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II SÉRIE-A — NÚMERO 73

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PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 1343/XIII (3.ª)

PELA PRESERVAÇÃO E VALORIZAÇÃO DO PORTO COMERCIAL DE FARO

A dinamização da atividade portuária no Algarve, inserida numa política de desenvolvimento da região, é um

elemento crucial para a recuperação da produção regional. Em particular, a valência comercial, nos segmentos

do turismo marítimo e do transporte de passageiros e carga, deve ser valorizada e as suas potencialidades

plenamente aproveitadas.

O Porto Comercial de Faro está localizado a sul da cidade de Faro, fora da zona urbana, num terrapleno que

integra duas áreas: o Terminal Multiusos, correspondente à atual zona vedada, e a Área de Reserva Portuária,

correspondente à restante área, destinada à proteção das atividades atualmente realizadas ou à criação de

futuras utilizações portuárias.

O Porto Comercial de Faro dispõe de boas e amplas acessibilidades e interfaces logísticos com todos os

outros modos de transporte, possuindo uma localização geográfica privilegiada para a movimentação de cargas

ao serviço da economia regional. Em 2015 foi alvo de melhorias com uma dragagem de reposição dos fundos e

beneficiação do cais vertical.

A movimentação de carga no Porto Comercial de Faro sofreu uma quebra significativa no início dos anos

2000 com o cancelamento do abastecimento de combustível por via marítima, ao aeroporto e à região.

Paulatinamente, retomou a movimentação de outras cargas, com destaque para o cimento, atingindo em 2015

máximos de movimentação de carga com cerca de 400 mil toneladas, num porto dimensionado para um máximo

de 500 mil toneladas.

Como em todos os portos, fatores de natureza conjuntural levam a flutuações na movimentação de carga e

o Porto Comercial de Faro não é exceção. O decréscimo acentuado da movimentação de carga registado em

2016, para 158 mil toneladas, e em 2017, para 78 mil toneladas, foi aproveitado por alguns setores para defender

a desativação deste porto e a sua reafetação a outras atividades.

Em 2011 um operador privado solicitou a atribuição da concessão de utilização privativa de uma parcela do

domínio público marítimo, no Porto Comercial de Faro, incluindo zonas na frente sul do terrapleno, destinada à

instalação de um estaleiro de reparação naval, alojamentos, zona comercial, parqueamento a seco de

embarcações de recreio e uma escola de náutica de recreio.

Mais recentemente, em 2017, o executivo PSD/CDS do Município de Faro apresentou um projeto que envolve

a utilização do terrapleno do Porto Comercial de Faro para a construção de uma marina de recreio, zonas

residenciais, de comércio e de serviços, instalações para o Centro de Ciências do Mar da Universidade do

Algarve, um oceanário e uma zona de incubação de empresas.

Tais projetos, a serem concretizados nos moldes apresentados, implicariam a desativação definitiva e

irreversível do Porto Comercial de Faro, privando o Algarve de uma infraestrutura portuária fundamental para

sustentar a inadiável recuperação do aparelho produtivo regional.

Não se nega, obviamente, a importância de apoiar e dinamizar a investigação científica na área das ciências

do mar, ela própria um fator potenciador da recuperação das atividades produtivas regionais ligadas ao mar.

Mas tal desiderato não deve ser alcançado sacrificando o Porto Comercial de Faro. Na realidade, é possível

compatibilizar as diversas valências dada a existência de uma ampla área disponível em toda a frente ribeirinha

da cidade de Faro.

Quanto à marina de recreio e às infraestruturas associadas, caso se venha a decidir pela sua concretização

no concelho de Faro, poderiam ser equacionadas para a zona a norte do terrapleno do Porto de Faro,

beneficiando de uma maior proximidade à cidade e de um plano de água mais tranquilo.

A preservação do Porto Comercial de Faro deve ser acompanhada de medidas de promoção, no Algarve e

regiões adjacentes, junto do tecido empresarial, da utilização desta infraestrutura portuária para o transporte de

matérias-primas, bens intermédios e bens de consumo, diminuindo a dependência da região algarvia do

transporte rodoviário.

Atualmente, a movimentação de mercadorias de e para o Algarve através dos seus portos comerciais é

residual. Esta realidade contrasta com as demais regiões de Portugal continental (ver quadro seguinte).