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27 DE SETEMBRO DE 2018

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com o desemprego, precariedade e exclusão social e as portagens agravaram as dificuldades económicas e

sociais. Por outro lado, enquanto a concessionária continua a obter avultados lucros à custa dos contribuintes,

os custos humanos e financeiros para utentes, famílias e empresas dispararam exponencialmente para quem

utiliza a A25 ou as vias secundárias, com destaque para o aumento da sinistralidade rodoviária nestas vias, com

inúmeras vítimas mortais e feridos graves.

Mesmo considerando a cobrança de portagens, o Estado paga à concessionária vários milhões de euros

anuais. Entre receitas e gastos públicos, a PPP rodoviária da A25 deverá continuar a apresentar um saldo

bastante negativo. Segundo um relatório elaborado pela Estradas de Portugal, referente ao 1.º semestre de

2012 (curiosamente, não mais foram tornados públicos relatórios semelhantes), os prejuízos em todas as nove

concessões atingiram um total de 284 milhões de euros, o que dá um custo diário de 1,5 milhões. As receitas

apenas cobriram 24% das despesas e a então Estradas de Portugal teve de endividar-se em 284 milhões para

cobrir a diferença. Só os encargos com as PPP rodoviárias representam 70% do total dos encargos com todas

as PPP (rodoviárias, ferroviárias, saúde e segurança), atingindo mais de 1100 milhões de euros anuais.

O Primeiro-Ministro António Costa, antes das eleições legislativas de 2015, prometeu eliminar as portagens

nas ex-SCUT do interior do País e no Algarve, mas até aos dias de hoje, lamentavelmente, ainda não cumpriu

o que prometeu e palavra dada deverá ser palavra honrada. As reduções das taxas para 2019 que o Governo

anunciou, além de insignificantes são discriminatórias, deixando a maioria dos utentes de fora.

As estradas constituem um bem público coletivo, insuscetível de ser privatizado, o que, enquanto

instrumentos de uma política de acessibilidade, asseguram a livre circulação de pessoas e bens. O Bloco de

Esquerda opôs-se, desde o primeiro momento, à aplicação do princípio do utilizador-pagador nas autoestradas,

sempre que houvesse prejuízos para a mobilidade das populações, como é o caso da A25, que não apresenta

alternativas credíveis e que consigam assegurar a segurança dos utilizadores. A EN16 e a EN17 são estradas

dos anos 40 do século passado, encontram-se num permanente estado de degradação e em alguns casos são

apenas ruas de diversas localidades. Se algum dia os veículos de mercadorias que circulam na A25, entre Aveiro

e Viseu, desaguassem na EN16, seria o caos em S. Pedro do Sul ou em Oliveira de Frades e as pontes do Vale

do Vouga em direção a Pessegueiro do Vouga e Albergaria-a-Velha não resistiriam durante muito tempo.

O contrato de confiança assumido com as populações menos desenvolvidas, para favorecer a acessibilidade

territorial, não podia, nem devia ser alterado, tanto mais quando as condições de atraso de desenvolvimento

dessas zonas que justificaram as isenções anteriores de portagens não foram ultrapassadas.

A introdução de portagens na A25 tem suscitado muitas manifestações de repúdio por parte das populações,

autarquias, associações empresariais e outras. O Bloco de Esquerda sempre tem apoiado todas essas

manifestações e já apresentou na Assembleia da República diversas propostas contra as portagens, as quais

foram chumbadas por uma maioria negativa de Deputadas e Deputados do PS, PSD e CDS.

A alternativa defendida pelo Bloco de Esquerda assenta nos princípios da solidariedade e da defesa da

coesão social, da promoção da melhoria das acessibilidades territoriais, como instrumento essencial de uma

estratégia de desenvolvimento sustentável e na consagração do direito à mobilidade como estruturante de uma

democracia moderna.

O que se impõe, é abolir quanto antes as portagens na A25, pois a sua continuação significa persistir num

erro muito negativo para o interior norte do País, particularmente para os Distritos de Aveiro, Viseu e Guarda.

Ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de

Esquerda apresenta o seguinte projeto de resolução:

A Assembleia da República, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição, delibera pronunciar-se pela

abolição imediata da cobrança de taxas de portagem em todos os troços da A25.

Assembleia da República, 27 de setembro de 2018.

As Deputadas e os Deputados do Bloco de Esquerda: João Vasconcelos — Pedro Filipe Soares — Jorge

Costa — Mariana Mortágua — Pedro Soares — Isabel Pires — José Moura Soeiro — Heitor de Sousa — Sandra

Cunha — Maria Manuel Rola — Jorge Campos — Jorge Falcato Simões — Carlos Matias — Joana Mortágua

— José Manuel Pureza — Luís Monteiro — Moisés Ferreira — Ernesto Ferraz — Catarina Martins.

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