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II SÉRIE-A — NÚMERO 22

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A Autoestrada do Interior Norte, também designada por A24, é exemplo de como as políticas públicas

incidem sobre os setores económico e social, contribuindo para fragilizar a qualidade de vida das populações,

provocando a perda de competitividade dos territórios, com a acentuada penalização das empresas instaladas

e consequentes prejuízos, graves, para o emprego e para a região.

A não introdução de portagens, em particular no interior, foi sempre justificada com a necessidade de

compensar as regiões do País com medidas de discriminação positiva, tendo em conta as disparidades

regionais existentes.

No entanto, por opções meramente economicistas, Governos do PSD/CDS e PS conduziram à

implementação de políticas exatamente opostas, com a decisão de portajar vias estruturantes do interior do

país, até aí sem custos para o utilizador (SCUT). Uma medida que não resolveu qualquer problema financeiro,

mas sim agravou consideravelmente a dinâmica destes territórios.

De facto, a A24 que serve sobretudo os distritos de Viseu e de Vila Real, não deveria representar custos

para os utilizadores, exatamente porque estão presentes as duas premissas que deveriam justificar a não

aplicação de portagens, por um lado, porque se localiza num território cujos indicadores de desenvolvimento

socioeconómico são inferiores à média nacional e, por outro, por não existirem alternativas de mobilidade.

A introdução de portagens na A24, e demais vias SCUT, ocorreu no ano de 2011, tendo sido uma decisão

do Governo PSD/CDS, que veio, no entanto, consolidar uma resolução tomada, em 2010 pelo Governo do PS.

Apesar das críticas e posições contrárias, manifestadas pelo PSD e CDS durante o período eleitoral

ocorrido na Primavera de 2011, após as eleições legislativas, decidiram avançar com a conclusão do processo

de introdução de portagens.

É entendimento de Os Verdes que a A24, não devia ter custos para os utilizadores, uma vez que na região

Transmontana e da Beira Alta não existe uma verdadeira alternativa de mobilidade a nível rodoviário, nem

sequer ferroviário, que possibilite à população deslocar-se no seu território sem constrangimentos.

O percurso alternativo à A24 é a Estrada Nacional 2 (EN2), que não constitui uma opção viável de

mobilidade. A ligação entre Viseu (nó da A25) e Chaves (fronteira) pela A24 tem uma extensão de 160 km,

demorando cerca de uma hora e vinte e cinco minutos para percorrer esta distância, enquanto pela EN2 para

além do percurso ser mais extenso 185km, os utilizadores demoram praticamente mais duas horas (3h20m).

No que concerne à ferrovia nem se pode ponderar como alternativa pois é praticamente inexistente, devido

ao encerramento, por vários governos, de um conjunto de linhas que servia esta zona do País. Atualmente, à

exceção de Peso da Régua, que é atravessada pela Linha do Douro e que apresenta grandes limitações, não

existe mais nenhum aglomerado servido pela ferrovia, incluindo as capitais de distrito: Viseu e Vila Real.

A aplicação de portagens na A24 mereceu uma forte oposição de empresários, movimentos de utentes,

autarcas e população, pelos impactos negativos na dinâmica económica e social da região.

Importa igualmente salientar que, a A24 foi implementada com recurso a uma Parceria Público Privada

(PPP), designada de Conceção Interior Norte. Ora, as chamadas PPP, como é público, têm representado um

enorme calvário de prejuízos para o estado, com uma fatura pesada para o futuro e que se traduz na

deterioração territorial e social do País.

O programa do atual Governo refere a necessidade criar políticas favoráveis para atrair investimento, criar

emprego e permitir a fixação das populações no interior, contrariando o abandono deste território.

O Governo, reconhece ainda no seu programa, que «temos um território desequilibrado, com assimetrias

económicas e sociais bastante vincadas que urge colmatar, para que não haja portugueses de primeira e de

segunda» e reforça a ideia que «o nosso futuro não pode estar condicionado pelo local onde nascemos ou

vivemos» e que «construir uma sociedade mais igual é também atenuar as diferenças que ainda subsistem

entre regiões», nomeadamente dando uma atenção especial aos territórios de baixa densidade, às regiões

ultraperiféricas e às zonas de fronteira.

O Partido Ecologista «Os Verdes» considera que, para além de uma forte aposta na melhoria e

alargamento da rede de transporte público, é importante nos territórios do interior, onde não existem

alternativas de transporte nem de vias, abolir as portagens das Ex-SCUTS, de forma a permitir a mobilidade

das pessoas e a reduzir os custos das empresas com o transporte de bens e mercadorias.

Pelo exposto, torna-se evidente que a introdução de portagens na A24 está a ter consequências muito

negativas para as populações e empresas, transformando-se num obstáculo ao desenvolvimento económico,

à mobilidade, já de si reduzida, e um convite claro ao seu despovoamento e ao definhamento destas áreas.

Assim, o Grupo Parlamentar Os Verdes apresenta o seguinte projeto de resolução:

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