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II SÉRIE-A — NÚMERO 18 32

Ora, para conseguirmos evitar um aumento de 2º Celsius não só temos que fazer mudanças estruturais em

vários sectores da sociedade, como teremos, acima de tudo, de mudar de paradigma económico e social. Assim,

a manutenção de uma economia baseada no carbono, seja em combustíveis fósseis, é directamente conflituante

com a urgência de planificarmos e executarmos uma transição para uma economia baseada em energias

realmente limpas e renováveis. Mesmo que todos os países cumpram as propostas apresentadas no Acordo de

Paris a barreira climática ultrapassará o aumento de 2º Celsius e ficaria entre os 3.5º e 6º Celsius. Estas

avaliações científicas alertam-nos para a urgência de repensarmos e mudarmos o sistema económico que

premiamos e expandimos.

Fonte: Climate Interactive

Mesmo num prisma mais económico, os próprios capitais de investimento e de risco já começam a dar sinais

de preocupação com a possibilidade de se transitar rapidamente para economias ausentes de combustíveis

fósseis, como refere um artigo da Bloomberg, de julho de 2016, onde se aponta para uma possível perda de 33

triliões de dólares de investimentos, devido a políticas de limitação das emissões de gases com efeito de estufa

(GEE), à competitividade crescente das renováveis e à inevitável quebra da procura dos seus produtos a curto-

médio prazo. Pois esta perda é de facto um ganho. Não em capital financeiro mas sim na preservação de ativos

ecológicos.

Acresce a estes factos nacionais a possibilidade de a União Europeia adotar o Canada Comprehensive

Economic and Trade Agreement (CETA) com a sua assinatura a 27 de outubro, abrindo assim as portas à

possibilidade de aumentarmos as importações de hidrocarbonetos não convencionais como o petróleo vindo de

areias betuminosas e de gás proveniente da fracturação de xisto. De recordar que o CETA, tendo sido negociado

durante sete anos, prevê a supressão das taxas de importação entre a UE e o Canadá para quase todos os

produtos, exceto para alguns produtos agrícolas, criando um espaço de livre comércio de quase 550 milhões de

habitantes. Esta abertura de mercados e consequente externalização de custos ambientais é um fator fulcral

para compreendermos que o aumento da exploração dos ativos ecológicos num determinado país fará aumentar

as temperaturas em todo o planeta. Reconhecer a validade de acordos transnacionais como o CETA é rasgar o

Acordo de Paris, pois o mesmo tem vinculações comerciais e legais que bloquearão os esforços de nações para

combater e mitigar as alterações climáticas.

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