 1,8 -4,8 5,0

Consumo intermédio 9 466 9 802 5,6 5,7 -0,5 0,1 -11,1 3,5

Despesas com pessoal 19 974 21 230 11,8 12,4 -1,1 0,6 -11,7 6,3

Prestações sociais 33 034 34 728 19,5 20,3 0,6 0,8 -0,9 5,1

Subsídios 1 018 987 0,6 0,6 -0,1 0,0 -12,8 -3,1

Juros 8 353 8 530 4,9 5,0 0,6 0,1 9,8 2,1

Outras despesas correntes 4 720 5 096 2,8 3,0 -0,1 0,2 -6,3 8,0

Despesa de capital 5 010 4 660 3,0 2,7 -0,7 -0,2 -21,7 -7,0

FBCF 4 271 3 686 2,5 2,2 -0,8 -0,4 -27,7 -13,7

Outras despesas de capital 739 974 0,4 0,6 0,2 0,1 49,9 31,9

Saldo global -9 050 -8 889 -5,3 -5,2 1,8 0,1

Saldo primário -697 -358 -0,4 -0,2 2,4 0,2

Receita fiscal e contributiva 57 903 62 021 34,1 36,2 -0,7 2,1 -5,7 7,1

Despesa corrente primária 68 213 71 844 40,2 42,0 -1,1 1,8 -6,3 5,3

Despesa primária 73 222 76 504 43,2 44,7 -1,8 1,5 -7,5 4,5

Por memória:

PIB (em mil M€) 169,7 171,2

Fontes: INE, Ministério das Finanças e cálculos da UTAO. l Notas: Os impostos indiretos correspondem a impostos sobre

a produção e a importação e os impostos diretos correspondem a impostos sobre o rendimento e património. Nas

outras receitas correntes estão incluídas as vendas. Em 2013, o saldo orçamental foi ajustado da injeção de capital no

BANIF e das receitas obtidas com o Regime Excecional de Regularização de Dívidas Fiscais e à Segurança Social (RERD).

Em 2012, o saldo foi ajustado do aumento de capital da CGD, da transferência da parte remanescente da sobretaxa de

IRS 2011 relativa aos sujeitos passivos independentes, da concessão de licenças da 4.ª geração da rede móvel, da

regularização de pagamentos devidos à União Europeia no âmbito da revisão do Rendimento Nacional Bruto, da receita

do repatriamento de capitais (RERT) e das imparidades associadas à transferência de ativos do BPN para a Parvalorem e

Parups.

31 A receita total das administrações públicas aumentou 1,7 p.p. do PIB em 2013, o que se ficou a dever sobretudo ao aumento da receita fiscal e contributiva. Destaca-se, nomeadamente,

o aumento da receita de impostos diretos, que incidem sobre o rendimento e património, em 24,2% e

o crescimento da receita de contribuições sociais em 3,3%. Estes resultados refletem, sobretudo, o

aumento da tributação ao nível dos impostos diretos, mas também o efeito positivo sobre a receita

que decorreu da reposição dos subsídios de férias e de Natal. Ao nível das outras receitas correntes

registou-se igualmente uma evolução positiva, que se traduziu num crescimento de 4,2%,

fundamentalmente devido ao aumento da receita de dividendos, associada à participação nos lucros

26 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 140

|Unidade Técnica 140UTAO d e Apoio Orçamental

do Banco de Portugal (359,3 M€ em 2013 que compraram com 18,7 M€ em 2012), mas também

devido às comissões recebidas relativas a empréstimos avalizados pelo Estado e aos juros dos

empréstimos concedidos no âmbito das medidas de apoio ao setor bancário. As transferências do

Fundo Social Europeu recebidas pelas administrações também contribuíram para aquele aumento,

assim como a receita de vendas, onde se incluem as vendas realizadas por empresas públicas

reclassificadas para dentro do perímetro com a adoção do SEC2010. No seu conjunto, a receita

corrente registou um aumento de 6,6%. Pelo contrário, as receitas de capital evidenciaram um

decréscimo de 35,8% face a 2012 (ano em que tinham registado um aumento de 42,7%), para um nível

de receita mais próximo ao registado em 2011. A redução das receitas de capital verificada em 2013

refletiu em grande medida a redução de ajudas ao investimento recebidas da União Europeia pelo

setor das administrações públicas.

32 A despesa total registou um aumento de 1,6 p.p. do PIB, ligeiramente inferior ao aumento da receita, o qual esteve associado fundamentalmente ao crescimento das despesas

com pessoal e com prestações sociais. Em 2013, as despesas com pessoal e as prestações sociais

evidenciaram aumentos de 6,3% e 5,1%, respetivamente, o que se deveu em grande medida à

reposição dos subsídios anteriormente referida. A redução do número de funcionários públicos

contribuiu, ainda assim, para a contenção das despesas com pessoal. No que se refere às outras

prestações sociais que não pensões, verificou-se também um crescimento da despesa com subsídio de

desemprego, embora as restantes prestações sociais em dinheiro tenham mantido a tendência de

queda verificada nos anos anteriores. A evolução destas componentes traduziu-se num crescimento

de 5,0% da despesa corrente. O efeito do aumento da despesa corrente foi em parte compensado

pela queda das despesas de capital, que registaram em 2013 uma nova redução, de 7,0%, após se

terem reduzido em 2011 e em 2012 em mais de 20% ao ano. A redução destas despesas voltou a estar

essencialmente associada a uma redução do investimento, que em 2013 verificou uma queda de

13,7%, destacando-se nesta evolução a redução do investimento realizado por empresas públicas,

nomeadamente pelas empresas Parque Escolar e Estradas de Portugal. No que se refere às outras

despesas de capital, verificou-se um crescimento em 2013, para o qual contribuiu o pagamento

associado ao défice tarifário.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 27

Página 141

Unidade Técnica 141UTAO|d e Apoio Orçamental

IV Financiamento e Dívida Pública 33 Em 2013, assistiu-se a alguma volatilidade das taxas de rendibilidade da dívida pública portuguesa no mercado secundário, seguida de uma relativa estabilização. No final de 2013, a

taxa de rendibilidade da dívida pública portuguesa a 10 anos atingiu 6,0% (a taxa de rendibilidade

fixava-se em 6,5% no inicio do ano), tendo durante o ano atingido um máximo de 7,4% e um mínimo

de 5,2% (Gráfico 7). Para a volatilidade apresentada contribuíram fatores externos como a

implementação de novos estímulos monetários por parte do Banco Central Europeu e, em sentido

inverso, a redução do programa de aquisições de ativos financeiros por parte da Reserva Federal dos

EUA. Adicionalmente, o aumento da volatilidade da dívida pública portuguesa apresentado nos meses

de junho e julho estão, em parte, associados ao clima de instabilidade e incerteza política que se

instalou em Portugal nesse período. Também no mês de setembro as taxas de rendibilidade da dívida

pública portuguesa no mercado secundário sofreram um aumento devido à incerteza quanto à

conclusão da oitava e nona avaliação do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro por parte

do BCE/CE/FMI, num mês em que também se realizaram as eleições autárquicas. Com efeito, surgiram

rumores quanto a um segundo resgate, tendo estes sido desmentidas de forma imediata pelas várias

instituições envolvidas na avaliação do PAEF. Pela positiva, o Eurogrupo aprovou em junho as

extensões de maturidades dos empréstimos a Portugal e à Irlanda, no âmbito do PAEF, ao mesmo

tempo que aprovava normas sobre a recapitalização bancária através do Mecanismo Europeu de

Estabilidade. O Conselho da UE decidiu, no final de junho, sobre o fundo de resolução bancária e os

novos requisitos de capital associados. Por último, de salientar que se assistiu a uma estabilização

generalizada das taxas de rendibilidades da dívida pública dos vários países europeus durante o ano

de 2013.

Gráfico 7 – Taxas de rendibilidade de Obrigações do Tesouro a 10 anosem 2013

(em percentagem)

8,0

7,0

6,0 6,0

PRT 5,0

4,0

3,0

2,0

1,0

0,0

Jan-13 Fev-13 Mar-13 Abr-13 Mai-13 Jun-13 Jul-13 Ago-13 Set-13 Out-13 Nov-13 Dez-13

Portugal Itália Espanha Irlanda França Bélgica Alemanha

Fonte: IGCP. | Nota:A taxa de rendibilidade é referente a títulos da dívida pública com

uma maturidade residual de 10 anos.

34 No final de 2013, segundo o sistema europeu de contas nacionais SEC 95, o rácio da dívida bruta da administração pública atingiu os 129% do PIB, representando um acréscimo de

4,9 p.p. face ao ano anterior. O rácio da dívida pública em percentagem do PIB manteve em 2013 a

tendência de acréscimo verificada em anos anteriores, fixando-se no final de ano em 129% do PIB, o

28 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 142

|Unidade Técnica 142UTAO d e Apoio Orçamental

que representa um acréscimo de 4,9 p.p. face ao registado no final de 2012. Para este aumento

contribuiu, sobretudo, o efeito dinâmico intrínseco à dívida (3,8 p.p.), no qual o acréscimo via efeito de

juros (4,2 p.p.) foi parcialmente compensado pelo efeito positivo de crescimento nominal da atividade

económica (0,4 p.p.). Adicionalmente, quer o ajustamento défice-dívida (0,4 p.p.), quer o saldo

primário (0,6 p.p.) concorreram para o aumento da dívida em 2013 (Gráfico 8). No caso do

ajustamento défice-dívida, de salientar a regularização de empréstimos à Parpública e a redução dos

créditos comerciais da Administração Regional e a administração Local. Em sentido contrário, destaca-

se a receita proveniente da alienação de partes sociais de empresas como a ANA – Aeroportos de

Portugal, SA e os CTT.

Gráfico 8 – Dinâmica da dívida pública (SEC 95)

(em p.p. do PIB)

14,3 15,816

145,4

12

10 9,03,9

8

6 4,91,0 0,4

4 4,5

2 4,14,2

2,10 0,3 0,6-0,4

-22011 2012 2013

ajustamento défice-dívida

efeito crescimento PIB nominal

efeito juros

efeito saldo primário

Variação da dívida Fonte: INE, Procedimento dos Défices Excessivos de abril de 2014.

