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14 DE JULHO DE 2017 61

do aumento dos percursos de cada giro de distribuição, dos tempos de espera para atendimento que

aumentaram, da falta de dinheiro disponível nas estações para pagamento de pensões e de outras prestações

sociais, de se terem generalizado as situações em que o correio deixou de ser distribuído diariamente (existem

mesmo localidades no país onde o carteiro apenas passa um vez por semana, e outras, pouco mais do que

isso), da entrega do correio a outras empresas em regime de outsourcing, entre outros. Tudo isto sem ter em

conta as necessidades e direitos das populações e dos trabalhadores.

A par desta degradação do serviço, houve um aumento das tarifas (desde a privatização já subiram mais de

50%). Ou seja, neste momento e como resultado da privatização e do rumo de destruição deste serviço, os

cidadãos pagam mais e a oferta do serviço é menor, ao mesmo tempo que os trabalhadores viram as suas

condições de trabalho sofrer um retrocesso.

Acresce a toda esta situação o facto de o Banco CTT ter sido implementado sobre a estrutura de Estações

de Correio, funcionando nas instalações e com os trabalhadores dos correios, que são desviados dos balcões

dos serviços postais para os balcões do serviço do Banco, o que aumenta as filas de espera.

Durante todo este processo tem havido uma incansável luta por parte das populações e dos trabalhadores

no sentido de reivindicar um serviço de Correios à medida das necessidades do país. Também vários autarcas

de diferentes forças políticas consideram que a concessão dos CTT deverá ser resgatada de forma a reverter a

degradação deste serviço, uma vez que não estão a cumprir com as suas responsabilidades.

Não será por acaso que a ANACOM — Autoridade Nacional de Comunicações — propôs que o Governo

multasse os CTT por desrespeito pelo Contrato de Concessão e Convénio de Qualidade, referente ao ano de

2014, o que comprova a degradação deste serviço.

Não obstante esta situação, importa destacar que a ANACOM tem, mesmo assim, permitido as inúmeras

propostas de aumento das tarifas por parte do Conselho de Administração dos CTT.

Importa salientar que os CTT, enquanto empresa pública, eram rentáveis e davam lucro, gerando receita

para o Estado, ao mesmo tempo que prestavam um serviço público inestimável. Facilmente se percebe por que

razão se apresentavam como muito apetecíveis para serem privatizados.

Convém ainda clarificar que, mesmo com a evolução a que assistimos nos últimos anos, os CTT não

perderam a sua importância, continuando a ser um fator de promoção da coesão territorial e de combate às

desigualdades.

Facilmente se conclui que o serviço postal, a continuar nas mãos de privados e seguindo este rumo, tem o

seu futuro comprometido, sob pena de ser destruído de forma irreversível, e que a privatização dos CTT se

apresenta como lesiva para o Estado, as populações e os trabalhadores.

Ora, perante tudo isto, importa que os CTT prestem um serviço de qualidade a toda a população, cumprindo

seu papel no desenvolvimento do país a nível local, regional e nacional, sendo para isso fundamental que o

Governo defenda este serviço estratégico e os interesses e necessidades dos cidadãos e do país, e que os CTT

voltem a integrar a esfera do Estado, passando este a deter o controlo e a gestão do serviço postal.

Assim, nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, os deputados do Partido Ecologista Os

Verdes, apresentam o seguinte projeto de resolução:

A Assembleia da República recomenda ao Governo que defenda um serviço postal de qualidade,

público e universal e que desenvolva as diligências necessárias no sentido de se iniciar o processo de

reversão da privatização dos CTT — Correios de Portugal, por forma a que a sua gestão regresse à esfera

do Estado.

Palácio de S. Bento, 12 de julho de 2017.

Os Deputados do PEV: Jose Luís Ferreira — Heloísa Apolónia.

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