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2 | II Série B - Número: 055 | 4 de Dezembro de 2010

VOTO N.º 76/XI (2.ª) DE PESAR PELO FALECIMENTO DE FRANCISCO TINOCO DE FARIA

Morreu no passado dia 26 de Novembro, a dois dias de completar 85 anos, Francisco Xavier Sampaio Tinoco de Faria. Póvoa de Lanhoso e Braga perderam um dos seus filhos mais ilustres e a democracia portuguesa um dos seus maiores combatentes.
Homem afável, delicado e respeitador, advogado conceituado que defendeu muitas pessoas sem cobrar qualquer valor, ajudando sempre os mais necessitados, licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, em 1951, e iniciou a sua actividade de advogado na comarca da Póvoa de Lanhoso.
Advogado de grande prestígio, advogou em todas as comarcas do Minho e Porto e pelo seu escritório passaram muitos advogados estagiários, porque sempre gostou de ouvir os mais jovens e aprender com eles.
Desempenhou vários cargos na Ordem dos Advogados, tendo feito parte do Conselho Geral presidido pelo Bastonário Almeida Ribeiro e composto por Vasco da Gama Fernandes, Paulo Cancela de Abreu, Carlos Lima, Francisco Sá Carneiro, Mário Raposo, Guilherme da Palma Carlos, Carlos Cal Brandão, Salgado Zenha, seu amigo pessoal desde o Liceu de Braga, entre outros.
Foi neste mandato que e se realizou o 1.º Congresso dos Advogados Portugueses, integrando Francisco Tinoco de Faria a Comissão Executiva.
Iniciou a sua actividade política em 1944, com apenas 18 anos de idade, quando preparava a sua admissão á faculdade, no Partido Comunista Juvenil.
A partir de 1945 militou no MUD Juvenil (Movimento de Unidade Democrática) em articulação com o PCP, onde continuava integrado.
Integrou a Comissão de apoio à candidatura de Norton de Matos, onde conheceu, através de Salgado Zenha, Mário Soares.
Sem qualquer mágoa nem ressentimento foi-se afastando do PCP, continuando a sua actividade política como oposicionista, tendo estado sempre presente e activo em todos os momentos decisivos da luta contra a Ditadura, designadamente na candidatura de Ruy Luís Gomes, e mais tarde, do General Humberto Delgado, em 1961. As eleições de Humberto Delgado levaram mesmo à sua detenção e prisão no Porto.
Em Abril de 1964, integrou a ASP (Acção Socialista Portuguesa), juntamente com Francisco Ramos da Costa, Manuel Tito de Morais e Mário Soares, tendo militado nesta organização até à fundação do Partido Socialista, em Abril de 1973.
Fez parte das listas da CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática), em Braga, nas eleições legislativas de 1969, que levaram à prisão de muitos oposicionistas, como, por exemplo, Salgado Zenha e Jaime Gama.
A seguir ao 25 de Abril, iniciou, com enorme entusiasmo, várias diligências para fundar o PS, em Braga. No final de 1974 não havia uma única freguesia no distrito de Braga que não tivesse um núcleo de militante, tendo Francisco Tinoco de Faria sido eleito Deputado à Constituinte pelo círculo de Braga.
Nunca quis fazer carreira política, aceitando apenas, em 1989, com grande relutância devido ao seu estado de saúde, ser candidato à Assembleia Municipal da Póvoa de Lanhoso, cargo que exerceu com grande isenção e brilhantismo, como era seu apanágio, sendo esta a última acção política visível que desempenhou.
Francisco Tinoco de Faria foi um homem íntegro, humilde, despojado, que lutou pelas suas convicções, sem procurar protagonismo ou holofotes, sem desejar benesses nem comendas, que sempre semeou junto do seus o ideal da Liberdade.
A Assembleia da República manifesta o seu pesar pela morte do resistente e democrata, homem livre e libertador, cidadão exemplar, de grande coragem e capacidade de sacrifício em prol do próximo, Francisco Tinoco de Faria, e apresenta à sua esposa, filhos e demais família enlutada as suas condolências.

Os Deputados do PS: António José Seguro — Isabel Coutinho — Frederico Castro — Miguel Laranjeiro — Teresa Venda — Nuno Sá — Manuel Mota — Sónia Fertuzinhos — Marcos Sá — Ricardo Gonçalves — Maria Manuela Augusto — Hortense Martins.

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