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10 DE MARÇO DE 2018

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 Sabe-se que, a manter-se a atual taxa de natalidade, nos próximos 25 anos o número de idosos poderá

mais do que duplicar o número de jovens, pelo que a incidência da doença de Alzheimer também se

multiplicará;

 Sabe-se que esta alteração demográfica agravará também o rácio pessoas com demência/cuidadores

familiares, sem que se assista à formação de cuidadores profissionais que possam garantir a

continuidade dos cuidados e acompanhamento;

 Sabe-se que não é contagiosa e que, apesar de existirem algumas formas de demência familiares, o

efetivo grau de hereditariedade está, ainda, por comprovar;

 Sabe-se que é uma doença neuro-degenerativa, em que ocorrem alterações das funções cognitivas de

forma gradual e irreversível;

 Sabe-se que com a crescente perda de autonomia, o doente torna-se totalmente dependente dos

cuidados de outrem — o cuidador;

 Sabe-se que o grau de dependência é proporcional à necessidade de dedicação do cuidador;

 Sabe-se que a tarefa de cuidar é normalmente assumida por um familiar que é, muitas vezes, o cônjuge,

com idade avançada e debilitado;

 Sabe-se que tem um impacto profundo no próprio doente, porque se trata de uma doença progressiva

altamente incapacitante;

 Sabe-se que tem um impacto profundo no cuidador informal, regra geral um familiar, cuja vida fica

absorvida pela prestação de cuidados e, não raras as vezes, deixa de ter tempo para trabalho

remunerado ou para desenvolver qualquer outro tipo de atividade, nomeadamente cuidar dos próprios

filhos;

 Sabe-se que tem um grande impacto económico resultante dos gastos com medicamentos, ajudas

técnicas (por exemplo, camas articuladas ou colchões antiescaras), produtos para incontinência,

consultas de especialidade, necessidade de vigilância permanente e cuidados especializados e, ainda,

da necessidade aumentada de internamento hospitalar por intercorrências graves.

Cada ser humano é uma realidade irrepetível, pelo que também a evolução de cada doente é singular. No

entanto, a experiência mostra que a doença de Alzheimer progride em 3 fases: a inicial, a mais avançada e a

fase terminal:

Na fase inicial, os primeiros sinais são, geralmente, a falha de memória (que se vai agravando) a par de

desorientação, alterações da linguagem, dificuldade na resolução de problemas, confusão, alterações de

personalidade, incapacidade de interagir socialmente, início de dificuldades na realização de atividades de vida

diária e perturbações de humor.

Na fase mais avançada, as alterações cognitivas vão-se acentuando e acabam por impedir qualquer forma

de autonomia pessoal. O doente passa a ter dificuldade em interpretar uma informação sensorial, deixa de

reconhecer pessoas, objetos, lugares sons e cheiros. A linguagem fica cada vez mais reduzida a poucas

palavras e deixa, gradualmente, de conseguir comunicar verbalmente. Acrescem situações de distorção

percetiva (por exemplo, crer que há intrusos dentro de casa ou não reconhecer a sua própria imagem num

espelho) e fenómenos delirantes (por exemplo, o doente acreditar que está a ser roubado ou enganado pelo

próprio cônjuge). O doente pode ficar, em situações de desconforto ou devido a alterações da perceção e

interpretação do que o rodeia, crescentemente agitado e hostil, com atitudes de agressividade, gritos e violência.

O sono, por seu lado, torna-se cada vez menos profundo e menos repousante. Começam a verificar-se episódios

de incontinência.

Na fase terminal, a agitação diminui e a inércia aumenta. O doente entra num isolamento total e muito

raramente reconhece alguém. A alimentação torna-se muito difícil (nesta fase é frequente ter que se ponderar o

benefício do recurso a uma sonda nasogástrica ou gastronomia percutânea — PEG, nem sempre adequados)

e a incontinência instala-se definitivamente. Como perdeu os reflexos de marcha, o doente acaba confinado a

uma cadeira ou à sua cama. A atrofia muscular agrava-se, as complicações médicas acentuam-se e, por fim, a

vida torna-se praticamente vegetativa porque o doente vai perdendo a capacidade de reagir à maioria dos

estímulos.

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