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27 DE NOVEMBRO DE 2017

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Um dos vetores mais relevantes que contribuíram para a calamidade em análise prende-se com as decisões

estratégicas, enfatizando o relatório que à mesma “não são alheias às opções táticas e estratégicas que foram

tomadas“.

A título de exemplo, no que concerne “à circulação na rede viária, acompanhamento da população rural e

preparação de evacuações” as respetivas medidas deveriam ter sido“equacionadas logo às 16:00-17:00 e

cumpridas a partir das 18 horas”, o que acabou por não se verificar, sendo que “45 das 64 vítimas (70%) estariam

a fugir ao incêndio, tendo-se deslocado em viaturas”, havendo percorrido entre 100 metros a 2,4 quilómetros até

terem sido atingidos pelas chamas.

A descoordenação provinda de deficientes perceções e tomadas de decisão derivou numa conjuntura em

que em menos de uma hora, entre as 19h50 e as 20h40 do dia 17 de junho, perderam a vida 62 pessoas, grande

parte na EN 236-1, agora conhecida como a “estradada morte”.

Facilmente se ilaciona que o ataque ao fogo foi desadequada em toda a linha: as previsões meteorológicas

para o hiato temporal em causa não foram devidamente consideradas e tratadas pelas autoridades

responsáveis; tal como a resposta não foi minimamente a exigível numa situação de gravidade extrema como

aquela.

Ora, quanto às previsões meteorológicas, o Relatório sublinha que “as condições meteorológicas previstas e

verificadas para os dias 17 de junho e seguintes eram de risco muito elevado ou extremo, como de resto e à

data foi amplamente noticiado pela maioria dos órgãos de comunicação social”. Não obstante o patente prévio

conhecimento e aviso, os responsáveis não efetivaram “nenhum pré-posicionamento de meios”.

No que concerne à resposta ao incêndio, o Relatório faz uma destrinça de fases da operação de combate —

quanto ao Ataque Inicial (ATI), a operação seguiu todas as regras definidas. Porém, enfatiza-se um eventual

“excesso de zelo” dos responsáveis, por não ter sido enviado um segundo meio aéreo para o local, a qual

representa uma possibilidade devidamente prevista nos protocolos de combate ao incêndio.

Na segunda fase da operação — Ataque Avançado (ATA), existem muitas lacunas identificadas tais como:

— Na fase crítica do incêndio, os meios terrestres foram mobilizados, mas estavam ainda em trânsito no

período mais sensível;

— Os meios aéreos foram escassos e não estiveram disponíveis durante duas horas;

— A alteração da orientação do fogo deixou os meios do Corpo de Bombeiros de Pedrógão Grande e os

demais empenhados no ATI “na traseira do incêndio e/ou impedidos pelo incêndio de circular na rede viária do

seu concelho”;

— Além disso, os bombeiros de Castanheira de Pera e de Figueiró de Vinhos viram-se obrigados a defender

as imediações das aldeias nos seus concelhos.

Em suma, a impreparação manifestada no combate encontra-se patente no Relatório com a seguinte

formulação: “a partir do momento em que foi comunicado o alerta de incêndio, não houve a perceção da

gravidade potencial do fogo, não se mobilizaram totalmente os meios que estavam disponíveis e os fenómenos

meteorológicos extremos acabaram por conduzir o fogo, até às 03h00 do dia 18 de junho, a uma situação

perfeitamente incontrolável”, acrescentando ainda que “houve uma subavaliação e excesso de zelo na análise

da fase inicial do incêndio de Pedrógão Grande”, que desembocou num cenário em que “o ataque inicial não

conseguisse debelar o avanço do fogo”.

Tal asserção acima exposta é comprovada pela demissão de Rui Esteves do cargo de Comandante Nacional

da Proteção Civil, sobre o qual o Relatório defende que “na pior e mais fatídica ocorrência no País provocada

por incêndio florestal, tendo estado presentes as mais altas individualidades do país, esta operação de socorro

exigiria a presença dos operacionais mais qualificados, designadamente do Comandante Operacional Nacional

(CONAC), que deveria ter mantido a avocação desta operação de Socorro”, o que manifestamente não

aconteceu (até porque aquele atribuiu o controlo das operações ao segundo comandante Albino Tavares — que

o substituiu no cargo algum tempo depois.

No que tange ao currículo de Albino Tavares, os técnicos independentes frisam que “atendendo a que se

trata de um oficial superior da GNR, o desempenho dessas funções dá-lhe um natural conhecimento do sector,

não lhe conferindo a necessária capacidade de comando operacional”, questionando inclusivamente tal escolha

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