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0318 | II Série B - Número 050 | 19 de Julho de 2003

 

VOTO N.º 72/IX
DE PESAR PELO FALECIMENTO DO DR. AUGUSTO ABELAIRA

Ao longo dos 44 anos da sua carreira literária o escritor Augusto Abelaira habituou-nos à sua presença discreta mas sempre interventora - tanto na vida cultural portuguesa, stricto sensu, como naquilo que geralmente se entende como a vida de um país: Abelaira foi jornalista e todos o recordaremos pelas suas crónicas em jornais como O Século, O Jornal ou o JL, nas quais comentava, com um notável sentido de ironia, as coisas da vida e dos homens a que ia assistindo.
Abelaira desempenhou cargos públicos de responsabilidade, como director adjunto de programas da RTP, ou membro do Conselho de Imprensa e do Conselho de Comunicação Social; foi director de publicações tão importantes na história recente da cultura e da comunicação social do nosso país, como a Seara Nova ou a Vida Mundial; foi presidente da Associação Portuguesa de Escritores; foi activista político, militando no MUD Juvenil, subscrevendo manifestos contra a ditadura, sendo duas vezes detido pela PIDE, uma delas em 1965, por causa da atribuição do Prémio da Sociedade Portuguesa de Escritores, por um júri por ele presidido, ao escritor Luandino Vieira.
Mas Abelaira foi com todo o peso da palavra, e cremos que como tal ficará para a história, um escritor: inicialmente tentado pela poesia, acabaria por se dedicar à ficção, tendo publicado 15 livros de romance, conto e teatro, deixando-nos ainda um romance em fase de acabamentos.
Augusto Abelaira nunca foi daqueles escritores que encaram a sua actividade e os seus livros como um meio para a satisfação das vaidades pessoais nas passarelas sociais. Como alguém disse, dando eco à voz popular, Augusto Abelaira foi escritor que nunca se pôs em bicos de pés e, no entanto, todos aqueles que em Portugal lêem livros, e também jornais e revistas, sabem quem ele foi, e que sempre esteve ali, ao nosso lado, a comentar-nos ao ouvido a história colectiva de Portugal - onde todos nós, como se pode ver nos livros que nos deixou, também desempenhamos um papel. Foi por isso que Abelaira nunca foi um escritor de grandes públicos; mas também foi por isso que o meio literário português o reconheceu, ainda que tardiamente, atribuindo-lhe o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, com o livro Outrora Agora (1996), o 14.° dos seus 15 livros publicados...
Entre as páginas dos jornais e revistas onde publicou crónicas; entre as páginas e as personagens dos livros que foi publicando desde 1959, com A Cidade das Flores, até ao inédito e póstumo Nem só, mas também, passando por Bolor (1968), Sem Tecto entre Ruínas (1978) ou O Triunfo da Morte (1981); e entre os ecos das longas conversas e discussões sem fim sobre tudo, que tão bem soube cultivar - Augusto Abelaira ficará entre nós ainda por muito tempo, até porque ele é pessoa que nos faz falta: na verdade, é ainda a custo que nós, os que lhe sobrevivemos, tentamos soletrar as frases do fadário português que ele - como escritor, como jornalista, e como conversador - tão bem soube pronunciar.
Por isso, a Assembleia da República ergue-se em sentida homenagem a Augusto Abelaira, recordando o Homem que - "nem só, mas também", por meio da sua vida e dos seus livros - triunfou da morte.

Palácio de São Bento, 15 de Julho de 2003. Os Deputados do PS: Luiz Fagundes Duarte - Guilherme d'Oliveira Martins - Cristina Granada - Fernando Cabral - Ana Benavente - José Magalhães - Celeste Correia - José Sócrates - Maria do Rosário Carneiro - mais uma assinatura ilegível.

VOTO N.º 73/IX
DE PESAR PELO FALECIMENTO DO DR. RUI DE OLIVEIRA

A Assembleia da República manifesta o seu pesar pelo falecimento do Dr. Rui Oliveira, que foi Deputado da Assembleia da República na I e II Legislaturas, Presidente da Comissão de Administração Interna e Poder Local e dirigente do CDS, tendo exercido os cargos de Presidente da Comissão Executiva Nacional e Secretário-Geral nos anos de 1976 a 1983.

Lisboa, 15 de Julho de 2003. O Deputado do CDS-PP, Narana Coissoró.

VOTO N.º 74/IX
DE PESAR PELO FALECIMENTO DO DR. HENRIQUE BARRILARO RUAS

A morte de Henrique Barrilaro Ruas deixa um vazio no quadro da intervenção cívica e cultural do nosso país.
Homem de fortes convicções, manteve-se sempre fiel aos princípios monárquicos e democráticos que perfilhou.
Ainda antes da Revolução do 25 de Abril a sua actuação política colocou-o ao lado dos ideais da liberdade e da democracia.
Posteriormente, destacou-se na implantação do Partido Popular Monárquico e participou na Aliança Democrática, vindo a ser Deputado à Assembleia da República, eleito nas respectivas listas.
No âmbito cultural, marcou, como professor universitário de alto nível pedagógico, sucessivas gerações de estudantes das áreas da História e da Filosofia.
Foi ainda prestigiado tradutor e publicista, deixando obras de inegável valor. Destas sobressaí a erudita edição de Os Lusíadas, aparecida recentemente como fruto de dezenas de anos de paciente labor.
A Assembleia da República exprime o seu pesar pelo falecimento do benemérito cidadão Henrique Barrilaro Ruas e endereça à sua família sentidas condolências.

Sala das Sessões, 15 de Julho de 2003. O Presidente da Assembleia da República, João Bosco Mota Amaral.

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