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II SÉRIE-A — NÚMERO 59 36

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 181/XIII (1.ª)

DIMINUIÇÃO DO NÚMERO DE ALUNOS POR TURMA E PROMOÇÃO DO SUCESSO ESCOLAR

Entre 2012 e 2014 a austeridade chegou à educação de forma brutal. Entre as imposições da Troica e a

vontade própria do anterior Governo, o corte orçamental nas políticas de educação ultrapassou os 1300 milhões

em apenas três anos.

Este desinvestimento sem precedentes fez-se à custa dos dois grandes objetivos da Escola Pública: a

promoção do sucesso escolar e a diminuição das desigualdades sociais. Do enorme corte de professores até

às obras que ficaram por fazer, todas as medidas de austeridade que se aplicaram na educação prejudicaram

os alunos e, em particular, os mais vulneráveis e mais desprotegidos.

O aumento do número de alunos por turma foi uma das medidas mais emblemáticas do último Governo.

Turmas maiores são naturalmente mais difíceis de conhecer, de gerir e de motivar, em particular quando se

procura a diferenciação pedagógica como estratégia de promoção do sucesso escolar. Os benefícios

pedagógicos e até sociais de turmas mais reduzidas são fáceis de reconhecer, mas o corte foi cego.

Não foi apenas o aumento do número máximo, mas também o aumento do número mínimo de alunos por

turma que veio piorar a realidade das escolas. Sobretudo nas escolas das áreas metropolitanas o resultado foi

a criação de turmas sobrelotadas, de difícil gestão e desastrosas do ponto de vista pedagógico.

Por carência de recursos, as Escolas são muitas vezes obrigadas a criar turmas acima do que está

legalmente previsto, como aconteceu na Escola Secundária da Sé, na Guarda, em que uma turma é composta

por 26 alunos (32 na disciplina de espanhol), dos quais 5 com necessidades educativas especiais de caráter

permanente com programa educativo individual que obrigava a redução de turma. Este é apenas um exemplo

de entre tantos casos em que o aumento do número de alunos por turma acabou por prejudicar de forma

permanente o direito à educação de algumas crianças.

Em sentido contrário, o número médio de alunos por turma é muitas vezes apresentado como argumento

contra a redução. Este argumento omite deliberadamente dois factos: o caráter profundamente assimétrico do

país em que contrastam escolas de zonas despovoadas com escolas sobrelotadas nas grandes áreas

metropolitanas; a razão/ratio docente/alunocontabilizamuitos docentes que estão a desempenhar outras

tarefas.

O elevado número de turmas e de alunos a que estão obrigados os docentes, em particular aqueles que

viram as cargas horárias das suas disciplinas diminuírem, é igualmente um enorme obstáculo a um ensino de

qualidade que faça da diferenciação pedagógica a matriz do seu trabalho com os alunos.

Motivar e dar sentido às aprendizagens, privilegiar o contexto e o desenvolvimento individual, equilibrar na

escola o que é desigual na sociedade, são os desafios da Escola do século XXI.

A redução dos números mínimos e máximos de alunos por turma e de alunos por docente não resolverá por

si só todos os problemas da escola, da indisciplina ao insucesso escolar, mas é uma medida essencial a

enquadrar numa estratégia de promoção do sucesso escolar que terá também de passar pela reorganização

curricular, pela introdução de novas práticas como a interdisciplinaridade, coadjuvações e pares pedagógicos,

e pela generalização de metodologias inovadoras na área das tecnologias educativas.

Em educação, a poupança anda a par da exclusão social. Quando a escola não tem instrumentos para

responder aos desafios da educação, a saída mais fácil será sempre excluir, reter, selecionar, seriar e, em última

instância, desistir dos alunos com maiores dificuldades.

A obrigação da Escola Pública é garantir que ninguém fica para trás e para isso é necessário banir as políticas

de austeridade. Algumas das medidas essenciais para esse objetivo estão previstas no acordo que o PS assinou

com os partidos à sua esquerda e já começaram a ser aplicadas. Este é mais um passo na defesa do direito à

educação e ao sucesso escolar.

Ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de

Esquerda propõe que a Assembleia da República recomende ao Governo que:

1 – Reduza o número máximo de alunos por turma nos ensino pré-escolar, básico e secundário no sentido

de, no mínimo, repor os critérios que vigoravam antes de 2011.

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