35 Segundo o novo método contabilístico (SEC 2010), o rácio de dívida pública fixou-se em 6, 7

128% do PIB. De acordo com o novo método contabilístico posto em prática em 2014, o rácio de

dívida pública no final de 2013 atingiu os 128% do PIB (219,2 mil M€), o que representa um acréscimo

de 3,2 p.p. face ao final de 2012. O aumento da dívida pública observada em 2013 justifica-se pelo

efeito juros (5,0 p.p.), tendo sido parcialmente compensado pela melhoria da atividade económica em

termos nominais (-1,1 p.p.), pelo saldo orçamental primário (contributo de -0,1 p.p.) e pelo

ajustamento défice-dívida que contribuiu positivamente para a redução da dívida bruta consolidada

das administrações públicas. Adicionalmente, a dívida pública excluindo os depósitos da administração

central fixou-se em 117,5% do PIB no final de 2013, o que representa um aumento de 2,9 p.p. face a

6 Desde setembro de 2014, o Sistema Europeu de Contas Nacionais (SEC 2010), instituído pelo Regulamento (EU) n.º549/2013

do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de maio de 2013, substituiu o SEC 95. O SEC é de aplicação obrigatória em todos

os Estados-Membros. 7 O INE iniciou a em 29 de agosto a divulgação das Contas Nacionais na nova Base 2011 compiladas de acordo com o novo do

Sistema Europeu de Contas (SEC 2010). O SEC 2010 introduziu diversas alterações metodológicas no que respeita à compilação

das Contas das Administrações Públicas, com impactos relevantes no respetivo saldo orçamental e dívida pública,

nomeadamente as relativas à análise da classificação setorial das unidades institucionais públicas, ao registo das transferências

de fundos de pensões e à alteração do registo de juros relativos a operações de swap. Simultaneamente, como referido em

destaques anteriores, também o nível do PIB foi revisto devido às alterações metodológicas decorrentes da implementação do

SEC 2010.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 29

Página 143

Unidade Técnica 143UTAO|d e Apoio Orçamental

82012. Nesse sentido, os depósitos da administração central aumentaram em 0,3 p.p. do PIB. De

acordo com os dados do Banco de Portugal, as diferenças obtidas no valor da dívida pública segundo

os diferentes sistemas de contas nacionais (SEC 95 e SEC 2010), de 213,6 mil M€ para 219,2 mil M€,

deve-se sobretudo à alteração da delimitação sectorial, i.e., do universo das entidades públicas para

efeitos de contas nacionais (7,4 mil M€).

Tabela 19 – Dinâmica da dívida pública (SEC 2010)

(em p.p. do PIB)

2012 2013

Dívida Bruta Consolidada das AP (final do ano) 124,8 128,0

variação da dívida (p.p. do PIB) 13,7 3,2

Efeito Dinâmico 9,2 3,9

Efeito Juros 4,9 5,0

Efeito do crescimento nominal do PIB 4,3 -1,1

Efeito do Saldo Primário 0,6 -0,1

Outros 4,0 -0,5

Dívida Pública exc. Depósitos da AC 114,6 117,5 Fonte: Banco de Portugal, Ministério das Finanças.

Tabela 20 – Contributos para a revisão do saldo e da dívida das

administrações públicas

(em p.p. do PIB)

2011 2012 2013

Dívida Pública (SEC 95) 108,2 124,1 129,0

Revisão Total 2,8 0,7 -1,0

Efeito de alteração da dívida nominal 6,1 4,2 3,3

Efeito de alteração do PIB nominal -3,3 -3,5 -4,3

Dívida Pública (SEC 2010) 111,1 124,8 128,0 Fontes: INE, Banco de Portugal, Ministério das Finanças e

cálculos da UTAO

36 As necessidades líquidas de financiamento do subsetor Estado decorreram, sobretudo, do montante usado para o pagamento de juros e outros encargos. Em 2013, as necessidades

líquidas de financiamento do subsetor Estado, apuradas na ótica da contabilidade pública, atingiram

11,1 mil M€, o que representa uma redução de 6,9 mil M€ face ao ano anterior (Tabela 21). As

necessidades líquidas de financiamento de 2013 foram justificadas pelo elevado valor dos juros e

outros encargos (6,8 mil M€), pelo défice primário (822 M€), pela recapitalização do BANIF por parte

do Estado através da subscrição de 400 M€ de CoCos e da aquisição de capital no valor de 700 M€, e

pela aquisição líquida de outros ativos financeiros (3,8 mil M€). Em sentido contrário, encontra-se a

8 Com a nova metodologia, diversas novas entidades foram inseridas no perímetro das administrações públicas, nomeadamente

a Parpública, sendo de recordar que os empréstimos às entidades dentro do perímetro da administração pública não têm

impacto sobre a dívida pública. Por este motivo, entre outros, o ajustamento de défice-dívida calculado através do SEC 95 é

distinto do que se obtém no âmbito do SEC 2010.

30 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 144

|Unidade Técnica 144UTAO d e Apoio Orçamental

9receita de privatizações no valor de 1,4 mil M€. O decréscimo das necessidades líquidas de

financiamento do subsetor Estado face a 2012 resulta, em parte, da menor utilização de fundos 10

públicos para recapitalização do sistema bancário (4,5 mil M€ em 2012). Por último, no final de

2013 restava ainda uma parcela de 6,4 mil M€ cativa no Banco de Portugal para reforço da

estabilidade financeira. Excluindo este montante, o saldo de financiamento disponível para exercícios

orçamentais seguintes situou-se em cerca de 3,6 mil M€.

37 Apesar das necessidades líquidas de financiamento em 2013 terem ficado em linha com previsto no OE/2013, o mesmo não aconteceu nas suas componentes. Em 2013, registou-se um

desvio favorável, apesar de pouco significativo, das necessidades líquidas de financiamento (11 148

M€) face à estimativa apresentada no OE/2013 para (11 478 M€). No entanto, por componente

registaram desvios significativos. Por um lado registou-se um défice orçamental primário (822 M€),

estando previsto no Orçamento do Estado um saldo orçamental primário, por outro lado a aquisição

líquida de ativos financeiros verificada foi inferior à estimada. Relativamente às amortizações e

anulações de dívida fundada, observou-se um acréscimo face ao previsto devido, sobretudo, às

amortizações e anulações de dívida relativo às Obrigações do Tesouro. Tal deveu-se, em parte, à

operação de oferta de troca de três OT com maturidades em junho de 2014, outubro de 2014 e

outubro de 2015 por contrapartida, de igual valor nominal, das OT com maturidades em outubro de

2017 e junho de 2018 (no montante de 6,6 mil M€). Esta operação permitiu a redução dos

compromissos para 2014 e 2015, tendo o refinanciamento passado para 2017 e 2018.

Tabela 21 – Necessidades de Financiamento do Estado

(em milhões de euros)

Variação homóloga Orçamento Grau de 2011 2012 2013

em valor em % 2013 Execução

Necessidades líquidas de financiamento 13 277 18 034 11 148 -6 886 -38,2 11 478 97,1

Défice primário 1 005 2 022 822 -1 200 -59,3 -344 -238,9

Juros e outros encargos 6 039 6 874 6 843 -31 -0,5 7 276 94,0

Outros (1) 7 233 9 138 3 483 -5 655 -61,9 4 546 76,6

Amortizações e anulações 39 732 36 819 34 945 -1 874 -5,1 28 773 121,5

Certi ficado de Aforro 4 820 2 229 922 -1 307 -58,6 900 102,4

Curto prazo em euros 25 321 17 985 21 615 3 630 20,2 22 045 98,0

Médio e longo prazo em euros 9 592 16 485 13 145 -3 340 -20,3 5 828 225,5

Outros (2) -1 120 -735 -855 -712,5 - -

Necessidades Brutas de Financiamento 53 009 54 853 46 093 -8 760 -16,0 40 251 114,5 Fontes: Ministério das Finanças e IGCP. | Notas: As amortizações e anulações referem-se a dívida fundada. (1) Inclui a aquisição

líquida de ativos financeiros, o reforço da estabilidade financeira, a dotação para o FRDP e a receita de privatizações utilizada

para a amortização da dívida (esta última com um contributo negativo). (2) Inclui a dívida em moeda não euro e os fluxos de

capital de swaps.

9 A receita decorreu da privatização da ANA – Aeroportos de Portugal, SA (992,5 M€) e dos CTT (466,9 M€), tendo sido 1 340 M€

consignados para amortização da dívida pública. 10

Através da emissão de instrumentos de capital contingente (CoCos) no âmbito dos processos de capitalização de um conjunto

de bancos nacionais.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 31

Página 145

Unidade Técnica 145UTAO|d e Apoio Orçamental

38 O nível de amortizações e anulações de dívida fundada registado em 2013 é de valor similar ao verificado em 2012. As necessidades brutas de financiamento totalizam 46,1 mil M€, dos

quais 34,9 mil M€, valor similar ao verificado em 2012, dizem respeito a amortizações e anulações de

dívida fundada (Tabela 22). Por instrumento de dívida, o volume de amortizações e anulações de

dívida relativo às Obrigações do Tesouro atingiu 13,1 mil M€, dos Bilhetes de Tesouro 15,2 mil M€ e

dos Certificados de Aforro e Tesouro 922 M€ e contrariamente a 2012, não se registou nenhuma

amortização de parte dos empréstimos recebidos no âmbito do PAEF.

39 O ano de 2013 caraterizou-se por um reavivar do mercado primário de Obrigações de Tesouro da República Portuguesa. As necessidades brutas de financiamento de 2013 foram

satisfeitas, sobretudo, através dos empréstimos concedidos no âmbito do PAEF (emissão líquida de 10

mil M€), tendo-se registado uma emissão significativa de Bilhetes de Tesouro no valor de 16,5 mil 11

M€. Adicionalmente, e apesar da redução do peso das Obrigações do Tesouro no total da dívida

(emissão líquida de -1,1 mil M€), verificou-se uma emissão bruta de OT no valor de 12 mil M€, o que

representa um acréscimo de 8,4 mil M€ face a 2012 e de 4,6 mil M€ face a 2011.

Tabela 22 – Composição do Financiamento

(em milhões de euros)

2012 2013

Emissões Amortizações Financ. Líquido Emissões Amortizações Financ. Líquido

Obrigações do Tesouro (taxa fixa) 3 575 14 150 -10 575 11 970 13 091 -1 121

Bi lhetes do Tesouro 17 777 12 461 5 316 16 505 15 236 1 269

Certi ficados de Aforro 393 2 122 -1 729 1 339 884 455

Certi ficados do Tesouro 224 107 117 599 38 561

Ass is tência financeira 28 460 985 27 475 10 001 0 10 001

Outros 6 504 6 985 -481 5 921 5 696 225

Total 56 933 36 810 20 123 46 335 34 945 11 390 Fonte: Ministério das Finanças e IGCP.

Tabela 23 – Composição do Financiamento e Execução

(em milhões de euros)

2013 OE/2013 Grau de Execução 2013

Emissões Amortizações Financ. Líquido Emissões Amortizações Financ. Líquido Emissões Amortizações

Obrigações do Tesouro (taxa fixa) 11 970 13 091 -1 121 0 5 829 -5 829 - 224,6

Bi lhetes do Tesouro 16 505 15 236 1 269 20 132 14 770 5 362 82,0 103,2

Certi ficados de Aforro 1 339 884 455 981 840 141 136,4 105,2

Certi ficados do Tesouro 599 38 561 0 60 -60 - 63,5

Ass is tência financeira 10 001 0 10 001 10 126 0 10 126 98,8 -

Outros 5 921 5 696 225 9 597 7 274 2 323 61,7 78,3

Total 46 335 34 945 11 390 40 836 28 773 12 063 113,5 121,5 Fonte: Ministério das Finanças e IGCP.

