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II SÉRIE-A — NÚMERO 90 6

Em 2013 a então Refer decidiu reduzir a velocidade máxima nesta linha a 10km/hora no troço entre Sernada

do Vouga e Espinho e a 25km/hora entre Sernada do Vouga e Aveiro. A Refer justificava a decisão com elevado

grau de degradação da linha. A circulação entre Oliveira de Azeméis e Sernada foi depois substituída por

transporte rodoviário e mais recentemente a circulação ferroviária de passageiros nesse troço foi descontinuada.

Com todas estas restrições a Linha do Vouga não pode ser atrativa para as populações. Mesmo à sua

velocidade normal (ou seja, sem restrições como as acima descritas), a população tem que se sujeitar a uma

viagem de cerca de uma hora para percorrer apenas 30km de linha com um percurso que é agora bastante

menos atrativo, uma vez que a viagem termina antes da chegada à Estação Ferroviária de Espinho,

consequência das obras de enterramento da linha e da construção da nova estação. A partir daqui os utentes

do comboio ainda são obrigados a uma longa caminhada para chegarem a Espinho ou à estação ferroviária que

permite, por exemplo, a ligação à Linha do Norte.

Nestas condições a Linha do Vouga nunca será aquilo que tem possibilidade de ser. A falta de investimento

e a falta de manutenção da linha, a existência de material circulante desgastado e degradado, a presença de

inúmeras passagens de nível, assim como o traçado sinuoso, de curvas com raio bastante apertado, fazem com

que a viagem seja demorada e não vá de encontro às necessidades das pessoas que seriam potencialmente

utilizadoras deste meio de transporte.

Além disso, há a ter em conta as questões relacionadas com a segurança, sendo a linha do Vouga propícia

à existência de acidentes com automóveis, por via da existência de tantas passagens de nível.

A importância da Linha do Vouga para a região

No entanto, se estes problemas forem resolvidos e a Linha do Vouga for aproveitada em toda a

potencialidade, ela revelar-se-á da maior importância para o distrito de Aveiro, uma vez que serve concelhos

populosos, de grande densidade populacional, bastante industrializados e com populações que fazem

migrações pendulares constantes.

Ao atravessar concelhos como Espinho, Santa Maria da Feira, Oliveira de Azeméis, Albergaria a Velha,

Águeda e Aveiro (estes dois a partir da ligação efetuada em Sernada do Vouga), esta linha ferroviária serve

potencialmente uma população de mais de 410 mil pessoas.

Esta linha atravessa centros urbanos, zonas industriais e zonas de interesse turístico, pelo que a sua

requalificação potenciaria o desenvolvimento de atividades económicas, assim como o desenvolvimento dos

vários municípios. Por exemplo, o troço entre Oliveira de Azeméis e Sernada do Vouga atravessa zonas de

enorme beleza, facilitando o acesso a praias fluviais e a atividades de contato com a natureza.

A linha do Vale do Vouga tem ainda enormes potencialidades de interface, uma vez que a sul (em Aveiro)

permite ligação à Linha do Norte, ligação essa que pode e deve ser efetuada também a norte (na zona de

Espinho), e uma vez que atravessa o concelho de Albergaria-a-Velha, onde a Central de Camionagem permite

a ligação a vários pontos do país (por exemplo: Braga, Porto, Viseu, Guarda, Castelo Branco Coimbra e Lisboa)

pela sua proximidade com a A1 e a A25.

Tendo em conta a população que serve, bem como todas estas características que acabamos de expor, é

fácil perceber que a Linha do Vale do Vouga não pode continuar ao abandono. Pelo contrário, deve beneficiar

de investimento e requalificação, de forma a afirmar-se como um instrumento de desenvolvimento económico e

social e de coesão territorial, melhorando a qualidade de vida da população da região e aumentando a sua

mobilidade dentro e para fora da região.

A importância da linha do Vouga é verificável quando as populações, mesmo com os problemas de

desinvestimento e degradação, continuam a utilizar o “Vouguinha” no dia-a-dia, e principalmente nos meses de

verão, para as suas deslocações à praia. A título de exemplo, dados oficiais relativos a 2007 referem uma

procura anual de 300 mil pessoas.

Com uma intervenção de fundo que modernizasse esta linha e este tipo de transporte, seriam muito mais as

pessoas que passariam a utilizar o Vouguinha no dia-a-dia, com ganhos do ponto de vista ambiental e do ponto

de vista de qualidade de vida das pessoas.

Foi isso mesmo que aconteceu com a intervenção na linha de Guimarães. Ao melhorar os tempos de viagem,

o material circulante e ao adaptar os horários às necessidades da população, a linha ferroviária foi revitalizada