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28 DE JULHO DE 2016 25

Em Portugal a situação da Hepatite C também merece forte preocupação pública. É justo realçar o “Consenso

estratégico para a gestão integrada da Hepatite C em Portugal”6, publicado em maio de 2014, no âmbito da

Universidade Católica e como resultado de um Think Thank com cerca de 30 pessoas, com um Steering

Committee composto por Ricardo Baptista Leite, Henrique Lopes, Tato Marinho e Paula Peixe. Este documento

diz que:

i) A prevalência estimada do anticorpo contra a Hepatite C situa-se entre 1% a 1,5% da população

portuguesa;

ii) É urgente fazermos mais na prevenção da Hepatite C;

iii) Estimativas internacionais apontam para que possam morrer em Portugal cerca de 900-1200 pessoas

por ano por complicações relacionadas com Hepatite C.

O “Consenso” foi publicado com prefácios de D. Manuel Clemente e do Dr. Jorge Sampaio. O ex-Presidente

da República termina o seu testemunho relevando a importância do estudo e exclamando “Há agora que

preparar a etapa seguinte, a da implementação. As emergências não esperam”.

É também importante notar que quando se fala em prevalência o valor da média esconde realidades distintas

a que a política da saúde não pode ser alheia. Há vários estudos que concluem uma endemicidade baixa tanto

para a hepatite B e hepatite C na população portuguesa em geral, em contraste com uma prevalência muito

elevada nos grupos de risco7.

Dados do SICAD (Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências) que também

que a comorbilidade de Hepatite C e VIH em toxicodependentes é elevada. Algo que também acontece entre a

população reclusa em tratamento da toxicodependência. Dentro das prisões, 72% dos infetados pelo VIH eram

também positivos para a Hepatite C.

Neste sentido, estudos apontam para que um trabalho específico com os grupos de alto risco pode ser mais

profícuo do que uma abordagem inicial maciça.

Numa outra vertente, é igualmente de ter em conta que há grupos de cidadãos/doentes cuja Hepatite C

merece especiais cuidados em termos dos efeitos e das terapêuticas e estão neste caso os insuficientes renais.

Convém notar, no entanto, que a Hepatite C é uma doença grave, que a todos pode atingir e, como tal, não

podem existir perceções erradas nem preconceitos que nos travem neste caminho de eliminação que é uma

medida estruturante de saúde pública.

Estas terão sido algumas linhas de preocupação que muito recentemente levaram o Secretário de Estado

Adjunto e da Saúde a determinar a criação do Programa de Saúde Prioritário na área das Hepatites Virais, no

âmbito da plataforma para a prevenção e gestão das doenças transmissíveis – Despacho n.º 6401/2016, de 16

de maio.

Relativamente ao resultado do tratamento da Hepatite C, os dados mais recentes para Portugal apontam

para:

 Tratamentos iniciados – 8136

 Doentes curados – 3234

 Doentes não curados – 128

É muito positivo reconhecer que foi possível salvar muitas vidas com as novas terapêuticas inovadoras mas

a guerra contra a Hepatite C não acaba aqui. Dos 13 mil doentes que no início do ano passado tinham sido

identificados ainda há cerca de 40% que ainda não iniciaram o tratamento. Haverá um número muito significativo

de portugueses infetados que não está diagnosticado. E há muito trabalho a fazer no sentido da prevenção.

Portugal precisa de assumir um programa integrado e sistemático de eliminação da Hepatite C em linha com

as melhores recomendações internacionais.

6 http://consensohepatitec.pt/o-consenso/sumario-executivo/ 7 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26866523, estudo muito recente sobre disparidades de prevalência das Hepatites B e C em Portugal

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