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16 DE DEZEMBRO DE 2017

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Os alojamentos em que os animais são mantidos são concebidos para serem facilmente transportados, sem

o espaço necessário para os animais se exercitarem ou manifestarem qualquer tipo de comportamento natural.

Os animais passam a larga maioria do tempo confinados a espaços pequenos, frequentemente sem as

condições mínimas de higiene (é aqui que os animais se alimentam, fazem os seus dejetos, dormem). É comum

assistir-se a distúrbios comportamentais graves dos animais selvagens sujeitos a este tipo de condições,

nomeadamente a repetição continuada dos mesmos movimentos, auto-mutilação, coprofagia, apatia,

irritabilidade, entre outros. Em muitos casos, a longa permanência nos alojamentos gera problemas crónicos de

locomoção e, no caso dos animais de grande porte, normalmente presos com grandes correntes ou utensílios

semelhantes, é comum apresentarem feridas e cicatrizes diversas. Esta é uma violência inadmissível perante

as suas necessidades mais básicas.

Mesmo que os circos queiram dispor das melhores condições possíveis para albergar os animais selvagens,

é-lhes impossível simular, mesmo que tenuemente, o habitat original da larga maioria das espécies, e muito

menos das mais comuns que encontramos nos circos, como sejam, por exemplo, espécies da família dos felinos,

símios ou ursídeos. Além das espécies terem necessidades muito diferentes entre si, o facto de os circos

passarem parte do seu tempo em viagem, transportando os animais de um lado para o outro, impossibilita que

assim seja. O transporte regular constitui também um fator de perturbação grande para os animais, assim como

a mudança constante de local e condições climáticas. Nos circos é frequente assistirmos a alojamentos

sobrelotados, de forma a facilitar o acondicionamento e transporte dos animais. É também comum o desrespeito

pelas necessidades sociais básicas das várias espécies (vida em comunidade ou isolamento), presenciando-se,

muitas vezes, a proximidade de espécies não compatíveis entre si por uma questão de racionamento de espaço.

Esta é uma realidade inerente à própria atividade do circo que mostra a incompatibilidade existente entre o

cumprimento da legislação de bem-estar animal e a permissão da sua manutenção e utilização nos circos.

Sinais contrários em termos de educação ambiental e conservação da natureza

O espetáculo do circo com animais selvagens é profundamente anti-pedagógico, principalmente numa época

em que as preocupações ambientais e com o bem-estar animal são cada vez mais presentes e ganharam lugar

próprio na legislação comunitária e nacional e nos conteúdos educacionais. Por exemplo, é profundamente

contraditório estar a fazer educação e sensibilização ambiental, nomeadamente a jovens e crianças, para a

necessidade de preservar os habitats e a biodiversidade, ao mesmo tempo que se permite a subtração de

espécies selvagens ao seu meio natural com a finalidade de as colocar a fazer performances que contrariam o

seu comportamento natural. Este é um espetáculo que manipula o público e o induz em erro, pois apresenta

uma ideia errada sobre o comportamento natural da espécie em atuação e omite o tratamento e treino a que os

animais são sujeitos e as condições em que são mantidos.

Nem estes circos são locais adequados para atividades de educação e sensibilização ambiental, nem são

capazes de promover a preservação das espécies. São extremamente raros os casos de reprodução de animais

de circos, para além de que a forma como se obtêm as espécies selvagens nem sempre é lícita. O facto de

existir uma atividade comercial que utiliza animais selvagens estimula o tráfico ilegal, prática reconhecida

internacionalmente como criminosa, quer para substituir os animais que já não são lucrativos, quer para obter

espécies que sejam novidade para o espetáculo. Recorrer aos circuitos legais, leia-se, os jardins zoológicos,

requer tempo - para a obtenção de licenças e controlos - e preços elevados que nem sempre são atraentes para

uma atividade em declínio, como nem sempre permite obter todo o tipo de espécies desejadas para trazer maior

atratividade ao espetáculo e maiores receitas à atividade.

No relatório “Wild Animals in EU Circuses” realizado pelo Eurogrupo para o Bem-Estar Animal, e publicado

recentemente, conclui-se que são utilizados muitos animais de espécies ameaçadas, classificadas para proteção

e nascidas em meio selvagem em cerca de 300 circos na Europa. Em Portugal, segundo este relatório, os circos

que têm animais são cerca de 41, ocupando o 4º lugar neste ranking. Embora a DGAV tenha dado conta do

decréscimo de circos em Portugal que usam animais. Em 2015 seriam 5, o que denota uma discrepância entre

os animais detidos por circos, os circos pelos quais estão distribuídos e aquilo que é a monitorização da DGAV

e por outras entidades europeias.

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