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19 DE JANEIRO DE 2018

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existindo estatísticas em Portugal que demonstram que o número de mães a amamentar decresce fortemente

após o 4.º e 5.º mês de vida do bebé, que corresponde à altura em que estas tem de regressar ao trabalho. A

dispensa para amamentação atualmente prevista na nossa legislação não é suficiente e mesmo com a

possibilidade de redução de duas horas de trabalho, tendo em consideração a demora média das deslocações,

as mães estarão mais de 6 horas afastadas das crianças, o que dificulta a amamentação.

Neste sentido, para que se prossiga com a amamentação exclusiva torna-se necessário fazer um stock de

leite materno, para que o cuidador, na ausência da mãe, possa alimentar a criança. De acordo com a Enfermeira

Ana Lúcia Torgal, especialista em saúde materna e obstétrica e consultora internacional de lactação, para que

tal seja possível, após o início da atividade profissional, a mulher deve continuar a estimular a glândula mamária,

num horário similar ao que aconteceria caso a mãe estivesse junto da criança, o que significa que deve ser

extraído leite de 3 em 3 horas, idealmente num local com privacidade e onde consiga recolher e armazenar leite

em condições de higiene e segurança, para que este possa ser posteriormente oferecido à criança, algo que

pode demorar aproximadamente 30 minutos. Em Portugal, para a concretização destes procedimentos colocam-

se uma série de constrangimentos: não existe legislação laboral que assegure às mulheres o tempo para extrair

leite; não existe legislação que regule a existência, nas empresas, de condições físicas para que se proceda à

extração do leite nos moldes acima enunciados e uma parte substantiva das famílias poderá não ter recursos

financeiros para aquisição de um extrator de leite materno, recipientes próprios para a sua conservação e

material para acondicionamento e transporte de leite materno.

Assim, muitas mulheres, por não conseguirem ultrapassar estas dificuldades acabam por desistir de

amamentar, sendo introduzida a diversificação alimentar antes do tempo recomendado, com prejuízo para a

saúde do bebé e da mãe.

As vantagens do aleitamento materno são múltiplas e já bastante reconhecidas, quer a curto, quer a longo

prazo.

No estudo “Aleitamento Materno – A importância de intervir” que tem por base artigos dos últimos seis anos

publicados por organizações de referência, como a Organização Mundial de Saúde, sobre esta matéria, o

aleitamento materno está claramente associado a benefícios para o lactente, incluindo efeito protetor

significativo para infeções gastrointestinais (64%), ouvido médio (23-50%) e infeções respiratórias severas

(73%), bem como para leucemia linfocítica aguda (19%) e síndrome da morte súbita do lactente (36%). Foram

ainda encontrados benefícios a longo prazo para a prevenção da obesidade (7-24%) e outros fatores de risco

cardiovascular em idade adulta. A mãe também beneficia do efeito protetor para neoplasias da mama, ovário e

para a diabetes mellitus tipo 2, proporcionais ao tempo de amamentação.

De acordo com estudos da Direcção-Geral de Saúde, ao leite materno são reconhecidas diversas vantagens

como sejam nutricionais, por conter vitamina A que reduz a prevalência de infeções respiratórias e a proteção

da mucosa intestinal; Imunológicas por conter glutamina e arginina que possuem uma ação anti-inflamatória e

por fornecer imunoglobulinas, lisozimas, oligossacáridos, bem como permitir a recuperação de peso de

prematuros e de recém-nascidos de baixo peso; psicológicas por facilitar o estabelecimento do vínculo afetivo

entre mãe e filho e económicas. No caso das mães aparece associado a um menor risco de osteoporose, cancro

da mama e do ovário. No que diz respeito ao cancro de mama, estudos apontam para que nos casos de

amamentação superior a 24 meses, o risco de aparecimento é 50% menor quando comparado com aquelas que

amamentaram de 1 a 6 meses.

Igualmente, estudos realizados demonstram que o consumo de leite materno aumenta a visão e contribui

para o aumento tanto do desenvolvimento verbal como do QI.

A amamentação, especialmente essencial nos primeiros seis meses de vida, contribui para um reforço do

sistema imunitário, proporcionando à criança melhores condições de vida e, consequentemente contribui para

a redução da mortalidade infantil. Ainda, protege o bebé contra a anemia por falta de ferro porquanto o ferro

presente no leite materno é melhor absorvido sem a alimentação com outros alimentos.

De acordo com uma série de artigos publicados pela revista The Lancet em 2003, sobre a sobrevivência das

crianças, foram identificadas um conjunto de intervenções nutritivas que têm comprovadamente um potencial

para impedir até 25% das mortes de crianças, se elas forem implementadas em grande escala. Uma destas

intervenções é a amamentação exclusiva que consiste em não dar aos bebés quaisquer outros alimentos ou

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