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4 DE MAIO DE 2017 37

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 830/XIII (2.ª)

REVERTE A CONCESSÃO DAS POUSADAS DA JUVENTUDE A PRIVADOS

Durante a anterior legislatura, a Governação de PSD/CDS avançou para a abertura de concursos de

concessão das Pousadas da Juventude existentes em Portugal. Na altura, em resposta a perguntas feitas pelo

Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda sobre o assunto, o Secretário de Estado do Desporto e da Juventude

admitiu o plano para concessão das Pousadas a entidades privadas ou públicas.

Este processo avançou, inicialmente, com as Pousadas de Alfeizerão, Alijó, Alvados, Areia Branca, Arrifana,

Bragança, Lagos, Lisboa, Lousã, Melgaço, Penhas da Saúde, S. Pedro do Sul, Vilarinho das Furnas, Viseu, que

se fizeram seguir de outras fases de abertura de concurso. Segundo a informação que foi tornada pública na

altura, o Governo PSD/CDS esperava arrecadar 2,8 milhões de euros pelas concessões destas Pousadas da

Juventude, que serão feitas com um prazo de 15 anos.

Diga-se que entre as Pousadas colocadas a concurso público, se encontravam as 5 mais lucrativas da rede

de Pousadas da Juventude. Os valores dos seus resultados operacionais demonstram bem o absurdo e a

irracionalidade económica e financeira destas concessões. Revendo os números de então, a Pousada de Lisboa

teve, em 2010, um lucro de mais de 416 mil euros, a de Vilarinho das Furnas um lucro de mais de 73 mil euros,

a de Lagos deu um lucro de quase 59 mil euros, a de Areia Branca de mais de 48 mil euros e da Penhas da

Saúde registou, nesse mesmo ano, quase 48 mil euros de lucro. Só nestas cinco unidades registou-se, num

ano, um lucro de aproximadamente 650 mil euros.

Estas concessões não tinham qualquer justificação económica, nem tampouco é possível reivindicar o

argumento referente ao interesse público. Não poderão ser justificadas do ponto de vista económico e financeiro

porque, em primeiro lugar, estas pousadas conseguem em 15 anos (prazo da concessão prevista) resultados

muito superiores aos 2,8 milhões que o Governo tenciona arrecadar e, em segundo lugar, porque se sabe que

as pousadas menos lucrativas estarão a ser negociadas com municípios. Ou seja, o plano do Governo PSD/CDS

era simples: aos privados serão entregues as pousadas mais lucrativas, aos municípios as pousadas com

maiores dificuldades operacionais.

Enquanto equipamentos públicos, as Pousadas da Juventude são uma forma de turismo mais económico e

uma forma de promover e facilitar a experiência de férias e de viagens entre os jovens. Enquanto equipamento

privado, estas pousadas não desempenham nenhum destes objetivos, sendo predadas por interesses que

apenas querem maximizar o lucro e os ganhos e que resulta, fatalmente, no aumento de preços praticados,

redundando num equipamento hoteleiro como qualquer outro.

Por todas estas razões e porque a concessão das Pousadas da Juventude foi uma decisão errada, significou

um mau negócio e não soube defender o interesse público, a presente iniciativa legislativa propõe a reversão

das concessões em vigor.

Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de

Esquerda propõe que a Assembleia da República recomende ao Governo que:

1. Anule todas as concessões das Pousadas da Juventude a entidades privadas, revertendo a sua gestão

para a esfera pública;

2. Não lance mais concursos de concessão das Pousadas da Juventude a entidades privadas.

Assembleia da República, 28 de abril de 2017.

As Deputadas e os Deputados do Bloco de Esquerda: Luís Monteiro — Pedro Filipe Soares — Jorge Costa

— Mariana Mortágua — Pedro Soares — Isabel Pires — José Moura Soeiro — Heitor de Sousa — Sandra

Cunha — João Vasconcelos — Domicilia Costa — Jorge Campos — Jorge Falcato Simões — Carlos Matias —

Joana Mortágua — José Manuel Pureza — Moisés Ferreira — Paulino Ascenção — Catarina Martins.

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