O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

II SÉRIE-A — NÚMERO 37

24

desenvolvimento saudável do bebé, esta não é uma situação possível para todas as crianças e mães, pelo

que existe a necessidade de dar resposta, quer às necessidades alimentares e de desenvolvimento saudável

das crianças, quer às preocupações e dúvidas que esta situação gera nos progenitores. Quando por algum

motivo a alimentação com leite materno não for possível, for contraindicada ou interrompida, a família terá que

ser ajudada a optar por outras soluções nutricionalmente equilibradas e satisfatórias.

Em Portugal, os médicos pediatras prescrevem fórmulas infantis (FI), ou leites artificiais, que são alimentos

processados, concebidos e comercializados para a alimentação de bebés e crianças com menos de 12 meses

de idade. As FI são substitutos parciais ou integrais do leite materno, com diferenças no seu conteúdo

nutricional e custo de mercado.

As fórmulas infantis são habitualmente produzidas à base de leite de um outro animal que não o humano, o

leite de vaca, ou a partir de vegetais como a soja. Para que a sua composição se possa assemelhar ao leite

materno, a proteína do leite de vaca é modificada, de forma a tornar a digestão mais fácil, já que os bebés só

estarão aptos a digerir leite de outro animal, neste caso a vaca, depois do primeiro ano de vida.

Para além desta situação, o leite de vaca comum não é recomendado por ser pobre em ferro e vitamina C,

pelo que as FI, tentam adequar a quantidade e tipo de carboidratos, proteínas e gorduras, acrescentando

vitaminas, minerais, e probióticos na tentativa de reproduzir artificialmente o leite humano (LH). Existe uma

extensa lista de tipos de fórmulas infantis, que podem criar alguma confusão no momento da escolha da

alimentação destas crianças, que por norma é orientada pelo médico pediatra.

No entanto, nem todas as crianças que precisam de substitutos de leite materno toleram a ingestão das FI.

No conjunto de crianças que utilizam alimentos substitutivos do leite materno, um número expressivo revela

algum tipo de reação alérgica a estes produtos. A prevalência de alergia ao leite de vaca nas crianças, situa-se

entre os 1,8% e os 7,5%, durante o seu primeiro ano de vida, sendo a alergia à proteína do leite de vaca

(APLV), o tipo mais comum de alergia alimentar nos primeiros 3 anos de vida, com cerca de 2% a 3% das

crianças, a manifestarem algum tipo de reação alérgica à proteína do leite ou seus derivados1.

Resultante da rejeição da proteína do leite pelo sistema imunológico da criança, esta alergia traduz-se em

manifestações clínicas diversas que dependem do tipo de resposta imunológica de cada criança,

apresentando-se com uma intensidade variável, que pode envolver diferentes sistemas ou órgãos. A principal

consequência para as crianças com APLV é a malnutrição progressiva com implicações no crescimento e no

desenvolvimento neuro-cognitivo, e o risco de morte durante um potencial episódio de anafilaxia.

Para além da APLV, outras crianças apresentam simultaneamente outro tipo de alergia associada, por

exemplo à soja, que pode ocorrer devido uma predisposição genética e/ou pela introdução precoce de

alimentos antes do sistema digestivo e imune do bebé estar totalmente preparado.

Dada a gravidade da sintomatologia da APLV, o tratamento passa pela exclusão do leite de vaca (e seus

derivados) na alimentação das crianças, o mais precocemente possível, logo que diagnosticada a situação, e

pela utilização de fórmulas infantis especiais, que serão prescritas em função da idade da criança e

características clínicas relacionadas com a APLV:

– Fórmulas com aminoácidos livres (elementares) – nutricionalmente completas, que não possuem

restrições e podem ser utilizadas em todos os casos de APLV, como lactentes com alto risco de anafilaxia e

em casos em que o uso da FI extensamente hidrolisada não resolveu os sintomas;

– Fórmulas com proteínas extensamente hidrolisadas – utilizadas na maioria dos casos de APLV – são

toleradas por cerca de 90% das crianças. Estas proteínas são provenientes do leite de vaca, tendo que ser

sujeitas a diversas modificações para poderem ser digeridas e absorvidas pelas crianças com alergia à

proteína do leite;

– Fórmulas à base de soja – feita a partir de grãos de soja, isenta de lactose e sacarose (açúcar comum), e

igualmente enriquecida com vitaminas, minerais e outras substâncias. A sua indicação é geralmente para

crianças com intolerância à lactose, deficiência na produção de enzima que quebra a galactose ou alergia a

proteína do leite de vaca. Não são as mais recomendadas uma vez que é comum que crianças com APLV

também apresentarem reação à soja.

1 Luyt_et_al-2014-Clinical_&_Experimental_Allergy.

Páginas Relacionadas
Página 0029:
7 DE JANEIRO DE 2020 29 Lisboa, 6 de janeiro de 2020. O Presidente da Repúbl
Pág.Página 29
Página 0030:
II SÉRIE-A — NÚMERO 37 30 MTSSS exigiram o cumprimento do disposto no
Pág.Página 30
Página 0031:
7 DE JANEIRO DE 2020 31 4 – Inclua, nos cadernos de encargos dos concursos, referên
Pág.Página 31