11

A 12 de abril de 2013, o Eurogrupo e o ECOFIN chegaram a um acordo de princípio com vista à extensão da maturidade

média ponderada dos empréstimos concedidos a Portugal e à Irlanda no âmbito do Mecanismo Europeu de Estabilização

Financeira (MEEF) e da Facilidade Europeia de Estabilidade Financeira (FEEF) por um período de sete anos.

32 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 146

|Unidade Técnica 146UTAO d e Apoio Orçamental

40 A posição da dívida direta do Estado registou um acréscimo significativo durante o ano de 2013. No final de 2013, a dívida direta do Estado ascendeu a 204,3 mil M€, o que representou um

acréscimo de 9,8 mil M€ face ao registado no final de 2012 (Tabela 24). Esse aumento resultou, em

parte, do financiamento do défice orçamental, da aquisição líquida de ativos financeiros e da

constituição de depósitos ao abrigo do PAEF. Dada a assistência internacional, os instrumentos de

dívida de médio e longo prazo da República Portuguesa, excluindo os empréstimos no âmbito do

PAEF, mantiveram a tendência de redução da sua importância no stock da dívida, de 49,1% para 46,2%,

apesar de menos significativa que a verificada em 2012. Relativamente aos instrumentos de curto

prazo, registou-se uma estabilização do peso dos Bilhetes do Tesouro, de 9,1% para 9,3%, bem como 12

do peso do stock de Certificados de Aforro e do Tesouro, de 5,7% para 6,1%. Os empréstimos

concedidos ao abrigo do PAEF ascenderam, ao valor nominal, a um total de 72,1 mil M€,

representando mais de 35% do stock total de dívida.Por último, de acordo com dados do IGCP e do

Ministério das Finanças, referir que da dívida direta do Estado, 10,8 mil M€ de títulos de dívida

estavam na posse dos SFA e 7,7 mil M€ na posse da Segurança Social no final de 2013.

Tabela 24 – Dívida Direta do Estado

(stock no final do ano, em milhões de euros e em percentagem)

Variação homólogaDez-11 Dez-12 Dez-13

em M€ em %

Titulada 125 743 119 840 119 511 -328 -0,3

Curto prazo 17 236 24 360 25 079 719 3,0

Médio e longo prazo 108 507 95 479 94 432 -1 047 -1,1

Não ti tulada 13 284 11 612 12 690 1 078 9,3

Cert. Aforro 11 384 9 669 10 132 462 4,8

Cert. do Tesouro 1 308 1 416 2 026 610 43,1

Outra 513 527 532 5 1,0

Ass is t. Financeira 35 862 63 013 72 051 9 037 14,3

Total 174 816 194 466 204 252 9 787 5,0

Por memória:

Transaccionável 121 670 115 280 114 810 -471 -0,4

Não Transaccionável 53 146 79 185 89 443 10 257 13,0

Euro 159 055 171 391 178 912 7 522 4,4

Não euro 15 761 23 075 25 340 2 265 9,8 Fontes: Ministério das Finanças, IGCP e cálculos da UTAO. | Notas: A dívida direta do Estado

corresponde aos passivos do subsetor Estado. De acordo com o Regulamento (CE) n.º

3605/93 do Conselho, de 22 de novembro, alterado pelo Regulamento (CE) n.º 475/2000 do

Conselho, de 28 de fevereiro, a dívida pública de Maastricht corresponde à totalidade das

responsabilidades brutas consolidadas do setor das administrações públicas, expressas em

termos nominais.

41 A despesa com juros e outros encargos permaneceu praticamente constante face ao ano anterior, atingindo um montante inferior ao orçamentado inicialmente. Os juros de dívida direta

do Estado fixaram-se em 6 924 M€, um valor próximo ao registado no ano anterior. Este valor constitui

um desvio favorável de 434 M€ face ao inscrito no OE/2013. Tal justifica-se, sobretudo, pela menor

despesa com juros com os empréstimos no âmbito do PAEF (1 704 M€ face aos 1 980 M€

12

No dia 31 de outubro de 2013, o IGCP lançou um novo instrumento de dívida pública, designado por Certificado do Tesouro

Poupança Mais (CTPM), destinado a promover a poupança de médio prazo das famílias.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 33

Página 147

Unidade Técnica 147UTAO|d e Apoio Orçamental

orçamentados). Adicionalmente, a taxa de referência do mercado interbancário diminuiu durante 2013

conduzindo a uma redução dos juros pagos nos instrumentos de dívida a curto-prazo. No entanto,

registou-se um aumento da despesa dos juros das OT face ao orçamentado (de 4 093 M€ para 4198

M€) devido à politica de recompra da divida pública com maturidade em 2014 e 2015. Nesse sentido,

o custo aparente da dívida direta do Estado, calculada como o rácio entre o valor dos juros do ano

(avaliado na ótica da contabilidade pública) e o valor médio do stock da dívida do ano em causa,

evidenciou um decréscimo, fixando-se em 2012 nos 3,5%. Este decréscimo refletiu o incremento anual

da dívida pública. Relativamente aos juros recebidos da aplicação de excedentes de tesouraria estes

fixaram-se em cerca de 169 M€ decorrente da manutenção de um saldo de disponibilidades de

tesouraria elevado. Noutro âmbito, de referir que o montante de juros pagos pelos bancos objeto de

apoio estatal, inseridos no programa de recapitalização das instituições de crédito portuguesas,

atingiu 434 M€ em 2013.

Tabela 25 – Juros com a dívida direta do Estado

(em milhões de euros e em percentagem)

2011 2012 2013 OE/2013

Juros (em M€) 5 776 7 019 6 924 7 292

Peso dos juros no PIB (em %) 3,3 4,1 4,1 4,3

Custo aparente da dívida (em %) 3,5 3,8 3,5 3,6

Fontes: IGCP, INE, e cálculos da UTAO.

42 O endividamento líquido global direto em 2013 foi inferior ao limite inscrito na primeira 13

alteração do Orçamento do Estado. O endividamento líquido global direto fixou-se em 7,2 mil M€

em 2013. Para tal contribuiu a variação da dívida direta do Estado em 9,8 mil M€, ao qual acresceu o

montante de dívida pública amortizado em resultado das receitas de privatizações (1,4 mil M€), e as

variações cambiais de sentido favorável (1,1 mil M€). Em sentido contrario, deduziram-se as emissões

líquidas para reforço de estabilidade financeira em 4 mil M€. Por último, o endividamento líquido dos

SFA junto de entidades externas à AC foi negativo em 1,6 mil M€, consequência da substituição do

financiamento de entidades externas por financiamento do Estado. Nesse sentido, o endividamento 14

líquido global direto foi inferior ao limite inscrito na primeira alteração do OE/2013 (15,8 mil M€).

Segundo a Lei de Enquadramento Orçamental (alvo de alterações de relevo em matérias de dívida

pública na Lei n.º 22/2011 de 20 de maio), o endividamento líquido global direto deve ter em

consideração o limite máximo de endividamento corrigido, i.e., ao limite de endividamento é deduzido

o financiamento antecipado (saldo de financiamento que transitou de 2012 excluindo depósitos

cativos para reforço da estabilidade financeira), sendo acrescido em 50% das amortizações da dívida

pública fundada a realizar no ano orçamental subsequente. Com esta nova regra, o limite máximo de

endividamento corrigido para 2013 seria de 26,2 mil M€, valor muito superior ao endividamento

líquido global direto de 2013 (7,2 mil M€).

13

O acréscimo do endividamento líquido global direto tem em consideração o endividamento líquido dos Serviços Integrados e

dos SFA. 14

No OE/2013, o artigo 131 determina como limite para o aumento do endividamento líquido global direto o valor de 12 350

M€.

34 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 148

|Unidade Técnica 148UTAO d e Apoio Orçamental

Tabela 26 – Endividamento líquido global direto

(em milhões de euros)

Variação do saldo da dívida direta 9787

Acréscimos (+)

Amortizações efetuadas pelo FRDP com receitas de privatizações 1380

Diferenças de câmbio favoráveis 1082

Deduções (-)

Emissões líquidas para reforço da estabilidade financeira 4000

Menos-valias obtidas na emissão de dívida 171

Fluxos de capital de swaps -798

Endividamento líquido do estado 8876

Endividamento líquido dos SFA (excluindo dívida à AC) -1630

Endividamento líquido global direto 7246 Fontes: IGCP.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 35

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Unidade Técnica 149UTAO|d e Apoio Orçamental

V Encargos Plurianuais com Parcerias Público-Privadas

A análise apresentada neste capítulo enquadra-se no âmbito do alargamento das competências da

UTAO no domínio das Parcerias Público-Privadas (PPP). Esta tem por base a informação

disponibilizada pelo Ministério das Finanças nos Orçamentos do Estado, nos Documentos de

Estratégia Orçamental e na Conta Geral do Estado de 2013, bem como informação recolhida a partir

de outras fontes nomeadamente: o relatório anual de 2013 da Unidade Técnica de Acompanhamento

de Projetos (UTAP) e o relatório anual da empresa Estradas de Portugal.

43 As renegociações dos contratos de parceria do setor rodoviário tiveram início em 2013. O ano de 2013 foi marcado pelo início do processo de renegociação das parcerias do setor rodoviário,

o qual visava reduzir os encargos suportados pelo setor público, alinhar adequadamente as estruturas

de incentivos entre os parceiros públicos e privados e minimizar riscos contingentes. De acordo com o

OE inicial, o qual foi elaborado tendo como pressuposto o início e a conclusão do processo negocial

em 2013, previa-se uma redução dos encargos brutos suportados pelo erário público (liquidados pelo

Estado ou pela empresa Estradas de Portugal, S.A.) em cerca de 250 M€ nesse ano. Esta representava

uma redução de cerca de 30% dos encargos originalmente contratados, para um montante de 721 M€ 15

em termos brutos. Posteriormente, com a primeira alteração orçamental ao OE/2013, o objetivo de 16

poupança foi elevado em 50 M€, para um total de 300 M€. As renegociações tiveram como objetivo

a obtenção de poupanças também ao nível dos pagamentos futuros. Com este propósito, no início de17

2013 foram iniciadas as renegociações dos seguintes contratos de PPP do setor rodoviário:

Concessões ex-SCUT do Norte Litoral, Grande Porto, Interior Norte, Costa de Prata, Beiras

Litoral e Alta, Beira Interior e Algarve;

Concessões com portagem real do Norte e Grande Lisboa;

Subconcessões da Estradas de Portugal, S.A.: Autoestrada Transmontana, Baixo Tejo, Baixo

Alentejo, Litoral Oeste, Pinhal Interior e Algarve Litoral.

