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II SÉRIE-A — NÚMERO 52

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As Deputadas e os Deputados do BE: Sandra Cunha — Ricardo Vicente — Pedro Filipe Soares — Mariana

Mortágua — Jorge Costa — Alexandra Vieira — Beatriz Gomes Dias — Fabíola Cardoso — Isabel Pires —

Joana Mortágua — João Vasconcelos — José Manuel Pureza — José Maria Cardoso — José Moura Soeiro —

Luís Monteiro — Maria Manuel Rola — Moisés Ferreira — Nelson Peralta — Catarina Martins.

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PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 266/XIV/1.ª

REVISÃO DA CONVENÇÃO DE ALBUFEIRA PARA SALVAGUARDA DE RECURSOS HÍDRICOS

FUNDAMENTAIS AO PAÍS

A matéria dos recursos-hídricos não é estranha às relações entre Portugal e Espanha, tendo em conta a

partilha de rios, que obrigou, ao longo dos tempos, à consensualização de instrumentos bilaterais que

permitissem uma gestão não conflituosa desses recursos. Exemplos desses instrumentos são o Tratado de

Limites (1864), o Convénio de 1927 e o Convénio de 1964 (que incidiam sobre o Douro e seus afluentes), ou,

ainda, o Convénio de 1968 (que regulava os usos dos rios Minho, Lima, Tejo, Guadiana e respetivos

afluentes).

Mais tarde, em 1998, foi assinada aquela que ficou conhecida como a Convenção de Albufeira (Convenção

de Cooperação para a Proteção e o Aproveitamento Sustentável das Águas das Bacias Hidrográficas Luso-

Espanholas), tendo entrado em vigor no ano 2000. No âmbito desta Convenção foi criada a Conferência das

Partes, que, em 17 anos reuniu apenas três vezes, com interregnos longos.

Entretanto, não foram pontuais as situações em que a intenção de levar por diante projetos espanhóis com

impacto nos rios internacionais se aliou a resistências na avaliação de impactos transfronteiriços ou à

prestação de informação relevante devida (só a título de exemplo é possível recordarmos os transvases de

aguas do Tejo, o processo da Refinaria na Extremadura espanhola com impacto no Guadiana, ou mais

recentemente a exploração de urânio em Salamanca com impacto no Douro, ou o projeto para armazém de

resíduos nucleares em Almaraz com impacto no Tejo).

A gestão dos caudais acordado na Convenção tem sido um dos problemas com que Portugal se tem

confrontado. Considerando a necessidade de redefinir critérios de determinação do regime de caudais das

águas das bacias hidrográficas luso-espanholas, foi estabelecido em 2008 um segundo protocolo adicional à

Convenção de Albufeira. Ocorre que os caudais estabelecidos não foram achados em função da preservação

e da garantia dos ecossistemas fluviais e do contributo do rio para a sustentabilidade e resiliência do litoral,

mas sim em função dos interesses das hidroelétricas. Passaram-se a prever caudais trimestrais e semanais,

mas a verdade é que os caudais definidos nunca foram os caudais ecológicos e não se ousou optar pela

previsão de caudais diários.

Não foram escassas as vezes em que as notícias relatavam uma dura realidade, como «Água disponível

no Guadiana obriga a reduzir consumo» (2009), «Espanha faz novo transvase do Tejo sem cumprir mínimos»

(2010), «Espanha reduz caudal do Douro abaixo dos mínimos» (2012). Estas notícias dão conta de

incumprimentos recorrentes da Convenção de Albufeira, sempre negados pelos sucessivos Governos

portugueses e, assim sendo, representam uma necessidade urgentíssima de rever a Convenção.

Os Verdes têm defendido, insistentemente, a revisão da Convenção de Albufeira, de modo a garantir maior

sustentabilidade aos nossos rios internacionais. Ao mesmo tempo o PEV reclama o reforço de medidas para

combater a poluição hídrica e para garantir melhor qualidade da água fluvial e a preservação dos seus

ecossistemas.

Passaram quase 20 anos sobre a entrada em vigor da Convenção de Albufeira, durante a sua vigência é

inegável que Portugal tem tido problemas com a gestão dos seus rios internacionais – é, pois, tempo de rever

o convénio com Espanha em matéria de rios luso-espanhóis, de modo mais expresso do que aquele que ficou

vincado na Resolução da Assembleia da República n.º 63/2019, de 15 de maio, porque a urgência é cada vez

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