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II SÉRIE-A — NÚMERO 63

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PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 2014/XIII/4.ª

RECOMENDA AO GOVERNO UM CONJUNTO DE AÇÕES COM VISTA À LIMITAÇÃO DO USO DE

PRODUTOS QUE CONTENHAM GLIFOSATO

O glifosato (N-fosfonometil-glicina) é o princípio ativo de herbicidas de amplo espectro e ação não seletiva

que se aplica após a planta ter emergido do solo. É um dos herbicidas mais utilizados na agricultura mundial,

sendo já conhecidas causas de intoxicações acidentais e profissionais.

O glifosato já foi detetado em análises de rotina a alimentos, ao ar, à água da chuva e dos rios, à urina, ao

sangue e até ao leite materno, tendo sido elaborados vários estudos ao longo dos anos que demonstram a sua

perigosidade.

A Organização Mundial de Saúde, através da sua estrutura especializada IARC – Agência Internacional

para a Investigação sobre o Cancro sediada em França, declarou em Março de 2015 o Glifosato (junto com

outros pesticidas organofosforados) como «carcinogénio provável para o ser humano».8

Na sequência de vários estudos efetuados, esta classificação significa que existem evidências suficientes

de que o glifosato causa cancro em animais de laboratório e que existem também provas diretas para o

mesmo efeito em seres humanos, correlacionando a exposição ao glifosato a um cancro do sangue: o Linfoma

não Hodgkin (LNH).9

Apesar dos vários estudos, em 2017 a Comissão Europeia renovou a licença de uso do glifosato por mais

cinco anos.

Apesar de ter sido aprovada em 2016, na Assembleia da Republica a Resolução da AR n.º 88/2016 que

recomendava ao Governo ao governo a promoção de um programa para a verificação da presença de

glifosato, não se verificou a tomada de nenhuma ação neste sentido.

Contudo, desde 2016 a associação não governamental Plataforma Transgénicos Fora tem vindo a testar a

presença de glifosato em voluntários portugueses10, sendo que em 2016 a amostragem foi aleatória, ou seja,

nenhum dos voluntários escolhidos tinha uma preocupação particular com a alimentação. Relativamente aos

voluntários de 2018, cerca de 80% assumiram consumir alimentos biológicos com regularidade.

Com este estudo foi possível pela primeira vez em Portugal calcular os valores de exposição efetiva ao

glifosato (levando em consideração também o AMPA – substância em que o glifosato se transforma quando

começa a degradar-se).

Em ambos os estudos se verificou que existia contaminação de glifosato em todos os voluntários testados,

sendo que o valor médio da contaminação das amostras foi de 0,31 ng/ml e o valor máximo 1,20 ng/ml,

ultrapassando cerca de três vezes (300%) o limite legal na água de consumo (0,1 ng/ml) segundo a Diretiva

98/83/CE, de 3 de novembro.

Segundo a Plataforma Transgénica Fora, os participantes de 2016 estavam significativamente mais

contaminados, «revelando possível efeito protetor nos consumidores de agricultura biológica». Isto acontece

porque este modo de produção não permite a utilização de pesticidas químicos sintéticos, apesar de poder

ocorrer contaminação residual através do ar ou águas pluviais. «A transição de uma dieta convencional para

uma dieta com pelo menos 80% dos alimentos de origem biológica reduz até 90% a exposição aos

pesticidas».11

Apesar da Confederação de Agricultores Portugueses (CAP) recomendar a utilização de herbicidas

alternativos aos que incluem glifosato na sua composição, continua a ser o mais utilizado e é adquirido

livremente.

Atualmente existem alternativas sustentáveis aos herbicidas com glifosato, dependendo do tipo de cultura,

é o caso da técnica de «moulching», onde se cobre o solo com uma camada de material orgânico, evitando o

desenvolvimento das espécies indesejáveis.

8 https://monographs.iarc.fr/wp-content/uploads/2018/06/mono112-10.pdf 9 Guyton, Kathryn Z., et al. (2015). "Carcinogenicity of tetrachlorvinphos, parathion, malathion, diazinon, and glyphosate." The Lancet Oncology 16.5: 490-491 10 Plataforma Transgénicos Fora (2016). Glifosato: o herbicida que contamina Portugal. 29 de abril. https://tinyurl.com/glifosato2016portugal 11 https://www.stopogm.net/contaminacao-cronica-por-glifosato-em-portugal

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