O referido processo de renegociação visava, em termos gerais, a reestruturação do setor rodoviário

nacional e a sustentabilidade económica e financeira da Estradas de Portugal, S.A., reduzindo o

15

No âmbito do OE/2012, previamente ao início das renegociações, os encargos brutos previstos para 2013, a preços de 2012,

eram de 955 M€.

16 Lei n.º 51/2013 de 24 de julho, entre outras alterações, procede à primeira alteração à Lei n.º 66 -B/2012, de 31 de dezembro

(OE/2013).

17 Despacho n.º 16198-F/2012, de 10 de dezembro, do Coordenador da Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos,

Publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 245, de 19 de dezembro de 2012.

36 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 150

|Unidade Técnica 150UTAO d e Apoio Orçamental

impacto das PPP nas finanças públicas. Neste sentido, a comissão de renegociação definiu as

seguintes linhas estratégicas:

 Redução das Taxas Internas de Rendibilidade (TIR) acionistas previstas nos casos base para

valores compatíveis com o risco assumido pelas concessionárias;

 Redução dos custos operacionais das concessionárias, em sintonia com a adequação dos

níveis de serviço exigíveis com os standards e práticas europeias;

 Eliminação dos custos associados às grandes reparações;

 Dedução dos saldos das contas de reserva afetas às grandes reparações aos pagamentos a

efetuar pelo concedente e eliminação de reforços futuros.

Em maio de 2013 foram nomeadas mais duas comissões de renegociação, as quais visaram os

seguintes contratos de PPP no setor rodoviário:

Segundo Contrato de Concessão das Travessias Rodoviárias do Tejo em Lisboa (celebrado em

24/mar/1995 entre o Estado português e a Lusoponte – Concessionária para a Travessia do 18

Tejo, S.A.

Brisa – Concessão Rodoviária, S.A. relativo à concessão de construção, conservação e

exploração de autoestradas (celebrado entre o Estado português e a Brisa – Auto-Estradas de

Portugal, S.A., posteriormente cedido à Brisa – Concessão Rodoviária, S.A., com autorização do

Estado em 22 de dezembro de 2010).

Neste âmbito, refira-se também a rescisão do Contrato de Concessão Túnel do Marão, na qual foi

invocada justa causa com fundamento no incumprimento do contrato por parte da concessionária.

Este facto tem como efeito a transferência para o Estado português, via Estradas de Portugal, S.A., do

conjunto de bens e direitos subjacentes que integravam o estabelecimento da concessão. Contudo, as

referidas renegociações não foram concluídas em 2013.

44 Para além do início do processo de renegociação, o ano de 2013 foi caraterizado por outros factos com impacto ao nível dos encargos e da gestão dos projetos. O ano de 2013 foi

marcado pela ocorrência de um conjunto de eventos (Caixa 2). Para além do início das renegociações,

salienta-se a rescisão do contrato de concessão relativo ao Túnel do Marão, tendo sido invocada justa

causa com fundamento no incumprimento por parte da concessionária. No seguimento deste evento,

foram transferidos para o Estado, através da empresa Estradas de Portugal, a totalidade dos bens que

integravam o estabelecimento da concessão e os direitos subjacentes. Em novembro de 2013, o

contrato de gestão original do Centro de Medicina Física e de Reabilitação do Sul (CMFRS) caducou

por vencimento do prazo estabelecido, tendo a ARS do Algarve assumido a sua gestão direta. Refira-

se que o Tribunal de Contas recusou o visto ao contrato de prorrogação do prazo desta parceria.

18

Despacho n.º 7130/2013, de 8 de maio, do Coordenador da Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos, Publicado no

Diário da República, 2.ª série, n.º 106, de 3 de junho de 2013.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 37

Página 151

Unidade Técnica 151UTAO|d e Apoio Orçamental

45 Face ao verificado em 2012, em 2013 registou-se uma redução nos encargos líquidos suportados com PPP. Os encargos líquidos suportados com PPP registaram uma redução homóloga

em 2013 de 9,3% (-99 M€), sobretudo devido ao contributo das PPP do setor rodoviário. Com efeito,

os encargos líquidos com PPP rodoviárias reduziram-se 24,4% em 2013, o que representou um

decréscimo de 165 M€, em termos nominais, face a 2012. Esta redução resulta do efeito conjugado de

dois fatores: i) uma redução de 129 M€ nos encargos brutos com PPP rodoviárias e, ii) um acréscimo

de 36 M€ na receita obtida com as PPP rodoviárias, nomeadamente com portagens. No setor da saúde

registou-se um aumento dos encargos com PPP de 22,9%, o que representa mais 75 M€ que a

despesa suportada no ano anterior. Relativamente às PPP do setor da saúde, o aumento homólogo

dos encargos deveu-se ao aumento da atividade clínica dos estabelecimentos hospitalares já em

operação, mas também à entrada em funcionamento do Hospital de Vila Franca de Xira. Os setores

ferroviário e da segurança apresentam reduções homólogas embora menos expressivas, de 7 M€ e

2 M€, respetivamente.

46 Apesar da redução verificada em termos homólogos, a execução de 2013 apresentou um desvio global desfavorável quando comparada com a previsão orçamental inicial. Ao nível dos

encargos líquidos totais, o desvio de execução foi de 84,1 M€ (9,5%). O desvio concentrou-se ao nível

das PPP rodoviárias (61,9 M€) e das PPP do setor da saúde (24,1 M€). No que se refere às PPP

rodoviárias, os encargos brutos apresentaram uma execução superior à orçamentada em 83,8 M€, uma 19

vez que foram efetivamente pagos 805 M€ em vez dos 721 M€ previstos inicialmente (Tabela 27).

Ao nível das receitas também se registou um desvio de execução, tendo sido cobrados 294 M€,

quando tinham sido orçamentados 272 M€. Este acréscimo de receita compensou parcialmente o

desvio de execução verificado ao nível dos encargos brutos. De acordo com a CGE/2013, os desvios

desfavoráveis registados nos encargos brutos das PPP rodoviárias encontram-se fundamentados,

essencialmente, no facto de não ter sido possível concluir, em tempo útil, as renegociações das PPP

rodoviárias iniciadas em 2013, tendo uma parte destas poupanças acordadas transitado para o 20

exercício seguinte. De acordo com o Relatório Anual das PPP da UTAP relativo a 2013, no âmbito do

processo de renegociação das concessões rodoviárias, em 2013 foram obtidos acordos preliminares

com sete concessões, tendo sido possível incorporar parte das poupanças acordadas no âmbito dos

pagamentos realizados a algumas concessionárias. Adicionalmente, de acordo com o referido na

CGE/2013, os desvios verificados na execução das PPP rodoviárias terão sido compensados por

medidas alternativas operadas no orçamento da empresa Estradas de Portugal, S.A.. Contudo, embora

estas medidas possam ter compensado o impacto orçamental não obtido por via do processo de

renegociação, é de referir que são qualitativamente distintas, porquanto dizem respeito à gestão

interna da empresa Estradas de Portugal, S.A..

19

Recorde-se que a projeção de encargos brutos de 721 M€, subjacente ao OE/2013, incorporava uma estimativa de redução de

250 M€ relativamente aos encargos originalmente contratados, a qual seria resultado das renegociações iniciadas e,

previsivelmente, concluídas nesse mesmo ano. 20

A concretização das poupanças decorrentes do processo negocial só se efetivará integralmente após obtida a aprovação, por

parte das entidades financiadoras, das alterações contratuais acordadas com os parceiros privados, bem como da apreciação

das mesmas pelo Tribunal de Contas. Este processo só deverá estar concluído em 2015.

38 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 152

|Unidade Técnica 152UTAO d e Apoio Orçamental

Tabela 27 – Encargos com PPP: execução e desvios face ao OE/2013

Execução Variação homóloga Desvio face ao OE/2013Setor OE/2013

2012 2013 M€ % M€ %

Rodoviário 676 511 -165 -24,4 449 61,9 13,8

Encargos brutos 933 805 -129 -13,8 721 83,8 11,6

receitas 258 294 36 14,0 272 21,9 8,1

Ferroviário 17 10 -7 -40,2 12 -1,6 -13,3

Saúde 326 401 75 22,9 377 24,1 6,4

Segurança 48 46 -2 -4,6 46 -0,3 -0,7

em M€ 1067 968 -99 -9,3 884 84,1 9,5Total

em % do PIB 0,63 0,57 0,52 Fontes: Ministério das Finanças (OE/2013, CGE/2013) e cálculos da UTAO. | Nota: PIB conforme nova metodologia de contas

nacionais (SEC 2010).

47 As previsões de encargos com PPP para 2013 têm vindo a ser revistas no âmbito dos sucessivos Orçamentos do Estado. Em cada relatório do Orçamento do Estado tem sido apresentada,

desde 2004, uma projeção para os encargos plurianuais (Tabela 28).Com base nesses relatórios, é

possível apresentar uma evolução das projeções de encargos para o ano 2013.Contudo, estas

projeções devem ser interpretadas com a devida precaução, uma vez que o formato do quadro

apresentado nos relatórios do Orçamento do Estado foi sendo modificado ao longo do tempo, 21

condicionando a comparabilidade. A existência de dois processos de renegociação, em 2010 e a

iniciada em 2013, também condicionam a comparabilidade, sendo de destacar a introdução de

pagamentos às concessionárias por disponibilidade do serviço prestado, entre 2010 e 2011, em

substituição dos pagamentos associados ao tráfego real ocorrido em cada concessão. A revisão

ocorrida no OE/2013 incorpora o resultado previsto das renegociações iniciadas em 2013, a qual

traduz a diminuição da previsão de encargos brutos com PPP do setor rodoviário. Todavia, esta

diminuição de encargos brutos foi compensada por idêntica diminuição da previsão de receitas com 22

portagens. Com efeito, nesta previsão do OE/2013, regista-se uma redução dos encargos brutos com

as PPP rodoviárias de 233 M€ face à previsão efetuada no ano anterior, no âmbito do OE/2012, tendo

a revisão em baixa das receitas previstas com as PPP rodoviárias sido de 243 M€. No relatório do

OE/2014, divulgado em outubro de 2013, a estimativa para os encargos brutos de 2013 foi de 681 M€

e para as receitas foi de 264 M€.

