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II SÉRIE-A — NÚMERO 15

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MOÇÃO DE CENSURA N.º 1/XIII (3.ª)

PELAS FALHAS DO GOVERNO NOS INCÊNDIOS TRÁGICOS DE 2017

Em junho deste ano, morreram sessenta e cinco pessoas na sequência dos grandes incêndios da zona centro

de Portugal. O relatório da Comissão Técnica Independente, que procedeu à análise e apuramento dos factos,

conclui que era possível ter evitado a propagação do incêndio e assim impedido ou limitado fortemente a

tragédia. Tal não aconteceu por incompetência e descoordenação dos serviços do Estado.

No período que sucedeu esta tragédia, os responsáveis do Governo comprometeram-se publicamente a tudo

fazer para evitar a sua repetição. Conhecido o relatório da Comissão Técnica, o Primeiro-Ministro resumiu a sua

responsabilidade à parte das conclusões que apresenta propostas com eficácia a médio e longo prazo. O

Primeiro-Ministro não se mostrou disponível para assumir as responsabilidades políticas pela parte do relatório

que demonstra a falha do Estado, no caso em concreto, no cumprimento das suas funções mais básica: a

proteção de pessoas e a proteção do seu território. Se durante quase quatro meses o Primeiro-Ministro pouco

ou nada fez para repor a confiança dos cidadãos, no momento da divulgação do relatório perdeu uma nova

oportunidade para revelar sentido de Estado essencial para as funções que desempenha.

No passado dia 15 de outubro, Portugal voltou a ser confrontado com uma tragédia de enormes dimensões,

desta vez dispersa por uma área muito maior do território nacional. Desde então, o número de vítimas mortais

atingiu quarenta e três e há dezenas de feridos. A estas perdas irreparáveis somam-se enormes prejuízos sociais

e económicos, colocando em risco, inclusivamente, muitos postos de trabalho e projetos de vida.

O ano de 2017 fica para a história como o pior de sempre em perdas de vidas humanas, cento e oito até ao

momento, e também o pior em área ardida, mais de 500.000 ha.

Analisado o período que mediou as duas tragédias, verificamos que o Governo não fez tudo o que estava ao

seu alcance para evitar o sucedido. Não o fez ao nível da coordenação política, ao nível do comando e da

coordenação operacional, ao nível da sensibilização das populações e ao nível da preparação das respostas

das entidades públicas, nomeadamente do dispositivo de combate, face aos alertas meteorológicos claros para

o fim-de-semana de 15 de outubro.

Verificada a repetição da tragédia, as declarações insensíveis e desajustadas dos membros do Governo,

remetendo os portugueses à sua sorte, demonstraram o desnorte e a incapacidade deste Governo para enfrentar

situações de crise.

Perante estes factos, e atendendo à grelha de valores e princípios que coloca a proteção da vida dos

cidadãos acima de qualquer outra prioridade do Estado, consideramos que o Governo falhou, não corrigiu o seu

comportamento em tempo, e voltou a falhar. As medidas anunciadas para o médio e longo prazo não justificam

a omissão no curto prazo.

O Governo falhou de novo ao não reconhecer o seu erro e com prontidão tomar a dianteira no pedido de

desculpas aos portugueses e na iniciativa para garantir uma rápida e justa indemnização aos familiares das

vítimas.

Esta censura dá voz à indignação de muitos portugueses que se sentem abandonados e perderam a

confiança no Governo, o primeiro responsável pela condução do Estado.

Nos termos constitucionais e regimentais, os Deputados do Grupo Parlamentar CDS/Partido Popular

apresentam uma moção de censura ao XXI Governo Constitucional, com o seguinte teor:

«A Assembleia da República delibera, nos termos do artigo 194.º da Constituição, censurar o XXI

Governo Constitucional.»

Palácio de São Bento, 19 de outubro de 2017.

Os Deputados do CDS-PP, Assunção Cristas — Nuno Magalhães — Telmo Correia — Cecilia Meireles —

Helder Amaral — João Almeida — João Rebelo — Teresa Caeiro — Pedro Mota Soares — Antonio Carlos

Monteiro — Alvaro Castello-Branco — Filipe Lobo D’Avila — Vania Dias da Silva — Ana Rita Bessa — Filipe

Anacoreta Correia — Isabel Galriça Neto — Patricia Fonseca — Ilda Araujo Novo.

A DIVISÃO DE REDAÇÃO E APOIO AUDIOVISUAL.