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II SÉRIE-A — NÚMERO 119 54

Propor políticas com o objetivo de melhorar a saúde e o estado nutricional da população exige uma base de

evidência científica. Acontece que, até muito recentemente, não existiam, em Portugal, dados atuais sobre

consumos e hábitos alimentares individuais, não obstante os alertas dos estudos internacionais de que a

desnutrição e a malnutrição são problemas sérios em pessoas idosas.

Presentemente, em 2017, foram divulgados os resultados de três estudos sobre o estado nutricional da

população idosa residente em Portugal, desenvolvidos pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa4

e pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto5, os quais nos fornecem

dados relevantes sobre esta realidade. O estudo PEN-3S, cuja amostra é representativa da população

portuguesa com mais de 65 anos de idade, verificou que 4,8% dos idosos em lares estão em situação de

desnutrição e 38,7% em risco de malnutrição, comparativamente aos 0,6% e 16,9%, respetivamente, dos idosos

não institucionalizados. Adicionalmente, o estudo Nutrition UP 65 verificou que 15% de uma amostra

representativa da população idosa portuguesa apresentava desnutrição e que mais de dois terços apresentava

deficiência de vitamina D (68,9%) e 16% risco de hipo-hidratação.

Por sua vez, no estudo PRONUTRISENIOR, 0,9% e 11,5% dos idosos não institucionalizados que

frequentavam uma unidade de saúde familiar do concelho de Vila Nova de Gaia tinham, respetivamente,

desnutrição ou apresentavam risco de desnutrição.

Estes dados são preocupantes, uma vez que a malnutrição se encontra associada a um maior risco de

morbilidades, morte prematura, aumento de infeções, má cicatrização de feridas, diminuição da autonomia e

qualidade de vida, bem como a custos substanciais para os sistemas de saúde.

Existe evidência de que medidas preventivas e a intervenção nutricional são efetivas na diminuição da

ocorrência/tratamento da malnutrição. Numerosos estudos6, predominantemente em idosos com 65 anos ou

mais com malnutrição ou em risco, têm verificado que intervenções nutricionais são efetivas na redução de

complicações, tempo de hospitalização, custos e mortalidade e no aumento da qualidade dos cuidados de saúde

prestados. A identificação precoce e monitorização dos indivíduos em risco de malnutrição é fundamental, dado

que, uma vez estabelecida, a sua reversão se revela difícil.

Atualmente, verifica-se que diversas instituições do Setor Social e Solidário que prestam cuidados à

população idosa não conta com o apoio de nutricionistas para garantir o indispensável acompanhamento

nutricional destes utentes. No entanto, importa reconhecer que existe uma preocupação crescente destas

instituições com os fatores promocionais de bem-estar dos idosos, incluindo a saúde, estado nutricional e a

atividade física.

Com efeito, as instituições que prestam cuidados à população idosa devem garantir que as necessidades

nutricionais dos idosos sejam satisfeitas de acordo com as suas morbilidades e incapacidades, por forma a

prevenir e/ou tratar a malnutrição. Assim, a identificação, monitorização, bem como o tratamento da malnutrição

em instituições devem ser realizados por profissionais treinados e habilitados para estas funções.

As Instituições que prestam cuidados a idosos e que têm por objetivo a proteção dos cidadãos na velhice e

invalidez e em todas as situações de falta ou diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o

trabalho, devem garantir o bem-estar e a qualidade de vida dos utentes pela disponibilização de recursos que

assegurem estas valências. A garantia deste bem-estar e a qualidade de vida deverá passar por providenciar

refeições que cumpram os necessários requisitos em termos higio-sanitários e de equilíbrio nutricional.

Os nutricionistas, enquanto profissionais de saúde de referência em matéria de alimentação e nutrição,

poderão auxiliar neste desiderato assumindo a responsabilidade da implementação das necessárias medidas

que salvaguardem a higio-sanidade alimentar e, ainda, a satisfação das necessidades nutricionais dos idosos

de acordo com as suas morbilidades e incapacidades.

Não obstante, são evidentes as dificuldades financeiras que muitas destas instituições que apoiam os idosos

atravessam neste contexto social e económico mais complexo.

A maior parte destas instituições são entidades do Setor Social e Solidário em que o financiamento público,

através dos acordos de cooperação, tem um peso significativo no seu equilíbrio orçamental. Torna-se, assim,

necessário o reforço destes acordos de cooperação com as entidades do Setor Social e Solidário que apoiam

os idosos, por forma a permitir o eventual aumento de custos com recursos humanos ligados à área da nutrição.

4 Estudo Portuguese elderly nutritional status suveillance system-PEN-3S 5Estudo Nutrition UP 65, e estudo PRONUTRISENIOR 6 Brugler, DiPrinzio, & Bernstein, 1999; Cawood, Elia, & Stratton, 2012; Milne, Potter, & Avenell, 2005; Tappenden et al., 2013.

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