21

A título de exemplo, verifica-se que no relatório do OE/2009 o Ministério das Finanças alterou o formato do quadro dos

encargos plurianuais, passando a incluir uma previsão para as receitas resultantes dos pagamentos das subconcessionárias

rodoviárias à empresa Estradas de Portugal. A esse respeito, para 2013, a previsão de receita que consta no relatório do OE/2009

é de 240 M€. Esta alteração justifica a significativa revisão em baixa da previsão de encargos de 2013, ocorrida entre o OE/2008

e o OE/2009. O formato do quadro altera-se novamente no relatório do OE/2010, deixando de figurar a referência às receitas de

pagamentos. 22

Para a redução das receitas de tráfego terá contribuído a subida do preço dos combustíveis e a crise económica e financeira,

mas terá sido sobretudo o excesso de otimismo na projeção de tráfego que justificou os significativos desvios negativos

verificados.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 39

Página 153

Unidade Técnica 153UTAO|d e Apoio Orçamental

Tabela 28 – Evolução das previsões para os encargos do ano 2013

(em milhões de euros)

Encargos previstos para 2013 Sectores Por memória:

Doc.: OE/2005 OE/2006 OE/2007 OE/2008 OE/2009 OE/2010 OE/2011 OE/2012 OE/2013 OE/2014 Execução

Rodoviárias 759 744 752 782 474 323 314 439 449 417 511

Encargos brutos - - - - - - - 9 54 721 681 805

Receitas - - - - - - - 5 15 272 264 294

Ferroviárias - - - - - - - 45 12 9 10

Saúde 630 493 354 457 536 550 494 3 69 377 394 401

Segurança - - 46 - 43 43 48 46 46 50 4 6

Total 1 389 1 237 1 152 1 239 1 053 916 856 899 885 869 9 68 Fontes: Ministério das Finanças (Orçamentos do Estado e Conta Geral do Estado de 2013) | Nota: Os valores constantes no

quadro reproduzem a informação disponibilizada nos relatórios do Orçamento do Estado. Para efeitos de comparabilidade,

procedeu-se a um apuramento dos encargos previstos a preços de 2013. Deve notar-se que o formato do quadro apresentado

nos relatórios do Orçamento do Estado foi sendo modificado ao longo do tempo, condicionando a comparabilidade.

48 As PPP rodoviárias continuam a representar a maioria dos encargos líquidos suportados com PPP. Em 2013, as PPP do setor rodoviário continuaram a representar a maioria dos encargos

líquidos suportados com PPP (53%), pese embora tenham reduzido o seu peso no total em cerca de

10 p.p.. Em contrapartida, a proporção de encargos suportados com PPP do setor da saúde aumentou

de 31% para 41%, de 2012 para 2013. Relativamente aos encargos brutos suportados com as PPP do

setor rodoviário, em 2012 representaram cerca de 70% do total de encargos brutos, proporção que

desceu para 64% em 2013. Neste âmbito, em 2013 há a registar o fim da parceria do Túnel do Marão,

cujo contrato foi rescindido pelo Estado Português em meados de 2013.

Gráfico 9 – Distribuição dos encargos líquidos previstos com PPP

(em milhões de euros e em percentagem)

2012 2013

48; 4% 46; 5%

326; 31%

401; 41%511; 53%

676; 63%

17; 2%

10; 1%

Rodoviário Ferroviário Saúde Segurança Rodoviário Ferroviário Saúde Segurança

Fontes: Ministério das Finanças e UTAP.

40 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

Página 154

|Unidade Técnica 154UTAO d e Apoio Orçamental

49 Os encargos suportados com as PPP do setor da saúde aumentaram face ao ano anterior, registando-se também um desvio desfavorável face ao valor orçamentado. Os encargos

suportados com as PPP do setor da saúde ascenderam a 401 M€ em 2013, registando-se um

crescimento de 22,9% face a 2012 (+75 M€). De acordo com o relatório anual da UTAP relativo a 2013,

o crescimento dos encargos com as PPP no setor da saúde resultou: i) do aumento da atividade clínica

das entidades gestoras dos estabelecimentos de saúde; ii) do início dos pagamentos dos encargos

relativos ao novo edifício do Hospital de Vila Franca de Xira. O aumento da atividade clínica dos

estabelecimentos de saúde teve como consequência um aumento homólogo dos respetivos encargos

em cerca de 16%, e, a entrada em funcionamento do novo edifício do Hospital de Vila Franca de Xira 23

terá resultado num aumento de 62% nos encargos com a vertente infraestrutural. Face aos valores

inicialmente orçamentados, a execução dos encargos com PPP do setor da saúde registou um desvio

desfavorável de 6,4%, situando-se o volume de encargos cerca de 24 M€ acima do inicialmente

previsto. Mais concretamente, de acordo com o acima referido relatório da UTAP, os desvios mais

significativos estão relacionados com o facto de o nível de produção acordado entre o parceiro

público e as entidades gestoras dos estabelecimentos hospitalares, se terem revelado mais elevados

que o inicialmente estimado, nomeadamente nos seguintes casos:

Hospital de Cascais: ocorrência de um pagamento de reconciliação relativo à atividade de 2012,

consideravelmente superior à esperada e que resultou num desvio de 16%;

Hospital de Braga: i) ocorrência do pagamento de reconciliação relativo à atividade desde o

início do contrato (Setembro/2009) até 2012, facto que não estava considerado na estimativa

inicial realizada pelo Ministério da Saúde; ii) pagamentos relativos ao Protocolo VIH/SIDA que

não tinham sido estimados à data da elaboração do Relatório do OE/2013. No seu conjunto,

estes factos resultaram num desvio de 18% face aos valores inicialmente orçamentados.

50 Os encargos suportados com PPP do setor ferroviário reduziram-se face ao ano anterior, registando um desvio favorável face ao orçamentado. Em 2013 os encargos suportados com o

setor ferroviário ascenderam a 10 M€, verificando-se uma redução em termos homólogos de 40,2%.

Face ao valor orçamentado, registou-se um desvio favorável de 13,3%. A referida redução homóloga

ficou a dever-se, sobretudo, a pagamentos de compensações aos concorrentes do concurso da Alta

Velocidade Ferroviária no troço Lisboa-Poceirão ocorridos no ano de 2012. Estas indemnizações, que

ascenderam a um total de cerca de 12,2 M€, foram pagas aos concorrentes Agrupamento Alta Via Tejo

e Agrupamento Elos, ao abrigo dos artigos “79.º – Causas de não adjudicação” e “80.º – Revogação da

decisão de contratar” do Código dos Contratos Públicos, devido à decisão de não adjudicação do

contrato no âmbito do referido concurso público. No final de 2013, foi nomeada a comissão com o

objetivo de renegociar o contrato de concessão de exploração do eixo ferroviário Norte-Sul, celebrado 24

entre o Estado Português e o parceiro privado Fertagus.

23

Refira-se que, em anos anteriores, uma parte dos encargos relacionados com contratos de PPP no sector da saúde estavam

englobados no Orçamento da Saúde por via dos hospitais públicos, entretanto substituídos por hospitais em regime PPP. 24

Despacho n.º 15985/2013, de 15 de novembro, do Coordenador da Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos,

publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 239, de 10 de dezembro de 2013.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 41

Página 155

Unidade Técnica 155UTAO|d e Apoio Orçamental

51 Os encargos com a PPP no setor da segurança registaram uma redução homóloga, em linha com o orçamentado. No setor da segurança, o Estado encontra-se vinculado à PPP referente ao

Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), que visa proceder à

conceção, gestão e manutenção de um sistema integrado de tecnologia truncking digital. Em 2013, os

encargos suportados com esta parceria ascenderam a 46 M€, registando-se uma redução homóloga

de 4,6%.

Caixa 2 – Fatores que afetam a comparabilidade homóloga dos encargos com PPP

A execução dos encargos com PPP encontra-se influenciada por factos extraordinários, ocorridos em 2012 e

em 2013, que condicionam a comparabilidade homóloga entre os respetivos valores da execução orçamental

de cada um dos anos. De acordo com informação disponibilizada pela UTAP no “Relatório Anual das PPP –

2013”, divulgado em Dezembro de 2014, é possível identificar um conjunto de operações que complementam

a informação divulgada na CGE/2013.

Assim, foram identificados os seguintes fatores que afetam a comparabilidade homóloga entre os exercícios de

2012 e 2013:

 Os acertos realizados relativamente à parceria do Túnel do Marão, cujo contrato de concessão foi rescindido em meados de 2013. Estes acertos traduziram-se num fluxo financeiro positivo para a

empresa Estradas de Portugal de cerca de 1,4 M€.

 A entrada em funcionamento do novo edifício do Hospital de Vila Franca de Xira, tendo-se iniciado os respetivos pagamentos à Entidade Gestora do Edifício a partir do 2.º trimestre de 2013; e, o

fim da parceria do CMRS em novembro de 2013, passando a gestão direta do centro a ser assumida

pela ARS Algarve;

 O pagamento, em 2013, de valores de reconciliação às Entidades Gestoras dos Estabelecimentos dos hospitais de Braga (período 2009-2012) e de Vila Franca de Xira (período 2011 e 2012), relativos à

atividade de mais do que um ano;

 O pagamento (em 2013) de reconciliação referente à atividade de 2012da Entidade Gestora do Edifício do Hospital de Loures, o qual não apresenta correspondência em 2012, dado que o edifício

hospitalar entrou em operação em 2012.

 Pagamento extraordinário de indemnizações e de compensações relativas a mais do que um ano. Em 2012 o valor total de encargos com as parcerias ferroviárias encontrava-se influenciado pelo

pagamento extraordinário de indemnizações aos agrupamentos concorrentes da Alta Velocidade

Ferroviária (AVF Lisboa-Poceirão), no montante total de 12,2 M€, na sequência da decisão de não

adjudicação do respetivo contrato. Este pagamento extraordinário realizado em 2012 justifica a

redução de encargos verificada entre 2012 e 2013 (-40,2%). Assim, excluindo esta operação, ter-se-ia

registado um aumento dos encargos em cerca de 74%, explicado pelos encargos com a concessão do

Metro Sul do Tejo, relacionados com pagamentos de faturas correspondentes a compensações

relativas a mais de doze meses de atividade. Estas compensações decorrem de desvios verificados

entre o nível de tráfego real e o limite mínimo da banda de tráfego de referência definida no contrato (1)

de concessão.

42 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

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|Unidade Técnica 156UTAO d e Apoio Orçamental

Relativamente ao setor rodoviário, é de salientar que a diminuição dos encargos líquidos registada em 2013

encontra-se influenciada pelo pagamento extraordinário de 76,7 M€ ocorrido em 2012, relativo aos

investimentos efetuados nos sistemas de cobrança de portagens (sistemas de portagem real) implementados

nas Ex-SCUT da Beira Litoral/Beira Alta, do Interior Norte, da Beira Interior e do Algarve.

Por outro lado, foram pagas compensações em 2012 (5,7 M€), referentes, sobretudo às concessões do Oeste

(pagamento do investimento no alargamento da CRIL/Loures, da responsabilidade da Estradas de Portugal), da

Beira Interior, (pagamento de custos incorridos pela concessionária devido ao atraso na introdução de

portagens) e do Norte Litoral (reequilíbrios financeiros).

