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3 DE NOVEMBRO DE 2017

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PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 1110/XIII (3.ª)

RECOMENDA AO GOVERNO QUE PROCEDA À CRIAÇÃO DE UMA EQUIPA DE INTERVENÇÃO

PSICOLÓGICA DE RESPOSTA AOS INCÊNDIOS QUE DEFLAGRARAM NA ZONA CENTRO E NORTE DO

PAÍS, AFETANDO OS DISTRITOS DE COIMBRA, VISEU, GUARDA, CASTELO BRANCO,BRAGA E LEIRIA

Em meados do mês de Outubro do presente ano, deflagraram, em Portugal, centenas de incêndios em várias

regiões, os quais provocaram, de acordo com o último balanço da ANPC, 45 mortos e cerca de 70 feridos. O dia

15 de outubro foi considerado pelas autoridades como o pior dia de incêndios do ano, tendo sido registada a

ocorrência de mais de 500 fogos. As regiões mais afetadas foram os distritos de Coimbra, Viseu, Guarda,

Castelo Branco, Braga e Leiria, sendo a maior parte das vítimas mortais dos distritos de Coimbra e de Viseu.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em

junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64

mortos e mais de 250 feridos. Para além da perda de vidas humanas regista-se, ainda, a destruição de várias

habitações e fábricas, existindo igualmente danos irreparáveis ao nível da floresta, nomeadamente na Serra do

Caramulo e na Mata do Pinhal de Leiria.

Por força desta tragédia, os habitantes das regiões afetadas pelos incêndios encontram-se numa situação

bastante fragilizada. Estes viveram momentos de pânico no combate às chamas, tentando salvar os seus bens,

muitas vezes desconhecendo o paradeiro dos seus familiares. Infelizmente, muitos foram ainda confrontados

com a perda de familiares e amigos. Muitos perderam a sua casa, as suas culturas e os seus instrumentos de

trabalho, deixando pessoas que pouco têm e que, em muitos casos vivem da terra, em situação de desespero.

Muitas fábricas arderam, existindo atualmente muitas pessoas na região sem emprego e com grande incerteza

em relação ao futuro.

Inicia-se agora o processo de reconstrução da região. Este não passa apenas pela construção de edificações

e recuperação da natureza perdida. Este passa também, e em especial, por ajudar as pessoas a recuperarem

da perda e a reorganizarem a sua vida, a qual ficou destabilizada com a tragédia. No fundo, trata-se de devolver

às pessoas a vida que muitas sentem que perderam.

Neste âmbito, os psicólogos têm um papel crucial, com uma intervenção que garante elevados resultados,

em especial quando atuam com maior proximidade dos cidadãos. Tendo em conta a situação, vemos este apoio

como essencial, o qual deve ser feito tanto junto das pessoas afetadas pelos incêndios, como junto dos

profissionais que atuaram no seu combate.

Recentemente, foi noticiado pela comunicação social que entre os dias 15 e 17 de outubro, as equipas de

psicólogos do INEM realizaram 126 assistências às vítimas e familiares dos incêndios que atingiram a zona

Centro, bem como a bombeiros que entraram em crise psicológica devido ao sentimento de impotência contra

o fogo. Os familiares das vítimas mortais receberam as primeiras atenções dos psicólogos, que as apoiaram à

medida que iam identificando os mortos. No caso dos bombeiros, vários foram os que manifestaram sinais de

crise psicológica, provocada pelo "sentimento de impotência" face à dimensão dos incêndios.

Uma reportagem transmitida pela SIC no passado dia 19 de outubro, na qual foram entrevistados bombeiros

da região de Santa Comba Dão, demonstrou com clareza a falta de apoio psicológico que estes têm. Confessam

sentir-se impotentes, com medo e em muitos casos com dificuldades em gerir as emoções e lidar com as críticas.

Os bombeiros entrevistados admitem não ter apoio psicológico, mas confessam que este seria essencial.

Não podemos esquecer que no período entre 2000 e 2017, 53 operacionais combatentes perderam a vida

como resultado direto dos incêndios florestais. Assim, para além do stresse e risco associado ao cumprimento

da missão, é importante que os bombeiros tenham acompanhamento psicológico que os permita lidar com a

perda de um colega, a qual será certamente muito difícil de ultrapassar sem ajuda.

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