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12 DE SETEMBRO DE 2018 39

dificuldade associa-se a ausência de um enquadramento baseado em evidências empíricas, que contemple

variáveis desenvolvimentais e critérios clínicos especificamente desenhados para a idade pré-escolar. Descreve

o DSM que «a hiperatividade pode variar em função da idade do sujeito e do seu nível de desenvolvimento e o

diagnóstico deve ser feito cautelosamente em crianças jovens» e que «é especialmente difícil estabelecer este

diagnóstico em crianças de idade igual ou inferior a 4 ou 5 anos, porque o seu comportamento característico é

muito mais variável do que nas crianças mais velhas e pode incluir características que são semelhantes aos

sintomas de PHDA». Alguns dos sintomas elencados no DSM como indicativos de patologia em crianças mais

velhas e adultos sobrepõem-se, muitas vezes, a comportamentos normativos em crianças mais novas, cujos

processos de atenção e autorregulação estão ainda em desenvolvimento. Como refere Bussing (2006) não se

espera que estas crianças prestem atenção suficiente a pormenores ou se organizem facilmente em tarefas e

atividades. A título exemplificativo o sintoma «interrompe ou interfere nas atividades dos outros» encontra-se

presente em 50% dos pré-escolares com desenvolvimento normal, pelo que não deve ser considerado um

comportamento discriminativo e sintomático da PHDA em idade pré-escolar. Assim como, a maioria dos

sintomas de falta de atenção são definidos com base em tarefas académicas («comete erros por descuido nas

tarefas escolares»; «não segue as instruções»; «não termina os trabalhos escolares»).

Apesar de ser difícil diagnosticar a PHDA em crianças em idade pré-escolar, a verdade é que, como já

referido, existe uma percentagem significativa de crianças naquela idade às quais foi prescrito metilfenidato

como forma de tratamento daquela patologia.

De acordo com o relatório «Medicamentos para a Hiperatividade com Défice de Atenção do Infarmed, o

tratamento desta condição deve incluir uma intervenção e aconselhamento ao nível educacional, psicológico e

comportamental» e deve ser feito sob supervisão de um especialista em perturbações do comportamento na

infância. Refere ainda que «é no âmbito de um programa integrado de tratamento que deve ser avaliada a

possibilidade de prescrição de terapêutica farmacológica».

De acordo com recomendações internacionais, a prescrição de medicamentos com indicação para a PHDA

não é indicada como tratamento de primeira linha em todas as crianças e adolescentes com PHDA. A prescrição

de medicamentos destina-se a crianças ou adolescentes que apresentem sintomas severos ou moderados, mas

que não tenham respondido adequadamente ao tratamento psicológico. Daí ser essencial que a intervenção

psicológica assuma um papel primordial no tratamento recorrendo-se à intervenção farmacológica só como

segunda instância. A par desta situação importa referir que a intervenção medicamentosa ocorre num quadro

clínico de diminuição da sintomatologia associada à PHDA, pelo que dever-se-á ponderar de forma significativa

o investimento em intervenções clínicas que possam restruturar a dinâmica cerebral da criança, potenciando as

vias neuronais imaturas.

A prescrição de substâncias psicoestimulantes do sistema nervoso central tem efeitos secundários que não

podem ser ignorados, pelo que, mesmo nas situações clinicamente comprovadas, não concebemos que esta

prescrição encontre fim em si mesma e não seja alvo de terapia comportamental, que consideramos dever ser

a primeira linha de intervenção.

Na prática nem sempre se recorre à terapia comportamental como primeira instância, privilegiando-se o

tratamento farmacológico que, apresentando resultados imediatos, constituem apenas uma solução temporária

e transitória porque não tratam o sintoma, mas apenas o reduzem. Por outro lado, a intervenção psicológica

permite a correção de boa parte dos problemas, pelo que, apesar de não ter efeitos imediatos, possui já

resultados comprovados.

Daí consideramos fundamental a intervenção de uma equipa multidisciplinar o que permitirá a obtenção de

um diagnóstico mais rigoroso. Neste sentido, propomos que esta equipa envolva os pais, os professores, um

psicólogo, um médico assistente e um médico especialista (por exemplo, um neuropediatra ou pedopsiquiatra).

Atualmente, o diagnóstico do défice de atenção e hiperatividade é baseado em avaliações subjetivas de pais

e professores, excluindo, num número considerável de ocasiões, as crianças e jovens deste processo. Muitas

vezes estes professores ou pais desejam apenas que os seus filhos e alunos sejam mais dóceis e predispostos

para a tarefa. É imprescindível que o processo de diagnóstico englobe, não só a observação dos pais e dos

professores, entidades de extrema pertinência na recolha de informação relativa à criança, mas também e

sobretudo, uma avaliação direta da criança, da sua estruturação neuropsicológica e comportamental.

Um diagnóstico rigoroso exige que o comportamento disruptivo da criança ou jovem tenha de ocorrer em dois

contextos: dentro e fora do contexto escolar, pois as manifestações desta perturbação devem estar presentes

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