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II SÉRIE-A — NÚMERO 102

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Atualmente, a área florestal em Portugal ocupa cerca de 3.2 milhões de hectares, o que corresponde a

35.4% do território. Contudo, entre 2005 e 2010 registou-se um decréscimo de 57 mil hectares florestais,

atribuindo-se à diminuição de superfícies temporariamente desarborizadas, seja por superfícies ardidas,

cortadas e/ou em regeneração.

São predominantes em Portugal dois tipos de sistemas florestais, em resultado das condições edafo-

climáticas do território: i) a floresta de produção lenhosa no Norte e Centro do país e; ii) a floresta

multifuncional no Sul onde se destacam os montados de sobro e azinho.

Em ambos é visível a intensificação de problemas resultantes de causas bióticas e abióticas, associados ao

efeito das alterações climáticas que têm condicionado o equilíbrio do ecossistema. Desde logo, a acumulação

de pragas e doenças que vão debilitando a imunidade do arvoredo nas florestas em todo o território, em

especial no Sul onde a queda de precipitação se acentua desde 2015. Simultaneamente, a dimensão da

destruição causada pelos incêndios florestais constitui um elevado fator de risco económico e ambiental em

particular para as florestas de produção lenhosa.

Na verdade, as consequências do aumento da temperatura média e da redução e imprevisibilidade

pluviométrica impõem elevados custos socias e económicos ao país. Portugal, como país do Sul da Europa,

apresenta características naturais, nomeadamente climáticas e topográficas, que o posicionam na lista dos

países Europeus mais sensíveis aos impactos das alterações climáticas.

Estima-se que estes fenómenos climatérios conduzam a uma deslocação da concentração das espécies

florestais de Sul para Norte, tornando provável o desaparecimento da floresta em zonas atualmente mais

áridas, como é o Alentejo.

Na floresta do Sul os efeitos das alterações climáticas são já hoje visíveis e sentidos: o índice de aridez

triplicou entre 1990 e 2010, provocando uma devastação nos montados de sobro e azinho cuja consequência

imediata é o crescimento da mortalidade e enfraquecimento das árvores sobretudo do sobreiro, conduzindo ao

alastramento e ao aumento da dimensão das clareiras e da redução da diversidade biológica associada

necessariamente à maior desertificação da região.

O declínio do montado tem consequências devastadoras não só para o Alentejo como para todo o território,

dada a importância da fileira em termos socio- económicos. São sistemas ecológica e economicamente

sustentáveis com um ciclo de vida de 180 anos de vida por cada árvore, representando uma atividade

geradora de emprego e riqueza em territórios de baixa densidade, permitindo atenuar as assimetrias regionais.

Em termos económicos as exportações nacionais de cortiça num valor de 987,7 milhões de euros (2017),

representaram uma quota mundial de 62%, colocando Portugal como principal produtor. Por outro lado, a

fileira do turismo tem tido crescimentos relevantes nos últimos anos.

Assim, a fileira do montado que é essencial para as economias locais e regionais e que tem tido um papel

decisivo na proteção de um conjunto de espécies e na proteção do solo, está em risco.

Perante o processo de desertificação em curso, de maior intensidade nos montados do Sul, a comunidade

científica entende urgente a tomada de opções técnicas que invertam a situação, de modo a estancar a

desertificação e reverter alguns processos.

Neste sentido, o GP do PSD defende que o país terá de repensar a política de defesa da floresta

multifuncional, através de um aumento do investimento em «adaptação climática», como forma de parar com o

avanço da desertificação. A travagem do avanço do deserto em Portugal envolve a tomada de medidas ao

nível da política florestal e ambiental. Desde logo, através da criação de medidas que constituam uma barreira

florestal como meio para defender e adaptar climaticamente os montados da zona Sul do país.

Ações como o aumento do adensamento florestal e a incorporação de matéria orgânica e nutrientes são

técnicas que aliadas entre si produzem resultados positivos no combate à desertificação. Promovem o

aumento da humidade do ar, a maior entrega de água atmosférica ao solo, via da condensação, a maior

captação e fixação de água no solo, e a redução da velocidade de escoamento das águas.

Por outro lado, o GP do PSD defende que o elevado potencial económico, social e ambiental das florestas,

nomeadamente em termos de neutralidade carbónica, deve ser divulgado através de um programa nacional de

educação direcionada à população infantil e juvenil.

Nesta perspetiva, torna-se ainda fundamental incentivar o investimento e desenvolvimento tecnológico

associado à fileira do montado, nas suas múltiplas vertentes, potenciando a sua importância ecológica e

consequentemente a sua produtividade.

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