Em 2013, registou-se o recebimento de 1,4 M€ por “trabalhos a menos”, comparticipados pela Estradas de

Portugal, referente ao investimento realizado no alargamento do troço CRIL/Loures da concessão Oeste; e, o

recebimento de 15,7 M€ da sociedade exploradora da subconcessão Transmontana, por compensação

devida ao concedente, decorrente de alterações ao projeto que se traduziram numa redução do custo de

construção das vias.

Relativamente às concessões Beira Litoral/Beira Alta e Interior Norte, em 2013, os “custos com serviço de

cobrança de portagem” encontram-se influenciados por um acerto provisório de contas relativo aos 12

meses iniciais de operação destas concessões. Tal facto resultou na devolução à EP de encargos com a

cobrança de portagens nos seguintes montantes: 1,5 M€ no caso da Beira Litoral/Beira Alta, e 1,99 M€ no caso

da concessão Interior Norte.

(1) Os valores apresentados pela concessionária para pagamento obedecem a um processo de controlo e fiscalização, o que

determina a ocorrência de atrasos nas liquidações previstas.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 43

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Unidade Técnica 157UTAO|d e Apoio Orçamental

VI ANEXO

Tabela 29 – Conta consolidada (ajustada) das administrações públicas: comparação face ao OE/2013

(em milhões de euros, em percentagem e em pontos percentuais)

2013 Rácios do PIB

OE inicial (M€) CGE (M€) Desvio (M€) OE inicial (%) CGE (%) Desvio (p.p.)

Receita corrente 71 228,1 70 094,6 -1 133,5 41,6% 40,9% -0,7

Impostos diretos 19 737,1 19 863,7 126,6 11,5% 11,6% 0,1

Impostos indiretos 21 434,1 21 009,9 -424,2 12,5% 12,3% -0,2

Contribuições para Segurança Social, CGA, ADSE 18 241,7 18 290,3 48,6 10,7% 10,7% 0,0

Outras receitas correntes 11 815,3 10 930,7 -884,6 6,9% 6,4% -0,5

Receita de capital 2 482,1 2 460,5 -21,6 1,4% 1,4% 0,0

Receita efetiva 73 710,3 72 555,1 -1 155,2 43,1% 42,4% -0,7

Despesa corrente 76 380,3 77 301,1 920,8 44,6% 45,1% 0,5

Despesas com o pessoal 15 739,7 16 398,0 658,3 9,2% 9,6% 0,4

Aquisição de bens e serviços 13 149,4 13 287,2 137,9 7,7% 7,8% 0,1

Juros e outros encargos 8 629,7 7 943,9 -685,8 5,0% 4,6% -0,4

Transferências correntes 35 137,8 36 310,1 1 172,3 20,5% 21,2% 0,7

Subsídios 2 025,7 2 332,2 306,5 1,2% 1,4% 0,2

Outras despesas correntes 1 698,0 1 029,7 -668,3 1,0% 0,6% -0,4

Despesa de capital 5 542,5 4 593,6 -948,9 3,2% 2,7% -0,6

Investimento 4 309,8 3 437,2 -872,5 2,5% 2,0% -0,5

Transferências de capital 1 115,1 987,3 -127,9 0,7% 0,6% -0,1

Outras despesas de capital 117,6 169,1 51,5 0,1% 0,1% 0,0

Despesa efetiva 81 922,7 81 894,7 -28,1 47,8% 47,8% 0,0

Saldo global -8 212,4 -9 339,6 -1 127,1 -4,8% -5,5% -0,7

Por memória:

Saldo corrente -5 152,1 -7 206,5 -2 054,4 -3,0% -4,2% -1,2

Saldo de capital -3 060,3 -2 133,1 927,2 -1,8% -1,2% 0,5

Saldo primário 417,3 -1 395,7 -1 812,9 0,2% -0,8% -1,1 Fonte: Ministério das Finanças, INE e cálculos da UTAO.

44 UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013

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|Unidade Técnica 158UTAO d e Apoio Orçamental

Tabela 30 – Conta consolidada (ajustada) das administrações públicas: 2012-2013

(em milhões de euros, em percentagem e em pontos percentuais)

Var. em p.p. Execução Orçamental (M€) Variação (%) Contributo Rácios do PIB (%)

Var. 2013 do PIB

2012 2013 2012/13 (p.p.) 2012 2013 2012/13

Receita corrente 64 975,9 70 094,6 7,9% 7,5% 38,3% 40,9% 2,6

Impostos diretos 16 291,3 19 863,7 21,9% 5,2% 9,6% 11,6% 2,0

Impostos indiretos 21 117,4 21 009,9 -0,5% -0,2% 12,4% 12,3% -0,2

Contribuições para Segurança Social, CGA, ADSE 16 877,2 18 290,3 8,4% 2,1% 9,9% 10,7% 0,7

Outras receitas correntes 10 690,0 10 930,7 2,3% 0,4% 6,3% 6,4% 0,1

Receita de capital 3 102,3 2 460,5 -20,7% -0,9% 1,8% 1,4% -0,4

Receita efetiva 68 078,2 72 555,1 6,6% 6,6% 40,1% 42,4% 2,3

Despesa corrente 72 775,1 77 301,1 6,2% 5,8% 42,9% 45,1% 2,3

Despesas com o pessoal 14 657,5 16 398,0 11,9% 2,2% 8,6% 9,6% 0,9

Aquisição de bens e serviços e outras desp. Corr. 13 981,0 14 316,9 2,4% 0,4% 8,2% 8,4% 0,1

Juros e outros encargos 8 170,8 7 943,9 -2,8% -0,3% 4,8% 4,6% -0,2

Transferências correntes 33 757,0 36 310,1 7,6% 3,3% 19,9% 21,2% 1,3

Subsídios 2 208,8 2 332,2 5,6% 0,2% 1,3% 1,4% 0,1

Despesa de capital 5 627,0 4 593,6 -18,4% -1,3% 3,3% 2,7% -0,6

Investimento 4 509,2 3 437,2 -23,8% -1,4% 2,7% 2,0% -0,7

Transferências de capital 1 008,4 987,3 -2,1% 0,0% 0,6% 0,6% -0,0

Outras despesas de capital 109,4 169,1 54,5% 0,1% 0,1% 0,1% 0,0

Despesa efetiva 78 402,1 81 894,7 4,5% 4,5% 46,2% 47,8% 1,6

Saldo global -10 323,9 -9 339,6 - - -6,1% -5,5% 0,6

Por memória:

Saldo corrente -7 799,2 -7 206,5 - - -4,6% -4,2% 0,4

Saldo de capital -2 524,7 -2 133,1 - - -1,5% -1,2% 0,2

Saldo primário -2 153,1 -1 395,7 - - -1,3% -0,8% 0,5 Fonte: Ministério das Finanças, INE e cálculos da UTAO.

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 45

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Unidade Técnica 159UTAO|d e Apoio Orçamental

Tabela 31 – Receita e despesa das administrações públicas, na ótica da contabilidade nacional

(valores não ajustados de operações extraordinárias)

2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013

Variação Variação Taxa de Taxa de

Em milhões Em milhões Em % do Em % do homóloga homóloga variação variação

de euros de euros PIB PIB em p.p. do em p.p. do homóloga homóloga

PIB PIB em % em %

Receita Total 72 907 77 425 43,0 45,2 0,4 2,3 -2,9 6,2

Receita corrente 69 882 75 651 41,2 44,2 -0,3 3,0 -4,5 8,3

Receita fiscal 38 502 42 896 22,7 25,1 -0,6 2,4 -6,4 11,4

Impostos indiretos 23 338 23 507 13,8 13,7 -0,1 0,0 -4,4 0,7

Impostos diretos 15 163 19 389 8,9 11,3 -0,5 2,4 -9,2 27,9

Contribuições sociais 19 524 20 404 11,5 11,9 -0,5 0,4 -7,9 4,5

Outras receitas correntes 11 856 12 350 7,0 7,2 0,8 0,2 9,5 4,2

Receitas de capital 3 025 1 775 1,8 1,0 0,7 -0,7 56,0 -41,3

Despesa Total 82 217 85 735 48,5 50,1 -1,5 1,6 -6,6 4,3

Despesa corrente 76 667 80 374 45,2 46,9 -0,4 1,8 -4,6 4,8

Consumo intermédio 9 466 9 802 5,6 5,7 -0,5 0,1 -11,1 3,5

Despesas com pessoal 19 974 21 230 11,8 12,4 -1,1 0,6 -11,7 6,3

Prestações sociais 33 034 34 728 19,5 20,3 0,6 0,8 -0,9 5,1

Subsídios 1 018 987 0,6 0,6 -0,1 0,0 -12,8 -3,1

Juros 8 353 8 530 4,9 5,0 0,6 0,1 9,8 2,1

Outras despesas correntes 4 822 5 096 2,8 3,0 0,0 0,1 -4,3 5,7

Despesa de capital 5 549 5 360 3,3 3,1 -1,1 -0,1 -27,5 -3,4

FBCF 4 271 3 686 2,5 2,2 -1,0 -0,4 -30,4 -13,7

Outras despesas de capital 1 278 1 674 0,8 1,0 -0,1 0,2 -15,5 31,0

Saldo global -9 310 -8 309 -5,5 -4,9 1,9 0,6

Saldo primário -957 221 -0,6 0,1 2,5 0,7

Receita fiscal e contributiva 58 026 63 300 34,2 37,0 -1,2 2,8 -6,9 9,1

Despesa corrente primária 68 315 71 844 40,3 42,0 -1,1 1,7 -6,1 5,2

Despesa primária 73 864 77 204 43,5 45,1 -2,1 1,6 -8,2 4,5

Por memória:

PIB (em mil M€) 169,7 171,2 Fontes: INE, Ministério das Finanças e cálculos da UTAO. l Notas: Os impostos indiretos correspondem a impostos sobre a

produção e a importação e os impostos diretos correspondem a impostos sobre o rendimento e património. Nas outras receitas

correntes estão incluídas as vendas.

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|Unidade Técnica 160UTAO d e Apoio Orçamental

VII Lista de abreviaturas Abreviatura Designação

AP Administrações Públicas

BCE Banco Central Europeu

BPN Banco Português de Negócios

CE Comissão Europeia

CGA Caixa Geral de Aposentações, I.P.

CGE Conta Geral do Estado

CGE/YYYY Conta Geral do Estado para o ano YYYY

CoCos Instrumentos de Capital Contingente

DEO Documento de Estratégia Orçamental

DEO/YYYY Documento de Estratégia Orçamental para o ano YYYY

DGO Direção-Geral do Orçamento

EPR Entidade Pública Reclassificada

FBCF Formação Bruta de Capital Fixo

FMI Fundo Monetário Internacional

IGCP Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP, E.P.E.

