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2 DE FEVEREIRO DE 2018

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Contudo, entendemos que o mesmo não teve o alcance pretendido na medida em que não é obrigatória a

inclusão do semáforo nutricional nos alimentos, pelo que consideramos que esta informação constante do

descodificador da DGS deveria estar presente em todos os alimentos embalados por forma a chegar ao

consumidor de forma mais simples e eficaz.

Nesta medida, deverá o Governo, em pareceria com a indústria e as cadeias de distribuição, e ouvindo

especialistas nesta matéria, nomeadamente associações de defesa do consumidor e a Ordem dos

Nutricionistas, promover a inclusão do sistema de semáforo nutricional na declaração nutricional obrigatória

prevista para os alimentos embalados.

III – Semáforo Carcinogénico:

Em Outubro de 2015, o mundo foi forçado a parar para refletir sobre o consumo de carne vermelha e

processada. Um Relatório da Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC - International Agency for

Research on Cancer)1, organismo da Organização Mundial de Saúde (OMS), publicado naquela data, elaborado

por um grupo de trabalho constituído por 22 especialistas de 10 países que teve em consideração mais de 800

estudos científicos já publicados, veio oficializar dados que a ciência tem vindo a reunir ao longo de vários anos,

respeitantes aos efeitos negativos para a saúde do elevado consumo de carne vermelha e processada.

Segundo o IARC, os estudos sugerem que “o risco de cancro colo-rectal pode aumentar cerca de 17% por

cada 100 gramas de carne vermelha ingerida por dia.”, com possível risco associado ao aparecimento e

desenvolvimento do cancro do pâncreas e da próstata. Este tipo de carne, que reúne fontes tao variadas como

carne de vaca, coelho ou porco, foi incluído no grupo de fatores “provavelmente carcinogéneos para os

humanos”. É o chamado grupo 2A, caracterizado por uma “evidência limitada”, existindo, neste grupo, alguma

evidência científica de que os fatores que nele se incluem podem estar associados ao aparecimento de cancro.

De destacar ainda que estudos apresentados pela OMS apontam para que as dietas ricas em carne vermelha

podem vir a ser responsáveis por 50 mil mortes anuais, em todo o mundo.

Todavia e tendo por base o estudo do IARC, mais preocupante são os riscos associados ao consumo de

carne processada, em relação aos quais existem certezas de elevado risco para a saúde.

A carne processada, isto é, aquela que foi transformada através de um processo de salga, cura, fermentação,

fumo ou outros quaisquer processos com o objetivo de melhorar o seu sabor e a sua preservação, como, por

exemplo, presunto, salsichas, bacon, fiambre e molhos e preparados à base de carne, foi incluída no grupo 1

onde constam os agentes “carcinogéneos para o ser humano”, estando em causa a existência de “evidências

suficientes de efeitos carcinogéneos no ser humano.”. Além das chamadas carnes processadas, neste grupo

estão incluídos, por exemplo, o formaldeído, os raios ultravioleta, o tabaco, o amianto e o álcool que, não tendo

riscos idênticos, têm em comum a evidência inequívoca de estarem associados ao aparecimento de cancro. De

acordo com informação do IARC “cada 50 gramas de carne processada ingerida, por dia, aumenta o risco de

cancro colo-rectal em 18 por cento.”, tendo ainda sido encontradas evidências que demonstram a relação entre

o consumo deste tipo de carne e o aparecimento de cancro no estômago.

Uma das explicações que tem sido desenvolvida para explicar este efeito está relacionada com a produção

de compostos químicos durante o processamento da carne ou durante o processo culinário. Os especialistas

têm defendido que quando a carne é curada ou fumada, ou quando é submetida a altas temperaturas, foram-se

hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e aminas aromáticas heterocíclicas (N-nitrosaminas). A formação destes

compostos encontra-se em maior quantidade nas carnes processadas, dado que têm maior quantidade de

aditivos, como nitratos e nitritos, que são percursores das N-nitrosaminas.

A maioria problemática em relação a esta questão reside no facto dos dados disponíveis para avaliação não

permitirem concluir se há uma dose segura, ou seja, cujo consumo seja insuscetível de causar quaisquer danos

à saúde, sabendo-se, todavia, que o risco será maior se o consumo for superior a 50 gramas por dia e que se

toda a população consumisse as referidas 50 gramas de carne processada todos os dias, cerca de 15 por cento

de todos os casos de cancro do colón e do reto seriam atribuídos a esta exposição e, potencialmente, prevenidos

se o consumo destes alimentos fosse evitado.

Esta situação é dramática, porquanto os riscos para a saúde associados ao consumo de carne processada

são bastante elevados. 50 gramas de carne processada, que corresponde àquela que seria o máximo admissível

1 http://www.iarc.fr/en/media-centre/pr/2015/pdfs/pr240_E.pdf

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