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II SÉRIE-A — NÚMERO 89

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Comparando as duas representações gráficas, percebe-se facilmente que não só a rede perdeu

conetividade, como pura e simplesmente desapareceu em diversas zonas do território, especialmente em

grande parte do interior norte, centro e sul. Principais reduções na rede:

 Na Linha do Douro todas as linhas adjacentes para Norte foram suprimidas e a própria linha passou a

ficar cortada no Pocinho;

 Nas Beiras, várias linhas e ramais foram eliminadas ou amputadas como sejam: Ramais de Pampilhosa,

Lousã e Cáceres; Linha do Vouga está interrompida entre Sernada do Vouga e Oliveira de Azeméis; Linha da

Beira Baixa está interrompida entre Covilhã-Guarda desde 2014; a Linha do Leste está limitada a duas

circulações diárias (uma por sentido); a Linha do Oeste está limitada a 4 circulações diárias integrais (2 por

sentido);

 No Alentejo, várias linhas e ramais foram eliminados e a própria Linha do Alentejo, foi interrompida em

Beja;

 Em todas as linhas onde o serviço regional existia, registaram-se supressões significativas nos serviços

prestados.

Também as ligações internacionais sofreram grandes reduções ou foram mesmo interrompidas, casos de

Barca d’Alva e Cáceres. As que restam – Vigo, Salamanca e Badajoz – prestam um serviço bastante deficiente,

especialmente por causa da degradação brutal em tempos de deslocação, velocidades e qualidade.

5. Esta configuração de rede não mudará substancialmente com o Ferrovia 2020. Em termos de extensão

linear, apenas serão acrescentados cerca 100km de linha nova (Évora-Caia). As mudanças são sobretudo

qualitativas:

 A eletrificação de +484km de linha em via única (o que equivalerá, no final, a cerca de 80% da rede em

exploração);

 Melhoria na segurança da circulação ferroviária com eliminação de dezenas de passagens de nível e

novos sistemas de controlo de tráfego;

 Novas ligações aos portos da fachada atlântica e possibilidade de circulação de comboios de mercadorias

com 750 m de extensão no corredor Internacional Norte e no Corredor Internacional Sul, mas apenas em vias

únicas;

 Finalização da requalificação integral da Linha do Norte;

 Eletrificação e requalificação, limitada a cinco linhas, todas em via única: Linha do Minho (Nine->Viana-

>Valença); Linha do Douro (Caíde->Marco->Régua); Linha da Beira Baixa (Covilhã->Guarda); Linha do Oeste

(Meleças->Caldas da Rainha); Linha do Algarve (Lagos->Tunes e Faro->V. R. de Santo António).

6. A dimensão das alterações do Ferrovia 2020 terá, por isso, efeitos limitados no desempenho do transporte

ferroviário face áquilo que o País necessitaria para que o paradigma de uma mobilidade mais limpa substitua a

velha realidade de uma mobilidade assente num sistema rodoviário de transportes predador do ambiente.

Segundo o último relatório produzido pelo painel intergovernamental para as alterações climáticas, para que

se cumpra o Acordo de Paris e o aquecimento global não ultrapasse +1,5º C, o mundo tem 12 anos para reduzir

45% das emissões de CO2.

O tempo esgota-se a cada dia que passa. Para atingir esse objetivo, 80% da energia fóssil atualmente

conhecida deve manter-se no subsolo.

A Península Ibérica é reconhecidamente como uma das zonas do planeta onde o risco dos impactes do

aquecimento global terão consequências mais nefastas, pelo que o Governo português deve preocupar-se num

rápido alinhamento com o «Roteiro Europeu Baixo Carbono 2050», impedindo a progressão da indústria

petrolífera e promovendo a transição energética para energias limpas.

Assinalam-se duas fortes razões estruturais para essa mudança:

 Em termos de emissões de gases com efeito de estufa (GEE), o setor dos transportes representa

globalmente 25% do total das emissões;

 O desequilíbrio estrutural da repartição modal entre a ferrovia e a rodovia no território é o mais elevado

em termos europeus.