IHPC Índice Harmonizado de Preços no Consumidor

INE Instituto Nacional de Estatística

IPC Índice de Preços no Consumidor

IRC Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas

IRS Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Singulares

IVA Imposto Sobre o Valor Acrescentado

M€ Milhões de euros

MF Ministério das Finanças

OE Orçamento do Estado

OE/yyyy Orçamento do Estado para o ano yyyy

OExR/yyyy x.ª alteração ao Orçamento do Estado para o ano yyyy

OT Obrigações do Tesouro

PAEF Programa de Ajustamento Económico e Financeiro

PIB Produto Interno Bruto

p.p. Pontos percentuais

SFA Serviços e Fundos Autónomos

SNS Serviço Nacional de Saúde

SS Segurança Social

Tvha Taxa de variação homóloga anual

UE União Europeia

USD Dólar dos Estados Unidos

UTAO Unidade Técnica de Apoio Orçamental

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 5/2014  Análise da Conta Geral do Estado de 2013 47

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Parecer

sobre a

Conta Geral do Estado de 2013

(Aprovado em Plenário a 12/01/2015)

Relator: Conselheiro Adriano Pimpão

Lisboa, 2015

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ÍNDICE

1. Enquadramento do Parecer 3

2. Nota introdutória 4

3. Evolução macroeconómica 5

4. Evolução das Contas das Administrações Públicas 7

5. Conta da Segurança Social 10

6. Síntese conclusiva 12

7. Anexo 14

8. Declarações de voto 14

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2013 (Aprovado em Plenário a 12/01/2015)

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1. ENQUADRAMENTO DO PARECER

A emissão do presente parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2013 (CGE

2013) insere-se no âmbito das competências constitucionais e legais do

Conselho Económico e Social (CES).

O calendário da emissão deste parecer está condicionado pela data em

que foi requerido ao CES pelo Parlamento, ou seja, início de dezembro de

2014.

O CES não pode deixar de referir que a análise sobre a CGE 2013 surge

condicionada pela existência de dois orçamentos retificativos nos quais a

informação sobre os pressupostos macroeconómicos e a sua relação com a

orçamentação-execução de receitas e despesas ao longo do exercício

orçamental é insuficiente.

Aquela análise surge ainda mais dificultada pela ausência de informação

sobre o impacto orçamental (estimado e real) das medidas adicionais de

consolidação orçamental introduzidas.

Assim a análise da Conta Geral do Estado deve ser feita pelo confronto com

o Orçamento do Estado (OE) de 2013 (Lei nº 66B/2012) e as duas retificações

de que foi objeto, ocorridas em julho (Lei nº 51/2013) e dezembro (Lei nº

83/2013), tendo ainda como referência e suporte o parecer do CES sobre a

proposta de OE para 2013. Utilizou-se igualmente a informação constante do

relatório que acompanha a proposta de Lei do OE 2014.

Idealmente a comparação deveria ser feita principalmente com o

Orçamento original, dado que é esta versão apresentada no Parlamento em

outubro (em conjunto com as Grandes Opções do Plano) que constitui o

instrumento definidor da política económica e social para o ano em causa e

que deveria igualmente ter um carácter ativo e não reativo.

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2013 (Aprovado em Plenário a 12/01/2015)

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2. NOTA INTRODUTÓRIA

A estrutura e o conteúdo da CGE 2013 mantém o esforço de tornar mais

legível o documento, numa ótica que o CES sempre recomendou de

democratizar o acesso de todos à compreensão dos documentos de

finanças públicas, os quais são fortemente condicionadores da vida dos

cidadãos, das empresas e da sociedade portuguesa em geral.

Apesar disso o CES recomenda que este contínuo aperfeiçoamento possa

incluir quadros comparativos das execuções orçamentais com o orçamento

e as eventuais retificações e que estas comparações abranjam as variáveis

macroeconómicas, as contas das administrações públicas e a dívida

pública. Os quadros síntese deste tipo poderiam ser incluídos no fim do

Sumário Executivo.

Também o calendário sobre a análise da CGE devia ser cuidadosamente

ajustado. Neste sentido o parecer do CES sobre a CGE do ano n devia ser

posterior ao parecer do Tribunal de Contas sobre a CGE do mesmo ano e

estar concluído antes do parecer deste Conselho sobre a Proposta do

Orçamento do Estado do ano n+2.

O CES considera ainda que se deve prosseguir no esforço de criar mais

transparência e legibilidade em relação a outras matérias como é o caso da

despesa fiscal, nomeadamente no que se refere às Sociedades Gestoras de

Participações Sociais (SGPS) e às entidades não residentes. Aliás, esta

recomendação já tinha sido feita pelo Tribunal de Contas em relação à CGE

2012. Outra informação que está omissa é o resultado da aplicação do

regime excecional de regularização de dívidas, aprovado pelo Decreto-Lei

nº 151-A/2013, de 31 de outubro, nomeadamente a receita que foi cobrada

e a que deixou de ser obtida, apresentadas de forma discriminada.

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2013 (Aprovado em Plenário a 12/01/2015)

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3. EVOLUÇÃO MACROECONÓMICA

A evolução macroeconómica em 2013 e a sua interação com a

consolidação orçamental dominam a avaliação que o CES entende ser um

dos pontos fundamentais do parecer sobre a CGE 2013. Aliás, aquando do

parecer sobre as GOP e o OE 2013 esta questão foi central na análise, tendo

sido também objeto de debate na audição do CES na Assembleia da

República.

Assim a evolução menos negativa do rendimento disponível do que a

prevista inicialmente no OE 2013 poderá ser responsável por um

reajustamento do défice para 4,9%, após o agravamento do seu valor em

julho (1º Orçamento Retificativo) para cerca de 5,5%.

Os valores apresentados pela evolução da economia e os resultados da

execução orçamental confirmam os efeitos atrás referidos. De facto, os

valores constantes do relatório do 1º Orçamento Retificativo para 2013 (julho

2013) já previam uma queda acentuada do PIB de 2,3%, mais do dobro do

valor da proposta do OE 2013, na linha do efeito recessivo das medidas de

austeridade constantes daquela proposta.

Esta evolução foi sendo alterada tendo o valor de evolução do PIB sido

fixado em -1,4%, acima do valor da proposta do OE 2013. A explicação para

esta evolução foi a da “melhoria das expectativas das famílias e das

empresas”. Embora não seja justificada a causa da melhoria das

expectativas, tal resulta pela leitura do relatório do “1º Retificativo” do

aumento do rendimento disponível das famílias, derivado da reposição de

salários e subsídios determinado pelo Tribunal Constitucional.

O CES regista como positiva a evolução das exportações, sublinhando, no

entanto, que é importante uma ação continuada de valorização da

exportação de bens e serviços com elevado valor acrescentado e de apoio

ao investimento voltado para o aumento da capacidade exportadora.

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2013 (Aprovado em Plenário a 12/01/2015)

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Embora se deva considerar o efeito do aumento da procura interna na

evolução das receitas fiscais, o valor do défice global das Administrações

Públicas assentou sobretudo no aumento do IRS sobre os rendimentos do

trabalho e de pensões, com a diminuição do número de escalões de IRS,

com o aumento das respetivas taxas e a criação da sobretaxa de 3,5%.

O CES sublinha o reconhecimento por parte do Governo na CGE 2013 da

necessidade de ajustar o défice a limites que evitem “custos económicos e

sociais excessivamente elevados”. Regista no entanto que não se assiste à

conceção e implementação de políticas coerentes com esta preocupação.

Existe ainda uma variável cuja evolução permanece pouco sensível a

perspetivas que não estejam consolidadas, como é o caso do investimento

que permanece com taxas negativas desde -4,2%, constante da proposta

de OE 2013, até -6,6%, referido na CGE 2013 (após um decréscimo de 14,4%

em 2012). Desagregando os diversos contributos, verifica-se no entanto um

crescimento positivo do investimento em bens de equipamento nos dois

últimos trimestres de 2013.

De referir ainda o nível da taxa de desemprego que atingiu valores elevados

(16,2%), bem como a descida do emprego em 2,6% - num quadro de

diminuição da população ativa, por um lado devido à forte emigração,

sobretudo de população jovem, e por outro lado devido ao aumento do

número de desempregados desencorajados e de desempregados

abrangidos por programas do IEFP, o que se reflete em termos da situação

social e na evolução do rendimento da população. De facto, não é possível

fazer uma avaliação das contas públicas em 2013 sem medir os efeitos na

estrutura económica e social do País.

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2013 (Aprovado em Plenário a 12/01/2015)

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4. EVOLUÇÃO DAS CONTAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Da análise destas contas (na ótica da contabilidade nacional) ressalta,

como já foi referido no ponto anterior, o aumento das receitas fiscais,

nomeadamente os impostos sobre o rendimento e o património, com uma

subida da carga fiscal, provocada por cerca de 3,2 mil milhões de euros em

IRS e de 800 milhões de euros em IRC.

Esta evolução (apesar do crescimento das despesas com o pessoal, devido

à reposição dos subsídios) permitiu baixar o saldo primário de -2,1% para -

0,6% do PIB. Apesar da melhoria deste saldo com efeitos positivos na

evolução da dívida pública, esta ainda cresce de 124,1% do PIB para 129%

devido sobretudo ao efeito dos juros, que ascenderam a 7,64 mil milhões de

euros (quase equivalente à despesa do Estado em educação em 2013). Esta

evolução confirma as preocupações manifestadas pelo CES em anteriores

pareceres sobre a necessidade de concertar esforços a nível nacional e

internacional para a alteração estrutural da dívida, garantindo a

desoneração da dívida pública e a canalização dessas poupanças para a

convergência real da economia e da sociedade portuguesas, bem como

níveis de redução da dívida pública compatíveis com os objetivos de

crescimento e de desenvolvimento do País.

A relação entre a subida das receitas fiscais, o crescimento do rendimento

disponível, derivado da reposição dos subsídios (Acórdão do Tribunal

Constitucional), e o combate à evasão e fraude fiscais, justificaria na CGE

uma análise segmentada da causa-efeito da evolução destas variáveis.

Com efeito, não existe na CGE 2013 informação suficiente no que se refere

aos acréscimos de receita fiscal decorrentes da ação inspetiva e da

recuperação de créditos. Na ausência de tal informação, não pode ser

efetuada uma avaliação efetiva dos resultados do combate à fraude e

evasão fiscais nesse ano.

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Por outro lado, o CES não pode deixar de expressar a sua apreensão pelo

agravamento do peso da economia informal estimado por alguns estudos,

como os desenvolvidos regularmente pelo Observatório de Economia e

Gestão de Fraude (OBEGEF), da Universidade do Porto.

