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II SÉRIE-A — NÚMERO 102

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e de erosão do cordão dunar, com sérios prejuízos, quer para a preservação do património ambiental e cultural,

quer para as atividades económicas que aí se desenvolvem.

Ao longo dos últimos anos, em consequência do forte assoreamento, muitos viveiros na zona de Cacela

Velha e da Fábrica foram desativados, a atividade de marisqueio sofreu um declínio acentuado, muitas

embarcações de pesca tiveram de ser deslocadas para outras zonas do litoral algarvio e as atividades marítimo-

turísticos ficaram fortemente condicionadas, com dramáticas consequências para a preservação das

comunidades locais e do seu modo de vida.

Os fortes temporais registados nos últimos meses vieram agravar os problemas existentes, com galgamentos

oceânicos, destruição do cordão dunar, deposição de ainda mais areia na laguna e aceleração do processo de

erosão da arriba em Cacela Velha, ditando o abandono do último viveiro de ostras da zona e colocando em risco

o conjunto patrimonial do Núcleo Histórico de Cacela Velha, classificado como Imóvel de Interesse Público.

Em fevereiro de 2014, após um encontro com a comunidade local de pescadores, viveiristas, mariscadores

e operadores marítimo-turísticos, o Grupo Parlamentar do PCP questionou o anterior Governo PSD/CDS

[pergunta n.º 1064/XII (3.ª)] sobre a necessidade de realizar, com urgência, dragagens na Ria Formosa na zona

de Cacela Velha e da Fábrica para viabilizar as atividades económicas que aí se desenvolvem.

Nessa pergunta, o PCP denunciava que «as atividades económicas desta comunidade local têm sido

extremamente prejudicadas, e em alguns casos inviabilizadas, devido ao assoreamento da barra e dos canais

de navegação», «este assoreamento é bem visível na altura da maré baixa, com a barra e os canais de

navegação quase a desaparecem e a paisagem a ser dominada por bancos de areia» e «numa zona onde já

chegaram a existir mais de 70 viveiros, a atividade de produção de bivalves está em risco», instando o Governo

a proceder à «realização urgente de dragagens, na barra e nos canais de navegação».

O anterior Governo não se dignou responder à pergunta do PCP, mostrando, além de um desrespeito pela

competência fiscalizadora da Assembleia da República, um profundo desprezo pelos problemas das

comunidades locais do extremo oriental da Ria Formosa.

Não se resignando à degradação da Ria Formosa na zona de Cacela Velha e da Fábrica, em dezembro de

2017, o Grupo Parlamentar do PCP voltou a questionar o Governo sobre este assunto (pergunta n.º 570/XIII/3.ª),

alertando que «a situação denunciada [pelo PCP] no início de 2014 registou um agravamento nos últimos anos,

com a destruição da duna primária e a deposição de areia no interior da Ria Formosa», pelo que «a fim de

preservar este valioso património ambiental e permitir a recuperação das atividades económicas tradicionais no

sítio da Fábrica/Cacela Velha é necessária uma intervenção urgente para reposição do cordão dunar e

desassoreamento da barra e dos canais de navegação».

Na sua resposta, o Governo reconhecia que «algumas atividades económicas referidas são […] postas em

causa», que «com o transporte de areia para a zona lagunar ficou reduzida a densidade de bivalves (como a

ameijoa, o berbigão ou o langueirão), verificando-se que foram já renunciadas algumas das licenças relativas a

viveiros de ameijoas e ostras» e que «as atividades marítimo-turísticas, que na área se dedicam ao transporte

de veraneantes para a praia, são dificultadas pelo assoreamento», concluindo que «decorrem atualmente

dragagens e reforço de cordão dunar no âmbito das intervenções da sociedade Polis Ria Formosa, SA, não

estando no entanto prevista – seja por esta sociedade, seja pela Agência Portuguesa do Ambiente, IP – qualquer

intervenção para a área da Fábrica/Cacela» (sublinhados nossos).

Umas semanas depois desta resposta do Governo, os fortes temporais registados na costa algarvia vieram

confirmar – como se isso ainda fosse necessário – que os problemas da Ria Formosa na zona de Cacela Velha

e da Fábrica requerem uma intervenção urgente, necessidade reiterada em recentes reuniões e encontros,

promovidas pelo PCP, com viveiristas, pescadores, mariscadores e operadores marítimo-turísticos de Cacela

Velha e da Fábrica e com a ADRIP – Associação de Defesa, Reabilitação, Investigação e Promoção do

Património Natural e Cultural de Cacela.

Pelo exposto, nos termos da alínea b) do artigo 156.º da Constituição e da alínea b) do n.º 1 do artigo 4.º do

Regimento, os Deputados abaixo assinados do Grupo Parlamentar do PCP propõem que a Assembleia da

República adote a seguinte

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