O défice das administrações públicas em percentagem do PIB desceu de

6,4%, em 2012, para 4,9%, em 2013. No entanto, excluído o impacte das

medidas pontuais a redução do défice foi pouco significativa, apenas 0,5%

do PIB, de 5,8%, em 2012, para 5,3%, 2013.

Desde 2011, a redução do défice excluindo medidas pontuais, foi apenas de

2% do PIB, de 7,3%, registados em 2011, para os já mencionados 5,3%, em

2013.

O CES, tal como já mencionou no seu parecer sobre o OE 2015, considera

que esta redução é muito insuficiente face aos profundos efeitos negativos

que a politica de austeridade provocou sobre a situação económica e

social do País, demonstrando que uma política de consolidação orçamental

que passa pelo prolongamento do impacto recessivo sobre a economia não

obtém resultados satisfatórios.

De realçar ainda que a partir da desagregação da conta consolidada das

Administrações Públicas (ótica das contas nacionais) é possível verificar que

é ao nível da Administração Central que se localiza o maior contributo para

a rigidez na convergência do saldo global e do saldo primário, já que tanto

a Administração Local e Regional e a Segurança Social contribuem com

saldos positivos.

Na CGE 2013 esta análise é feita numa outra perspetiva que é a do

contributo relativo para a melhoria do défice global das Administrações

Públicas. Nesta abordagem a Administração Central foi a que mais

contribuiu em termos relativos face ao PIB, dado que o respetivo saldo

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passou de -7,1% do PIB, em 2012, para -5,4% do PIB, em 2013, enquanto que

o contributo da Administração Regional e Local passou de 0,5% para 0,2%.

Embora tal não caiba no âmbito restrito da prestação de contas constante

da CGE, seria também interessante verificar se existe relação entre os níveis

de autonomia na Administração Pública e o contributo para o reequilíbrio

orçamental, dado que o governo tem justificado uma maior centralização

na gestão orçamental com a necessidade de maior controlo sobre as

operações de consolidação orçamental.

O CES recomenda que a CGE contenha mais informação devidamente

organizada sobre a incidência da atividade do Estado nas áreas mais

“limítrofes” do “perímetro público” como é o caso do Sector Empresarial do

Estado (SEE) e das Parcerias Público-Privadas (PPP).

Em relação ao SEE recomenda-se uma maior explicitação das causas do

aumento do endividamento em mais de mil milhões de euros, face a 2012,

das empresas públicas reclassificadas, incluindo as consequências dos

contratos “swap”.

Sobre as PPP, o CES assinala a necessidade de ampliar a informação por

concessão sobre os valores orçamentados e os valores executados, relativos

aos encargos líquidos com as PPP.

Relativamente ao que é referido sobre as PPP no âmbito dos Riscos das

Responsabilidades Contingentes, o CES considera que os encargos

financeiros que os diferendos em curso (renegociação dos contratos)

possam acarretar para anos futuros deviam ser quantificados e avaliado o

seu impacto nos encargos plurianuais para 2014 e anos seguintes.

Também para assegurar mais transparência na prestação de contas nesta

matéria tão sensível das PPP, o CES recomenda que seja explicitado para

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cada contrato a existência de eventuais alterações no âmbito do serviço

público prestado nas várias concessões em regime de PPP ou equivalente.

Outra matéria de relevância na relação entre a atividade do Estado e o

funcionamento da economia é a que se refere aos pagamentos a

fornecedores.

Sobre os pagamentos em atraso e não obstante o carácter positivo dos

programas de regularização extraordinária de dívidas, ao abrigo dos quais

foi possível que o total de dívidas por pagar há mais de 90 dias se tenha

reduzido em 1094 milhões de euros, face a 2012, o CES considera

preocupante que em 2013 se tenha verificado a criação de novos

pagamentos em atraso no valor de 256 milhões de euros.

Assinala-se positivamente a redução em 28 dias dos prazos médios de

pagamento (PMP) das entidades da Administração Pública em geral, mas

não pode deixar de realçar-se que se trata de uma redução ainda

insuficiente, já que um PMP de 113 dias é ainda um patamar muito elevado

e incomportável para as empresas fornecedoras, particularmente no

contexto difícil em que a economia ainda se encontra. Se por um lado se

distinguiu a evolução do PMP da Administração Central, que se reduziu de

47 para 27 dias, é preocupante constatar que o PMP da Administração

Regional ainda se situa em 743 dias e que o PMP do Sector Empresarial do

Estado aumentou de 171 dias para 175 dias.

5. CONTA DA SEGURANÇA SOCIAL

A análise da Conta da Segurança Social, nos termos em que é apresentada

na CGE, origina dificuldades na interpretação do alcance das medidas de

carácter social que são o objeto desta área da Administração Pública.

Tratando-se de uma fonte de financiamento específica, compreende-se a

prevalência da ótica contabilística. Contudo e apesar da discriminação das

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componentes da variação das receitas e das despesas não é apresentada

uma correspondência com as medidas atrás referidas.

A este respeito a Conta da Segurança Social registou uma diminuição de

várias prestações sociais, entre as quais o abono de família e o

complemento solidário para idosos, num período de agravamento das

condições de vida e aumento da pobreza, sobretudo entre as camadas

mais fragilizadas da população.

Neste quadro, o CES considera particularmente gravosa a aplicação de um

corte de 5% e 6% nos subsídios de doença e de desemprego,

respetivamente, ficando por demonstrar se a poupança obtida compensa a

aparente insensibilidade social de tal medida, não só pela situação

especialmente frágil dos abrangidos pela mesma, como também pelo facto

deste corte incidir sobre valores de subsídios já bastante baixos. Acresce

ainda que estão em causa prestações contributivas, pelo que a legitimidade

de tal corte (sob a forma de “contribuição”) era bastante duvidosa. Já em

2014, o Tribunal Constitucional veio a declarar a inconstitucionalidade da

medida.

Neste sentido, o CES não pode deixar de manifestar a sua preocupação,

reiteradamente referida em anteriores pareceres, sobre a diminuição dos

níveis de proteção social e dos demais estabilizadores automáticos, bem

como sobre a previsibilidade e a confiança nos contratos entre os cidadãos

e o Estado no que se refere a contribuições e pagamentos de pensões.

No que respeita ainda à Conta da Segurança Social, o CES considera que

preocupações e recomendações que têm vindo a ser apontadas pelo

Tribunal de Contas sobre as CGE dos últimos anos, nomeadamente quanto à

metodologia desajustada para a contabilização dos fluxos financeiros entre

a Caixa Geral de Aposentações e a segurança social ou ainda quanto à

fragilidade do exercício de consolidação de contas da segurança social são

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problemas muito relevantes e relativamente aos quais a CGE 2013 ainda

continua a não dar resposta.

O CES considera assim que deverá continuar a apostar-se na melhoria da

qualidade de informação nesta área, nomeadamente por via de uma

informação mais desagregada das despesas e receitas pelos sistemas e

subsistemas de segurança social, que permita uma correta avaliação da

situação e que sirva de apoio à tomada de decisões, evitando que

continuem a ser adotadas medidas avulsas e pouco fundamentadas que,

em nome de uma sustentabilidade financeira da segurança social, ponham

em causa direitos e a adequada proteção social das pessoas.

6. SÍNTESE CONCLUSIVA

A CGE 2013 apresenta progressos no sentido duma maior legibilidade das

contas públicas dando sequência ao sempre defendido pelo CES ao longo

de vários pareceres. No entanto torna-se necessário prosseguir nesta linha

muito especialmente no que se refere ao SEE e às PPP.

Os resultados da execução orçamental em 2013 permitem confirmar o

elevado risco das medidas de execução orçamental no que se refere à sua

interação com a recessão/recuperação da atividade económica e as

inevitáveis consequências de ordem social.

Outra conclusão refere-se à subida da carga fiscal em 2013 e à necessidade

de segmentar e quantificar as componentes relativas à subida das taxas dos

impostos e aos resultados do combate à fraude e evasões fiscais.

Duma forma mais geral, o CES considera que a CGE deverá ser, para além

de um documento de prestação de contas na ótica contabilística e

financeira, um instrumento político que permita igualmente avaliar a forma

como as medidas de política foram executadas, tendo como referência os

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compromissos assumidos no correspondente Orçamento do Estado e os seus

efeitos económicos e sociais.

Por último, considerando que em 2013 nos encontramos já perto do final do

Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), o CES entende ser

oportuno lembrar os alertas que fez repetidas vezes durante a aplicação do

programa, designadamente quanto às consequências, no plano económico

e social, das medidas de acentuado carácter recessivo, de que são

exemplo o encerramento de empresas, o aumento do desemprego e o

empobrecimento das famílias.

O CES não pode deixar de concluir que essas medidas não só agravaram os

constrangimentos que impediram que fossem atingidas as metas previstas,

com particular evidência no débil crescimento económico, como

determinaram o agravamento das condições de vida da população, quer

pela redução dos rendimentos, quer pela deterioração e encarecimento

dos serviços públicos em geral, pelo que os enormes sacrifícios impostos de

uma forma especial às pessoas que dependem dos salários e das pensões,

não trouxeram (como foi reiteradamente referido nos pareceres do CES

referentes ao OE 2013 e ao DEO 2014-2018) quaisquer melhorias nos

rendimentos e nas condições laborais e de entrada no mercado de

trabalho.

O CES reforça ainda as críticas expressas em anteriores pareceres, de que a

manutenção das políticas que têm vindo a ser adotadas, e que são previstas

para os próximos exercícios, têm como consequência uma maior

desigualdade na distribuição do rendimento, situação especialmente grave

num quadro em que Portugal era já um dos países mais desiguais da União

Europeia, o que sugere que o PAEF e a orientação política subjacente a este

programa constituíram sérios obstáculos ao desenvolvimento do País e à

melhoria das condições de vida da população portuguesa.

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7. Anexo

Quadro de Cenários macroeconómicos 2013

Taxa Var (%) 2012 OE 2013 OE 2013 R1 OE 2013 R2 CGE 2013PIB -3,2 -1,0 -2,3 -1,8 -1,4

Cons. Privado -5,3 -2,2 -3,2 -2,5 -1,7

Cons. Público -4,7 -3,5 -4,2 -4,0 -1,8 FBCF -14,4 -4,2 -7,6 -8,5 -6,6

Export. 3,2 3,6 0,8 5,8 6,1

Import. -6,6 -1,4 -3,9 0,8 2,8

Produtividade 1,0 0,7 1,7 2,2 1,5

Desemprego 15,7 16,4 18,2 17,4 16,2

Saldo Global AP (% PIB) -6,4 -4,5 -5,5 -5,8 -4,9

Fonte: Ministério das Finanças e UTAO

8. DECLARAÇÕES DE VOTO

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23 DE MAIO DE 2015 107

TRIBUNAL DE CONTAS

Parecer

A DIVISÃO DE REDAÇÃO E APOIO AUDIOVISUAL.

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